Nutrição, exercício e comportamento

Opinião|Remédios para obesidade: 6 coisas que todo mundo deve saber antes de considerar usar


Esses medicamentos revolucionaram o tratamento do quadro, mas devem ser prescritos e utilizados com muito critério

Por Desire Coelho

Acabo de voltar do Obesity Week, um congresso americano sobre obesidade e, como não poderia deixar de ser, o assunto do momento é a revolução causada pelas novas drogas disponíveis no mercado para tratamento do quadro. Esses medicamentos têm impactado positivamente tanto nos desfechos clínicos quanto em nosso entendimento sobre o corpo humano.

A seguir, destaco os pontos que, para mim, foram os mais importantes.

Tratamento da obesidade deu uma guinada após o surgimento de medicamentos injetáveis.  Foto: myskin/Adobe Stock
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1. Medicamentos para obesidade não são soluções de curto prazo

Essas novas medicações são poderosas, mas vale lembrar que seu uso é para o tratamento da obesidade, e não para a perda de peso pontual.

Muitos princípios ativos já estão sendo usados, outros ainda em fase de estudos, mas todos têm demonstrado o mesmo padrão: uma vez que a medicação é descontinuada, o efeito na perda de peso tende a se reverter. O que precisamos compreender é que, como a obesidade é uma condição crônica – como a hipertensão ou o diabetes –, seu tratamento deve ser de longo prazo ou até mesmo, em muitos casos, para sempre.

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Na prática clínica, é possível ver casos em que mudanças na rotina levam a resultados positivos permanentes. São situações em que as pessoas entenderam a principal função do medicamento: ser um facilitador do processo de mudança do estilo de vida. Se não houver esse comprometimento, o risco de um “efeito rebote” é grande.

2. Metas de perda de peso precisam ser mais realistas

Metas como tentar retornar ao peso de uma fase específica da vida ou a um número na balança que nunca foi sustentável ao longo dos anos não são realistas. Mesmo a finalidade de chegar ao IMC 25,0 kg/m2 foi fortemente questionada.

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Uma meta que, felizmente, está ganhando força é avaliar a perda de peso de acordo com determinados percentuais no início do tratamento. Por exemplo: os estudos apresentados mostram que os benefícios à saúde já começam a partir de 5% de perda de peso. Uma diminuição de 10% é considerada um ótimo resultado, pois já traz grandes melhoras na saúde e qualidade de vida, como melhor controle glicêmico, pressão arterial e mobilidade. Os benefícios continuam evoluindo, sendo que uma perda de 20% do peso corporal tem se mostrado ser a ideal.

Segundo essa premissa, se uma pessoa que pesava 100 kg conseguir atingir os 80 kg, esse resultado já será considerado um grande sucesso.

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3. O foco deve estar nos desfechos de saúde

Muitas vezes, tanto profissionais da saúde quanto pacientes têm dificuldade em aceitar que não possuímos controle total sobre o nosso peso corporal. O corpo possui uma regulação dinâmica, e ter como foco um único objetivo como o peso é um erro. O foco deve ser na saúde, e isso inclui estabilizar marcadores como glicemia, colesterol, pressão arterial, qualidade do sono, entre outros.

Por isso, mesmo no tratamento da obesidade, o foco deve sair do peso corporal.

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4. Dose da medicação: “Start slow and go slowly”

Quando o assunto é medicação, a recomendação é clara: começar devagar e aumentar lentamente.

Muitos médicos cometem o erro de aumentar a dose da medicação rapidamente, o que pode resultar em efeitos colaterais indesejados e abandono do tratamento. O ideal é que o aumento da dose só aconteça se o paciente não estiver respondendo à dose inicial — mas ele deve ser avaliado, e não só pelo peso como também pelos parâmetros de saúde.

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Uma abordagem cuidadosa e gradual é a chave para o sucesso no tratamento.

5. Cuide da sua massa muscular

Uma das preocupações recorrentes no congresso foi a perda de massa muscular associada ao uso dessas medicações.

Emagrecer de forma saudável envolve não apenas a redução de gordura, mas também a preservação ou o ganho de massa magra.

Por outro lado, pessoas com obesidade, ao se tornarem mais saudáveis e leves, têm a oportunidade de se movimentar mais, fortalecer seus músculos e melhorar sua função física. Mexer-se com frequência, portanto, não é opcional. Deveria ser orientação básica.

6. Medicação como facilitadora da mudança

Em minha última coluna, falei sobre a diferença entre quem quer emagrecer e quem quer ser emagrecido, e esse foi um dos focos centrais do Obesity Week. As novas medicações podem atuar como uma “válvula propulsora” para mudanças no estilo de vida. Elas oferecem resultados significativos, mas não funcionam sozinhas. A pessoa precisa ser o agente principal dessa transformação, e o papel do profissional da saúde é ajudá-la a fazer esse processo o mais saudável e duradouro possível.

Os avanços no tratamento da obesidade são promissores, mas, como em qualquer processo de saúde, a paciência e a perseverança são fundamentais. Não se trata de alcançar um peso ideal de forma rápida e sem esforço, mas, sim, de adotar um estilo de vida mais saudável, no qual a medicação funciona como uma aliada.

Em última análise, a verdadeira vitória está no compromisso com a saúde, e o sucesso não se mede apenas pelo número na balança, mas pelos ganhos em qualidade de vida. Lembre-se: o caminho é longo, mas cada passo conta para alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.

Acabo de voltar do Obesity Week, um congresso americano sobre obesidade e, como não poderia deixar de ser, o assunto do momento é a revolução causada pelas novas drogas disponíveis no mercado para tratamento do quadro. Esses medicamentos têm impactado positivamente tanto nos desfechos clínicos quanto em nosso entendimento sobre o corpo humano.

A seguir, destaco os pontos que, para mim, foram os mais importantes.

Tratamento da obesidade deu uma guinada após o surgimento de medicamentos injetáveis.  Foto: myskin/Adobe Stock

1. Medicamentos para obesidade não são soluções de curto prazo

Essas novas medicações são poderosas, mas vale lembrar que seu uso é para o tratamento da obesidade, e não para a perda de peso pontual.

Muitos princípios ativos já estão sendo usados, outros ainda em fase de estudos, mas todos têm demonstrado o mesmo padrão: uma vez que a medicação é descontinuada, o efeito na perda de peso tende a se reverter. O que precisamos compreender é que, como a obesidade é uma condição crônica – como a hipertensão ou o diabetes –, seu tratamento deve ser de longo prazo ou até mesmo, em muitos casos, para sempre.

Na prática clínica, é possível ver casos em que mudanças na rotina levam a resultados positivos permanentes. São situações em que as pessoas entenderam a principal função do medicamento: ser um facilitador do processo de mudança do estilo de vida. Se não houver esse comprometimento, o risco de um “efeito rebote” é grande.

2. Metas de perda de peso precisam ser mais realistas

Metas como tentar retornar ao peso de uma fase específica da vida ou a um número na balança que nunca foi sustentável ao longo dos anos não são realistas. Mesmo a finalidade de chegar ao IMC 25,0 kg/m2 foi fortemente questionada.

Uma meta que, felizmente, está ganhando força é avaliar a perda de peso de acordo com determinados percentuais no início do tratamento. Por exemplo: os estudos apresentados mostram que os benefícios à saúde já começam a partir de 5% de perda de peso. Uma diminuição de 10% é considerada um ótimo resultado, pois já traz grandes melhoras na saúde e qualidade de vida, como melhor controle glicêmico, pressão arterial e mobilidade. Os benefícios continuam evoluindo, sendo que uma perda de 20% do peso corporal tem se mostrado ser a ideal.

Segundo essa premissa, se uma pessoa que pesava 100 kg conseguir atingir os 80 kg, esse resultado já será considerado um grande sucesso.

3. O foco deve estar nos desfechos de saúde

Muitas vezes, tanto profissionais da saúde quanto pacientes têm dificuldade em aceitar que não possuímos controle total sobre o nosso peso corporal. O corpo possui uma regulação dinâmica, e ter como foco um único objetivo como o peso é um erro. O foco deve ser na saúde, e isso inclui estabilizar marcadores como glicemia, colesterol, pressão arterial, qualidade do sono, entre outros.

Por isso, mesmo no tratamento da obesidade, o foco deve sair do peso corporal.

4. Dose da medicação: “Start slow and go slowly”

Quando o assunto é medicação, a recomendação é clara: começar devagar e aumentar lentamente.

Muitos médicos cometem o erro de aumentar a dose da medicação rapidamente, o que pode resultar em efeitos colaterais indesejados e abandono do tratamento. O ideal é que o aumento da dose só aconteça se o paciente não estiver respondendo à dose inicial — mas ele deve ser avaliado, e não só pelo peso como também pelos parâmetros de saúde.

Uma abordagem cuidadosa e gradual é a chave para o sucesso no tratamento.

5. Cuide da sua massa muscular

Uma das preocupações recorrentes no congresso foi a perda de massa muscular associada ao uso dessas medicações.

Emagrecer de forma saudável envolve não apenas a redução de gordura, mas também a preservação ou o ganho de massa magra.

Por outro lado, pessoas com obesidade, ao se tornarem mais saudáveis e leves, têm a oportunidade de se movimentar mais, fortalecer seus músculos e melhorar sua função física. Mexer-se com frequência, portanto, não é opcional. Deveria ser orientação básica.

6. Medicação como facilitadora da mudança

Em minha última coluna, falei sobre a diferença entre quem quer emagrecer e quem quer ser emagrecido, e esse foi um dos focos centrais do Obesity Week. As novas medicações podem atuar como uma “válvula propulsora” para mudanças no estilo de vida. Elas oferecem resultados significativos, mas não funcionam sozinhas. A pessoa precisa ser o agente principal dessa transformação, e o papel do profissional da saúde é ajudá-la a fazer esse processo o mais saudável e duradouro possível.

Os avanços no tratamento da obesidade são promissores, mas, como em qualquer processo de saúde, a paciência e a perseverança são fundamentais. Não se trata de alcançar um peso ideal de forma rápida e sem esforço, mas, sim, de adotar um estilo de vida mais saudável, no qual a medicação funciona como uma aliada.

Em última análise, a verdadeira vitória está no compromisso com a saúde, e o sucesso não se mede apenas pelo número na balança, mas pelos ganhos em qualidade de vida. Lembre-se: o caminho é longo, mas cada passo conta para alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.

Acabo de voltar do Obesity Week, um congresso americano sobre obesidade e, como não poderia deixar de ser, o assunto do momento é a revolução causada pelas novas drogas disponíveis no mercado para tratamento do quadro. Esses medicamentos têm impactado positivamente tanto nos desfechos clínicos quanto em nosso entendimento sobre o corpo humano.

A seguir, destaco os pontos que, para mim, foram os mais importantes.

Tratamento da obesidade deu uma guinada após o surgimento de medicamentos injetáveis.  Foto: myskin/Adobe Stock

1. Medicamentos para obesidade não são soluções de curto prazo

Essas novas medicações são poderosas, mas vale lembrar que seu uso é para o tratamento da obesidade, e não para a perda de peso pontual.

Muitos princípios ativos já estão sendo usados, outros ainda em fase de estudos, mas todos têm demonstrado o mesmo padrão: uma vez que a medicação é descontinuada, o efeito na perda de peso tende a se reverter. O que precisamos compreender é que, como a obesidade é uma condição crônica – como a hipertensão ou o diabetes –, seu tratamento deve ser de longo prazo ou até mesmo, em muitos casos, para sempre.

Na prática clínica, é possível ver casos em que mudanças na rotina levam a resultados positivos permanentes. São situações em que as pessoas entenderam a principal função do medicamento: ser um facilitador do processo de mudança do estilo de vida. Se não houver esse comprometimento, o risco de um “efeito rebote” é grande.

2. Metas de perda de peso precisam ser mais realistas

Metas como tentar retornar ao peso de uma fase específica da vida ou a um número na balança que nunca foi sustentável ao longo dos anos não são realistas. Mesmo a finalidade de chegar ao IMC 25,0 kg/m2 foi fortemente questionada.

Uma meta que, felizmente, está ganhando força é avaliar a perda de peso de acordo com determinados percentuais no início do tratamento. Por exemplo: os estudos apresentados mostram que os benefícios à saúde já começam a partir de 5% de perda de peso. Uma diminuição de 10% é considerada um ótimo resultado, pois já traz grandes melhoras na saúde e qualidade de vida, como melhor controle glicêmico, pressão arterial e mobilidade. Os benefícios continuam evoluindo, sendo que uma perda de 20% do peso corporal tem se mostrado ser a ideal.

Segundo essa premissa, se uma pessoa que pesava 100 kg conseguir atingir os 80 kg, esse resultado já será considerado um grande sucesso.

3. O foco deve estar nos desfechos de saúde

Muitas vezes, tanto profissionais da saúde quanto pacientes têm dificuldade em aceitar que não possuímos controle total sobre o nosso peso corporal. O corpo possui uma regulação dinâmica, e ter como foco um único objetivo como o peso é um erro. O foco deve ser na saúde, e isso inclui estabilizar marcadores como glicemia, colesterol, pressão arterial, qualidade do sono, entre outros.

Por isso, mesmo no tratamento da obesidade, o foco deve sair do peso corporal.

4. Dose da medicação: “Start slow and go slowly”

Quando o assunto é medicação, a recomendação é clara: começar devagar e aumentar lentamente.

Muitos médicos cometem o erro de aumentar a dose da medicação rapidamente, o que pode resultar em efeitos colaterais indesejados e abandono do tratamento. O ideal é que o aumento da dose só aconteça se o paciente não estiver respondendo à dose inicial — mas ele deve ser avaliado, e não só pelo peso como também pelos parâmetros de saúde.

Uma abordagem cuidadosa e gradual é a chave para o sucesso no tratamento.

5. Cuide da sua massa muscular

Uma das preocupações recorrentes no congresso foi a perda de massa muscular associada ao uso dessas medicações.

Emagrecer de forma saudável envolve não apenas a redução de gordura, mas também a preservação ou o ganho de massa magra.

Por outro lado, pessoas com obesidade, ao se tornarem mais saudáveis e leves, têm a oportunidade de se movimentar mais, fortalecer seus músculos e melhorar sua função física. Mexer-se com frequência, portanto, não é opcional. Deveria ser orientação básica.

6. Medicação como facilitadora da mudança

Em minha última coluna, falei sobre a diferença entre quem quer emagrecer e quem quer ser emagrecido, e esse foi um dos focos centrais do Obesity Week. As novas medicações podem atuar como uma “válvula propulsora” para mudanças no estilo de vida. Elas oferecem resultados significativos, mas não funcionam sozinhas. A pessoa precisa ser o agente principal dessa transformação, e o papel do profissional da saúde é ajudá-la a fazer esse processo o mais saudável e duradouro possível.

Os avanços no tratamento da obesidade são promissores, mas, como em qualquer processo de saúde, a paciência e a perseverança são fundamentais. Não se trata de alcançar um peso ideal de forma rápida e sem esforço, mas, sim, de adotar um estilo de vida mais saudável, no qual a medicação funciona como uma aliada.

Em última análise, a verdadeira vitória está no compromisso com a saúde, e o sucesso não se mede apenas pelo número na balança, mas pelos ganhos em qualidade de vida. Lembre-se: o caminho é longo, mas cada passo conta para alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.

Opinião por Desire Coelho

Nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela USP, especialista em transtornos alimentares e em análise do comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” e coautora do livro “A Dieta Ideal”

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