A doação de sangue é um gesto solidário que pode salvar a vida de muitas pessoas. No fim do mês se encerrou a campanha Junho Vermelho, que esclarece a população sobre a importância de ser um doador. Mas é a doação regular que mantém os estoques abastecidos. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas 1,4% dos brasileiros doaram sangue de forma regular no último ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa de doadores na população seja de 1% a 3%.
A doação de sangue é fundamental para o tratamento de pacientes com doenças graves e pessoas que se submetem a procedimentos médicos ou em situação de emergência.
“O procedimento para doação de sangue é simples, rápido e seguro”, destaca Fabiana Ghaname, hematologista e coordenadora do Banco de Sangue do Hospital Nove de Julho. A médica ressalta que o próprio organismo é capaz de recuperar o volume de sangue doado depois de 24h. No Brasil, toda pessoa saudável com idade entre 16 e 69 anos e que esteja pesando mais de 50 kg pode doar sangue.
Confira, a seguir, aspectos importantes ligados à doação de sangue:
Uma doação ajuda diversas pessoas
Uma única doação, com cerca de 450 ml, ajuda a salvar até quatro pessoas. Cada bolsa de sangue pode ser fracionada em quatro componentes: plasma, concentrado de hemácias, plaquetas e crioprecipitado. O plasma é usado em pacientes com problemas de coagulação; o concentrado de hemácias, no tratamento de anemia; o crioprecipitado, no tratamento de coagulopatias; e as plaquetas, nos casos de hemorragia ou em concomitância com quimioterapia nos pacientes oncológicos.
O corpo repõe o sangue doado em um dia
O volume doado é reposto naturalmente pelo organismo em até 24 horas e não ultrapassa 10% a 15% da quantidade de sangue do doador. A ingestão de alimentos ricos em ferro auxilia na recuperação, sendo possível realizar outra doação após 60 dias para homens e 90 dias para mulheres. “As reações adversas são raras e geralmente consistem em queda discreta da pressão arterial e tonturas. Nesses casos, os doadores são atendidos e liberados após a sua total recuperação”, destaca André Larrubia, hematologista e gerente do Banco de Sangue da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Vantagens em concursos públicos e eventos
Doadores regulares – que doaram pelo menos três vezes no último ano – têm isenção da taxa de inscrição em diversos concursos públicos. Alguns Estados oferecem ainda meia-entrada em locais públicos de cultura e lazer.
Quem teve covid pode doar
De acordo com o Ministério da Saúde, é possível doar sangue 10 dias após a recuperação completa da doença.
Pessoas com tatuagens podem doar
É possível doar sangue um ano depois de fazer tatuagens ou piercings – o prazo diminui para seis meses se forem feitos em local com a assepsia necessária. As exceções são os piercings na boca e na região íntima, que tornam o doador inapto enquanto estiver com eles. Só 12 meses após a retirada é possível voltar a doar.
Dia de folga
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) garante um dia de folga a cada 12 meses a quem doar sangue.
Orientação sexual não é fator impeditivo
Em 2020, a comunidade LGBT+ obteve uma importante vitória: após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério da Saúde mudou a orientação que proibia homens gays de doar sangue. Dessa forma, toda pessoa saudável, sem distinção de gênero, orientação sexual, raça ou condição social pode doar.
Seu sangue é testado
Quando você doa sangue, são realizados testes para identificar doenças infecciosas que podem ser transmitidas pela transfusão de sangue, como hepatites B e C, sífilis, HIV, HTLV I e II, doença de Chagas. O sangue também é caracterizado de acordo com os antígenos ABO e Rh.
Assim que os resultados estiverem prontos e confirmarem que a bolsa está apta para transfusão, os componentes ficam à disposição das instituições de saúde. “A doação de sangue é um processo muito seguro, não oferecendo nenhum risco de contaminação, já que todo o material utilizado é descartável”, afirma Larrubia.
É possível doar plaquetas novamente depois de 3 dias
Na doação de plaquetas, o sangue é retirado da veia de um dos braços, como na doação convencional. A diferença é que o sangue passa por um equipamento que retém parte das plaquetas. Depois o sangue retorna ao doador.
Por ser um processo diferente, é possível doar novamente após 72h, não ultrapassando 24 doações em 12 meses e quatro doações de plaquetas em 30 dias. A reposição das plaquetas pelo organismo é rápida e ocorre em torno de 48 horas.