No dia 11 de abril é comemorado o Dia Mundial da Doença de Parkinson. Esta é uma doença neurodegenerativa progressiva, ou seja, que afeta o funcionamento do cérebro e evolui com o passar do tempo. Ela é caracterizada por uma diminuição da dopamina, neurotransmissor associado aos movimentos automáticos e à sensação de bem-estar. A condição afeta principalmente as pessoas com mais idade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 8,5 milhões de pessoas no mundo vivem com a doença, sendo que as mortes e deficiências associadas ao Parkinson têm crescido mais rápido em relação às provocadas por outros quadros neurodegenerativos, segundo a Organização. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas vivam com a doença. Trata-se, portanto, uma importante questão de saúde pública no mundo.
O que causa a doença de Parkinson?
As causas exatas por trás da doença de Parkinson ainda são incertas. Apesar disso, estudos apontam para a combinação de fatores ambientais e genéticos.
Mas há um destaque para os fatores externos. Nesse sentido, segundo a OMS, a exposição a produtos químicos, como pesticidas, solventes e poluição, teria papel decisivo no aumento do risco de desenvolvimento da doença.
Por isso, para a fisioterapeuta Érica Tardelli, presidente da Associação Brasil Parkinson (ABP), é urgente investir em políticas públicas que trabalhem para diminuir a exposição da população a essas substâncias. “Elas estão no ar que respiramos e em itens que consumimos”, diz.
Em relação aos fatores genéticos, segundo a neurocirurgiã Catarina Couras Lins, da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), eles estão presentes em cerca de 10% dos casos e decorrem da mutação de genes específicos.
Quais os sintomas?
A dopamina, neurotransmissor cuja falta caracteriza a doença de Parkinson, está associada à movimentação e também ao bem-estar. Então, os sintomas dessa doença vão além dos motores. Por isso, a OMS separou os principais sintomas em duas categorias: motores e não motores. Confira:
Motores:
- Movimentos lentos;
- Tremor;
- Movimentos involuntários;
- Rigidez;
- Dificuldade para andar;
- Falta de equilíbrio.
Não motores:
- Disfunção cognitiva;
- Transtornos de saúde mental;
- Demência;
- Problemas de sono;
- Dor;
- Distúrbios sensoriais.
A doença de Parkinson é grave?
Como se trata de uma doença progressiva, com o passar dos anos os sintomas tendem a se tornar mais graves e afetam cada vez mais a qualidade de vida dos pacientes, de acordo com Érica. “Com o tempo, é mais difícil fazer duas coisas ao mesmo tempo, como andar e falar, o que pode impactar no grau de autonomia da pessoa”, destaca.
Além disso, com a escalada dos sintomas, os riscos de acidentes graves aumentam, segundo a especialista. “Com a dificuldade motora, há mais chances de quedas e engasgos, por exemplo. Logo, o Parkinson pode ser indiretamente fatal”, raciocina.
Qual o tratamento para a doença de Parkinson?
Até o momento, não existe cura para o Parkinson. Por isso, o tratamento consiste na melhora dos sintomas. Nesse sentido, de acordo com a OMS, o principal medicamento disponível é a levodopa/carbidopa, que estimula a produção de dopamina pelo organismo.
Importante salientar, contudo, que esse medicamento trata apenas os sintomas, não agindo para retardar o progresso da doença, de acordo com Érica. Nesse sentido, ela comenta que estudos indicam que a prática regular de exercícios físicos aeróbicos de moderada para alta intensidade pode ser uma opção mais efetiva.
Além disso, Érica destaca a importância de um tratamento multidisciplinar para a doença. Via de regra, esse tratamento é conduzido por um neurologista e um fisioterapeuta, mas pode variar de acordo com a área mais afetada pelo Parkinson.
“Por exemplo: aqueles que têm dificuldade para mastigar ou falar, devem procurar um fonoaudiólogo, os que sofrem com questões de saúde mental, como depressão e ansiedade, devem buscam um psicólogo ou um psiquiatra”, cita.