Dor das mulheres é subestimada em atendimentos de urgência, diz estudo


Pesquisa reforça evidências de que desigualdade de gênero atrapalha o acesso à saúde; especialista afirma que preconceito faz mulheres serem vistas como “queixosas”

Por Bárbara Giovani

Quando sentem uma dor sem causa aparente e buscam atendimento médico em um pronto-socorro, mulheres não recebem o mesmo tratamento que homens em situação semelhante. Elas são menos questionadas sobre a intensidade do sintoma, medida por meio de uma escala, esperam mais tempo pela consulta e recebem menos prescrições de remédios para alívio da dor.

A conclusão é de um estudo com mais de 20 mil registros de hospitais dos Estados Unidos e de Israel. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Dor da mulher é minimizada por profissionais de saúde, o que afeta o diagnóstico e o tratamento Foto: fizkes/Adobe Stock
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Embora tenha sido realizada em outros países, a pesquisa reflete uma realidade que também é observada no Brasil, segundo Telma Zakka, especialista em dor crônica da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). “Avaliar a dor é uma coisa muito difícil. Eu preciso crer naquilo que você me conta, porque eu não tenho como mensurar”, afirma.

Ela explica que, diferentemente da febre, por exemplo, medida pela temperatura corporal do paciente, a dor é subjetiva. “Depende do outro acreditar na sua subjetividade”, diz. Para ela, os resultados do estudo reforçam a desvalorização da queixa feminina.

Reforço às evidências

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Os resultados não são novidade. Estudos anteriores já apontaram a disparidade no atendimento médico de urgência para a dor a depender do gênero do paciente. As evidências mostram que, nos hospitais, as mulheres com dores abdominais têm menor probabilidade de receberem analgésicos. Já aquelas com dor no peito têm maior dificuldade de ter diagnóstico e tratamento adequado para um infarto do que os homens.

Para Telma, há um preconceito enraizado com as queixas femininas. “Desde os primórdios, é dado à mulher o direito de sofrer, de se queixar e de ter dor”, afirma, exemplificando com o fato de que meninas, quando caem, são acolhidas pelos pais, enquanto meninos são incentivados a não demonstrar sofrimento.

Além disso, a especialista da SBED aponta que mulheres sofrem com mais flutuações hormonais do que os homens. Especialmente no período pré-menstrual, isso leva a uma maior sensibilidade ao estímulo doloroso. “Também existem dores que são muito mais prevalentes na mulher do que no homem, como a enxaqueca, a fibromialgia e a síndrome do intestino irritável”, diz.

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Por fim, ela destaca o fato de as mulheres serem mais afetadas pela violência doméstica. “A mulher tem muito mais queixas dolorosas”, analisa. Isso pode levar a uma procura maior por serviços de saúde, o que alimenta o preconceito com seus relatos de sintomas. “Veem a mulher como uma pessoa queixosa”, sintetiza.

Como resultado, muitas pacientes não recebem tratamento adequado. O preconceito pode fazer com que as mulheres sejam medicadas com antidepressivos em vez de analgésicos, por exemplo. No contexto de emergência considerado no novo estudo, o erro diagnóstico pode levar à morte.

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O tratamento diferenciado não é exclusivo da área da dor. A chamada histeria feminina, por exemplo, foi usada como diagnóstico para uma ampla gama de sintomas relatados por mulheres.

Não à toa, a Organização Pan-Americana de Saúde encara a desigualdade de gênero como um limitante ao acesso a serviços de saúde, o que contribui para taxas de morbidade e mortalidade evitáveis.

Mudanças necessárias

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De acordo com a nova pesquisa, o viés foi percebido durante o atendimento de profissionais da saúde homens e mulheres, evidenciando que os estereótipos de gênero influenciam o comportamento de uma maneira geral.

Para Telma, isso mostra como o problema está na capacitação de quem atende pacientes. “Os profissionais de saúde — não só os médicos, os enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos — precisam ter esse olhar diferenciado para a mulher, sim”, opina.

Ela acredita ser importante que alunos de graduação e residência em cursos da área da saúde sejam introduzidos no estudo da dor, uma vez que todas as especialidades lidam com o problema. Para a médica, isso pode melhorar a capacidade profissional de ouvir e compreender os relatos dos pacientes, o que é essencial para um diagnóstico assertivo.

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“Quando você interrompe a queixa de um doente, dificilmente ele volta para o mesmo ponto (do relato). E aí você perde a chance de fazer um bom diagnóstico”, finaliza.

Quando sentem uma dor sem causa aparente e buscam atendimento médico em um pronto-socorro, mulheres não recebem o mesmo tratamento que homens em situação semelhante. Elas são menos questionadas sobre a intensidade do sintoma, medida por meio de uma escala, esperam mais tempo pela consulta e recebem menos prescrições de remédios para alívio da dor.

A conclusão é de um estudo com mais de 20 mil registros de hospitais dos Estados Unidos e de Israel. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Dor da mulher é minimizada por profissionais de saúde, o que afeta o diagnóstico e o tratamento Foto: fizkes/Adobe Stock

Embora tenha sido realizada em outros países, a pesquisa reflete uma realidade que também é observada no Brasil, segundo Telma Zakka, especialista em dor crônica da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). “Avaliar a dor é uma coisa muito difícil. Eu preciso crer naquilo que você me conta, porque eu não tenho como mensurar”, afirma.

Ela explica que, diferentemente da febre, por exemplo, medida pela temperatura corporal do paciente, a dor é subjetiva. “Depende do outro acreditar na sua subjetividade”, diz. Para ela, os resultados do estudo reforçam a desvalorização da queixa feminina.

Reforço às evidências

Os resultados não são novidade. Estudos anteriores já apontaram a disparidade no atendimento médico de urgência para a dor a depender do gênero do paciente. As evidências mostram que, nos hospitais, as mulheres com dores abdominais têm menor probabilidade de receberem analgésicos. Já aquelas com dor no peito têm maior dificuldade de ter diagnóstico e tratamento adequado para um infarto do que os homens.

Para Telma, há um preconceito enraizado com as queixas femininas. “Desde os primórdios, é dado à mulher o direito de sofrer, de se queixar e de ter dor”, afirma, exemplificando com o fato de que meninas, quando caem, são acolhidas pelos pais, enquanto meninos são incentivados a não demonstrar sofrimento.

Além disso, a especialista da SBED aponta que mulheres sofrem com mais flutuações hormonais do que os homens. Especialmente no período pré-menstrual, isso leva a uma maior sensibilidade ao estímulo doloroso. “Também existem dores que são muito mais prevalentes na mulher do que no homem, como a enxaqueca, a fibromialgia e a síndrome do intestino irritável”, diz.

Por fim, ela destaca o fato de as mulheres serem mais afetadas pela violência doméstica. “A mulher tem muito mais queixas dolorosas”, analisa. Isso pode levar a uma procura maior por serviços de saúde, o que alimenta o preconceito com seus relatos de sintomas. “Veem a mulher como uma pessoa queixosa”, sintetiza.

Como resultado, muitas pacientes não recebem tratamento adequado. O preconceito pode fazer com que as mulheres sejam medicadas com antidepressivos em vez de analgésicos, por exemplo. No contexto de emergência considerado no novo estudo, o erro diagnóstico pode levar à morte.

O tratamento diferenciado não é exclusivo da área da dor. A chamada histeria feminina, por exemplo, foi usada como diagnóstico para uma ampla gama de sintomas relatados por mulheres.

Não à toa, a Organização Pan-Americana de Saúde encara a desigualdade de gênero como um limitante ao acesso a serviços de saúde, o que contribui para taxas de morbidade e mortalidade evitáveis.

Mudanças necessárias

De acordo com a nova pesquisa, o viés foi percebido durante o atendimento de profissionais da saúde homens e mulheres, evidenciando que os estereótipos de gênero influenciam o comportamento de uma maneira geral.

Para Telma, isso mostra como o problema está na capacitação de quem atende pacientes. “Os profissionais de saúde — não só os médicos, os enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos — precisam ter esse olhar diferenciado para a mulher, sim”, opina.

Ela acredita ser importante que alunos de graduação e residência em cursos da área da saúde sejam introduzidos no estudo da dor, uma vez que todas as especialidades lidam com o problema. Para a médica, isso pode melhorar a capacidade profissional de ouvir e compreender os relatos dos pacientes, o que é essencial para um diagnóstico assertivo.

“Quando você interrompe a queixa de um doente, dificilmente ele volta para o mesmo ponto (do relato). E aí você perde a chance de fazer um bom diagnóstico”, finaliza.

Quando sentem uma dor sem causa aparente e buscam atendimento médico em um pronto-socorro, mulheres não recebem o mesmo tratamento que homens em situação semelhante. Elas são menos questionadas sobre a intensidade do sintoma, medida por meio de uma escala, esperam mais tempo pela consulta e recebem menos prescrições de remédios para alívio da dor.

A conclusão é de um estudo com mais de 20 mil registros de hospitais dos Estados Unidos e de Israel. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Dor da mulher é minimizada por profissionais de saúde, o que afeta o diagnóstico e o tratamento Foto: fizkes/Adobe Stock

Embora tenha sido realizada em outros países, a pesquisa reflete uma realidade que também é observada no Brasil, segundo Telma Zakka, especialista em dor crônica da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). “Avaliar a dor é uma coisa muito difícil. Eu preciso crer naquilo que você me conta, porque eu não tenho como mensurar”, afirma.

Ela explica que, diferentemente da febre, por exemplo, medida pela temperatura corporal do paciente, a dor é subjetiva. “Depende do outro acreditar na sua subjetividade”, diz. Para ela, os resultados do estudo reforçam a desvalorização da queixa feminina.

Reforço às evidências

Os resultados não são novidade. Estudos anteriores já apontaram a disparidade no atendimento médico de urgência para a dor a depender do gênero do paciente. As evidências mostram que, nos hospitais, as mulheres com dores abdominais têm menor probabilidade de receberem analgésicos. Já aquelas com dor no peito têm maior dificuldade de ter diagnóstico e tratamento adequado para um infarto do que os homens.

Para Telma, há um preconceito enraizado com as queixas femininas. “Desde os primórdios, é dado à mulher o direito de sofrer, de se queixar e de ter dor”, afirma, exemplificando com o fato de que meninas, quando caem, são acolhidas pelos pais, enquanto meninos são incentivados a não demonstrar sofrimento.

Além disso, a especialista da SBED aponta que mulheres sofrem com mais flutuações hormonais do que os homens. Especialmente no período pré-menstrual, isso leva a uma maior sensibilidade ao estímulo doloroso. “Também existem dores que são muito mais prevalentes na mulher do que no homem, como a enxaqueca, a fibromialgia e a síndrome do intestino irritável”, diz.

Por fim, ela destaca o fato de as mulheres serem mais afetadas pela violência doméstica. “A mulher tem muito mais queixas dolorosas”, analisa. Isso pode levar a uma procura maior por serviços de saúde, o que alimenta o preconceito com seus relatos de sintomas. “Veem a mulher como uma pessoa queixosa”, sintetiza.

Como resultado, muitas pacientes não recebem tratamento adequado. O preconceito pode fazer com que as mulheres sejam medicadas com antidepressivos em vez de analgésicos, por exemplo. No contexto de emergência considerado no novo estudo, o erro diagnóstico pode levar à morte.

O tratamento diferenciado não é exclusivo da área da dor. A chamada histeria feminina, por exemplo, foi usada como diagnóstico para uma ampla gama de sintomas relatados por mulheres.

Não à toa, a Organização Pan-Americana de Saúde encara a desigualdade de gênero como um limitante ao acesso a serviços de saúde, o que contribui para taxas de morbidade e mortalidade evitáveis.

Mudanças necessárias

De acordo com a nova pesquisa, o viés foi percebido durante o atendimento de profissionais da saúde homens e mulheres, evidenciando que os estereótipos de gênero influenciam o comportamento de uma maneira geral.

Para Telma, isso mostra como o problema está na capacitação de quem atende pacientes. “Os profissionais de saúde — não só os médicos, os enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos — precisam ter esse olhar diferenciado para a mulher, sim”, opina.

Ela acredita ser importante que alunos de graduação e residência em cursos da área da saúde sejam introduzidos no estudo da dor, uma vez que todas as especialidades lidam com o problema. Para a médica, isso pode melhorar a capacidade profissional de ouvir e compreender os relatos dos pacientes, o que é essencial para um diagnóstico assertivo.

“Quando você interrompe a queixa de um doente, dificilmente ele volta para o mesmo ponto (do relato). E aí você perde a chance de fazer um bom diagnóstico”, finaliza.

Quando sentem uma dor sem causa aparente e buscam atendimento médico em um pronto-socorro, mulheres não recebem o mesmo tratamento que homens em situação semelhante. Elas são menos questionadas sobre a intensidade do sintoma, medida por meio de uma escala, esperam mais tempo pela consulta e recebem menos prescrições de remédios para alívio da dor.

A conclusão é de um estudo com mais de 20 mil registros de hospitais dos Estados Unidos e de Israel. Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Dor da mulher é minimizada por profissionais de saúde, o que afeta o diagnóstico e o tratamento Foto: fizkes/Adobe Stock

Embora tenha sido realizada em outros países, a pesquisa reflete uma realidade que também é observada no Brasil, segundo Telma Zakka, especialista em dor crônica da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). “Avaliar a dor é uma coisa muito difícil. Eu preciso crer naquilo que você me conta, porque eu não tenho como mensurar”, afirma.

Ela explica que, diferentemente da febre, por exemplo, medida pela temperatura corporal do paciente, a dor é subjetiva. “Depende do outro acreditar na sua subjetividade”, diz. Para ela, os resultados do estudo reforçam a desvalorização da queixa feminina.

Reforço às evidências

Os resultados não são novidade. Estudos anteriores já apontaram a disparidade no atendimento médico de urgência para a dor a depender do gênero do paciente. As evidências mostram que, nos hospitais, as mulheres com dores abdominais têm menor probabilidade de receberem analgésicos. Já aquelas com dor no peito têm maior dificuldade de ter diagnóstico e tratamento adequado para um infarto do que os homens.

Para Telma, há um preconceito enraizado com as queixas femininas. “Desde os primórdios, é dado à mulher o direito de sofrer, de se queixar e de ter dor”, afirma, exemplificando com o fato de que meninas, quando caem, são acolhidas pelos pais, enquanto meninos são incentivados a não demonstrar sofrimento.

Além disso, a especialista da SBED aponta que mulheres sofrem com mais flutuações hormonais do que os homens. Especialmente no período pré-menstrual, isso leva a uma maior sensibilidade ao estímulo doloroso. “Também existem dores que são muito mais prevalentes na mulher do que no homem, como a enxaqueca, a fibromialgia e a síndrome do intestino irritável”, diz.

Por fim, ela destaca o fato de as mulheres serem mais afetadas pela violência doméstica. “A mulher tem muito mais queixas dolorosas”, analisa. Isso pode levar a uma procura maior por serviços de saúde, o que alimenta o preconceito com seus relatos de sintomas. “Veem a mulher como uma pessoa queixosa”, sintetiza.

Como resultado, muitas pacientes não recebem tratamento adequado. O preconceito pode fazer com que as mulheres sejam medicadas com antidepressivos em vez de analgésicos, por exemplo. No contexto de emergência considerado no novo estudo, o erro diagnóstico pode levar à morte.

O tratamento diferenciado não é exclusivo da área da dor. A chamada histeria feminina, por exemplo, foi usada como diagnóstico para uma ampla gama de sintomas relatados por mulheres.

Não à toa, a Organização Pan-Americana de Saúde encara a desigualdade de gênero como um limitante ao acesso a serviços de saúde, o que contribui para taxas de morbidade e mortalidade evitáveis.

Mudanças necessárias

De acordo com a nova pesquisa, o viés foi percebido durante o atendimento de profissionais da saúde homens e mulheres, evidenciando que os estereótipos de gênero influenciam o comportamento de uma maneira geral.

Para Telma, isso mostra como o problema está na capacitação de quem atende pacientes. “Os profissionais de saúde — não só os médicos, os enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos — precisam ter esse olhar diferenciado para a mulher, sim”, opina.

Ela acredita ser importante que alunos de graduação e residência em cursos da área da saúde sejam introduzidos no estudo da dor, uma vez que todas as especialidades lidam com o problema. Para a médica, isso pode melhorar a capacidade profissional de ouvir e compreender os relatos dos pacientes, o que é essencial para um diagnóstico assertivo.

“Quando você interrompe a queixa de um doente, dificilmente ele volta para o mesmo ponto (do relato). E aí você perde a chance de fazer um bom diagnóstico”, finaliza.

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