O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira, 11, que o Ministério da Saúde descumpriu o acordo feito verbalmente pelo ministro Marcelo Queiroga e não entregou as 228 mil doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer "que prometeu enviar" ao Estado. O governador, porém, afirmou que vai manter o início da vacinação de adolescentes na próxima quarta-feira, 18. A declaração foi dada em coletiva realizada no início desta tarde no Palácio dos Bandeirantes, uma semana após Doria ter apontado que o ministério deixou de enviar metade dos imunizantes previstos pelo Estado.
Após negociação, o governo federal havia dito na última sexta-feira, 6, que houve regularização no repasse dos lotes. "Ministro, eu aprendi com meu pai que é feio mentir, e que é feio prometer e não cumprir", disse Doria nesta quarta-feira, em referência a Queiroga. "Não entregou nem 228 (mil doses), nem 220, nem 50. Nada, absolutamente nada", acrescentou. Por causa do impasse da entrega deste lote, o Estado promete usar medidas judiciais contra a gestão Jair Bolsonaro.
"Conversamos com o ministro (Marcelo Queiroga), eu inclusive (falei) duas vezes com ele ao telefone, exatamente para demonstrar a boa vontade, o interesse de São Paulo de evitar a judicialização", apontou o governador, dizendo que se supreendeu com o não cumprimento do acordo. Segundo Doria, mesmo com a quebra de expectativa, o início da vacinação de adolescentes está mantido para o próximo dia 18.
Em nota, o Ministério da Saúde aponta que foram entregues 241.020 doses da Pfizer ao Estado de São Paulo nesta terça-feira, 10. "As 50 mil doses extras estão contempladas nesta distribuição", afirmou.
O governo de São Paulo, por outro lado, diz que as doses recebidas já faziam parte do cronograma e serão utilizadas na atual faixa de vacinação. "Assim, não se verifica nenhuma recomposição de doses, mantendo-se a dívida de 228 mil doses", respondeu em nota.
Na última quinta-feira, 5, o governo estadual chegou a ameaçar medidas judiciais contra o governo federal e alegou que a data de vacinação de adolescentes, programada para começar em São Paulo em 18 de agosto, ficaria "em aberto" por conta da "imprevisibilidade" na entrega das doses.
Após reunião realizada na sexta-feira, 6, com o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que "a compensação de doses" por São Paulo seria feita de forma a manter "a celeridade na campanha de vacinação". Confira a coletiva desta quarta:
Programa Multissaúde
Nesta quarta-feira, 11, o governador anunciou ainda que, com o objetivo de atender a demanda reprimida de consultas acarretada pela pandemia de covid-19, São Paulo irá começar a oferecer teleconsulta por meio do programa Multissaúde. Ao todo, 14 hospitais do Estado serão beneficiados. A estimativa é que 12 mil atendimentos sejam realizados mensalmente.
Com investimento anual de R$ 25 milhões, o Multissaúde oferecerá suporte técnico em oito especialidades: endocrinologia, nefrologia, cardiologia, pneumologia, vascular, hematologia, gastroentorologia e ortopedia. Já urgências e emergências contemplam seis áreas: infectologia, neurologia clínica, neurologia cirúrgica, medicina intensiva, cardiologia e ortopedia.
“O atendimento 100% digital conta com apoio presencial de médicos especialistas 24 horas por dia, sete dias por semana. A plataforma tecnológica de telemedicina para fazer diagnósticos foi desenvolvida pelo governo do Estado de São Paulo para emitir laudos e receitas médicas”, destacou Doria.
Balanço da pandemia em São Paulo
O Estado de São Paulo notificou 10.455 casos e 468 mortes por coronavírus nesta terça-feira, 10, apontam informações do governo de São Paulo. Desde o início da pandemia, o Estado contabiliza 4.129.720 diagnósticos positivos de covid-19 e 141.277 vítimas da doença.
O Brasil registrou 35.245 casos e 1.183 mortes por covid-19 entre segunda e terça-feira. Os dados foram reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa até as 20h desta terça. No total, o País tem 20.213.388 casos e 564.890 mortos da doença.