Uma droga amplamente usada contra a diabete e a obesidade foi eficaz para reduzir a pressão intracranaina, de acordo com um novo estudo realizado em camundongos e publicado hoje na reivsta científica Science Translational Medicine.
A pressão aumentada no cérebro ocorre em casos de trauma cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), hidrocefalia. Ela é também a principal característica da hipertensão idiopática intracraniana (HII), um problema não raro - um caso ocorre anualmente a cada 100 mil habitantes - que causa dores de cabeça e forte pressão nos nervos em torno dos olhos - além de cegueira em 25% dos casos não tradados.
Os cientistas utilizaram as chamadas drogas agonistas de GLP-1, uma substância produzida pelo próprio organismo e que é a base para drogas utilizadas normalmente no controle da glicemia em pacientes de diabete tipo 2.
De acordo com os autores do estudo, da Universidade de Birmingham (Reino Unido), a aprovação da droga para o uso contra pressão intracraniana poderia ser bastante rápida, porque ela já passou pelos testes clínicos para o uso por pacientes de diabete.
"A descoberta pode ser rapidamente transformada em uma nova estratégia para o tratamento de HII, já que os agonistas de GLP-1 são drogas seguras e amplamente usadas para tratemento da diabete e obesidade", disse Alexandra Sinclair, a autora principal do estudo.
"Essa droga também tem potencial para ser um divisor de águas no tratamento de outros problemas que envolvem alta pressão no cérebro, incluindo AVC, hidrocefalia e lesão traumática cerebral", acrescentou Alexandra.
Os cientistas estudaram ao longo de três anos se as drogas agonistas de GLP-1 poderiam reduzir a pressão intracraniana em ratos preparados para sofrerem de pressão aumentada no cérebro.
De acordo com eles, em geral a alta pressão no cérebro é causada por uma alteração na densidade do fluido cérebro-espinhal. Quando a produção do fluido pelo organismo é maior que a capacidade do cérebro para drená-lo, a pressão aumenta dentro do crânio. O estudo mostrou que o medicamento ajudou a equilibrar a produção e a drenagem do líquido cérebro-espinhal no cérebro.
"Mostramos que um agonista de GLP-1 reduziu consideravelmete a pressão no cérebro, em 44%, de forma rápida e dramática. Esses efeitos foram alcançados em apenas 10 minutos após a injeção da droga. É a maior redução que já vimos desse tipo de problema, entre todos os métodos que já foram testados", afirmou Alexandra.
De acordo com a cientista, há muito tempo os cientistas procuram alternativas para o tratamento da pressão intracraniana. "Os tratamentos para redução da pressão cerebral são escassos e precisamos desesperadamente de novas terapias", declarou.
"O principal tratamento ´para HII atualmente é a acetazolamida, mas ela não funciona muito bem para a maior parte dos pacientes. Os efeitos colaterais são tão intensos que nossos testes anteriores mostraram que 48% dos pacientes abandonam o tratamento", disse Alexandra.