É possível encontrar um amor 'às cegas', como na série da Netflix?


Segundo especialistas, muitas vezes a idealização é maior que o sentimento e a paixão pode ser classificada pelo corpo como um 'vício'

Por Ana Lourenço

Está nas músicas, nos filmes e nas séries de televisão. Mas o conceito de alma gêmea existe mesmo? “A paixão tem a possibilidade de acontecer instantaneamente. Mas, muitas vezes, a idealização é maior que o sentimento, porque um está buscando o que ele acha que o outro tem para oferecer, mas são as coisas que ele quer numa pessoa. Já o amor não, ele demanda tempo e construção para conhecer a pessoa”, explica a psicóloga especialista em relacionamento Fernanda Friederick.

Dito isso, o amor pode ser cego? Com essa premissa, a série da Netflix  Casamento às Cegas coloca 32 pessoas para tentar achar seu par ideal em conversas em cabines, sem que se possa ver ou tocar quem está do outro lado. Para se encontrarem, é preciso aceitar um pedido de casamentoe, em um mês, decidir se querem ou não dizer “sim”. Na vida real, no entanto, não é tão fácil encontrar alguém nunca antes visto. Mesmo em aplicativos de namoro, como Tinder, Happn ou Bumble, a foto e o perfil das redes sociais estão à disposição para buscar as respostas necessárias. 

Cena de 'Casamento às Cegas': depois da paixão, a calmaria Foto: Alisson Louback/Netflix
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De acordo com a terapeuta matrimonial Cris Monteiro, aí está a armadilha. “Precipitamos o julgamento antesde conhecer o outro. Seriam necessários meses, ou anos, de convivência e intimidade para falar em amor. As expectativas são tão altas que seria preciso se superar em inteligência, condição financeira e performance sexual”, diz.

De acordo com o site de relacionamentos Dating.com, houve um aumento de 82% no namoro online global em março de 2020, quando começaram as restrições em razão da pandemia. Desde então, a procura pelo “match perfeito” só aumentou. O problema é que se busca a paixão dando o nome de amor. “A gente vive um momento que tudo tem que estar sempre 100%: a paixão, o amor, o tesão, o desejo, e isso não acontece. Faz parte do relacionamento ter esses altos e baixos. Entender essa dinâmica faz com que a gente consiga passar pelo ‘baixo’ com o outro”, ensina Fernanda.

Na paixão, criamos uma imagem do outro e nos entregamos a ela. “É como se a gente fosse buscar confirmações daquilo que a gente busca no outro. É claro que tem certas afinidades, não é totalmente ilusório – até por isso que nos apaixonamos por uma pessoa e não por outra. Mas são afinidades momentâneas, muito recortadas, porque não conhecemos o outro de verdade”, explica Fernanda. 

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Na própria série da Netflix, é depois do encontro, durante o que eles chamam de “lua de mel”, que os casais convivem e passam a ver que o amor talvez poderia ser paixão, atração – pela voz, conversas e visão de vida – ou uma simples empolgação. Se não existir uma base, um pilar que sustente a rotina, ele pode acabar.

“Precisamos reconhecer que, estando em um relacionamento, algumas vezes será preciso desapegar-se de ideais considerados intocáveis até então. É muito importante encontrar valores e conceitos que sejam adequados à realidade do casal”, diz Cris. “A mulher moderna vem revolucionando tais idealizações romantizadas e está trocando a antiga ideia de Cinderela por uma personagem destemida e determinada a trilhar seu próprio caminho.”

Paixão vem primeiro que o amor?

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Na cultura ocidental, é comum a paixão vir primeiro que o amor.  Enquanto um causa ansiedade, o outro dá segurança. Amar e se apaixonar mexe com todo o corpo, especialmente o cérebro.

A paixão é um estado afetivo  intenso, que domina toda nossa atividade psíquica. Quando estamos apaixonadas,  direcionamos nosso interesse, motivação em uma só direção, ofuscando todo o resto. Por isso dizemos que (o amor) é cego. Minimizamos o medo, a raiva, os aspectos racionais

Nanci Kalbeitzer, neuropsicóloga

Coração acelerado, menos fome, menos sono, aumento de euforia, insegurança e ansiedade, tudo isso só de sintoma físico. Conforme Nanci explica, a paixão mexe também com a parte do córtex pré-frontal, que cuida do raciocínio lógico e razão e o núcleo accumbens, responsável pelo circuito da recompensa. Ambos ativados, somos supridos de hormônios como ocitocina (felicidade), vasopressina (apego) e dopamina, associada ao prazer.

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“Ela é responsável pelo prazer, mas também atua no vício, por isso queremos ficar o tempo todo com a pessoa. E por isso muitos casais não chegam nessa fase, porque conforme a paixão vai diminuindo, é como uma droga, eles querem o sentimento o tempo todo”, diz. 

Mas nosso corpo nem aguentaria viver sob o efeito da paixão. Por isso ela tem duração média de seis meses e máxima de dois anos. E depois das doses de prazer, vem a calmaria. Mas nem sempre é preciso seguir essa regra. 

Encontro no Orkut virou casamento 

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“Muitos casais, por exemplo, começam uma relação na amizade. São amigos, e dali vai surgindo o amor, e vem a paixão depois. Então a gente precisa entender que o amor é um sentimento que parte de pequenas escolhas”, diz Fernanda.

Renata e Vinícius, hoje casados, se apaixonaram pelas redes sociais, sem nunca terem visto um ao outro Foto: Arquivo pessoal

Foi isso que aconteceu com Renata, de 35 amnos, e Vinícius Serafim, de 33. Hoje casados, eles se conheceram por uma comunidade da antiga rede social Orkut. Só foram ver fotos um do outro depois de meses de conversa. “Mesmo sem foto eu comecei a gostar bastante dela, e acredito que ela de mim”, diz Vinícius, que tinha como perfil a foto de seu músico favorito da época e conversava com a mulher por trás da foto de Lindinha, personagem do desenho As Meninas Superpoderosas. 

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“Depois de um tempo, trocamos MSN e passamos a conversar todos os dias. Isso em 2007. Eu nem tinha computador em casa, então ficava até tarde em uma lan house para falar com ele”, lembra Renata. “Um dia falei que amava ele, e ele disse 'eu também'. Aí começaram todas as declarações.”

Paulistana, Renata se mudou para Penápolis, interior de São Paulo, a 477 km da capital, para morar junto com o novo amor. “Eu me apaixonei pela pessoa que ela é. Pra mim não importava se ela fosse loira, morena, japonesa, como ela fosse eu ia continuar apaixonado. Mas hoje a aparência fala muito mais alto para as pessoas, elas escolhem pelo físico, pela beleza”, opina Vinícius. Para ele, o segredo do “amor às cegas” foi eles terem valores, propósitos e sonhos parecidos. “Deu certo.”

Está nas músicas, nos filmes e nas séries de televisão. Mas o conceito de alma gêmea existe mesmo? “A paixão tem a possibilidade de acontecer instantaneamente. Mas, muitas vezes, a idealização é maior que o sentimento, porque um está buscando o que ele acha que o outro tem para oferecer, mas são as coisas que ele quer numa pessoa. Já o amor não, ele demanda tempo e construção para conhecer a pessoa”, explica a psicóloga especialista em relacionamento Fernanda Friederick.

Dito isso, o amor pode ser cego? Com essa premissa, a série da Netflix  Casamento às Cegas coloca 32 pessoas para tentar achar seu par ideal em conversas em cabines, sem que se possa ver ou tocar quem está do outro lado. Para se encontrarem, é preciso aceitar um pedido de casamentoe, em um mês, decidir se querem ou não dizer “sim”. Na vida real, no entanto, não é tão fácil encontrar alguém nunca antes visto. Mesmo em aplicativos de namoro, como Tinder, Happn ou Bumble, a foto e o perfil das redes sociais estão à disposição para buscar as respostas necessárias. 

Cena de 'Casamento às Cegas': depois da paixão, a calmaria Foto: Alisson Louback/Netflix

De acordo com a terapeuta matrimonial Cris Monteiro, aí está a armadilha. “Precipitamos o julgamento antesde conhecer o outro. Seriam necessários meses, ou anos, de convivência e intimidade para falar em amor. As expectativas são tão altas que seria preciso se superar em inteligência, condição financeira e performance sexual”, diz.

De acordo com o site de relacionamentos Dating.com, houve um aumento de 82% no namoro online global em março de 2020, quando começaram as restrições em razão da pandemia. Desde então, a procura pelo “match perfeito” só aumentou. O problema é que se busca a paixão dando o nome de amor. “A gente vive um momento que tudo tem que estar sempre 100%: a paixão, o amor, o tesão, o desejo, e isso não acontece. Faz parte do relacionamento ter esses altos e baixos. Entender essa dinâmica faz com que a gente consiga passar pelo ‘baixo’ com o outro”, ensina Fernanda.

Na paixão, criamos uma imagem do outro e nos entregamos a ela. “É como se a gente fosse buscar confirmações daquilo que a gente busca no outro. É claro que tem certas afinidades, não é totalmente ilusório – até por isso que nos apaixonamos por uma pessoa e não por outra. Mas são afinidades momentâneas, muito recortadas, porque não conhecemos o outro de verdade”, explica Fernanda. 

Na própria série da Netflix, é depois do encontro, durante o que eles chamam de “lua de mel”, que os casais convivem e passam a ver que o amor talvez poderia ser paixão, atração – pela voz, conversas e visão de vida – ou uma simples empolgação. Se não existir uma base, um pilar que sustente a rotina, ele pode acabar.

“Precisamos reconhecer que, estando em um relacionamento, algumas vezes será preciso desapegar-se de ideais considerados intocáveis até então. É muito importante encontrar valores e conceitos que sejam adequados à realidade do casal”, diz Cris. “A mulher moderna vem revolucionando tais idealizações romantizadas e está trocando a antiga ideia de Cinderela por uma personagem destemida e determinada a trilhar seu próprio caminho.”

Paixão vem primeiro que o amor?

Na cultura ocidental, é comum a paixão vir primeiro que o amor.  Enquanto um causa ansiedade, o outro dá segurança. Amar e se apaixonar mexe com todo o corpo, especialmente o cérebro.

A paixão é um estado afetivo  intenso, que domina toda nossa atividade psíquica. Quando estamos apaixonadas,  direcionamos nosso interesse, motivação em uma só direção, ofuscando todo o resto. Por isso dizemos que (o amor) é cego. Minimizamos o medo, a raiva, os aspectos racionais

Nanci Kalbeitzer, neuropsicóloga

Coração acelerado, menos fome, menos sono, aumento de euforia, insegurança e ansiedade, tudo isso só de sintoma físico. Conforme Nanci explica, a paixão mexe também com a parte do córtex pré-frontal, que cuida do raciocínio lógico e razão e o núcleo accumbens, responsável pelo circuito da recompensa. Ambos ativados, somos supridos de hormônios como ocitocina (felicidade), vasopressina (apego) e dopamina, associada ao prazer.

“Ela é responsável pelo prazer, mas também atua no vício, por isso queremos ficar o tempo todo com a pessoa. E por isso muitos casais não chegam nessa fase, porque conforme a paixão vai diminuindo, é como uma droga, eles querem o sentimento o tempo todo”, diz. 

Mas nosso corpo nem aguentaria viver sob o efeito da paixão. Por isso ela tem duração média de seis meses e máxima de dois anos. E depois das doses de prazer, vem a calmaria. Mas nem sempre é preciso seguir essa regra. 

Encontro no Orkut virou casamento 

“Muitos casais, por exemplo, começam uma relação na amizade. São amigos, e dali vai surgindo o amor, e vem a paixão depois. Então a gente precisa entender que o amor é um sentimento que parte de pequenas escolhas”, diz Fernanda.

Renata e Vinícius, hoje casados, se apaixonaram pelas redes sociais, sem nunca terem visto um ao outro Foto: Arquivo pessoal

Foi isso que aconteceu com Renata, de 35 amnos, e Vinícius Serafim, de 33. Hoje casados, eles se conheceram por uma comunidade da antiga rede social Orkut. Só foram ver fotos um do outro depois de meses de conversa. “Mesmo sem foto eu comecei a gostar bastante dela, e acredito que ela de mim”, diz Vinícius, que tinha como perfil a foto de seu músico favorito da época e conversava com a mulher por trás da foto de Lindinha, personagem do desenho As Meninas Superpoderosas. 

“Depois de um tempo, trocamos MSN e passamos a conversar todos os dias. Isso em 2007. Eu nem tinha computador em casa, então ficava até tarde em uma lan house para falar com ele”, lembra Renata. “Um dia falei que amava ele, e ele disse 'eu também'. Aí começaram todas as declarações.”

Paulistana, Renata se mudou para Penápolis, interior de São Paulo, a 477 km da capital, para morar junto com o novo amor. “Eu me apaixonei pela pessoa que ela é. Pra mim não importava se ela fosse loira, morena, japonesa, como ela fosse eu ia continuar apaixonado. Mas hoje a aparência fala muito mais alto para as pessoas, elas escolhem pelo físico, pela beleza”, opina Vinícius. Para ele, o segredo do “amor às cegas” foi eles terem valores, propósitos e sonhos parecidos. “Deu certo.”

Está nas músicas, nos filmes e nas séries de televisão. Mas o conceito de alma gêmea existe mesmo? “A paixão tem a possibilidade de acontecer instantaneamente. Mas, muitas vezes, a idealização é maior que o sentimento, porque um está buscando o que ele acha que o outro tem para oferecer, mas são as coisas que ele quer numa pessoa. Já o amor não, ele demanda tempo e construção para conhecer a pessoa”, explica a psicóloga especialista em relacionamento Fernanda Friederick.

Dito isso, o amor pode ser cego? Com essa premissa, a série da Netflix  Casamento às Cegas coloca 32 pessoas para tentar achar seu par ideal em conversas em cabines, sem que se possa ver ou tocar quem está do outro lado. Para se encontrarem, é preciso aceitar um pedido de casamentoe, em um mês, decidir se querem ou não dizer “sim”. Na vida real, no entanto, não é tão fácil encontrar alguém nunca antes visto. Mesmo em aplicativos de namoro, como Tinder, Happn ou Bumble, a foto e o perfil das redes sociais estão à disposição para buscar as respostas necessárias. 

Cena de 'Casamento às Cegas': depois da paixão, a calmaria Foto: Alisson Louback/Netflix

De acordo com a terapeuta matrimonial Cris Monteiro, aí está a armadilha. “Precipitamos o julgamento antesde conhecer o outro. Seriam necessários meses, ou anos, de convivência e intimidade para falar em amor. As expectativas são tão altas que seria preciso se superar em inteligência, condição financeira e performance sexual”, diz.

De acordo com o site de relacionamentos Dating.com, houve um aumento de 82% no namoro online global em março de 2020, quando começaram as restrições em razão da pandemia. Desde então, a procura pelo “match perfeito” só aumentou. O problema é que se busca a paixão dando o nome de amor. “A gente vive um momento que tudo tem que estar sempre 100%: a paixão, o amor, o tesão, o desejo, e isso não acontece. Faz parte do relacionamento ter esses altos e baixos. Entender essa dinâmica faz com que a gente consiga passar pelo ‘baixo’ com o outro”, ensina Fernanda.

Na paixão, criamos uma imagem do outro e nos entregamos a ela. “É como se a gente fosse buscar confirmações daquilo que a gente busca no outro. É claro que tem certas afinidades, não é totalmente ilusório – até por isso que nos apaixonamos por uma pessoa e não por outra. Mas são afinidades momentâneas, muito recortadas, porque não conhecemos o outro de verdade”, explica Fernanda. 

Na própria série da Netflix, é depois do encontro, durante o que eles chamam de “lua de mel”, que os casais convivem e passam a ver que o amor talvez poderia ser paixão, atração – pela voz, conversas e visão de vida – ou uma simples empolgação. Se não existir uma base, um pilar que sustente a rotina, ele pode acabar.

“Precisamos reconhecer que, estando em um relacionamento, algumas vezes será preciso desapegar-se de ideais considerados intocáveis até então. É muito importante encontrar valores e conceitos que sejam adequados à realidade do casal”, diz Cris. “A mulher moderna vem revolucionando tais idealizações romantizadas e está trocando a antiga ideia de Cinderela por uma personagem destemida e determinada a trilhar seu próprio caminho.”

Paixão vem primeiro que o amor?

Na cultura ocidental, é comum a paixão vir primeiro que o amor.  Enquanto um causa ansiedade, o outro dá segurança. Amar e se apaixonar mexe com todo o corpo, especialmente o cérebro.

A paixão é um estado afetivo  intenso, que domina toda nossa atividade psíquica. Quando estamos apaixonadas,  direcionamos nosso interesse, motivação em uma só direção, ofuscando todo o resto. Por isso dizemos que (o amor) é cego. Minimizamos o medo, a raiva, os aspectos racionais

Nanci Kalbeitzer, neuropsicóloga

Coração acelerado, menos fome, menos sono, aumento de euforia, insegurança e ansiedade, tudo isso só de sintoma físico. Conforme Nanci explica, a paixão mexe também com a parte do córtex pré-frontal, que cuida do raciocínio lógico e razão e o núcleo accumbens, responsável pelo circuito da recompensa. Ambos ativados, somos supridos de hormônios como ocitocina (felicidade), vasopressina (apego) e dopamina, associada ao prazer.

“Ela é responsável pelo prazer, mas também atua no vício, por isso queremos ficar o tempo todo com a pessoa. E por isso muitos casais não chegam nessa fase, porque conforme a paixão vai diminuindo, é como uma droga, eles querem o sentimento o tempo todo”, diz. 

Mas nosso corpo nem aguentaria viver sob o efeito da paixão. Por isso ela tem duração média de seis meses e máxima de dois anos. E depois das doses de prazer, vem a calmaria. Mas nem sempre é preciso seguir essa regra. 

Encontro no Orkut virou casamento 

“Muitos casais, por exemplo, começam uma relação na amizade. São amigos, e dali vai surgindo o amor, e vem a paixão depois. Então a gente precisa entender que o amor é um sentimento que parte de pequenas escolhas”, diz Fernanda.

Renata e Vinícius, hoje casados, se apaixonaram pelas redes sociais, sem nunca terem visto um ao outro Foto: Arquivo pessoal

Foi isso que aconteceu com Renata, de 35 amnos, e Vinícius Serafim, de 33. Hoje casados, eles se conheceram por uma comunidade da antiga rede social Orkut. Só foram ver fotos um do outro depois de meses de conversa. “Mesmo sem foto eu comecei a gostar bastante dela, e acredito que ela de mim”, diz Vinícius, que tinha como perfil a foto de seu músico favorito da época e conversava com a mulher por trás da foto de Lindinha, personagem do desenho As Meninas Superpoderosas. 

“Depois de um tempo, trocamos MSN e passamos a conversar todos os dias. Isso em 2007. Eu nem tinha computador em casa, então ficava até tarde em uma lan house para falar com ele”, lembra Renata. “Um dia falei que amava ele, e ele disse 'eu também'. Aí começaram todas as declarações.”

Paulistana, Renata se mudou para Penápolis, interior de São Paulo, a 477 km da capital, para morar junto com o novo amor. “Eu me apaixonei pela pessoa que ela é. Pra mim não importava se ela fosse loira, morena, japonesa, como ela fosse eu ia continuar apaixonado. Mas hoje a aparência fala muito mais alto para as pessoas, elas escolhem pelo físico, pela beleza”, opina Vinícius. Para ele, o segredo do “amor às cegas” foi eles terem valores, propósitos e sonhos parecidos. “Deu certo.”

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