O termo “artrite” designa toda inflamação nas articulações, popularmente chamadas de “juntas”. Essa condição se faz presente em diversas doenças. Entre as mais comuns, estão a artrite reumatoide, uma doença inflamatória autoimune, e a osteoartrite (também chamada de artrose), que causa o desgaste da cartilagem nas articulações. Há, ainda, a gota e a artrite psoriásica, cada uma com causas e tratamentos específicos.
Entre os fatores que possuem em comum, essas doenças podem causar dor e inchaço capazes de limitar a qualidade de vida. Mas, afinal, é possível prevenir essa condição?
A resposta para essa pergunta é complexa porque a predisposição genética desempenha um papel importante na manifestação desse grupo de doenças. Apesar disso, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), José Eduardo Martinez, hábitos de vida saudáveis e a prática de exercícios físicos são peças-chave no controle da condição.
“Eu não posso mudar a minha genética, mas eu consigo mudar o meu estilo de vida”, reitera Martinez. Dessa forma, é possível prevenir a progressão e o impacto da artrite.
O que é artrite?
Em um sentido amplo, a artrite é um conjunto de sinais e sintomas resultantes de diferentes causas, como lesões e desgaste articular, infecções ou doenças pré-existentes.
Ela envolve a inflamação de uma ou mais articulações e os sintomas mais comuns são dor, inchaço, calor e vermelhidão nas articulações, principalmente as das mãos, pés, punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos.
O que é artrite reumatoide?
Na artrite reumatoide, o sistema imunológico produz anticorpos e substâncias que atacam as células saudáveis, especialmente nas articulações, como se fossem invasoras.
Essa reação afeta a membrana sinovial, tecido que reveste as articulações, e pode destruir a cartilagem articular, causando deformações e limitação dos movimentos. A doença acomete duas vezes mais mulheres do que homens, segundo o Ministério da Saúde.
O que é artrose?
Já a osteoartrite, ou artrose, é caracterizada pelo desgaste da cartilagem das articulações e por alterações ósseas. Embora também cause certa inflamação na membrana sinovial, ela não é tão grave quanto a provocada pela artrite reumatoide.
A artrose aparece devido a dois fatores principais: o processo natural de envelhecimento ou algum trauma articular, como quando um atleta de alto rendimento lesiona um ligamento.
Segundo a SBR, por volta dos 75 anos de idade, 85% das pessoas têm evidência radiológica ou clínica da doença, mas somente 30% a 50% dos indivíduos com alterações observadas nos exames queixam-se de dor crônica.
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Fatores de risco e prevenção
Martinez enfatiza que a artrite, como qualquer doença crônica, resulta da combinação de fatores genéticos e ambientais. A boa notícia é que podemos influenciar esse último aspecto, abrindo caminho para o controle da condição.
Segundo o médico, entre os principais fatores de risco estão:
Assim, uma alimentação equilibrada e o controle do peso contribuem com a saúde das articulações. “Todos os tecidos, cartilagens, ossos, músculos, tendões são influenciados pelo metabolismo, que lhes fornece energia. Assim, se observou que entre pacientes com diabetes, síndrome metabólica e mesmo obesidade há um ‘sofrimento’ dos tecidos, eles são mais frágeis”, explica o reumatologista.
A obesidade também pode ser fator causal ou agravante da osteoartrite nos membros inferiores. Por isso, a redução preventiva do peso corporal diminui a incidência de artrose nos joelhos, enquanto, nos casos já instalados, perder peso é uma indicação importantíssima do tratamento. “Por menor que seja a redução, haverá sempre um benefício”, afirma a SBR em publicação sobre o tema.
Outra medida para prevenir problemas e melhorar o desempenho funcional das articulações é a prática de exercícios físicos, sempre que possível sob orientação de um profissional de educação física.
De acordo com a SBR, os exercícios diminuem a necessidade de medicamentos e influenciam o estado geral do paciente, inclusive com benefícios psicológicos.
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Já sobre os riscos da atividade física, a entidade afirma que é possível fazer uma avaliação levando em consideração as condições próprias da articulação de cada um e lembra que articulações normais costumam suportar exercícios prolongados e intensos sem maiores consequências clínicas.
Por fim, vale lembrar que a prevenção começa com o diagnóstico precoce. O médico destaca que é essencial manter os hábitos saudáveis e procurar um médico ao notar os primeiros sintomas, como dor nas articulações.
No caso da artrite reumatoide, o uso de medicamentos é necessário, mas sua eficácia depende do estágio da doença em que o tratamento é iniciado. Assim, buscar ajuda o mais cedo possível permite identificar o tipo de artrite o quanto antes e iniciar o cuidado adequado.