Entenda como o óleo nas praias do Nordeste pode afetar a saúde humana


Embora a quantidade de petróleo encontrada seja elevada, não é suficiente para apresentar grandes riscos à população local

Por Jessica Nakamura

SÃO PAULO - Considerado o maior episódio de vazamento de óleo no Brasil em termos de extensão, o desastre ambiental que atingiu pelo menos 139 pontos nos nove Estados do Nordeste pode causar impacto na saúde humana, ainda que em escala pequena, quando comparada aos danos ao ecossistema local.  Especialistas afirmam que o poluente pode desencadear doenças respiratórias e da pele, mas destacam que seria necessária exposição prolongada para levar a problemas mais graves.

Além de afetar a economia e o ecossistema, as manchas de óleo nas praias do Nordeste têm o poder de desencadear doenças respiratórias e depele, de acordo com especialistas Foto: Adema

"O petróleo é resultante da decomposição de matéria orgânica presente no planeta há milhões de anos, formando uma mistura de hidrocarbonetos como tolueno, xileno, benzina e benzeno. Sendo assim, o risco se assemelha ao de inalar ou passar gasolina ou querosene na pele", afirma o médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP).

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Segundo Wong, é difícil precisar a toxicidade do óleo em questão, porque cada poço de petróleo é gerado a partir da decomposição de plantas, animais e outros materiais orgânicos provenientes de fontes distintas.

"Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia", explica.

Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia

Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da USP

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A  inalação dos gases liberados com a vaporização do petróleo pode levar a quadros de doenças respiratórias, como bronquite e asma.

"O maior problema acaba sendo uma pneumonia química causada pela aspiração dos hidrocarbonetos, que também pode levar a uma depressão do sistema nervoso central", explica Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP e membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de Toxicologia. 

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Mais de 130 praias paradisíacas do nordeste estão sendo invadidas por manchas negras de petróleo desde o começo de setembro. O presidente Jair Bolsonaro pediu velocidade nas investigações e sugeriu que o material pode vir de outro país, sem citar qual.

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Já o contato do óleo com a pele pode causar uma lesão chamada dermatite de contato aguda, segundo Luiz Fernando Fleury, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

"O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica", esclarece.

O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica

Luiz Fernando Fleury, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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Os especialistas são unânimes ao afirmar que, para que a situação chegue a altos níveis de gravidade, é necessário que a pessoa tenha contato repetido e prolongado com o óleo, a ponto de o organismo absorver e jogar as substâncias tóxicas na corrente sanguínea. E, embora a quantidade de óleo encontrada nas praias nordestinas seja grande, não é suficiente para apresentar grandes riscos à população local.

"Em geral, essas pessoas estão em ambiente externo, então não vão ser expostas à inalação de altas concentrações dos hidrocarbonetos", explica Wong. "O problema seria se estivesse em ambiente fechado ou se houvesse quantidade muito maior no mar, porque haveria vaporização constante, fazendo com que, eventualmente, as pessoas que moram na região absorvessem as substâncias tóxicas."

Se houver contato, recomendação é lavar rápido

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É recomendável que os banhistas se mantenham longe do mar, já que o petróleo solúvel em água é o que mais penetra na pele. Em caso de contato, deve-se lavar o mais rápido possível com água e sabão.

"Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo", finaliza Dorta.

Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo

Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP

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Para alertar a população, o Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema), em Natal, juntamente com o Projeto Tamar, elaborou material educativo com os procedimentos que devem ser tomados em caso de contato com o óleo ou tiver conhecimento de um animal contaminado. 

É preciso evitar o contato com o óleo e, caso aconteça, colocar gelo no local ou retirar com óleo de cozinha. Caso a pessoa tenha reação alérgica, procurar urgentemente atendimento médico.

SÃO PAULO - Considerado o maior episódio de vazamento de óleo no Brasil em termos de extensão, o desastre ambiental que atingiu pelo menos 139 pontos nos nove Estados do Nordeste pode causar impacto na saúde humana, ainda que em escala pequena, quando comparada aos danos ao ecossistema local.  Especialistas afirmam que o poluente pode desencadear doenças respiratórias e da pele, mas destacam que seria necessária exposição prolongada para levar a problemas mais graves.

Além de afetar a economia e o ecossistema, as manchas de óleo nas praias do Nordeste têm o poder de desencadear doenças respiratórias e depele, de acordo com especialistas Foto: Adema

"O petróleo é resultante da decomposição de matéria orgânica presente no planeta há milhões de anos, formando uma mistura de hidrocarbonetos como tolueno, xileno, benzina e benzeno. Sendo assim, o risco se assemelha ao de inalar ou passar gasolina ou querosene na pele", afirma o médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Wong, é difícil precisar a toxicidade do óleo em questão, porque cada poço de petróleo é gerado a partir da decomposição de plantas, animais e outros materiais orgânicos provenientes de fontes distintas.

"Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia", explica.

Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia

Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da USP

A  inalação dos gases liberados com a vaporização do petróleo pode levar a quadros de doenças respiratórias, como bronquite e asma.

"O maior problema acaba sendo uma pneumonia química causada pela aspiração dos hidrocarbonetos, que também pode levar a uma depressão do sistema nervoso central", explica Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP e membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de Toxicologia. 

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Mais de 130 praias paradisíacas do nordeste estão sendo invadidas por manchas negras de petróleo desde o começo de setembro. O presidente Jair Bolsonaro pediu velocidade nas investigações e sugeriu que o material pode vir de outro país, sem citar qual.

Já o contato do óleo com a pele pode causar uma lesão chamada dermatite de contato aguda, segundo Luiz Fernando Fleury, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

"O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica", esclarece.

O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica

Luiz Fernando Fleury, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Os especialistas são unânimes ao afirmar que, para que a situação chegue a altos níveis de gravidade, é necessário que a pessoa tenha contato repetido e prolongado com o óleo, a ponto de o organismo absorver e jogar as substâncias tóxicas na corrente sanguínea. E, embora a quantidade de óleo encontrada nas praias nordestinas seja grande, não é suficiente para apresentar grandes riscos à população local.

"Em geral, essas pessoas estão em ambiente externo, então não vão ser expostas à inalação de altas concentrações dos hidrocarbonetos", explica Wong. "O problema seria se estivesse em ambiente fechado ou se houvesse quantidade muito maior no mar, porque haveria vaporização constante, fazendo com que, eventualmente, as pessoas que moram na região absorvessem as substâncias tóxicas."

Se houver contato, recomendação é lavar rápido

É recomendável que os banhistas se mantenham longe do mar, já que o petróleo solúvel em água é o que mais penetra na pele. Em caso de contato, deve-se lavar o mais rápido possível com água e sabão.

"Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo", finaliza Dorta.

Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo

Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP

Para alertar a população, o Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema), em Natal, juntamente com o Projeto Tamar, elaborou material educativo com os procedimentos que devem ser tomados em caso de contato com o óleo ou tiver conhecimento de um animal contaminado. 

É preciso evitar o contato com o óleo e, caso aconteça, colocar gelo no local ou retirar com óleo de cozinha. Caso a pessoa tenha reação alérgica, procurar urgentemente atendimento médico.

SÃO PAULO - Considerado o maior episódio de vazamento de óleo no Brasil em termos de extensão, o desastre ambiental que atingiu pelo menos 139 pontos nos nove Estados do Nordeste pode causar impacto na saúde humana, ainda que em escala pequena, quando comparada aos danos ao ecossistema local.  Especialistas afirmam que o poluente pode desencadear doenças respiratórias e da pele, mas destacam que seria necessária exposição prolongada para levar a problemas mais graves.

Além de afetar a economia e o ecossistema, as manchas de óleo nas praias do Nordeste têm o poder de desencadear doenças respiratórias e depele, de acordo com especialistas Foto: Adema

"O petróleo é resultante da decomposição de matéria orgânica presente no planeta há milhões de anos, formando uma mistura de hidrocarbonetos como tolueno, xileno, benzina e benzeno. Sendo assim, o risco se assemelha ao de inalar ou passar gasolina ou querosene na pele", afirma o médico toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Wong, é difícil precisar a toxicidade do óleo em questão, porque cada poço de petróleo é gerado a partir da decomposição de plantas, animais e outros materiais orgânicos provenientes de fontes distintas.

"Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia", explica.

Alguns petróleos têm mais substâncias tóxicas, outros menos. Os que possuem mais benzeno em sua composição podem, em casos mais graves, provocar alterações neurológicas e até leucemia

Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da USP

A  inalação dos gases liberados com a vaporização do petróleo pode levar a quadros de doenças respiratórias, como bronquite e asma.

"O maior problema acaba sendo uma pneumonia química causada pela aspiração dos hidrocarbonetos, que também pode levar a uma depressão do sistema nervoso central", explica Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP e membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de Toxicologia. 

Seu navegador não suporta esse video.

Mais de 130 praias paradisíacas do nordeste estão sendo invadidas por manchas negras de petróleo desde o começo de setembro. O presidente Jair Bolsonaro pediu velocidade nas investigações e sugeriu que o material pode vir de outro país, sem citar qual.

Já o contato do óleo com a pele pode causar uma lesão chamada dermatite de contato aguda, segundo Luiz Fernando Fleury, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

"O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica", esclarece.

O contato prolongado pode levar a elaioconiose, uma lesão por obstrução de poros. Mas isso seria mais para pessoas que trabalham com o óleo, que lidam com essas substâncias de maneira mais crônica

Luiz Fernando Fleury, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Os especialistas são unânimes ao afirmar que, para que a situação chegue a altos níveis de gravidade, é necessário que a pessoa tenha contato repetido e prolongado com o óleo, a ponto de o organismo absorver e jogar as substâncias tóxicas na corrente sanguínea. E, embora a quantidade de óleo encontrada nas praias nordestinas seja grande, não é suficiente para apresentar grandes riscos à população local.

"Em geral, essas pessoas estão em ambiente externo, então não vão ser expostas à inalação de altas concentrações dos hidrocarbonetos", explica Wong. "O problema seria se estivesse em ambiente fechado ou se houvesse quantidade muito maior no mar, porque haveria vaporização constante, fazendo com que, eventualmente, as pessoas que moram na região absorvessem as substâncias tóxicas."

Se houver contato, recomendação é lavar rápido

É recomendável que os banhistas se mantenham longe do mar, já que o petróleo solúvel em água é o que mais penetra na pele. Em caso de contato, deve-se lavar o mais rápido possível com água e sabão.

"Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo", finaliza Dorta.

Em caso de ingestão, o tratamento recomendado é oferecer carvão ativado para o paciente, para evitar a absorção da substância e promover uma eliminação mais fácil pelo organismo

Daniel Junqueira Dorta, professor de Toxicologia e Química Clínica da USP

Para alertar a população, o Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema), em Natal, juntamente com o Projeto Tamar, elaborou material educativo com os procedimentos que devem ser tomados em caso de contato com o óleo ou tiver conhecimento de um animal contaminado. 

É preciso evitar o contato com o óleo e, caso aconteça, colocar gelo no local ou retirar com óleo de cozinha. Caso a pessoa tenha reação alérgica, procurar urgentemente atendimento médico.

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