No dia 22 de agosto, especialistas convidados pelo Estadão Blue Studio estiveram presentes no meet point: Saúde hoje e do futuro para discutir os desafios atuais da promoção de qualidade de vida, inovações de tratamentos médicos e farmacêuticos e acesso à informação de qualidade. O evento debateu ainda como esses aspectos afetam o envelhecimento e a saúde mental da população, e como os avanços tecnológicos podem contribuir com essas questões.
Os cuidados com a população de 60 anos de idade ou mais foram um dos primeiros temas levantados pelos participantes. Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), destacou, por exemplo, que a falta de serviços de saúde na rede privada e pública que ofereçam o tratamento de doenças neurológicas em tempo adequado e a necessidade de maior conhecimento sobre o corpo e seu funcionamento saudável são os dois principais pontos de atenção no atendimento ofertado a esse público.
“Um desafio é o acesso a serviços de qualidade, onde haja recurso tecnológico de ponta em tempo recorde, ou seja, no tempo ideal para reverter um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, quando isso é possível. Já em termos de conhecimento geral da população, é entender que o cérebro é um órgão e, se você cuida do seu corpo físico, de rebatida você está cuidando do seu cérebro, da sua mente”, ressaltou o médico.
Saúde mental
Também convidada do evento, Tânia Ferraz Alves, psiquiatra e diretora das unidades de internação e vice-diretora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, colocou entre os desafios o tratamento psiquiátrico e seus cuidados específicos. Ela citou como exemplo casos de depressão, que requerem atenção diferente de pacientes jovens ou na idade adulta por haver aspectos sociais e ambientais que afetam diretamente o idoso.
“Fatores como aposentadoria, luto e isolamento facilitam a depressão tardia. Isso acaba exigindo um conhecimento específico, porque o tratamento não é apenas medicamentoso”, destacou, afirmando que a atenção psicológica exige também o incentivo à socialização, busca de novos propósitos e reorganização da rotina.
Tecnologia, informação e bem-estar
Outro tema abordado no meet point foi o impacto do excesso de informação na saúde física e mental da população em todas as faixas etárias. Pesquisa da Unicef mostra, por exemplo, que três em cada dez brasileiros de 12 a 35 anos de idade sofreram sintomas de ansiedade nos últimos anos, o que, para a psiquiatra Tânia Ferraz Alves, está ligado à falta de filtros em relação a esse excesso. “O jovem tem acesso à informação, mas dificuldade de contato, e as redes sociais aumentam muito a ansiedade pela comparação”, explica, citando a discrepância entre postagens que mostram uma vida de viagens, sucesso e bem-estar constante e a realidade de ausência de contato físico e troca entre os indivíduos.
O uso de ferramentas de busca e de inteligência artificial para pesquisar sobre saúde também foi citado como ponto de atenção pelos participantes. O neurologista Fernando Gomes destacou, por exemplo, que questionar a fonte dos dados apresentados nessas ferramentas é sempre necessário para evitar estresse causado pelo excesso. “Não podemos nos esquecer de ensinar os jovens sobre a construção do conhecimento médico baseado em evidências”, acrescentou Tânia.
Aliados
As adaptações no serviço de farmácias para atender a crescente demanda por saúde também ganharam destaque no debate. “A farmácia pode se transformar em um ecossistema para proporcionar saúde, e não apenas acesso a medicamentos, que é apenas uma parte da jornada de prevenção e conhecimento dos pacientes, disponibilizando serviços de acompanhamento e aderência aos tratamentos”, destacou Marcos Ricardo Colares, diretor comercial e de Marketing do Grupo DPSP, que engloba Drogaria São Paulo e Pacheco.
Para Fernando Gomes, esse aspecto é importante para garantir a aquisição correta dos medicamentos, ajudando os pacientes a seguir a prescrição médica adequadamente, minimizando fatores de risco. “Muitas vezes identificamos um cenário de perigosas interações medicamentosas. É quando a pessoa faz acompanhamento com diversos especialistas, que podem receitar remédios variados e que não são associados de maneira correta.”
O que é saúde para você?
No Mês da Saúde Estadão, convidamos médicos, psicólogos, cientistas, influencers e profissionais de diversas áreas para falar, em self vídeos de 1 minuto, sobre sua percepção de saúde. Veja alguns dos destaques e assista a todos os vídeos.
Durante todo o mês de agosto, o Estadão Blue Studio produziu conteúdos para debater o cenário da saúde no País, com o parecer de especialistas e um olhar cidadão sobre informação, tecnologia e inovação, autocuidado físico e mental, longevidade e saúde da família.
Você pode assistir aos 20 self vídeos neste link
Também pode ouvir quatro podcasts sobre saúde e longevidade neste link