‘Estou com medo’: surto de febre maculosa gera temor em quem esteve em fazenda de Campinas


Três mortes foram confirmadas e uma quarta está sob investigação. Todos estiveram em evento em propriedade do interior de São Paulo. Participantes relatam sintomas e buscam realizar exames

Por Caio Possati
Atualização:

O surto de febre maculosa que matou três pessoas que estiveram em uma festa na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, interior de São Paulo, está provocando apreensão e temor em quem também frequentou o local nos últimos dias. Pessoas ouvidas pelo Estadão relataram que, depois que as mortes foram confirmadas e que os casos foram divulgados pela imprensa, estão mais atentos a possíveis sintomas e planejando ir ao médico para fazer exames.

Há situações em que a pessoa até sentiu os sintomas semelhantes ao da febre maculosa, como o bartender Lucas Eduardo Santos, que trabalhou na Feijoada do Rosa, o mesmo frequentado pelas três pessoas que morreram pela doença — um quarto óbito está sendo investigado. Ele afirma que até chegou a sentir alguns sintomas depois da festa, como náusea, diarreia, falta de apetite, e coceira pelo corpo.

Ele suspeitava inicialmente que pudesse ter levado alguma picada de inseto ou contraído pulga, já que a sua van ficou estacionada perto de uma área com mato alto. “Cheguei em casa às 6 da manhã. No mesmo dia já estava cheio de feridas.”

continua após a publicidade
Fazenda Santa Margarida, em Campinas, é apontada como possível local de surgimento do atual surto de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram/@santamargaridaeventos

Lucas procurou ajuda em um pronto-socorro, mas os médicos não conseguiram fechar um diagnóstico. Mesmo assim, prescreveram amoxicilina (um tipo de antibiótico), e recomendaram que ele fizesse um exame de sangue entre 7 e 21 dias. “Primeira coisa que pensei foi em pulga ou alergia a alguma picada de inseto. Aí já tomei o antibiótico. Só ontem, quando vi as notícias, fui pensar em febre maculosa”, disse.

Com a revelação do surto, o bartender pretende fazer o teste específico para saber se esteve com febre maculosa, mesmo já não sentindo mais tanto os sintomas. “Os sintomas graves diminuíram, mas confesso que ainda tenho medo. Vou atrás de fazer outro teste para me prevenir.”

continua após a publicidade

As erupções no corpo de Lucas, semelhantes à picada de pulgas, são um dos sintomas da febre maculosa. As manchas podem aparecer em outras partes, como palma das mãos e planta dos pés. O quadro da doença também se completa com febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo, que podem levar cerca de sete a 10 dias para aparecer, e com probabilidade alta de evolução rápida.

Os efeitos são semelhantes aos de doenças como leptospirose e dengue, outras enfermidades infecciosas que podem ser confundidas com a febre maculosa. Porém há pessoas que também podem ser assintomáticas.

continua após a publicidade

O comerciante Abimael de Lima também esteve na Feijoada do Rosa, mas não se sentiu enfermo dias depois da festa. Mesmo assim, ele diz que começou a se preocupar com a possibilidade de também estar contaminado e pensa em ir ao médico para fazer exames. “Eu mesmo não estava preocupado, mas agora (depois da confirmação das mortes) fiquei meio tenso”, disse ele.

Abimael não é o único. Ele conta que no grupo de WhatsApp que reúne os amigos que foram à festa na Fazenda Santa Margarida, “todos estão preocupados também”, ainda que ninguém tenha apresentado nenhum sintoma mais de duas semanas após o evento. “Até o momento não sentimos nenhum (sintoma). No sábado (10) nos encontramos em um churrasco e até hoje todos estão bem”, disse o comerciante.

continua após a publicidade

Outras pessoas que foram à Feijoada do Rosa e que foram ouvidas pela reportagem disseram que se sentem bem desde a data da festa, e que não apresentaram nenhuma complicação nos últimos dias. Há tensão também entre aqueles que estiveram na Fazenda Santa Margarida uma semana depois, quando o espaço sediou o show do músico Seu Jorge, no dia 3 de junho.

Bartender Lucas Eduardo Silva dos Santos, que trabalhou no evento onde três vítimas de febre maculosa estiveram, em Campinas, diz que apresentou sintomas parecidos com o da doença. Foto: Lucas Eduardo dos Santos/Arquivo pessoal

Uma mulher, que não quis se identificar e que foi à apresentação musical, contou à reportagem que até apresentou alguns sintomas dias depois do show, mas não atribuiu os efeitos à febre maculosa. “Acabei ficando doente, mas por causa do frio. Passei a semana passada muito mal, com febre e sintomas respiratórios”, disse.

continua após a publicidade

Porém, ela contou que um colega, que também esteve na fazenda no dia 3, está debilitado e temeroso depois das mortes que foram reveladas nos últimos dias. “Tenho um amigo que também está doente e bem preocupado. Inclusive me mandou mensagem hoje (terça-feira) falando sobre o assunto”. A reportagem tentou contato com ele, mas não obteve retorno.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e, segundo os especialistas, o tratamento deve ser feito à base de antibióticos específicos, como doxiciclina ou o cloranfenicol, e feito de forma rápida. Se houver demora para começar a tratar a doença, há sérios riscos de que os medicamentos não surtam mais o efeito desejado.

Fazenda está proibida de fazer eventos

continua após a publicidade

A prefeitura de Campinas e Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo confirmaram que três pessoas morreram por febre maculosa depois de frequentar o mesmo evento, no dia 27 de maio. Uma adolescente de 16 anos, que morreu nesta terça-feira e que também estava na festa, tem o óbito investigado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Campinas está em uma região considerada endêmica para a febre maculosa, causada por uma bactéria e transmitida por tipos de carrapatos que são encontrados em animais como capivaras e cavalos. A prefeitura de Campinas determinou que a Fazenda Santa Margarida, provável local do surto, está proibida de receber novos eventos.

A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda em bois, cavalos, cães e, principalmente, na capivara Foto: Hélvio Romero/Estadão

“A fazenda só poderá fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação. Os responsáveis pelo local foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa”, disse a administração, em nota. “Nos próximos dias, técnicos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço”. completou.

Por meio de comunicado, a Fazenda Santa Margarida, afirmou lamentar as mortes e disse que se coloca à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. Eles confirmaram que o local ficará fechado por 30 dias, e que os responsável pelo espaço trabalham em um plano de ação que deverá apresentar aos órgãos competentes ainda essa semana.

A casa de eventos disse também que a fazenda “sempre agiu e age de acordo com todas as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária” e que mantém “rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação”.

Afirmam também que pessoas que frequentaram o lugar em eventos realizados entre os dias 26 de maio e 3 de junho estão sendo informadas sobre medidas a serem adotadas em relação à febre maculosa, como procurar um serviço de saúde caso o visitante tenha apresentado sintomas da doença.

Os responsáveis pelo local informaram também que toda a documentação da Fazenda “está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e as exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas”.

O surto de febre maculosa que matou três pessoas que estiveram em uma festa na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, interior de São Paulo, está provocando apreensão e temor em quem também frequentou o local nos últimos dias. Pessoas ouvidas pelo Estadão relataram que, depois que as mortes foram confirmadas e que os casos foram divulgados pela imprensa, estão mais atentos a possíveis sintomas e planejando ir ao médico para fazer exames.

Há situações em que a pessoa até sentiu os sintomas semelhantes ao da febre maculosa, como o bartender Lucas Eduardo Santos, que trabalhou na Feijoada do Rosa, o mesmo frequentado pelas três pessoas que morreram pela doença — um quarto óbito está sendo investigado. Ele afirma que até chegou a sentir alguns sintomas depois da festa, como náusea, diarreia, falta de apetite, e coceira pelo corpo.

Ele suspeitava inicialmente que pudesse ter levado alguma picada de inseto ou contraído pulga, já que a sua van ficou estacionada perto de uma área com mato alto. “Cheguei em casa às 6 da manhã. No mesmo dia já estava cheio de feridas.”

Fazenda Santa Margarida, em Campinas, é apontada como possível local de surgimento do atual surto de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram/@santamargaridaeventos

Lucas procurou ajuda em um pronto-socorro, mas os médicos não conseguiram fechar um diagnóstico. Mesmo assim, prescreveram amoxicilina (um tipo de antibiótico), e recomendaram que ele fizesse um exame de sangue entre 7 e 21 dias. “Primeira coisa que pensei foi em pulga ou alergia a alguma picada de inseto. Aí já tomei o antibiótico. Só ontem, quando vi as notícias, fui pensar em febre maculosa”, disse.

Com a revelação do surto, o bartender pretende fazer o teste específico para saber se esteve com febre maculosa, mesmo já não sentindo mais tanto os sintomas. “Os sintomas graves diminuíram, mas confesso que ainda tenho medo. Vou atrás de fazer outro teste para me prevenir.”

As erupções no corpo de Lucas, semelhantes à picada de pulgas, são um dos sintomas da febre maculosa. As manchas podem aparecer em outras partes, como palma das mãos e planta dos pés. O quadro da doença também se completa com febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo, que podem levar cerca de sete a 10 dias para aparecer, e com probabilidade alta de evolução rápida.

Os efeitos são semelhantes aos de doenças como leptospirose e dengue, outras enfermidades infecciosas que podem ser confundidas com a febre maculosa. Porém há pessoas que também podem ser assintomáticas.

O comerciante Abimael de Lima também esteve na Feijoada do Rosa, mas não se sentiu enfermo dias depois da festa. Mesmo assim, ele diz que começou a se preocupar com a possibilidade de também estar contaminado e pensa em ir ao médico para fazer exames. “Eu mesmo não estava preocupado, mas agora (depois da confirmação das mortes) fiquei meio tenso”, disse ele.

Abimael não é o único. Ele conta que no grupo de WhatsApp que reúne os amigos que foram à festa na Fazenda Santa Margarida, “todos estão preocupados também”, ainda que ninguém tenha apresentado nenhum sintoma mais de duas semanas após o evento. “Até o momento não sentimos nenhum (sintoma). No sábado (10) nos encontramos em um churrasco e até hoje todos estão bem”, disse o comerciante.

Outras pessoas que foram à Feijoada do Rosa e que foram ouvidas pela reportagem disseram que se sentem bem desde a data da festa, e que não apresentaram nenhuma complicação nos últimos dias. Há tensão também entre aqueles que estiveram na Fazenda Santa Margarida uma semana depois, quando o espaço sediou o show do músico Seu Jorge, no dia 3 de junho.

Bartender Lucas Eduardo Silva dos Santos, que trabalhou no evento onde três vítimas de febre maculosa estiveram, em Campinas, diz que apresentou sintomas parecidos com o da doença. Foto: Lucas Eduardo dos Santos/Arquivo pessoal

Uma mulher, que não quis se identificar e que foi à apresentação musical, contou à reportagem que até apresentou alguns sintomas dias depois do show, mas não atribuiu os efeitos à febre maculosa. “Acabei ficando doente, mas por causa do frio. Passei a semana passada muito mal, com febre e sintomas respiratórios”, disse.

Porém, ela contou que um colega, que também esteve na fazenda no dia 3, está debilitado e temeroso depois das mortes que foram reveladas nos últimos dias. “Tenho um amigo que também está doente e bem preocupado. Inclusive me mandou mensagem hoje (terça-feira) falando sobre o assunto”. A reportagem tentou contato com ele, mas não obteve retorno.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e, segundo os especialistas, o tratamento deve ser feito à base de antibióticos específicos, como doxiciclina ou o cloranfenicol, e feito de forma rápida. Se houver demora para começar a tratar a doença, há sérios riscos de que os medicamentos não surtam mais o efeito desejado.

Fazenda está proibida de fazer eventos

A prefeitura de Campinas e Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo confirmaram que três pessoas morreram por febre maculosa depois de frequentar o mesmo evento, no dia 27 de maio. Uma adolescente de 16 anos, que morreu nesta terça-feira e que também estava na festa, tem o óbito investigado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Campinas está em uma região considerada endêmica para a febre maculosa, causada por uma bactéria e transmitida por tipos de carrapatos que são encontrados em animais como capivaras e cavalos. A prefeitura de Campinas determinou que a Fazenda Santa Margarida, provável local do surto, está proibida de receber novos eventos.

A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda em bois, cavalos, cães e, principalmente, na capivara Foto: Hélvio Romero/Estadão

“A fazenda só poderá fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação. Os responsáveis pelo local foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa”, disse a administração, em nota. “Nos próximos dias, técnicos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço”. completou.

Por meio de comunicado, a Fazenda Santa Margarida, afirmou lamentar as mortes e disse que se coloca à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. Eles confirmaram que o local ficará fechado por 30 dias, e que os responsável pelo espaço trabalham em um plano de ação que deverá apresentar aos órgãos competentes ainda essa semana.

A casa de eventos disse também que a fazenda “sempre agiu e age de acordo com todas as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária” e que mantém “rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação”.

Afirmam também que pessoas que frequentaram o lugar em eventos realizados entre os dias 26 de maio e 3 de junho estão sendo informadas sobre medidas a serem adotadas em relação à febre maculosa, como procurar um serviço de saúde caso o visitante tenha apresentado sintomas da doença.

Os responsáveis pelo local informaram também que toda a documentação da Fazenda “está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e as exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas”.

O surto de febre maculosa que matou três pessoas que estiveram em uma festa na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, interior de São Paulo, está provocando apreensão e temor em quem também frequentou o local nos últimos dias. Pessoas ouvidas pelo Estadão relataram que, depois que as mortes foram confirmadas e que os casos foram divulgados pela imprensa, estão mais atentos a possíveis sintomas e planejando ir ao médico para fazer exames.

Há situações em que a pessoa até sentiu os sintomas semelhantes ao da febre maculosa, como o bartender Lucas Eduardo Santos, que trabalhou na Feijoada do Rosa, o mesmo frequentado pelas três pessoas que morreram pela doença — um quarto óbito está sendo investigado. Ele afirma que até chegou a sentir alguns sintomas depois da festa, como náusea, diarreia, falta de apetite, e coceira pelo corpo.

Ele suspeitava inicialmente que pudesse ter levado alguma picada de inseto ou contraído pulga, já que a sua van ficou estacionada perto de uma área com mato alto. “Cheguei em casa às 6 da manhã. No mesmo dia já estava cheio de feridas.”

Fazenda Santa Margarida, em Campinas, é apontada como possível local de surgimento do atual surto de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram/@santamargaridaeventos

Lucas procurou ajuda em um pronto-socorro, mas os médicos não conseguiram fechar um diagnóstico. Mesmo assim, prescreveram amoxicilina (um tipo de antibiótico), e recomendaram que ele fizesse um exame de sangue entre 7 e 21 dias. “Primeira coisa que pensei foi em pulga ou alergia a alguma picada de inseto. Aí já tomei o antibiótico. Só ontem, quando vi as notícias, fui pensar em febre maculosa”, disse.

Com a revelação do surto, o bartender pretende fazer o teste específico para saber se esteve com febre maculosa, mesmo já não sentindo mais tanto os sintomas. “Os sintomas graves diminuíram, mas confesso que ainda tenho medo. Vou atrás de fazer outro teste para me prevenir.”

As erupções no corpo de Lucas, semelhantes à picada de pulgas, são um dos sintomas da febre maculosa. As manchas podem aparecer em outras partes, como palma das mãos e planta dos pés. O quadro da doença também se completa com febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo, que podem levar cerca de sete a 10 dias para aparecer, e com probabilidade alta de evolução rápida.

Os efeitos são semelhantes aos de doenças como leptospirose e dengue, outras enfermidades infecciosas que podem ser confundidas com a febre maculosa. Porém há pessoas que também podem ser assintomáticas.

O comerciante Abimael de Lima também esteve na Feijoada do Rosa, mas não se sentiu enfermo dias depois da festa. Mesmo assim, ele diz que começou a se preocupar com a possibilidade de também estar contaminado e pensa em ir ao médico para fazer exames. “Eu mesmo não estava preocupado, mas agora (depois da confirmação das mortes) fiquei meio tenso”, disse ele.

Abimael não é o único. Ele conta que no grupo de WhatsApp que reúne os amigos que foram à festa na Fazenda Santa Margarida, “todos estão preocupados também”, ainda que ninguém tenha apresentado nenhum sintoma mais de duas semanas após o evento. “Até o momento não sentimos nenhum (sintoma). No sábado (10) nos encontramos em um churrasco e até hoje todos estão bem”, disse o comerciante.

Outras pessoas que foram à Feijoada do Rosa e que foram ouvidas pela reportagem disseram que se sentem bem desde a data da festa, e que não apresentaram nenhuma complicação nos últimos dias. Há tensão também entre aqueles que estiveram na Fazenda Santa Margarida uma semana depois, quando o espaço sediou o show do músico Seu Jorge, no dia 3 de junho.

Bartender Lucas Eduardo Silva dos Santos, que trabalhou no evento onde três vítimas de febre maculosa estiveram, em Campinas, diz que apresentou sintomas parecidos com o da doença. Foto: Lucas Eduardo dos Santos/Arquivo pessoal

Uma mulher, que não quis se identificar e que foi à apresentação musical, contou à reportagem que até apresentou alguns sintomas dias depois do show, mas não atribuiu os efeitos à febre maculosa. “Acabei ficando doente, mas por causa do frio. Passei a semana passada muito mal, com febre e sintomas respiratórios”, disse.

Porém, ela contou que um colega, que também esteve na fazenda no dia 3, está debilitado e temeroso depois das mortes que foram reveladas nos últimos dias. “Tenho um amigo que também está doente e bem preocupado. Inclusive me mandou mensagem hoje (terça-feira) falando sobre o assunto”. A reportagem tentou contato com ele, mas não obteve retorno.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e, segundo os especialistas, o tratamento deve ser feito à base de antibióticos específicos, como doxiciclina ou o cloranfenicol, e feito de forma rápida. Se houver demora para começar a tratar a doença, há sérios riscos de que os medicamentos não surtam mais o efeito desejado.

Fazenda está proibida de fazer eventos

A prefeitura de Campinas e Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo confirmaram que três pessoas morreram por febre maculosa depois de frequentar o mesmo evento, no dia 27 de maio. Uma adolescente de 16 anos, que morreu nesta terça-feira e que também estava na festa, tem o óbito investigado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Campinas está em uma região considerada endêmica para a febre maculosa, causada por uma bactéria e transmitida por tipos de carrapatos que são encontrados em animais como capivaras e cavalos. A prefeitura de Campinas determinou que a Fazenda Santa Margarida, provável local do surto, está proibida de receber novos eventos.

A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda em bois, cavalos, cães e, principalmente, na capivara Foto: Hélvio Romero/Estadão

“A fazenda só poderá fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação. Os responsáveis pelo local foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa”, disse a administração, em nota. “Nos próximos dias, técnicos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço”. completou.

Por meio de comunicado, a Fazenda Santa Margarida, afirmou lamentar as mortes e disse que se coloca à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. Eles confirmaram que o local ficará fechado por 30 dias, e que os responsável pelo espaço trabalham em um plano de ação que deverá apresentar aos órgãos competentes ainda essa semana.

A casa de eventos disse também que a fazenda “sempre agiu e age de acordo com todas as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária” e que mantém “rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação”.

Afirmam também que pessoas que frequentaram o lugar em eventos realizados entre os dias 26 de maio e 3 de junho estão sendo informadas sobre medidas a serem adotadas em relação à febre maculosa, como procurar um serviço de saúde caso o visitante tenha apresentado sintomas da doença.

Os responsáveis pelo local informaram também que toda a documentação da Fazenda “está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e as exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas”.

O surto de febre maculosa que matou três pessoas que estiveram em uma festa na Fazenda Santa Margarida, em Campinas, interior de São Paulo, está provocando apreensão e temor em quem também frequentou o local nos últimos dias. Pessoas ouvidas pelo Estadão relataram que, depois que as mortes foram confirmadas e que os casos foram divulgados pela imprensa, estão mais atentos a possíveis sintomas e planejando ir ao médico para fazer exames.

Há situações em que a pessoa até sentiu os sintomas semelhantes ao da febre maculosa, como o bartender Lucas Eduardo Santos, que trabalhou na Feijoada do Rosa, o mesmo frequentado pelas três pessoas que morreram pela doença — um quarto óbito está sendo investigado. Ele afirma que até chegou a sentir alguns sintomas depois da festa, como náusea, diarreia, falta de apetite, e coceira pelo corpo.

Ele suspeitava inicialmente que pudesse ter levado alguma picada de inseto ou contraído pulga, já que a sua van ficou estacionada perto de uma área com mato alto. “Cheguei em casa às 6 da manhã. No mesmo dia já estava cheio de feridas.”

Fazenda Santa Margarida, em Campinas, é apontada como possível local de surgimento do atual surto de febre maculosa. Foto: Reprodução/Instagram/@santamargaridaeventos

Lucas procurou ajuda em um pronto-socorro, mas os médicos não conseguiram fechar um diagnóstico. Mesmo assim, prescreveram amoxicilina (um tipo de antibiótico), e recomendaram que ele fizesse um exame de sangue entre 7 e 21 dias. “Primeira coisa que pensei foi em pulga ou alergia a alguma picada de inseto. Aí já tomei o antibiótico. Só ontem, quando vi as notícias, fui pensar em febre maculosa”, disse.

Com a revelação do surto, o bartender pretende fazer o teste específico para saber se esteve com febre maculosa, mesmo já não sentindo mais tanto os sintomas. “Os sintomas graves diminuíram, mas confesso que ainda tenho medo. Vou atrás de fazer outro teste para me prevenir.”

As erupções no corpo de Lucas, semelhantes à picada de pulgas, são um dos sintomas da febre maculosa. As manchas podem aparecer em outras partes, como palma das mãos e planta dos pés. O quadro da doença também se completa com febre alta, dor no corpo, dor da cabeça, falta de apetite e desânimo, que podem levar cerca de sete a 10 dias para aparecer, e com probabilidade alta de evolução rápida.

Os efeitos são semelhantes aos de doenças como leptospirose e dengue, outras enfermidades infecciosas que podem ser confundidas com a febre maculosa. Porém há pessoas que também podem ser assintomáticas.

O comerciante Abimael de Lima também esteve na Feijoada do Rosa, mas não se sentiu enfermo dias depois da festa. Mesmo assim, ele diz que começou a se preocupar com a possibilidade de também estar contaminado e pensa em ir ao médico para fazer exames. “Eu mesmo não estava preocupado, mas agora (depois da confirmação das mortes) fiquei meio tenso”, disse ele.

Abimael não é o único. Ele conta que no grupo de WhatsApp que reúne os amigos que foram à festa na Fazenda Santa Margarida, “todos estão preocupados também”, ainda que ninguém tenha apresentado nenhum sintoma mais de duas semanas após o evento. “Até o momento não sentimos nenhum (sintoma). No sábado (10) nos encontramos em um churrasco e até hoje todos estão bem”, disse o comerciante.

Outras pessoas que foram à Feijoada do Rosa e que foram ouvidas pela reportagem disseram que se sentem bem desde a data da festa, e que não apresentaram nenhuma complicação nos últimos dias. Há tensão também entre aqueles que estiveram na Fazenda Santa Margarida uma semana depois, quando o espaço sediou o show do músico Seu Jorge, no dia 3 de junho.

Bartender Lucas Eduardo Silva dos Santos, que trabalhou no evento onde três vítimas de febre maculosa estiveram, em Campinas, diz que apresentou sintomas parecidos com o da doença. Foto: Lucas Eduardo dos Santos/Arquivo pessoal

Uma mulher, que não quis se identificar e que foi à apresentação musical, contou à reportagem que até apresentou alguns sintomas dias depois do show, mas não atribuiu os efeitos à febre maculosa. “Acabei ficando doente, mas por causa do frio. Passei a semana passada muito mal, com febre e sintomas respiratórios”, disse.

Porém, ela contou que um colega, que também esteve na fazenda no dia 3, está debilitado e temeroso depois das mortes que foram reveladas nos últimos dias. “Tenho um amigo que também está doente e bem preocupado. Inclusive me mandou mensagem hoje (terça-feira) falando sobre o assunto”. A reportagem tentou contato com ele, mas não obteve retorno.

O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue e, segundo os especialistas, o tratamento deve ser feito à base de antibióticos específicos, como doxiciclina ou o cloranfenicol, e feito de forma rápida. Se houver demora para começar a tratar a doença, há sérios riscos de que os medicamentos não surtam mais o efeito desejado.

Fazenda está proibida de fazer eventos

A prefeitura de Campinas e Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo confirmaram que três pessoas morreram por febre maculosa depois de frequentar o mesmo evento, no dia 27 de maio. Uma adolescente de 16 anos, que morreu nesta terça-feira e que também estava na festa, tem o óbito investigado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Campinas está em uma região considerada endêmica para a febre maculosa, causada por uma bactéria e transmitida por tipos de carrapatos que são encontrados em animais como capivaras e cavalos. A prefeitura de Campinas determinou que a Fazenda Santa Margarida, provável local do surto, está proibida de receber novos eventos.

A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda em bois, cavalos, cães e, principalmente, na capivara Foto: Hélvio Romero/Estadão

“A fazenda só poderá fazer novos eventos quando apresentar um plano de contingência ambiental e de comunicação. Os responsáveis pelo local foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa”, disse a administração, em nota. “Nos próximos dias, técnicos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço”. completou.

Por meio de comunicado, a Fazenda Santa Margarida, afirmou lamentar as mortes e disse que se coloca à disposição das autoridades para ajudar nas investigações. Eles confirmaram que o local ficará fechado por 30 dias, e que os responsável pelo espaço trabalham em um plano de ação que deverá apresentar aos órgãos competentes ainda essa semana.

A casa de eventos disse também que a fazenda “sempre agiu e age de acordo com todas as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária” e que mantém “rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação”.

Afirmam também que pessoas que frequentaram o lugar em eventos realizados entre os dias 26 de maio e 3 de junho estão sendo informadas sobre medidas a serem adotadas em relação à febre maculosa, como procurar um serviço de saúde caso o visitante tenha apresentado sintomas da doença.

Os responsáveis pelo local informaram também que toda a documentação da Fazenda “está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e as exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas”.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.