Fabiana Justus, 37 anos “A dor era esquisita, incomum”


Influenciadora, diagnosticada com leucemia em janeiro, resolveu divulgar sua jornada ao público

Por Fernanda Bassette e Estadão Blue Studio
Atualização:

Diagnosticada com leucemia em janeiro deste ano, a influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, passou por um transplante de medula óssea e está com a doença em remissão. Desde que iniciou o tratamento, ela decidiu compartilhar com seus milhares de seguidores como tem sido essa jornada, com o objetivo de chamar a atenção para o problema. Em sua primeira entrevista após o transplante, Fabiana conta em detalhes como foi receber o diagnóstico, quais foram as dificuldades e como está hoje. Leia:

A partir de qual sintoma você decidiu procurar um médico?

Uma dor intensa nas costas. Era janeiro, estava de férias, tranquila, desestressada. No último fim de semana antes de voltar a trabalhar, senti um pouco de dor de cabeça, um pouco de náusea e bastante dor na coluna. Era uma dor esquisita, incomum. Achei que era um mau jeito, chamei uma massagista para ir em casa, mas não melhorou. Acordei com dor na segunda, não era muscular. Havia uma pressão nas costas, como se fosse explodir. Estava curvada e no fim do dia veio a febre.

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Recebi milhares de mensagens de apoio Foto: Arquivo Pessoal

Em que momento no hospital suspeitaram de câncer?

Quando dei entrada no pronto-socorro, acionaram ortopedista, que me avaliou e descartou problemas ortopédicos. Com o hemograma, veio o sinal de alerta e a suspeita do câncer: os meus leucócitos [células de defesa do organismo] estavam em 55 mil, indicando uma anormalidade. Os outros resultados estavam normais. O plantonista veio até mim meio nervoso e falou que precisaríamos descartar algumas doenças do sangue. Perguntei quais doenças e ele me disse: leucemia. Comecei a surtar. Falei para ele: “Doutor, pelo amor de Deus, eu tenho três filhos pequenos”. Teríamos que repetir o exame para ter certeza. Eu e meu marido entramos em pânico, liguei para minha mãe e para o meu pai. E ficamos na angústia da espera do resultado.

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Você raspou o cabelo. A queda de cabelo era uma preocupação?

Uma das primeiras perguntas que eu fiz foi: vai cair o meu cabelo? Posso usar a touca de gelo [um tipo de touca de resfriamento que ajuda a prevenir a queda do cabelo em alguns tipos de câncer]? O médico confirmou que o meu cabelo ia cair e disse que a touca, no meu tipo de câncer, não era uma opção. Mas esse era um fantasma que me rondava e a queda demora uns dias para acontecer… Quando percebi que os fios ficavam na minha mão toda vez que eu passava a mão no cabelo, ou ficavam no travesseiro, ou caíam pelo rosto, foi muito ruim. Não queria chegar a ponto de tomar banho e cair tufos. Então decidi raspar. Depois que raspei, saiu um peso das minhas costas.

Foi nesse momento que você decidiu tornar a sua doença pública?

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Imagine um influenciador ficar quatro, cinco dias sem aparecer. E eu sei que tinha muita gente preocupada porque gosta de mim de verdade. Nessa primeira semana, era como se minha vida fosse uma grande neblina. Mas decidi compartilhar esse momento porque pensei que deveria ter muita gente passando por isso e, talvez, essa minha atitude daria força para outras pessoas. Recebi milhares de mensagens de apoio, de pessoas que nem me conheciam. Foi a corrente de amor mais forte que já recebi na minha vida.

Teve alguma intercorrência durante essa internação?

Sim. Eu respondi bem ao tratamento. A previsão era ficar 30 dias internada, mas tive uma complicação rara chamada síndrome hematofagocítica [em que há ativação de células que comem os glóbulos do sangue, causando um processo inflamatório intenso, com alto risco], que me causou febre muito alta, que não baixava de jeito nenhum. Foi muito grave, fui para a UTI, e por causa disso a internação durou 37 dias.

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Em que momento ocorreu o transplante?

Quando saiu o diagnóstico, o hospital iniciou a busca de um doador compatível no Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea), tanto nacional quanto internacional. Também fizeram os testes em pessoas da minha família. Encontraram um doador 100% compatível nos Estados Unidos. Foi tudo muito rápido, mas creio que foi por Deus, né? Foi uma interferência divina, porque tínhamos muita urgência por causa dessa complicação. O doador estava disponível imediatamente. Ele é um anjo na minha vida e estou louca para conhecê-lo. No dia 27 de março, recebi as células da medula do meu doador. A “pega” da medula foi no dia 9 de abril, no D+13 pós-infusão, no meu aniversário de 13 anos de casamento. Vou comemorar para sempre essa data como meu renascimento.

Houve muitos efeitos colaterais?

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Sim. Eu tive muito enjoo, muita fraqueza, muita mucosite, então não conseguia engolir. Os médicos insistiam para eu me alimentar para não precisar receber comida por sonda. Eu chorava para engolir, mas não fiquei nenhum dia sem comer.

Qual a parte mais difícil dessa jornada?

Foi a distância dos meus filhos. A dor física a gente toma remédio e aguenta. Mas a dor da saudade não tem como explicar. Além disso, ficar internada tanto tempo é muito difícil.

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Como você se sente hoje?

O meu médico diz que o transplante não acaba quando termina. É preciso esperar cinco anos para falar sobre a cura do câncer, mas eu me considero curada. Não tem como explicar o que acontece com a gente depois de passar por uma coisa dessas. Só tenho gratidão pela vida.

E qual sua mensagem para outros pacientes?

Receber um diagnóstico de câncer é a coisa mais difícil que uma pessoa pode passar, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Mas em nenhum momento eu questionei por que eu, pois eu não queria atrair negatividade. Tenho plena consciência dos meus privilégios, mas acho importante dividir essa jornada para que as pessoas possam se agarrar nas pequenas coisas que fazem a diferença durante o tratamento. Temos as mesmas vulnerabilidades e precisamos viver um dia de cada vez, da melhor forma que conseguimos diante de um momento tão difícil.

Diagnosticada com leucemia em janeiro deste ano, a influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, passou por um transplante de medula óssea e está com a doença em remissão. Desde que iniciou o tratamento, ela decidiu compartilhar com seus milhares de seguidores como tem sido essa jornada, com o objetivo de chamar a atenção para o problema. Em sua primeira entrevista após o transplante, Fabiana conta em detalhes como foi receber o diagnóstico, quais foram as dificuldades e como está hoje. Leia:

A partir de qual sintoma você decidiu procurar um médico?

Uma dor intensa nas costas. Era janeiro, estava de férias, tranquila, desestressada. No último fim de semana antes de voltar a trabalhar, senti um pouco de dor de cabeça, um pouco de náusea e bastante dor na coluna. Era uma dor esquisita, incomum. Achei que era um mau jeito, chamei uma massagista para ir em casa, mas não melhorou. Acordei com dor na segunda, não era muscular. Havia uma pressão nas costas, como se fosse explodir. Estava curvada e no fim do dia veio a febre.

Recebi milhares de mensagens de apoio Foto: Arquivo Pessoal

Em que momento no hospital suspeitaram de câncer?

Quando dei entrada no pronto-socorro, acionaram ortopedista, que me avaliou e descartou problemas ortopédicos. Com o hemograma, veio o sinal de alerta e a suspeita do câncer: os meus leucócitos [células de defesa do organismo] estavam em 55 mil, indicando uma anormalidade. Os outros resultados estavam normais. O plantonista veio até mim meio nervoso e falou que precisaríamos descartar algumas doenças do sangue. Perguntei quais doenças e ele me disse: leucemia. Comecei a surtar. Falei para ele: “Doutor, pelo amor de Deus, eu tenho três filhos pequenos”. Teríamos que repetir o exame para ter certeza. Eu e meu marido entramos em pânico, liguei para minha mãe e para o meu pai. E ficamos na angústia da espera do resultado.

Você raspou o cabelo. A queda de cabelo era uma preocupação?

Uma das primeiras perguntas que eu fiz foi: vai cair o meu cabelo? Posso usar a touca de gelo [um tipo de touca de resfriamento que ajuda a prevenir a queda do cabelo em alguns tipos de câncer]? O médico confirmou que o meu cabelo ia cair e disse que a touca, no meu tipo de câncer, não era uma opção. Mas esse era um fantasma que me rondava e a queda demora uns dias para acontecer… Quando percebi que os fios ficavam na minha mão toda vez que eu passava a mão no cabelo, ou ficavam no travesseiro, ou caíam pelo rosto, foi muito ruim. Não queria chegar a ponto de tomar banho e cair tufos. Então decidi raspar. Depois que raspei, saiu um peso das minhas costas.

Foi nesse momento que você decidiu tornar a sua doença pública?

Imagine um influenciador ficar quatro, cinco dias sem aparecer. E eu sei que tinha muita gente preocupada porque gosta de mim de verdade. Nessa primeira semana, era como se minha vida fosse uma grande neblina. Mas decidi compartilhar esse momento porque pensei que deveria ter muita gente passando por isso e, talvez, essa minha atitude daria força para outras pessoas. Recebi milhares de mensagens de apoio, de pessoas que nem me conheciam. Foi a corrente de amor mais forte que já recebi na minha vida.

Teve alguma intercorrência durante essa internação?

Sim. Eu respondi bem ao tratamento. A previsão era ficar 30 dias internada, mas tive uma complicação rara chamada síndrome hematofagocítica [em que há ativação de células que comem os glóbulos do sangue, causando um processo inflamatório intenso, com alto risco], que me causou febre muito alta, que não baixava de jeito nenhum. Foi muito grave, fui para a UTI, e por causa disso a internação durou 37 dias.

Em que momento ocorreu o transplante?

Quando saiu o diagnóstico, o hospital iniciou a busca de um doador compatível no Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea), tanto nacional quanto internacional. Também fizeram os testes em pessoas da minha família. Encontraram um doador 100% compatível nos Estados Unidos. Foi tudo muito rápido, mas creio que foi por Deus, né? Foi uma interferência divina, porque tínhamos muita urgência por causa dessa complicação. O doador estava disponível imediatamente. Ele é um anjo na minha vida e estou louca para conhecê-lo. No dia 27 de março, recebi as células da medula do meu doador. A “pega” da medula foi no dia 9 de abril, no D+13 pós-infusão, no meu aniversário de 13 anos de casamento. Vou comemorar para sempre essa data como meu renascimento.

Houve muitos efeitos colaterais?

Sim. Eu tive muito enjoo, muita fraqueza, muita mucosite, então não conseguia engolir. Os médicos insistiam para eu me alimentar para não precisar receber comida por sonda. Eu chorava para engolir, mas não fiquei nenhum dia sem comer.

Qual a parte mais difícil dessa jornada?

Foi a distância dos meus filhos. A dor física a gente toma remédio e aguenta. Mas a dor da saudade não tem como explicar. Além disso, ficar internada tanto tempo é muito difícil.

Como você se sente hoje?

O meu médico diz que o transplante não acaba quando termina. É preciso esperar cinco anos para falar sobre a cura do câncer, mas eu me considero curada. Não tem como explicar o que acontece com a gente depois de passar por uma coisa dessas. Só tenho gratidão pela vida.

E qual sua mensagem para outros pacientes?

Receber um diagnóstico de câncer é a coisa mais difícil que uma pessoa pode passar, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Mas em nenhum momento eu questionei por que eu, pois eu não queria atrair negatividade. Tenho plena consciência dos meus privilégios, mas acho importante dividir essa jornada para que as pessoas possam se agarrar nas pequenas coisas que fazem a diferença durante o tratamento. Temos as mesmas vulnerabilidades e precisamos viver um dia de cada vez, da melhor forma que conseguimos diante de um momento tão difícil.

Diagnosticada com leucemia em janeiro deste ano, a influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, passou por um transplante de medula óssea e está com a doença em remissão. Desde que iniciou o tratamento, ela decidiu compartilhar com seus milhares de seguidores como tem sido essa jornada, com o objetivo de chamar a atenção para o problema. Em sua primeira entrevista após o transplante, Fabiana conta em detalhes como foi receber o diagnóstico, quais foram as dificuldades e como está hoje. Leia:

A partir de qual sintoma você decidiu procurar um médico?

Uma dor intensa nas costas. Era janeiro, estava de férias, tranquila, desestressada. No último fim de semana antes de voltar a trabalhar, senti um pouco de dor de cabeça, um pouco de náusea e bastante dor na coluna. Era uma dor esquisita, incomum. Achei que era um mau jeito, chamei uma massagista para ir em casa, mas não melhorou. Acordei com dor na segunda, não era muscular. Havia uma pressão nas costas, como se fosse explodir. Estava curvada e no fim do dia veio a febre.

Recebi milhares de mensagens de apoio Foto: Arquivo Pessoal

Em que momento no hospital suspeitaram de câncer?

Quando dei entrada no pronto-socorro, acionaram ortopedista, que me avaliou e descartou problemas ortopédicos. Com o hemograma, veio o sinal de alerta e a suspeita do câncer: os meus leucócitos [células de defesa do organismo] estavam em 55 mil, indicando uma anormalidade. Os outros resultados estavam normais. O plantonista veio até mim meio nervoso e falou que precisaríamos descartar algumas doenças do sangue. Perguntei quais doenças e ele me disse: leucemia. Comecei a surtar. Falei para ele: “Doutor, pelo amor de Deus, eu tenho três filhos pequenos”. Teríamos que repetir o exame para ter certeza. Eu e meu marido entramos em pânico, liguei para minha mãe e para o meu pai. E ficamos na angústia da espera do resultado.

Você raspou o cabelo. A queda de cabelo era uma preocupação?

Uma das primeiras perguntas que eu fiz foi: vai cair o meu cabelo? Posso usar a touca de gelo [um tipo de touca de resfriamento que ajuda a prevenir a queda do cabelo em alguns tipos de câncer]? O médico confirmou que o meu cabelo ia cair e disse que a touca, no meu tipo de câncer, não era uma opção. Mas esse era um fantasma que me rondava e a queda demora uns dias para acontecer… Quando percebi que os fios ficavam na minha mão toda vez que eu passava a mão no cabelo, ou ficavam no travesseiro, ou caíam pelo rosto, foi muito ruim. Não queria chegar a ponto de tomar banho e cair tufos. Então decidi raspar. Depois que raspei, saiu um peso das minhas costas.

Foi nesse momento que você decidiu tornar a sua doença pública?

Imagine um influenciador ficar quatro, cinco dias sem aparecer. E eu sei que tinha muita gente preocupada porque gosta de mim de verdade. Nessa primeira semana, era como se minha vida fosse uma grande neblina. Mas decidi compartilhar esse momento porque pensei que deveria ter muita gente passando por isso e, talvez, essa minha atitude daria força para outras pessoas. Recebi milhares de mensagens de apoio, de pessoas que nem me conheciam. Foi a corrente de amor mais forte que já recebi na minha vida.

Teve alguma intercorrência durante essa internação?

Sim. Eu respondi bem ao tratamento. A previsão era ficar 30 dias internada, mas tive uma complicação rara chamada síndrome hematofagocítica [em que há ativação de células que comem os glóbulos do sangue, causando um processo inflamatório intenso, com alto risco], que me causou febre muito alta, que não baixava de jeito nenhum. Foi muito grave, fui para a UTI, e por causa disso a internação durou 37 dias.

Em que momento ocorreu o transplante?

Quando saiu o diagnóstico, o hospital iniciou a busca de um doador compatível no Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea), tanto nacional quanto internacional. Também fizeram os testes em pessoas da minha família. Encontraram um doador 100% compatível nos Estados Unidos. Foi tudo muito rápido, mas creio que foi por Deus, né? Foi uma interferência divina, porque tínhamos muita urgência por causa dessa complicação. O doador estava disponível imediatamente. Ele é um anjo na minha vida e estou louca para conhecê-lo. No dia 27 de março, recebi as células da medula do meu doador. A “pega” da medula foi no dia 9 de abril, no D+13 pós-infusão, no meu aniversário de 13 anos de casamento. Vou comemorar para sempre essa data como meu renascimento.

Houve muitos efeitos colaterais?

Sim. Eu tive muito enjoo, muita fraqueza, muita mucosite, então não conseguia engolir. Os médicos insistiam para eu me alimentar para não precisar receber comida por sonda. Eu chorava para engolir, mas não fiquei nenhum dia sem comer.

Qual a parte mais difícil dessa jornada?

Foi a distância dos meus filhos. A dor física a gente toma remédio e aguenta. Mas a dor da saudade não tem como explicar. Além disso, ficar internada tanto tempo é muito difícil.

Como você se sente hoje?

O meu médico diz que o transplante não acaba quando termina. É preciso esperar cinco anos para falar sobre a cura do câncer, mas eu me considero curada. Não tem como explicar o que acontece com a gente depois de passar por uma coisa dessas. Só tenho gratidão pela vida.

E qual sua mensagem para outros pacientes?

Receber um diagnóstico de câncer é a coisa mais difícil que uma pessoa pode passar, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Mas em nenhum momento eu questionei por que eu, pois eu não queria atrair negatividade. Tenho plena consciência dos meus privilégios, mas acho importante dividir essa jornada para que as pessoas possam se agarrar nas pequenas coisas que fazem a diferença durante o tratamento. Temos as mesmas vulnerabilidades e precisamos viver um dia de cada vez, da melhor forma que conseguimos diante de um momento tão difícil.

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