A Síndrome da Falência de Múltiplos Órgãos (SFMO), apontada como a causa da morte do ex-jogador e ex-técnico Mario Jorge Lobo Zagallo, aos 92 anos, se caracteriza pela deterioração aguda de dois ou mais órgãos, que acabam perdendo sua função e levando a um choque séptico, segundo o Ministério da Saúde.
A síndrome também pode ser desencadeada por politraumatismos, queimaduras extensas, contusões pulmonares, acidentes ofídicos e infecções difusas. Segundo a pasta, essa foi uma das causas relevantes de óbitos no Brasil durante a pandemia de covid-19.
No caso de Zagallo, o ex-treinador foi internado no hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, em agosto do ano passado, para tratar de uma infecção urinária que se agravou.
Ainda segundo o Ministério, o paciente acometido de choque séptico apresenta queda abrupta de pressão arterial, reduzindo a oxigenação dos órgãos que acabam entrando em falência progressiva. A degradação gradativa dos órgãos levam a um desequilíbrio funcional que pode se tornar irreversível.
Os órgãos geralmente afetados são os pulmões, rins, estômago e fígado, podendo ocorrer também lesões cardíacas, cerebrais, intestinais e glandulares, alterando os perfis de imunidade e coagulação.
O diagnóstico é feito pela avaliação de sintomas clínicos e do resultado de exames físicos e laboratoriais que apresentam, por exemplo, frequência cardíaca acima de 90 batimentos por minuto e aumento ou redução significativa de leucócitos (células brancas) no sangue.
Devido à gravidade da deterioração multiorgânica, a síndrome está vinculada à elevada morbidade e mortalidade. O índice de letalidade sobe de 60%, quando dois órgãos estão comprometidos, para 85% com o comprometimento de três órgãos, e passa a 100%, quando há falência de quatro órgãos ou mais.
No Brasil, cerca de 25% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) apresentam falência múltipla de órgãos. Curiosamente, a primeira descrição detalhada sobre a síndrome foi publicada em 1974 pelo médico brasileiro Granville Garcia de Oliveira. Pelo trabalho, Oliveira chegou a ser indicado para receber o Prêmio Nobel de Medicina.