Gel cicatrizante à base de gengibre-amargo pode proteger pessoas com diabetes contra amputações


Produto foi testado com 27 pacientes com úlceras nos pés, e 95% deles foram curados; após novo estudo, pesquisadores pretendem solicitar aprovação da Anvisa para comercialização

Por Layla Shasta

Dados coletados pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e agosto de 2023 mostraram que, todos os dias, 28 pessoas têm membros inferiores amputados por causa da diabete no Brasil. Esses casos estão ligados a um quadro conhecido como pé diabético, série de alterações que causa infecções e feridas na pele que não cicatrizam. Agora, estudos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) possibilitaram a criação de um produto cicatrizante que reduz o risco de agravamento desse processo, evitando as amputações. A novidade vem da natureza amazônica: é um hidrogel feito à base de gengibre-amargo.

O pé da pessoas com diabetes merece atenção, já que é mais suscetível a infecções e feridas que não cicatrizam Foto: Satjawat/Adobe Stock

Os estudos que levaram ao uso do gengibre-amargo no tratamento de úlceras relacionadas ao diabetes tiveram início em 2015, encabeçados pelo biólogo e pesquisador do Inpa Carlos Cleomir Pinheiro. Em um ensaio clínico, ele testou a utilização do hidrogel, feito à base de óleo essencial da planta, para o tratamento de feridas nos pés de 27 participantes. Os testes foram feitos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Manaus (AM) e mostraram êxito, curando 95% dos pacientes com lesões.

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Agora, o gel foi patenteado pela empresa Biozer, que busca a industrialização do fitoterápico. Danniel Pinheiro, diretor-executivo da empresa e filho de Carlos Cleomir, explica que o tratamento também será indicado para úlceras de pressão – condição também conhecida como escara e que afeta, especialmente, pessoas com capacidade limitada de mudar de posição.

Por ser à base de água, o produto age auxiliando na hidratação e no processo de desbridamento, isto é, de remoção de tecidos mortos ou danificados das feridas para promover a cicatrização. Além disso, o segredo do tratamento está no bioativo zerumbona, presente no gengibre-amargo.

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Segundo as pesquisas desenvolvidas pelo Inpa ao longo dos anos, a substância traz diversos benefícios para a saúde. De acordo com Danniel, podem ser elencadas a atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e analgésica. O diretor diz que ela é, ainda, vasodilatadora, auxiliando a circulação local. É essa combinação de fatores que favorece a cura dos ferimentos.

Hidrogel à base de gengibre-amargo desenvolvido a partir dos estudos do Inpa. Foto: Arquivo/Biozer

A produção é apoiada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma organização não governamental (ONG). O instituto está fornecendo um investimento de R$ 4,2 milhões para o projeto, além da validação do cultivo do gengibre-amargo para transferência a pequenos produtores rurais.

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O produto ainda não está sendo comercializado. Primeiro, irá passar por um novo ensaio clínico, desta vez com mais de cem pacientes na capital amazonense. O objetivo é comprovar a sua eficácia e segurança. Só depois disso é que a Biozer poderá solicitar a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A expectativa de Danniel e de seu sócio Amaral Neto é de que todo o processo de aprovações pelo qual o fitoterápico terá de passar antes de chegar às prateleiras esteja finalizado até o final de 2025.

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O pé diabético

Como mostrado pelo Estadão, de janeiro a agosto de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 6.982 amputações causadas pelo pé diabético. Entre as principais alterações que ocorrem devido à doença, estão a falta de circulação nos membros inferiores e a neuropatia periférica.

A primeira situação acontece devido ao comprometimento da circulação e microcirculação do sangue, o que estreita os pequenos e grandes vasos sanguíneos que nutrem os nervos – assim, pode não chegar sangue suficiente até os pés. Já a neuropatia é marcada pela perda da função dos nervos dos pés, algo que prejudica a sensibilidade protetora.

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O primeiro sintoma da neuropatia costuma ser uma dor intensa nos pés, especialmente no período da noite. Se o quadro for descoberto no começo, usar sapatos especiais e ter uma rotina de cuidados dedicada à região pode ajudar. Agora, se ele avança, acaba afetando o sistema nervoso.

Isso aumenta o risco de o paciente machucar os pés e nem perceber. Para ter ideia, ele pode não sentir nenhuma dor ao se queimar andando descalço no chão muito quente, furar o pé com uma pedra no sapato ou cortar a pele ao aparar as unhas. Daí, por causa dos problemas de circulação, vem a dificuldade de cicatrização. Só que esses machucados deixam o espaço aberto para que bactérias se propaguem e gerem uma infecção no local.

Outros sintomas

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No geral, os principais sintomas da doença são formigamento, perda da sensibilidade local, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nas pernas. Segundo o Ministério da Saúde, normalmente a pessoa só se dá conta do problema quando está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de circulação.

Como cuidar dos pés e prevenir amputações

  • A hidratação é essencial para evitar calos e rachaduras;
  • O paciente deve tirar um tempo para examinar o pé à procura de qualquer ferida, bolha ou corte;
  • É importante que o paciente peça ajuda caso identifique algo fora do normal e nunca tente retirar calos, estourar bolhas ou limpar úlceras;
  • Por causa da falta de sensibilidade na região, o paciente não deve cortar as unhas sozinho;
  • É essencial também evitar sapatos e meias apertadas para não comprometer a circulação;
  • Não é indicado andar descalço, especialmente fora de casa;
  • Mantenha o diabetes sob controle, com alimentação saudável, uso de medicamentos prescritos por um médico e prática de atividade física.

Dados coletados pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e agosto de 2023 mostraram que, todos os dias, 28 pessoas têm membros inferiores amputados por causa da diabete no Brasil. Esses casos estão ligados a um quadro conhecido como pé diabético, série de alterações que causa infecções e feridas na pele que não cicatrizam. Agora, estudos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) possibilitaram a criação de um produto cicatrizante que reduz o risco de agravamento desse processo, evitando as amputações. A novidade vem da natureza amazônica: é um hidrogel feito à base de gengibre-amargo.

O pé da pessoas com diabetes merece atenção, já que é mais suscetível a infecções e feridas que não cicatrizam Foto: Satjawat/Adobe Stock

Os estudos que levaram ao uso do gengibre-amargo no tratamento de úlceras relacionadas ao diabetes tiveram início em 2015, encabeçados pelo biólogo e pesquisador do Inpa Carlos Cleomir Pinheiro. Em um ensaio clínico, ele testou a utilização do hidrogel, feito à base de óleo essencial da planta, para o tratamento de feridas nos pés de 27 participantes. Os testes foram feitos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Manaus (AM) e mostraram êxito, curando 95% dos pacientes com lesões.

Agora, o gel foi patenteado pela empresa Biozer, que busca a industrialização do fitoterápico. Danniel Pinheiro, diretor-executivo da empresa e filho de Carlos Cleomir, explica que o tratamento também será indicado para úlceras de pressão – condição também conhecida como escara e que afeta, especialmente, pessoas com capacidade limitada de mudar de posição.

Por ser à base de água, o produto age auxiliando na hidratação e no processo de desbridamento, isto é, de remoção de tecidos mortos ou danificados das feridas para promover a cicatrização. Além disso, o segredo do tratamento está no bioativo zerumbona, presente no gengibre-amargo.

Segundo as pesquisas desenvolvidas pelo Inpa ao longo dos anos, a substância traz diversos benefícios para a saúde. De acordo com Danniel, podem ser elencadas a atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e analgésica. O diretor diz que ela é, ainda, vasodilatadora, auxiliando a circulação local. É essa combinação de fatores que favorece a cura dos ferimentos.

Hidrogel à base de gengibre-amargo desenvolvido a partir dos estudos do Inpa. Foto: Arquivo/Biozer

A produção é apoiada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma organização não governamental (ONG). O instituto está fornecendo um investimento de R$ 4,2 milhões para o projeto, além da validação do cultivo do gengibre-amargo para transferência a pequenos produtores rurais.

O produto ainda não está sendo comercializado. Primeiro, irá passar por um novo ensaio clínico, desta vez com mais de cem pacientes na capital amazonense. O objetivo é comprovar a sua eficácia e segurança. Só depois disso é que a Biozer poderá solicitar a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A expectativa de Danniel e de seu sócio Amaral Neto é de que todo o processo de aprovações pelo qual o fitoterápico terá de passar antes de chegar às prateleiras esteja finalizado até o final de 2025.

O pé diabético

Como mostrado pelo Estadão, de janeiro a agosto de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 6.982 amputações causadas pelo pé diabético. Entre as principais alterações que ocorrem devido à doença, estão a falta de circulação nos membros inferiores e a neuropatia periférica.

A primeira situação acontece devido ao comprometimento da circulação e microcirculação do sangue, o que estreita os pequenos e grandes vasos sanguíneos que nutrem os nervos – assim, pode não chegar sangue suficiente até os pés. Já a neuropatia é marcada pela perda da função dos nervos dos pés, algo que prejudica a sensibilidade protetora.

O primeiro sintoma da neuropatia costuma ser uma dor intensa nos pés, especialmente no período da noite. Se o quadro for descoberto no começo, usar sapatos especiais e ter uma rotina de cuidados dedicada à região pode ajudar. Agora, se ele avança, acaba afetando o sistema nervoso.

Isso aumenta o risco de o paciente machucar os pés e nem perceber. Para ter ideia, ele pode não sentir nenhuma dor ao se queimar andando descalço no chão muito quente, furar o pé com uma pedra no sapato ou cortar a pele ao aparar as unhas. Daí, por causa dos problemas de circulação, vem a dificuldade de cicatrização. Só que esses machucados deixam o espaço aberto para que bactérias se propaguem e gerem uma infecção no local.

Outros sintomas

No geral, os principais sintomas da doença são formigamento, perda da sensibilidade local, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nas pernas. Segundo o Ministério da Saúde, normalmente a pessoa só se dá conta do problema quando está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de circulação.

Como cuidar dos pés e prevenir amputações

  • A hidratação é essencial para evitar calos e rachaduras;
  • O paciente deve tirar um tempo para examinar o pé à procura de qualquer ferida, bolha ou corte;
  • É importante que o paciente peça ajuda caso identifique algo fora do normal e nunca tente retirar calos, estourar bolhas ou limpar úlceras;
  • Por causa da falta de sensibilidade na região, o paciente não deve cortar as unhas sozinho;
  • É essencial também evitar sapatos e meias apertadas para não comprometer a circulação;
  • Não é indicado andar descalço, especialmente fora de casa;
  • Mantenha o diabetes sob controle, com alimentação saudável, uso de medicamentos prescritos por um médico e prática de atividade física.

Dados coletados pelo Ministério da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e agosto de 2023 mostraram que, todos os dias, 28 pessoas têm membros inferiores amputados por causa da diabete no Brasil. Esses casos estão ligados a um quadro conhecido como pé diabético, série de alterações que causa infecções e feridas na pele que não cicatrizam. Agora, estudos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) possibilitaram a criação de um produto cicatrizante que reduz o risco de agravamento desse processo, evitando as amputações. A novidade vem da natureza amazônica: é um hidrogel feito à base de gengibre-amargo.

O pé da pessoas com diabetes merece atenção, já que é mais suscetível a infecções e feridas que não cicatrizam Foto: Satjawat/Adobe Stock

Os estudos que levaram ao uso do gengibre-amargo no tratamento de úlceras relacionadas ao diabetes tiveram início em 2015, encabeçados pelo biólogo e pesquisador do Inpa Carlos Cleomir Pinheiro. Em um ensaio clínico, ele testou a utilização do hidrogel, feito à base de óleo essencial da planta, para o tratamento de feridas nos pés de 27 participantes. Os testes foram feitos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Manaus (AM) e mostraram êxito, curando 95% dos pacientes com lesões.

Agora, o gel foi patenteado pela empresa Biozer, que busca a industrialização do fitoterápico. Danniel Pinheiro, diretor-executivo da empresa e filho de Carlos Cleomir, explica que o tratamento também será indicado para úlceras de pressão – condição também conhecida como escara e que afeta, especialmente, pessoas com capacidade limitada de mudar de posição.

Por ser à base de água, o produto age auxiliando na hidratação e no processo de desbridamento, isto é, de remoção de tecidos mortos ou danificados das feridas para promover a cicatrização. Além disso, o segredo do tratamento está no bioativo zerumbona, presente no gengibre-amargo.

Segundo as pesquisas desenvolvidas pelo Inpa ao longo dos anos, a substância traz diversos benefícios para a saúde. De acordo com Danniel, podem ser elencadas a atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e analgésica. O diretor diz que ela é, ainda, vasodilatadora, auxiliando a circulação local. É essa combinação de fatores que favorece a cura dos ferimentos.

Hidrogel à base de gengibre-amargo desenvolvido a partir dos estudos do Inpa. Foto: Arquivo/Biozer

A produção é apoiada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), uma organização não governamental (ONG). O instituto está fornecendo um investimento de R$ 4,2 milhões para o projeto, além da validação do cultivo do gengibre-amargo para transferência a pequenos produtores rurais.

O produto ainda não está sendo comercializado. Primeiro, irá passar por um novo ensaio clínico, desta vez com mais de cem pacientes na capital amazonense. O objetivo é comprovar a sua eficácia e segurança. Só depois disso é que a Biozer poderá solicitar a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A expectativa de Danniel e de seu sócio Amaral Neto é de que todo o processo de aprovações pelo qual o fitoterápico terá de passar antes de chegar às prateleiras esteja finalizado até o final de 2025.

O pé diabético

Como mostrado pelo Estadão, de janeiro a agosto de 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 6.982 amputações causadas pelo pé diabético. Entre as principais alterações que ocorrem devido à doença, estão a falta de circulação nos membros inferiores e a neuropatia periférica.

A primeira situação acontece devido ao comprometimento da circulação e microcirculação do sangue, o que estreita os pequenos e grandes vasos sanguíneos que nutrem os nervos – assim, pode não chegar sangue suficiente até os pés. Já a neuropatia é marcada pela perda da função dos nervos dos pés, algo que prejudica a sensibilidade protetora.

O primeiro sintoma da neuropatia costuma ser uma dor intensa nos pés, especialmente no período da noite. Se o quadro for descoberto no começo, usar sapatos especiais e ter uma rotina de cuidados dedicada à região pode ajudar. Agora, se ele avança, acaba afetando o sistema nervoso.

Isso aumenta o risco de o paciente machucar os pés e nem perceber. Para ter ideia, ele pode não sentir nenhuma dor ao se queimar andando descalço no chão muito quente, furar o pé com uma pedra no sapato ou cortar a pele ao aparar as unhas. Daí, por causa dos problemas de circulação, vem a dificuldade de cicatrização. Só que esses machucados deixam o espaço aberto para que bactérias se propaguem e gerem uma infecção no local.

Outros sintomas

No geral, os principais sintomas da doença são formigamento, perda da sensibilidade local, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nas pernas. Segundo o Ministério da Saúde, normalmente a pessoa só se dá conta do problema quando está num estágio avançado e quase sempre com uma ferida ou uma infecção, o que torna o tratamento mais difícil devido aos problemas de circulação.

Como cuidar dos pés e prevenir amputações

  • A hidratação é essencial para evitar calos e rachaduras;
  • O paciente deve tirar um tempo para examinar o pé à procura de qualquer ferida, bolha ou corte;
  • É importante que o paciente peça ajuda caso identifique algo fora do normal e nunca tente retirar calos, estourar bolhas ou limpar úlceras;
  • Por causa da falta de sensibilidade na região, o paciente não deve cortar as unhas sozinho;
  • É essencial também evitar sapatos e meias apertadas para não comprometer a circulação;
  • Não é indicado andar descalço, especialmente fora de casa;
  • Mantenha o diabetes sob controle, com alimentação saudável, uso de medicamentos prescritos por um médico e prática de atividade física.
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