Com 12 milhões de doses da Coronavac em estoque, o governo de São Paulo fará um novo pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o imunizante seja aplicado em crianças de 3 a 11 anos. Segundo Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, a nova solicitação inclui estudos recentes feitos pela farmacêutica chinesa Sinovac sobre a segurança e eficácia do imunizante no público infantil. Ainda em agosto, a agência brasileira negou a inclusão dessa população na bula, alegando que os dados apresentados eram insuficientes.
Covas afirmou durante coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 8, que a Coronavac já é aplicada em crianças de 3 a 11 anos em países como China, Filipinas, Malásia, Chile e Equador. Segundo ele, o imunizante tem se mostrado "mais seguro para essa população e com menos reações adversas". Os 12 milhões de doses que o governo tem atualmente em estoque seriam uma reserva para aplicar nesse público assim que houver uma liberação pela agência brasileira e são suficientes para todas as 5,1 milhões de crianças do Estado nesta faixa etária. O excedente será negociado com outros países, Estados e municípios.
O presidente do Butantan também aproveitou a coletiva para criticar o posicionamento do Ministério da Saúde, que rejeitou uma oferta para a compra de 15 milhões de doses da Coronavac, a serem usadas tanto no público infantil quanto no reforço do esquema vacinal. “O Ministério erra mais uma vez. O ministro negacionista usa argumentos que não são válidos para desqualificar essa vacina e, portanto, mais um erro e, agora, documentado", afirmou.
Segundo Covas, o governo federal está "repetindo o erro" do ano passado, quando também negou a compra de doses da Coronavac para dar início à campanha nacional de vacinação contra a covid-19. Na época, o próprio presidente Jair Bolsonaro criticou publicamente o imunizante e tentou descreditar sua eficácia.
Na semana passada, o governador João Doria (PSDB), durante viagem a Nova York, anunciou o adiamento da liberação do uso de máscaras em locais abertos. A medida estava prevista para ter início no próximo sábado, 11, mas foi adiada após o parecer do Comitê de Combate à Covid-19, que alertou para o perigo eminente com a chegada da variada Ômicron ao Brasil.
Para conter o avanço da nova variante, o Estado reduziu o intervalo mínimo para a dose de reforço da vacina contra o coronavírus, que agora é aplicada quatro meses após a segunda dose ou aplicação única, no caso do imunizante da Janssen. A decisão foi mantida pelo governador mesmo após a Anvisa ter apontado que não é possível garantir que os "benefícios superam os riscos" com o novo prazo.