Exercício, ciência e treinamento

Opinião|Exercício sem esforço? Saiba se eletroestimulação muscular têm o mesmo efeito do treino tradicional


Para pessoas saudáveis, técnica pode até ter benefícios, mas não substitui o treinamento convencional

Por Guilherme Artioli

O leitor que viveu os anos 90 provavelmente deve se lembrar do bordão “Não é magia, é tecnologia”, anunciado repetidamente pela Feiticeira, personagem interpretada por Joana Prado, nos intervalos comerciais da TV aberta. O produto anunciado era uma cinta que segurava eletrodos sobre os músculos enquanto emitiam correntes elétricas que estimulavam a contração muscular. A promessa era que, ao realizar exercícios de forma passiva, em repouso, a pessoa ganharia músculos e queimaria calorias sem esforço algum.

Décadas depois, essa ideia ainda persiste, e há hoje academias oferecendo eletroestimulação como uma modalidade que seria seis vezes mais eficiente do que o treino convencional. Mas será que isso realmente funciona? Vejamos o que a ciência tem a dizer sobre o assunto.

Na eletroestimulação, eletrodos emitem corrente elétrica para estimular os músculos Foto: teksomolika/Adobe Stock
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Uma das principais características do músculo esquelético, aquele que movimenta nosso corpo, é que ele é ativado de forma voluntária – ou seja, nosso cérebro envia comandos voluntários, na maioria das vezes intencionais, para que os músculos se contraiam e gerem movimentos. Essa ativação muscular se dá pelo envio de impulsos elétricos, que correm pelos nervos e chegam até os músculos.

De forma similar, porém não exatamente igual, também é possível estimular a contração muscular com uma corrente elétrica artificial, aplicada diretamente sobre a pele acima dos músculos ou dos nervos. Nesses casos, a contração gerada é involuntária.

Essas formas diferentes de evocar uma contração muscular resultam em respostas também diferentes. Para dar um exemplo, a contração voluntária resulta no recrutamento rotativo de diferentes fibras contráteis. Em outras palavras, nem todas as fibras se contraem ao mesmo tempo, e elas vão se revezando na tarefa de contrair o músculo, ou seja, enquanto umas trabalham, outras descansam. Já com a corrente elétrica, as fibras musculares recrutadas a se contrair são sempre as mesmas, já que o recrutamento se dá pela proximidade do eletrodo, sem qualquer revezamento. Isso resulta em fadiga mais rápida e intensa. Por esse motivo, essas fibras também estão mais propensas à dor muscular e a pequenas lesões.

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O uso de eletroestimulação, diferente do que alguns possam pensar, resulta, sim, em aumento do gasto de calorias, já que a contração muscular, independentemente de sua origem, necessita de energia para acontecer.

Isso, no entanto, não significa que o uso contínuo desses equipamentos irá, necessariamente, resultar em emagrecimento ou perda de peso, já que, em última análise, o emagrecimento requer um déficit energético sustentado por longos períodos. Isso, como já discutido na minha última coluna, nem sempre é uma tarefa fácil de se realizar, e o exercício não é muito eficiente em induzir déficits energéticos.

Portanto, não podemos esperar grandes efeitos da estimulação elétrica ou de outras formas de exercício passivo como forma de promover emagrecimento ou perda de peso. Da mesma forma, não há muitas evidências científicas que mostrem que esse tipo de intervenção pode causar hipertrofia muscular significativa, ou comparável ao treinamento de força tradicional, pelo menos em pessoas saudáveis.

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Com base nisso, parece absurda a promessa de que uma sessão de 20 minutos de eletroestimulação seja equivalente a duas horas de exercícios convencionais – simplesmente não é.

Por outro lado, há boas evidências mostrando que estimulação elétrica pode aumentar a força muscular em níveis parecidos aos do treinamento convencional, produzindo resultados semelhantes ao treino de força. Além disso, a eletroestimulação somada ao treinamento convencional pode até mesmo resultar em ganhos um pouco superiores aos do treino convencional isolado.

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Aqui é importante frisar que, para que a eletroestimulação seja efetiva, parece ser necessário que o volume do treino (ou de contrações) via estimulação seja semelhante ao do treino convencional, e que a intensidade da estimulação resulte em uma contração que atinja pelo menos 50% a 60% do máximo que se obtém em uma contração voluntária.

Esses dados são importantes porque mostram que não é qualquer tipo de estimulação que irá resultar em ganhos de força significativos, e que a assistência de um profissional capacitado e o uso de equipamentos de boa qualidade são importantes para garantir bons resultados.

De qualquer forma, o fato de os ganhos de força serem parecidos aos promovidos pelo treinamento convencional não significa que a eletroestimulação deva ser vista como substituta do exercício voluntário, já que esse sabidamente resulta em inúmeros outros benefícios que a eletroestimulação não proporciona (ou que não sabemos se proporciona).

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Para além da mera vontade de “treinar” de forma passiva, o que, convenhamos, não é uma boa justificativa para usar a eletroestimulação, atletas de alto nível podem se beneficiar do seu uso como ferramenta adicional aos seus treinos.

Se não parece sensato que pessoas saudáveis substituam o treinamento convencional pela eletroestimulação, essa ferramenta pode ser especialmente valiosa para pessoas com pouca capacidade de movimentação e limitações para realizar exercícios, como idosos, acamados, ou aqueles com membros imobilizados. Nesses casos, qualquer movimentação, ainda discreta e pontual, já pode ter grandes benefícios para a recuperação e melhoria das condições clínicas desses pacientes.

O leitor que viveu os anos 90 provavelmente deve se lembrar do bordão “Não é magia, é tecnologia”, anunciado repetidamente pela Feiticeira, personagem interpretada por Joana Prado, nos intervalos comerciais da TV aberta. O produto anunciado era uma cinta que segurava eletrodos sobre os músculos enquanto emitiam correntes elétricas que estimulavam a contração muscular. A promessa era que, ao realizar exercícios de forma passiva, em repouso, a pessoa ganharia músculos e queimaria calorias sem esforço algum.

Décadas depois, essa ideia ainda persiste, e há hoje academias oferecendo eletroestimulação como uma modalidade que seria seis vezes mais eficiente do que o treino convencional. Mas será que isso realmente funciona? Vejamos o que a ciência tem a dizer sobre o assunto.

Na eletroestimulação, eletrodos emitem corrente elétrica para estimular os músculos Foto: teksomolika/Adobe Stock

Uma das principais características do músculo esquelético, aquele que movimenta nosso corpo, é que ele é ativado de forma voluntária – ou seja, nosso cérebro envia comandos voluntários, na maioria das vezes intencionais, para que os músculos se contraiam e gerem movimentos. Essa ativação muscular se dá pelo envio de impulsos elétricos, que correm pelos nervos e chegam até os músculos.

De forma similar, porém não exatamente igual, também é possível estimular a contração muscular com uma corrente elétrica artificial, aplicada diretamente sobre a pele acima dos músculos ou dos nervos. Nesses casos, a contração gerada é involuntária.

Essas formas diferentes de evocar uma contração muscular resultam em respostas também diferentes. Para dar um exemplo, a contração voluntária resulta no recrutamento rotativo de diferentes fibras contráteis. Em outras palavras, nem todas as fibras se contraem ao mesmo tempo, e elas vão se revezando na tarefa de contrair o músculo, ou seja, enquanto umas trabalham, outras descansam. Já com a corrente elétrica, as fibras musculares recrutadas a se contrair são sempre as mesmas, já que o recrutamento se dá pela proximidade do eletrodo, sem qualquer revezamento. Isso resulta em fadiga mais rápida e intensa. Por esse motivo, essas fibras também estão mais propensas à dor muscular e a pequenas lesões.

O uso de eletroestimulação, diferente do que alguns possam pensar, resulta, sim, em aumento do gasto de calorias, já que a contração muscular, independentemente de sua origem, necessita de energia para acontecer.

Isso, no entanto, não significa que o uso contínuo desses equipamentos irá, necessariamente, resultar em emagrecimento ou perda de peso, já que, em última análise, o emagrecimento requer um déficit energético sustentado por longos períodos. Isso, como já discutido na minha última coluna, nem sempre é uma tarefa fácil de se realizar, e o exercício não é muito eficiente em induzir déficits energéticos.

Portanto, não podemos esperar grandes efeitos da estimulação elétrica ou de outras formas de exercício passivo como forma de promover emagrecimento ou perda de peso. Da mesma forma, não há muitas evidências científicas que mostrem que esse tipo de intervenção pode causar hipertrofia muscular significativa, ou comparável ao treinamento de força tradicional, pelo menos em pessoas saudáveis.

Com base nisso, parece absurda a promessa de que uma sessão de 20 minutos de eletroestimulação seja equivalente a duas horas de exercícios convencionais – simplesmente não é.

Por outro lado, há boas evidências mostrando que estimulação elétrica pode aumentar a força muscular em níveis parecidos aos do treinamento convencional, produzindo resultados semelhantes ao treino de força. Além disso, a eletroestimulação somada ao treinamento convencional pode até mesmo resultar em ganhos um pouco superiores aos do treino convencional isolado.

Aqui é importante frisar que, para que a eletroestimulação seja efetiva, parece ser necessário que o volume do treino (ou de contrações) via estimulação seja semelhante ao do treino convencional, e que a intensidade da estimulação resulte em uma contração que atinja pelo menos 50% a 60% do máximo que se obtém em uma contração voluntária.

Esses dados são importantes porque mostram que não é qualquer tipo de estimulação que irá resultar em ganhos de força significativos, e que a assistência de um profissional capacitado e o uso de equipamentos de boa qualidade são importantes para garantir bons resultados.

De qualquer forma, o fato de os ganhos de força serem parecidos aos promovidos pelo treinamento convencional não significa que a eletroestimulação deva ser vista como substituta do exercício voluntário, já que esse sabidamente resulta em inúmeros outros benefícios que a eletroestimulação não proporciona (ou que não sabemos se proporciona).

Para além da mera vontade de “treinar” de forma passiva, o que, convenhamos, não é uma boa justificativa para usar a eletroestimulação, atletas de alto nível podem se beneficiar do seu uso como ferramenta adicional aos seus treinos.

Se não parece sensato que pessoas saudáveis substituam o treinamento convencional pela eletroestimulação, essa ferramenta pode ser especialmente valiosa para pessoas com pouca capacidade de movimentação e limitações para realizar exercícios, como idosos, acamados, ou aqueles com membros imobilizados. Nesses casos, qualquer movimentação, ainda discreta e pontual, já pode ter grandes benefícios para a recuperação e melhoria das condições clínicas desses pacientes.

O leitor que viveu os anos 90 provavelmente deve se lembrar do bordão “Não é magia, é tecnologia”, anunciado repetidamente pela Feiticeira, personagem interpretada por Joana Prado, nos intervalos comerciais da TV aberta. O produto anunciado era uma cinta que segurava eletrodos sobre os músculos enquanto emitiam correntes elétricas que estimulavam a contração muscular. A promessa era que, ao realizar exercícios de forma passiva, em repouso, a pessoa ganharia músculos e queimaria calorias sem esforço algum.

Décadas depois, essa ideia ainda persiste, e há hoje academias oferecendo eletroestimulação como uma modalidade que seria seis vezes mais eficiente do que o treino convencional. Mas será que isso realmente funciona? Vejamos o que a ciência tem a dizer sobre o assunto.

Na eletroestimulação, eletrodos emitem corrente elétrica para estimular os músculos Foto: teksomolika/Adobe Stock

Uma das principais características do músculo esquelético, aquele que movimenta nosso corpo, é que ele é ativado de forma voluntária – ou seja, nosso cérebro envia comandos voluntários, na maioria das vezes intencionais, para que os músculos se contraiam e gerem movimentos. Essa ativação muscular se dá pelo envio de impulsos elétricos, que correm pelos nervos e chegam até os músculos.

De forma similar, porém não exatamente igual, também é possível estimular a contração muscular com uma corrente elétrica artificial, aplicada diretamente sobre a pele acima dos músculos ou dos nervos. Nesses casos, a contração gerada é involuntária.

Essas formas diferentes de evocar uma contração muscular resultam em respostas também diferentes. Para dar um exemplo, a contração voluntária resulta no recrutamento rotativo de diferentes fibras contráteis. Em outras palavras, nem todas as fibras se contraem ao mesmo tempo, e elas vão se revezando na tarefa de contrair o músculo, ou seja, enquanto umas trabalham, outras descansam. Já com a corrente elétrica, as fibras musculares recrutadas a se contrair são sempre as mesmas, já que o recrutamento se dá pela proximidade do eletrodo, sem qualquer revezamento. Isso resulta em fadiga mais rápida e intensa. Por esse motivo, essas fibras também estão mais propensas à dor muscular e a pequenas lesões.

O uso de eletroestimulação, diferente do que alguns possam pensar, resulta, sim, em aumento do gasto de calorias, já que a contração muscular, independentemente de sua origem, necessita de energia para acontecer.

Isso, no entanto, não significa que o uso contínuo desses equipamentos irá, necessariamente, resultar em emagrecimento ou perda de peso, já que, em última análise, o emagrecimento requer um déficit energético sustentado por longos períodos. Isso, como já discutido na minha última coluna, nem sempre é uma tarefa fácil de se realizar, e o exercício não é muito eficiente em induzir déficits energéticos.

Portanto, não podemos esperar grandes efeitos da estimulação elétrica ou de outras formas de exercício passivo como forma de promover emagrecimento ou perda de peso. Da mesma forma, não há muitas evidências científicas que mostrem que esse tipo de intervenção pode causar hipertrofia muscular significativa, ou comparável ao treinamento de força tradicional, pelo menos em pessoas saudáveis.

Com base nisso, parece absurda a promessa de que uma sessão de 20 minutos de eletroestimulação seja equivalente a duas horas de exercícios convencionais – simplesmente não é.

Por outro lado, há boas evidências mostrando que estimulação elétrica pode aumentar a força muscular em níveis parecidos aos do treinamento convencional, produzindo resultados semelhantes ao treino de força. Além disso, a eletroestimulação somada ao treinamento convencional pode até mesmo resultar em ganhos um pouco superiores aos do treino convencional isolado.

Aqui é importante frisar que, para que a eletroestimulação seja efetiva, parece ser necessário que o volume do treino (ou de contrações) via estimulação seja semelhante ao do treino convencional, e que a intensidade da estimulação resulte em uma contração que atinja pelo menos 50% a 60% do máximo que se obtém em uma contração voluntária.

Esses dados são importantes porque mostram que não é qualquer tipo de estimulação que irá resultar em ganhos de força significativos, e que a assistência de um profissional capacitado e o uso de equipamentos de boa qualidade são importantes para garantir bons resultados.

De qualquer forma, o fato de os ganhos de força serem parecidos aos promovidos pelo treinamento convencional não significa que a eletroestimulação deva ser vista como substituta do exercício voluntário, já que esse sabidamente resulta em inúmeros outros benefícios que a eletroestimulação não proporciona (ou que não sabemos se proporciona).

Para além da mera vontade de “treinar” de forma passiva, o que, convenhamos, não é uma boa justificativa para usar a eletroestimulação, atletas de alto nível podem se beneficiar do seu uso como ferramenta adicional aos seus treinos.

Se não parece sensato que pessoas saudáveis substituam o treinamento convencional pela eletroestimulação, essa ferramenta pode ser especialmente valiosa para pessoas com pouca capacidade de movimentação e limitações para realizar exercícios, como idosos, acamados, ou aqueles com membros imobilizados. Nesses casos, qualquer movimentação, ainda discreta e pontual, já pode ter grandes benefícios para a recuperação e melhoria das condições clínicas desses pacientes.

O leitor que viveu os anos 90 provavelmente deve se lembrar do bordão “Não é magia, é tecnologia”, anunciado repetidamente pela Feiticeira, personagem interpretada por Joana Prado, nos intervalos comerciais da TV aberta. O produto anunciado era uma cinta que segurava eletrodos sobre os músculos enquanto emitiam correntes elétricas que estimulavam a contração muscular. A promessa era que, ao realizar exercícios de forma passiva, em repouso, a pessoa ganharia músculos e queimaria calorias sem esforço algum.

Décadas depois, essa ideia ainda persiste, e há hoje academias oferecendo eletroestimulação como uma modalidade que seria seis vezes mais eficiente do que o treino convencional. Mas será que isso realmente funciona? Vejamos o que a ciência tem a dizer sobre o assunto.

Na eletroestimulação, eletrodos emitem corrente elétrica para estimular os músculos Foto: teksomolika/Adobe Stock

Uma das principais características do músculo esquelético, aquele que movimenta nosso corpo, é que ele é ativado de forma voluntária – ou seja, nosso cérebro envia comandos voluntários, na maioria das vezes intencionais, para que os músculos se contraiam e gerem movimentos. Essa ativação muscular se dá pelo envio de impulsos elétricos, que correm pelos nervos e chegam até os músculos.

De forma similar, porém não exatamente igual, também é possível estimular a contração muscular com uma corrente elétrica artificial, aplicada diretamente sobre a pele acima dos músculos ou dos nervos. Nesses casos, a contração gerada é involuntária.

Essas formas diferentes de evocar uma contração muscular resultam em respostas também diferentes. Para dar um exemplo, a contração voluntária resulta no recrutamento rotativo de diferentes fibras contráteis. Em outras palavras, nem todas as fibras se contraem ao mesmo tempo, e elas vão se revezando na tarefa de contrair o músculo, ou seja, enquanto umas trabalham, outras descansam. Já com a corrente elétrica, as fibras musculares recrutadas a se contrair são sempre as mesmas, já que o recrutamento se dá pela proximidade do eletrodo, sem qualquer revezamento. Isso resulta em fadiga mais rápida e intensa. Por esse motivo, essas fibras também estão mais propensas à dor muscular e a pequenas lesões.

O uso de eletroestimulação, diferente do que alguns possam pensar, resulta, sim, em aumento do gasto de calorias, já que a contração muscular, independentemente de sua origem, necessita de energia para acontecer.

Isso, no entanto, não significa que o uso contínuo desses equipamentos irá, necessariamente, resultar em emagrecimento ou perda de peso, já que, em última análise, o emagrecimento requer um déficit energético sustentado por longos períodos. Isso, como já discutido na minha última coluna, nem sempre é uma tarefa fácil de se realizar, e o exercício não é muito eficiente em induzir déficits energéticos.

Portanto, não podemos esperar grandes efeitos da estimulação elétrica ou de outras formas de exercício passivo como forma de promover emagrecimento ou perda de peso. Da mesma forma, não há muitas evidências científicas que mostrem que esse tipo de intervenção pode causar hipertrofia muscular significativa, ou comparável ao treinamento de força tradicional, pelo menos em pessoas saudáveis.

Com base nisso, parece absurda a promessa de que uma sessão de 20 minutos de eletroestimulação seja equivalente a duas horas de exercícios convencionais – simplesmente não é.

Por outro lado, há boas evidências mostrando que estimulação elétrica pode aumentar a força muscular em níveis parecidos aos do treinamento convencional, produzindo resultados semelhantes ao treino de força. Além disso, a eletroestimulação somada ao treinamento convencional pode até mesmo resultar em ganhos um pouco superiores aos do treino convencional isolado.

Aqui é importante frisar que, para que a eletroestimulação seja efetiva, parece ser necessário que o volume do treino (ou de contrações) via estimulação seja semelhante ao do treino convencional, e que a intensidade da estimulação resulte em uma contração que atinja pelo menos 50% a 60% do máximo que se obtém em uma contração voluntária.

Esses dados são importantes porque mostram que não é qualquer tipo de estimulação que irá resultar em ganhos de força significativos, e que a assistência de um profissional capacitado e o uso de equipamentos de boa qualidade são importantes para garantir bons resultados.

De qualquer forma, o fato de os ganhos de força serem parecidos aos promovidos pelo treinamento convencional não significa que a eletroestimulação deva ser vista como substituta do exercício voluntário, já que esse sabidamente resulta em inúmeros outros benefícios que a eletroestimulação não proporciona (ou que não sabemos se proporciona).

Para além da mera vontade de “treinar” de forma passiva, o que, convenhamos, não é uma boa justificativa para usar a eletroestimulação, atletas de alto nível podem se beneficiar do seu uso como ferramenta adicional aos seus treinos.

Se não parece sensato que pessoas saudáveis substituam o treinamento convencional pela eletroestimulação, essa ferramenta pode ser especialmente valiosa para pessoas com pouca capacidade de movimentação e limitações para realizar exercícios, como idosos, acamados, ou aqueles com membros imobilizados. Nesses casos, qualquer movimentação, ainda discreta e pontual, já pode ter grandes benefícios para a recuperação e melhoria das condições clínicas desses pacientes.

Opinião por Guilherme Artioli

Bacharel, mestre e doutor em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP). É pesquisador do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina da USP e professor do Instituto de Ciência Biomédicas da USP.

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