Hipertensão: Brasil vai mal no controle da doença, segundo relatório inédito da OMS


Cerca de 45% dos brasileiros entre 30 e 79 anos sofrem de hipertensão, e apenas 33% têm a doença controlada; veja os motivos por trás desses números e como mudar o cenário

Por Giovanna Castro

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou pela primeira vez um relatório que detalha o impacto global da hipertensão arterial, com dados sobre a incidência da doença em cada país. De acordo com o estudo, um a cada três adultos em todo o mundo sofre de pressão alta e o Brasil está acima da média, com 50,7 milhões de hipertensos entre 30 e 79 anos (ou seja, 45% da população) .

A OMS chamou a doença de “assassina silenciosa” e seu impacto de “devastador”. Isso porque a hipertensão geralmente não provoca sintomas – motivo pelo qual há uma baixa adesão da população ao tratamento –, mas pode levar à morte ao provocar acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco, danos renais, entre outros problemas graves de saúde.

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Quatro em cada cinco pessoas com hipertensão não são tratadas corretamente em todo o mundo, aponta a pesquisa. Mas, se os países aumentarem a cobertura do tratamento, aproximadamente 76 milhões de mortes, 120 milhões de AVCs, 17 milhões de casos de insuficiência cardíaca e 79 milhões de ataques cardíacos epodem ser evitados até 2050, diz a OMS, cobrando a atenção dos governos.

No Brasil, o levantamento mostra que a probabilidade de uma pessoa com hipertensão morrer precocemente é de 15%. Em 2019, ano em que os dados da pesquisa foram coletados, 381 mil morreram por doenças cardiovasculares e 54% deles tinham quadros de pressão alta.

A expectativa da OMS é de que 365 mil vidas sejam poupadas até 2040 se o País ultrapassar a marca de 40% dos casos de hipertensão controlados – hoje, apenas 33% têm a doença sob controle.

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Estilo de vida é principal fator por trás da hipertensão

O relatório mostra que o número de indivíduos que vivem com hipertensão (quando a pressão arterial é igual ou superior a 140/90 mmHg ou há uso de medicamentos para hipertensão) duplicou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 bilhões. Além disso, atualmente, quase metade das pessoas com pressão alta em todo o mundo desconhece a sua condição.

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De acordo com a OMS, a idade avançada e a genética podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, mas fatores de risco modificáveis, como uma dieta rica em sal, falta de exercícios físicos e consumo elevado de álcool, também favorecem o surgimento da hipertensão.

Para a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o consumo exagerado de sal é o maior culpado pela alta incidência de hipertensão entre a nossa população. “Consumimos quase duas vezes mais que o recomendado. Temos uma cultura de comida salgada”, afirma.

Para ter ideia, a recomendação atual da OMS é que o consumo máximo de sal seja de 5 gramas ao dia (o que dá algo em torno de 2 gramas de sódio, principal mineral presente no ingrediente). E há dados apontando que o brasileiro ingere cerca de 12 gramas de sal. A questão é que, quando há excesso de sódio na circulação, o organismo começa a reter mais líquido no interior dos vasos – e isso eleva a pressão.

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Abuso do consumo de sal é um dos fatores que levam brasileiros a ter mais hipertensão que a média. Foto: Yeko Photo Studio/ Freepik

“Precisamos de uma política de saúde focada primeiramente na diminuição da ingestão de sal e, depois, no controle da obesidade”, enfatiza a médica. Para isso, seria preciso uma campanha focada na atenção primária, com uma equipe multiprofissional que vá desde o nutricionista e o educador físico, promovendo mudanças no estilo de vida, até o médico, que deve receitar o tratamento para quem já vive com a condição.

Também a favor de uma campanha centrada na atenção primária, a OMS diz que a prevenção, a detecção precoce e a gestão eficaz da hipertensão estão entre as intervenções com melhor relação custo-eficácia nos cuidados de saúde. Por isso, “devem ser priorizadas pelos países como parte do seu pacote nacional de benefícios de saúde”.

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Estudos anteriores mostraram que, além dos benefícios para a saúde das pessoas, há vantagens econômicas em investir nos cuidados de base: a cada unidade de moeda gasta na prevenção da hipertensão, é possível economizar 18 no tratamento de casos graves, quando o paciente chega ao hospital com AVC ou infarto.

“A hipertensão pode ser controlada eficazmente com regimes de medicação simples e de baixo custo e, no entanto, apenas uma em cada cinco pessoas com hipertensão a controlou”, aponta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“Tratar a hipertensão através de cuidados de saúde primários salvará vidas, ao mesmo tempo que poupará milhares de milhões de dólares por ano”, diz Michael R. Bloomberg, embaixador global da OMS de Doenças e Lesões Não Transmissíveis.

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Por que tratamos tão pouco a hipertensão?

Segundo Lucélia, a baixa adesão ao tratamento da hipertensão acontece porque, na maioria dos casos, não há sintomas físicos até que o caso se torne grave, levando o paciente a um hospital por infarto ou AVC. Além disso, há pouca visibilidade sobre os ganhos reais que a redução do sal, do peso e do álcool pode trazer à saúde no longo prazo.

Sem sintomas aparentes e imersas em uma cultura de consumo de alimentos e bebidas que não são saudáveis, as pessoas não procuram um médico para fazer exames de rotina ou até normalizam a pressão alta, não dando a atenção necessária aos riscos que ela traz.

“É por isso que precisamos de uma campanha com foco na educação e no acompanhamento constante”, diz Lucélia.

Pressão alta pode ser controlada com mudanças no estilo de vida e medicamentos. Foto: Freepik

Como medida global de combate à hipertensão, o relatório da OMS recomenda aos governos a implementação de cinco cuidados essenciais:

  • Implementação de protocolos práticos de tratamento, com especificação de etapas de ação, medicamentos e doses, para o manejo da pressão arterial não controlada, agilizando o atendimento e melhorando a adesão;
  • Fornecimento de medicamentos e equipamentos de forma regular e ininterrupta para um tratamento eficaz da hipertensão (atualmente, os preços dos medicamentos anti-hipertensivos essenciais variam mais de dez vezes entre os países);
  • Cuidados baseados em uma equipe colaborativa, que ajusta e intensifica os regimes de medicação para pressão arterial de acordo com as ordens e protocolos do médico;
  • Serviços centrados no paciente, reduzindo as barreiras aos cuidados de saúde, fornecendo regimes de medicação fáceis de tomar, medicamentos gratuitos, visitas de acompanhamento perto de casa e monitorização da pressão arterial;
  • Sistemas de informação simples e centrados no utilizador, facilitando o registo rápido de dados essenciais ao nível do paciente, reduzindo a carga de introdução de dados dos profissionais de saúde e apoiando a rápida expansão, mantendo ou melhorando a qualidade dos cuidados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou pela primeira vez um relatório que detalha o impacto global da hipertensão arterial, com dados sobre a incidência da doença em cada país. De acordo com o estudo, um a cada três adultos em todo o mundo sofre de pressão alta e o Brasil está acima da média, com 50,7 milhões de hipertensos entre 30 e 79 anos (ou seja, 45% da população) .

A OMS chamou a doença de “assassina silenciosa” e seu impacto de “devastador”. Isso porque a hipertensão geralmente não provoca sintomas – motivo pelo qual há uma baixa adesão da população ao tratamento –, mas pode levar à morte ao provocar acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco, danos renais, entre outros problemas graves de saúde.

Quatro em cada cinco pessoas com hipertensão não são tratadas corretamente em todo o mundo, aponta a pesquisa. Mas, se os países aumentarem a cobertura do tratamento, aproximadamente 76 milhões de mortes, 120 milhões de AVCs, 17 milhões de casos de insuficiência cardíaca e 79 milhões de ataques cardíacos epodem ser evitados até 2050, diz a OMS, cobrando a atenção dos governos.

No Brasil, o levantamento mostra que a probabilidade de uma pessoa com hipertensão morrer precocemente é de 15%. Em 2019, ano em que os dados da pesquisa foram coletados, 381 mil morreram por doenças cardiovasculares e 54% deles tinham quadros de pressão alta.

A expectativa da OMS é de que 365 mil vidas sejam poupadas até 2040 se o País ultrapassar a marca de 40% dos casos de hipertensão controlados – hoje, apenas 33% têm a doença sob controle.

Estilo de vida é principal fator por trás da hipertensão

O relatório mostra que o número de indivíduos que vivem com hipertensão (quando a pressão arterial é igual ou superior a 140/90 mmHg ou há uso de medicamentos para hipertensão) duplicou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 bilhões. Além disso, atualmente, quase metade das pessoas com pressão alta em todo o mundo desconhece a sua condição.

De acordo com a OMS, a idade avançada e a genética podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, mas fatores de risco modificáveis, como uma dieta rica em sal, falta de exercícios físicos e consumo elevado de álcool, também favorecem o surgimento da hipertensão.

Para a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o consumo exagerado de sal é o maior culpado pela alta incidência de hipertensão entre a nossa população. “Consumimos quase duas vezes mais que o recomendado. Temos uma cultura de comida salgada”, afirma.

Para ter ideia, a recomendação atual da OMS é que o consumo máximo de sal seja de 5 gramas ao dia (o que dá algo em torno de 2 gramas de sódio, principal mineral presente no ingrediente). E há dados apontando que o brasileiro ingere cerca de 12 gramas de sal. A questão é que, quando há excesso de sódio na circulação, o organismo começa a reter mais líquido no interior dos vasos – e isso eleva a pressão.

Abuso do consumo de sal é um dos fatores que levam brasileiros a ter mais hipertensão que a média. Foto: Yeko Photo Studio/ Freepik

“Precisamos de uma política de saúde focada primeiramente na diminuição da ingestão de sal e, depois, no controle da obesidade”, enfatiza a médica. Para isso, seria preciso uma campanha focada na atenção primária, com uma equipe multiprofissional que vá desde o nutricionista e o educador físico, promovendo mudanças no estilo de vida, até o médico, que deve receitar o tratamento para quem já vive com a condição.

Também a favor de uma campanha centrada na atenção primária, a OMS diz que a prevenção, a detecção precoce e a gestão eficaz da hipertensão estão entre as intervenções com melhor relação custo-eficácia nos cuidados de saúde. Por isso, “devem ser priorizadas pelos países como parte do seu pacote nacional de benefícios de saúde”.

Estudos anteriores mostraram que, além dos benefícios para a saúde das pessoas, há vantagens econômicas em investir nos cuidados de base: a cada unidade de moeda gasta na prevenção da hipertensão, é possível economizar 18 no tratamento de casos graves, quando o paciente chega ao hospital com AVC ou infarto.

“A hipertensão pode ser controlada eficazmente com regimes de medicação simples e de baixo custo e, no entanto, apenas uma em cada cinco pessoas com hipertensão a controlou”, aponta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“Tratar a hipertensão através de cuidados de saúde primários salvará vidas, ao mesmo tempo que poupará milhares de milhões de dólares por ano”, diz Michael R. Bloomberg, embaixador global da OMS de Doenças e Lesões Não Transmissíveis.

Por que tratamos tão pouco a hipertensão?

Segundo Lucélia, a baixa adesão ao tratamento da hipertensão acontece porque, na maioria dos casos, não há sintomas físicos até que o caso se torne grave, levando o paciente a um hospital por infarto ou AVC. Além disso, há pouca visibilidade sobre os ganhos reais que a redução do sal, do peso e do álcool pode trazer à saúde no longo prazo.

Sem sintomas aparentes e imersas em uma cultura de consumo de alimentos e bebidas que não são saudáveis, as pessoas não procuram um médico para fazer exames de rotina ou até normalizam a pressão alta, não dando a atenção necessária aos riscos que ela traz.

“É por isso que precisamos de uma campanha com foco na educação e no acompanhamento constante”, diz Lucélia.

Pressão alta pode ser controlada com mudanças no estilo de vida e medicamentos. Foto: Freepik

Como medida global de combate à hipertensão, o relatório da OMS recomenda aos governos a implementação de cinco cuidados essenciais:

  • Implementação de protocolos práticos de tratamento, com especificação de etapas de ação, medicamentos e doses, para o manejo da pressão arterial não controlada, agilizando o atendimento e melhorando a adesão;
  • Fornecimento de medicamentos e equipamentos de forma regular e ininterrupta para um tratamento eficaz da hipertensão (atualmente, os preços dos medicamentos anti-hipertensivos essenciais variam mais de dez vezes entre os países);
  • Cuidados baseados em uma equipe colaborativa, que ajusta e intensifica os regimes de medicação para pressão arterial de acordo com as ordens e protocolos do médico;
  • Serviços centrados no paciente, reduzindo as barreiras aos cuidados de saúde, fornecendo regimes de medicação fáceis de tomar, medicamentos gratuitos, visitas de acompanhamento perto de casa e monitorização da pressão arterial;
  • Sistemas de informação simples e centrados no utilizador, facilitando o registo rápido de dados essenciais ao nível do paciente, reduzindo a carga de introdução de dados dos profissionais de saúde e apoiando a rápida expansão, mantendo ou melhorando a qualidade dos cuidados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou pela primeira vez um relatório que detalha o impacto global da hipertensão arterial, com dados sobre a incidência da doença em cada país. De acordo com o estudo, um a cada três adultos em todo o mundo sofre de pressão alta e o Brasil está acima da média, com 50,7 milhões de hipertensos entre 30 e 79 anos (ou seja, 45% da população) .

A OMS chamou a doença de “assassina silenciosa” e seu impacto de “devastador”. Isso porque a hipertensão geralmente não provoca sintomas – motivo pelo qual há uma baixa adesão da população ao tratamento –, mas pode levar à morte ao provocar acidente vascular cerebral (AVC), ataque cardíaco, danos renais, entre outros problemas graves de saúde.

Quatro em cada cinco pessoas com hipertensão não são tratadas corretamente em todo o mundo, aponta a pesquisa. Mas, se os países aumentarem a cobertura do tratamento, aproximadamente 76 milhões de mortes, 120 milhões de AVCs, 17 milhões de casos de insuficiência cardíaca e 79 milhões de ataques cardíacos epodem ser evitados até 2050, diz a OMS, cobrando a atenção dos governos.

No Brasil, o levantamento mostra que a probabilidade de uma pessoa com hipertensão morrer precocemente é de 15%. Em 2019, ano em que os dados da pesquisa foram coletados, 381 mil morreram por doenças cardiovasculares e 54% deles tinham quadros de pressão alta.

A expectativa da OMS é de que 365 mil vidas sejam poupadas até 2040 se o País ultrapassar a marca de 40% dos casos de hipertensão controlados – hoje, apenas 33% têm a doença sob controle.

Estilo de vida é principal fator por trás da hipertensão

O relatório mostra que o número de indivíduos que vivem com hipertensão (quando a pressão arterial é igual ou superior a 140/90 mmHg ou há uso de medicamentos para hipertensão) duplicou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 bilhões. Além disso, atualmente, quase metade das pessoas com pressão alta em todo o mundo desconhece a sua condição.

De acordo com a OMS, a idade avançada e a genética podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, mas fatores de risco modificáveis, como uma dieta rica em sal, falta de exercícios físicos e consumo elevado de álcool, também favorecem o surgimento da hipertensão.

Para a cardiologista Lucélia Magalhães, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o consumo exagerado de sal é o maior culpado pela alta incidência de hipertensão entre a nossa população. “Consumimos quase duas vezes mais que o recomendado. Temos uma cultura de comida salgada”, afirma.

Para ter ideia, a recomendação atual da OMS é que o consumo máximo de sal seja de 5 gramas ao dia (o que dá algo em torno de 2 gramas de sódio, principal mineral presente no ingrediente). E há dados apontando que o brasileiro ingere cerca de 12 gramas de sal. A questão é que, quando há excesso de sódio na circulação, o organismo começa a reter mais líquido no interior dos vasos – e isso eleva a pressão.

Abuso do consumo de sal é um dos fatores que levam brasileiros a ter mais hipertensão que a média. Foto: Yeko Photo Studio/ Freepik

“Precisamos de uma política de saúde focada primeiramente na diminuição da ingestão de sal e, depois, no controle da obesidade”, enfatiza a médica. Para isso, seria preciso uma campanha focada na atenção primária, com uma equipe multiprofissional que vá desde o nutricionista e o educador físico, promovendo mudanças no estilo de vida, até o médico, que deve receitar o tratamento para quem já vive com a condição.

Também a favor de uma campanha centrada na atenção primária, a OMS diz que a prevenção, a detecção precoce e a gestão eficaz da hipertensão estão entre as intervenções com melhor relação custo-eficácia nos cuidados de saúde. Por isso, “devem ser priorizadas pelos países como parte do seu pacote nacional de benefícios de saúde”.

Estudos anteriores mostraram que, além dos benefícios para a saúde das pessoas, há vantagens econômicas em investir nos cuidados de base: a cada unidade de moeda gasta na prevenção da hipertensão, é possível economizar 18 no tratamento de casos graves, quando o paciente chega ao hospital com AVC ou infarto.

“A hipertensão pode ser controlada eficazmente com regimes de medicação simples e de baixo custo e, no entanto, apenas uma em cada cinco pessoas com hipertensão a controlou”, aponta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“Tratar a hipertensão através de cuidados de saúde primários salvará vidas, ao mesmo tempo que poupará milhares de milhões de dólares por ano”, diz Michael R. Bloomberg, embaixador global da OMS de Doenças e Lesões Não Transmissíveis.

Por que tratamos tão pouco a hipertensão?

Segundo Lucélia, a baixa adesão ao tratamento da hipertensão acontece porque, na maioria dos casos, não há sintomas físicos até que o caso se torne grave, levando o paciente a um hospital por infarto ou AVC. Além disso, há pouca visibilidade sobre os ganhos reais que a redução do sal, do peso e do álcool pode trazer à saúde no longo prazo.

Sem sintomas aparentes e imersas em uma cultura de consumo de alimentos e bebidas que não são saudáveis, as pessoas não procuram um médico para fazer exames de rotina ou até normalizam a pressão alta, não dando a atenção necessária aos riscos que ela traz.

“É por isso que precisamos de uma campanha com foco na educação e no acompanhamento constante”, diz Lucélia.

Pressão alta pode ser controlada com mudanças no estilo de vida e medicamentos. Foto: Freepik

Como medida global de combate à hipertensão, o relatório da OMS recomenda aos governos a implementação de cinco cuidados essenciais:

  • Implementação de protocolos práticos de tratamento, com especificação de etapas de ação, medicamentos e doses, para o manejo da pressão arterial não controlada, agilizando o atendimento e melhorando a adesão;
  • Fornecimento de medicamentos e equipamentos de forma regular e ininterrupta para um tratamento eficaz da hipertensão (atualmente, os preços dos medicamentos anti-hipertensivos essenciais variam mais de dez vezes entre os países);
  • Cuidados baseados em uma equipe colaborativa, que ajusta e intensifica os regimes de medicação para pressão arterial de acordo com as ordens e protocolos do médico;
  • Serviços centrados no paciente, reduzindo as barreiras aos cuidados de saúde, fornecendo regimes de medicação fáceis de tomar, medicamentos gratuitos, visitas de acompanhamento perto de casa e monitorização da pressão arterial;
  • Sistemas de informação simples e centrados no utilizador, facilitando o registo rápido de dados essenciais ao nível do paciente, reduzindo a carga de introdução de dados dos profissionais de saúde e apoiando a rápida expansão, mantendo ou melhorando a qualidade dos cuidados.

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