Hortoterapia: Hospital de SP aposta em cultivo de plantas para reduzir ansiedade de pacientes


Psicóloga e nutricionista apontam benefícios da técnica no bem-estar e na alimentação; veja como fazer uma horta em casa

Por Guilherme Santiago
Atualização:

Cultivar plantas, flores e hortaliças pode ser terapêutico, especialmente para aqueles que passam por longos períodos de internação. Um hospital da zona leste de São Paulo aposta na chamada hortoterapia, por meio do contato com a natureza e da utilização de métodos da jardinagem, para reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar dos pacientes.

Evellyn Oliveira, que está há 100 dias internada no Hospital Salvalus já percebe os benefícios da hortoterapia. Aos 25 anos, ela foi diagnosticada com leucemia, uma condição que impede os glóbulos brancos do sangue de executarem sua correta função de defesa do organismo. O tratamento exige que Evellyn fique no hospital com acompanhamento médico diário, o que muitas vezes a deixa ociosa. “Há muito tempo eu já queria sair do quarto, ir para outros lugares e fazer coisas além de exames”, conta ela, que teve essa oportunidade a partir da horta do hospital.

O projeto é resultado da vontade de Fernanda Rodrigues, nutricionista e gerente de nutrição do hospital, e do apoio de Andrea Tinoco, gerente administrativa e de hotelaria. Fernanda conta que a horta surgiu para oferecer aos pacientes experiências positivas em contato com a natureza. “A hortoterapia permite que o paciente tenha uma projeção de algo que ele vai fazer quando sair daqui ou para ter uma lembrança de algo que ele fazia antes da internação. Mas ela já é positiva só pelo fato dele ter saído do quarto.”

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A horta que complementa o tratamento no Hospital Salvalus, na zona leste de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Controle da ansiedade

A hortoterapia também é importante no controle da ansiedade. Isso porque pacientes internados acabam passando boa parte do tempo dentro dos quartos. A interação com outras pessoas é bastante reduzida: quando não acontece com médicos e enfermeiros, é com as visitas de familiares e amigos, mas com horários definidos para acontecer.

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Todo esse contexto deixa os pacientes bastante ansiosos, conforme avalia Anne Luisa Nardi, psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). “O contato com a natureza melhora a saúde mental deles, visto que permite que eles possam respirar ar puro e sair do ambiente onde vivem todos os dias.”

Segundo a psicóloga, os pacientes ficam ansiosos pensando na vida antes da internação ou presos no futuro, projetando a vida após a alta médica. “O plantio e o manejo de uma horta permitem ao paciente focar no momento presente. Por isso, as angústias e a ansiedade acabam diminuindo, quase como uma atividade meditativa”, explica.

Senso de utilidade

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Outro benefício apontado pela psicóloga é promover o senso de utilidade dos pacientes. “O período de internação costuma deixar as pessoas mais ociosas, porque estão longe do trabalho e da rotina diária em casa”, explica Anne. Por isso, desempenhar atividades em que é possível ver o resultado do seu próprio trabalho, como a colheita da horta, tem efeitos positivos. “É quase como uma forma de retomar minimamente a rotina que ele tinha fora do hospital.”

A experiência de Ednéia Milani, de 36 anos, confirma isso. Ela foi internada com suspeita de hepatite e, ao participar da colheita no hospital, lembrou com saudade da horta que cultiva em sua casa. “Eu tenho uma horta frutífera em casa, então esse contato é muito importante, ainda mais para mim que já tenho costume de fazer isso”, diz.

Ela também vai poder consumir as ervas colhidas na horta do hospital em suas próximas refeições. “O que o paciente colhe é inserido nas refeições dele. A Ednéia, por exemplo, escolheu macarrão com molho pesto e manjericão e um suco de abacaxi com hortelã. A ação se estende até a hora do jantar”, explica a gerente de nutrição do Hospital Salvalus.

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José Carlos Macedo, de 62 anos, na horta do hospital: novas possibilidades de alimentação Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Educação alimentar

Essas novas possibilidades em relação à alimentação são novidades na vida de José Carlos Macedo, de 62 anos, que está internado há quase uma semana. Ele garante que quer levar a prática para além dos corredores do hospital. “Achei interessante a horta, porque vi que é possível fazer em casa e consumir os alimentos que a gente mesmo plantou”, conta.

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A gerente de nutrição do hospital afirma que, por ser diabético, Macedo está passando por um processo de reeducação alimentar e a hortoterapia tem ajudado nisso. “Ele me disse que só comia arroz e feijão, mas propus para ele experimentar um arroz integral com as ervas que ele mesmo colheu”, diz Fernanda, que garante que o desafio foi aceito por ele.

As hortas também são uma possibilidade de complemento ao tratamento clínico do paciente. A somatória de todos os benefícios da hortoterapia permite melhores respostas aos tratamentos recebidos no ambiente hospitalar, avalia Anne. “O tratamento passa a ser feito de uma forma integral, que vai além do tratamento médico”, defende a psicóloga.

“É uma maneira de dar um respiro para o paciente que está internado”, acrescenta Fernanda. A gerente de nutrição conta que o objetivo da horta é também trazer uma perspectiva humana para o tratamento. “O ambiente hospitalar é necessário, mas não é bom estar aqui. Por isso, a humanização é importante para uma melhor recuperação do paciente.”

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Hortoterapia dentro de casa

É possível construir e manter uma horta dentro de casa e aproveitar os benefícios que ela pode te trazer, como a sensação de bem-estar e diminuição do estresse.

Veja as dicas para construir a sua:

  • Escolha o que vai plantar - O primeiro passo é definir o que será plantado. Existe uma infinidade de possibilidades, porém a ambientalista e agricultora Claudia Visoni indica algumas opções, como salsinha, cebolinha, manjericão, coentro e hortelã. “O ideal para quem está começando são essas plantas, porque são bem fáceis de cultivar”, explica.
  • Defina o local da sua horta - Com as sementes escolhidas em mãos, é hora de escolher onde plantá-las. Lembre-se que o espaço disponível não é fator limitante. Você consegue ter uma horta em um quintal espaçoso, mas também no parapeito de uma janela.
  • Opte por vasos de cerâmica - Segundo a ambientalista, vasos de cerâmica permitem que a planta respire e tenha isolação térmica – o que é bastante importante para sua sobrevivência.
  • Cuidado com a irrigação - “Plantas urbanas morrem muito mais de excesso de água do que pela falta dela”, explica a ambientalista. Com o próprio dedo você consegue saber se a planta precisa de irrigação. É simples: com a terra encharcada não precisa colocar mais água; a terra úmida pede a irrigação de uma pequena quantidade; terra seca exige irrigação em abundância.
  • Se puder, tenha uma composteira - “Você pode colocar todo tipo de matéria orgânica que se decompõe dentro da composteira”, explica Claudia, que recomenda cascas de alimentos, folhas e serragem. Quando eles forem transformados em adubo, após cerca de três meses, você pode cobrir a terra para ajudar no crescimento das plantas.
  • Tentativa e erro - O cultivo de plantas não é uma ciência exata. Então, fique tranquilo: você vai errar. “Algumas coisas vão dar certo e outras não vão dar. Você precisa observar o desenvolvimento das plantas e com o tempo vai pegando o jeito.”

Cultivar plantas, flores e hortaliças pode ser terapêutico, especialmente para aqueles que passam por longos períodos de internação. Um hospital da zona leste de São Paulo aposta na chamada hortoterapia, por meio do contato com a natureza e da utilização de métodos da jardinagem, para reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar dos pacientes.

Evellyn Oliveira, que está há 100 dias internada no Hospital Salvalus já percebe os benefícios da hortoterapia. Aos 25 anos, ela foi diagnosticada com leucemia, uma condição que impede os glóbulos brancos do sangue de executarem sua correta função de defesa do organismo. O tratamento exige que Evellyn fique no hospital com acompanhamento médico diário, o que muitas vezes a deixa ociosa. “Há muito tempo eu já queria sair do quarto, ir para outros lugares e fazer coisas além de exames”, conta ela, que teve essa oportunidade a partir da horta do hospital.

O projeto é resultado da vontade de Fernanda Rodrigues, nutricionista e gerente de nutrição do hospital, e do apoio de Andrea Tinoco, gerente administrativa e de hotelaria. Fernanda conta que a horta surgiu para oferecer aos pacientes experiências positivas em contato com a natureza. “A hortoterapia permite que o paciente tenha uma projeção de algo que ele vai fazer quando sair daqui ou para ter uma lembrança de algo que ele fazia antes da internação. Mas ela já é positiva só pelo fato dele ter saído do quarto.”

A horta que complementa o tratamento no Hospital Salvalus, na zona leste de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Controle da ansiedade

A hortoterapia também é importante no controle da ansiedade. Isso porque pacientes internados acabam passando boa parte do tempo dentro dos quartos. A interação com outras pessoas é bastante reduzida: quando não acontece com médicos e enfermeiros, é com as visitas de familiares e amigos, mas com horários definidos para acontecer.

Todo esse contexto deixa os pacientes bastante ansiosos, conforme avalia Anne Luisa Nardi, psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). “O contato com a natureza melhora a saúde mental deles, visto que permite que eles possam respirar ar puro e sair do ambiente onde vivem todos os dias.”

Segundo a psicóloga, os pacientes ficam ansiosos pensando na vida antes da internação ou presos no futuro, projetando a vida após a alta médica. “O plantio e o manejo de uma horta permitem ao paciente focar no momento presente. Por isso, as angústias e a ansiedade acabam diminuindo, quase como uma atividade meditativa”, explica.

Senso de utilidade

Outro benefício apontado pela psicóloga é promover o senso de utilidade dos pacientes. “O período de internação costuma deixar as pessoas mais ociosas, porque estão longe do trabalho e da rotina diária em casa”, explica Anne. Por isso, desempenhar atividades em que é possível ver o resultado do seu próprio trabalho, como a colheita da horta, tem efeitos positivos. “É quase como uma forma de retomar minimamente a rotina que ele tinha fora do hospital.”

A experiência de Ednéia Milani, de 36 anos, confirma isso. Ela foi internada com suspeita de hepatite e, ao participar da colheita no hospital, lembrou com saudade da horta que cultiva em sua casa. “Eu tenho uma horta frutífera em casa, então esse contato é muito importante, ainda mais para mim que já tenho costume de fazer isso”, diz.

Ela também vai poder consumir as ervas colhidas na horta do hospital em suas próximas refeições. “O que o paciente colhe é inserido nas refeições dele. A Ednéia, por exemplo, escolheu macarrão com molho pesto e manjericão e um suco de abacaxi com hortelã. A ação se estende até a hora do jantar”, explica a gerente de nutrição do Hospital Salvalus.

José Carlos Macedo, de 62 anos, na horta do hospital: novas possibilidades de alimentação Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Educação alimentar

Essas novas possibilidades em relação à alimentação são novidades na vida de José Carlos Macedo, de 62 anos, que está internado há quase uma semana. Ele garante que quer levar a prática para além dos corredores do hospital. “Achei interessante a horta, porque vi que é possível fazer em casa e consumir os alimentos que a gente mesmo plantou”, conta.

A gerente de nutrição do hospital afirma que, por ser diabético, Macedo está passando por um processo de reeducação alimentar e a hortoterapia tem ajudado nisso. “Ele me disse que só comia arroz e feijão, mas propus para ele experimentar um arroz integral com as ervas que ele mesmo colheu”, diz Fernanda, que garante que o desafio foi aceito por ele.

As hortas também são uma possibilidade de complemento ao tratamento clínico do paciente. A somatória de todos os benefícios da hortoterapia permite melhores respostas aos tratamentos recebidos no ambiente hospitalar, avalia Anne. “O tratamento passa a ser feito de uma forma integral, que vai além do tratamento médico”, defende a psicóloga.

“É uma maneira de dar um respiro para o paciente que está internado”, acrescenta Fernanda. A gerente de nutrição conta que o objetivo da horta é também trazer uma perspectiva humana para o tratamento. “O ambiente hospitalar é necessário, mas não é bom estar aqui. Por isso, a humanização é importante para uma melhor recuperação do paciente.”

Hortoterapia dentro de casa

É possível construir e manter uma horta dentro de casa e aproveitar os benefícios que ela pode te trazer, como a sensação de bem-estar e diminuição do estresse.

Veja as dicas para construir a sua:

  • Escolha o que vai plantar - O primeiro passo é definir o que será plantado. Existe uma infinidade de possibilidades, porém a ambientalista e agricultora Claudia Visoni indica algumas opções, como salsinha, cebolinha, manjericão, coentro e hortelã. “O ideal para quem está começando são essas plantas, porque são bem fáceis de cultivar”, explica.
  • Defina o local da sua horta - Com as sementes escolhidas em mãos, é hora de escolher onde plantá-las. Lembre-se que o espaço disponível não é fator limitante. Você consegue ter uma horta em um quintal espaçoso, mas também no parapeito de uma janela.
  • Opte por vasos de cerâmica - Segundo a ambientalista, vasos de cerâmica permitem que a planta respire e tenha isolação térmica – o que é bastante importante para sua sobrevivência.
  • Cuidado com a irrigação - “Plantas urbanas morrem muito mais de excesso de água do que pela falta dela”, explica a ambientalista. Com o próprio dedo você consegue saber se a planta precisa de irrigação. É simples: com a terra encharcada não precisa colocar mais água; a terra úmida pede a irrigação de uma pequena quantidade; terra seca exige irrigação em abundância.
  • Se puder, tenha uma composteira - “Você pode colocar todo tipo de matéria orgânica que se decompõe dentro da composteira”, explica Claudia, que recomenda cascas de alimentos, folhas e serragem. Quando eles forem transformados em adubo, após cerca de três meses, você pode cobrir a terra para ajudar no crescimento das plantas.
  • Tentativa e erro - O cultivo de plantas não é uma ciência exata. Então, fique tranquilo: você vai errar. “Algumas coisas vão dar certo e outras não vão dar. Você precisa observar o desenvolvimento das plantas e com o tempo vai pegando o jeito.”

Cultivar plantas, flores e hortaliças pode ser terapêutico, especialmente para aqueles que passam por longos períodos de internação. Um hospital da zona leste de São Paulo aposta na chamada hortoterapia, por meio do contato com a natureza e da utilização de métodos da jardinagem, para reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar dos pacientes.

Evellyn Oliveira, que está há 100 dias internada no Hospital Salvalus já percebe os benefícios da hortoterapia. Aos 25 anos, ela foi diagnosticada com leucemia, uma condição que impede os glóbulos brancos do sangue de executarem sua correta função de defesa do organismo. O tratamento exige que Evellyn fique no hospital com acompanhamento médico diário, o que muitas vezes a deixa ociosa. “Há muito tempo eu já queria sair do quarto, ir para outros lugares e fazer coisas além de exames”, conta ela, que teve essa oportunidade a partir da horta do hospital.

O projeto é resultado da vontade de Fernanda Rodrigues, nutricionista e gerente de nutrição do hospital, e do apoio de Andrea Tinoco, gerente administrativa e de hotelaria. Fernanda conta que a horta surgiu para oferecer aos pacientes experiências positivas em contato com a natureza. “A hortoterapia permite que o paciente tenha uma projeção de algo que ele vai fazer quando sair daqui ou para ter uma lembrança de algo que ele fazia antes da internação. Mas ela já é positiva só pelo fato dele ter saído do quarto.”

A horta que complementa o tratamento no Hospital Salvalus, na zona leste de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Controle da ansiedade

A hortoterapia também é importante no controle da ansiedade. Isso porque pacientes internados acabam passando boa parte do tempo dentro dos quartos. A interação com outras pessoas é bastante reduzida: quando não acontece com médicos e enfermeiros, é com as visitas de familiares e amigos, mas com horários definidos para acontecer.

Todo esse contexto deixa os pacientes bastante ansiosos, conforme avalia Anne Luisa Nardi, psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). “O contato com a natureza melhora a saúde mental deles, visto que permite que eles possam respirar ar puro e sair do ambiente onde vivem todos os dias.”

Segundo a psicóloga, os pacientes ficam ansiosos pensando na vida antes da internação ou presos no futuro, projetando a vida após a alta médica. “O plantio e o manejo de uma horta permitem ao paciente focar no momento presente. Por isso, as angústias e a ansiedade acabam diminuindo, quase como uma atividade meditativa”, explica.

Senso de utilidade

Outro benefício apontado pela psicóloga é promover o senso de utilidade dos pacientes. “O período de internação costuma deixar as pessoas mais ociosas, porque estão longe do trabalho e da rotina diária em casa”, explica Anne. Por isso, desempenhar atividades em que é possível ver o resultado do seu próprio trabalho, como a colheita da horta, tem efeitos positivos. “É quase como uma forma de retomar minimamente a rotina que ele tinha fora do hospital.”

A experiência de Ednéia Milani, de 36 anos, confirma isso. Ela foi internada com suspeita de hepatite e, ao participar da colheita no hospital, lembrou com saudade da horta que cultiva em sua casa. “Eu tenho uma horta frutífera em casa, então esse contato é muito importante, ainda mais para mim que já tenho costume de fazer isso”, diz.

Ela também vai poder consumir as ervas colhidas na horta do hospital em suas próximas refeições. “O que o paciente colhe é inserido nas refeições dele. A Ednéia, por exemplo, escolheu macarrão com molho pesto e manjericão e um suco de abacaxi com hortelã. A ação se estende até a hora do jantar”, explica a gerente de nutrição do Hospital Salvalus.

José Carlos Macedo, de 62 anos, na horta do hospital: novas possibilidades de alimentação Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Educação alimentar

Essas novas possibilidades em relação à alimentação são novidades na vida de José Carlos Macedo, de 62 anos, que está internado há quase uma semana. Ele garante que quer levar a prática para além dos corredores do hospital. “Achei interessante a horta, porque vi que é possível fazer em casa e consumir os alimentos que a gente mesmo plantou”, conta.

A gerente de nutrição do hospital afirma que, por ser diabético, Macedo está passando por um processo de reeducação alimentar e a hortoterapia tem ajudado nisso. “Ele me disse que só comia arroz e feijão, mas propus para ele experimentar um arroz integral com as ervas que ele mesmo colheu”, diz Fernanda, que garante que o desafio foi aceito por ele.

As hortas também são uma possibilidade de complemento ao tratamento clínico do paciente. A somatória de todos os benefícios da hortoterapia permite melhores respostas aos tratamentos recebidos no ambiente hospitalar, avalia Anne. “O tratamento passa a ser feito de uma forma integral, que vai além do tratamento médico”, defende a psicóloga.

“É uma maneira de dar um respiro para o paciente que está internado”, acrescenta Fernanda. A gerente de nutrição conta que o objetivo da horta é também trazer uma perspectiva humana para o tratamento. “O ambiente hospitalar é necessário, mas não é bom estar aqui. Por isso, a humanização é importante para uma melhor recuperação do paciente.”

Hortoterapia dentro de casa

É possível construir e manter uma horta dentro de casa e aproveitar os benefícios que ela pode te trazer, como a sensação de bem-estar e diminuição do estresse.

Veja as dicas para construir a sua:

  • Escolha o que vai plantar - O primeiro passo é definir o que será plantado. Existe uma infinidade de possibilidades, porém a ambientalista e agricultora Claudia Visoni indica algumas opções, como salsinha, cebolinha, manjericão, coentro e hortelã. “O ideal para quem está começando são essas plantas, porque são bem fáceis de cultivar”, explica.
  • Defina o local da sua horta - Com as sementes escolhidas em mãos, é hora de escolher onde plantá-las. Lembre-se que o espaço disponível não é fator limitante. Você consegue ter uma horta em um quintal espaçoso, mas também no parapeito de uma janela.
  • Opte por vasos de cerâmica - Segundo a ambientalista, vasos de cerâmica permitem que a planta respire e tenha isolação térmica – o que é bastante importante para sua sobrevivência.
  • Cuidado com a irrigação - “Plantas urbanas morrem muito mais de excesso de água do que pela falta dela”, explica a ambientalista. Com o próprio dedo você consegue saber se a planta precisa de irrigação. É simples: com a terra encharcada não precisa colocar mais água; a terra úmida pede a irrigação de uma pequena quantidade; terra seca exige irrigação em abundância.
  • Se puder, tenha uma composteira - “Você pode colocar todo tipo de matéria orgânica que se decompõe dentro da composteira”, explica Claudia, que recomenda cascas de alimentos, folhas e serragem. Quando eles forem transformados em adubo, após cerca de três meses, você pode cobrir a terra para ajudar no crescimento das plantas.
  • Tentativa e erro - O cultivo de plantas não é uma ciência exata. Então, fique tranquilo: você vai errar. “Algumas coisas vão dar certo e outras não vão dar. Você precisa observar o desenvolvimento das plantas e com o tempo vai pegando o jeito.”

Cultivar plantas, flores e hortaliças pode ser terapêutico, especialmente para aqueles que passam por longos períodos de internação. Um hospital da zona leste de São Paulo aposta na chamada hortoterapia, por meio do contato com a natureza e da utilização de métodos da jardinagem, para reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar dos pacientes.

Evellyn Oliveira, que está há 100 dias internada no Hospital Salvalus já percebe os benefícios da hortoterapia. Aos 25 anos, ela foi diagnosticada com leucemia, uma condição que impede os glóbulos brancos do sangue de executarem sua correta função de defesa do organismo. O tratamento exige que Evellyn fique no hospital com acompanhamento médico diário, o que muitas vezes a deixa ociosa. “Há muito tempo eu já queria sair do quarto, ir para outros lugares e fazer coisas além de exames”, conta ela, que teve essa oportunidade a partir da horta do hospital.

O projeto é resultado da vontade de Fernanda Rodrigues, nutricionista e gerente de nutrição do hospital, e do apoio de Andrea Tinoco, gerente administrativa e de hotelaria. Fernanda conta que a horta surgiu para oferecer aos pacientes experiências positivas em contato com a natureza. “A hortoterapia permite que o paciente tenha uma projeção de algo que ele vai fazer quando sair daqui ou para ter uma lembrança de algo que ele fazia antes da internação. Mas ela já é positiva só pelo fato dele ter saído do quarto.”

A horta que complementa o tratamento no Hospital Salvalus, na zona leste de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Controle da ansiedade

A hortoterapia também é importante no controle da ansiedade. Isso porque pacientes internados acabam passando boa parte do tempo dentro dos quartos. A interação com outras pessoas é bastante reduzida: quando não acontece com médicos e enfermeiros, é com as visitas de familiares e amigos, mas com horários definidos para acontecer.

Todo esse contexto deixa os pacientes bastante ansiosos, conforme avalia Anne Luisa Nardi, psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). “O contato com a natureza melhora a saúde mental deles, visto que permite que eles possam respirar ar puro e sair do ambiente onde vivem todos os dias.”

Segundo a psicóloga, os pacientes ficam ansiosos pensando na vida antes da internação ou presos no futuro, projetando a vida após a alta médica. “O plantio e o manejo de uma horta permitem ao paciente focar no momento presente. Por isso, as angústias e a ansiedade acabam diminuindo, quase como uma atividade meditativa”, explica.

Senso de utilidade

Outro benefício apontado pela psicóloga é promover o senso de utilidade dos pacientes. “O período de internação costuma deixar as pessoas mais ociosas, porque estão longe do trabalho e da rotina diária em casa”, explica Anne. Por isso, desempenhar atividades em que é possível ver o resultado do seu próprio trabalho, como a colheita da horta, tem efeitos positivos. “É quase como uma forma de retomar minimamente a rotina que ele tinha fora do hospital.”

A experiência de Ednéia Milani, de 36 anos, confirma isso. Ela foi internada com suspeita de hepatite e, ao participar da colheita no hospital, lembrou com saudade da horta que cultiva em sua casa. “Eu tenho uma horta frutífera em casa, então esse contato é muito importante, ainda mais para mim que já tenho costume de fazer isso”, diz.

Ela também vai poder consumir as ervas colhidas na horta do hospital em suas próximas refeições. “O que o paciente colhe é inserido nas refeições dele. A Ednéia, por exemplo, escolheu macarrão com molho pesto e manjericão e um suco de abacaxi com hortelã. A ação se estende até a hora do jantar”, explica a gerente de nutrição do Hospital Salvalus.

José Carlos Macedo, de 62 anos, na horta do hospital: novas possibilidades de alimentação Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Educação alimentar

Essas novas possibilidades em relação à alimentação são novidades na vida de José Carlos Macedo, de 62 anos, que está internado há quase uma semana. Ele garante que quer levar a prática para além dos corredores do hospital. “Achei interessante a horta, porque vi que é possível fazer em casa e consumir os alimentos que a gente mesmo plantou”, conta.

A gerente de nutrição do hospital afirma que, por ser diabético, Macedo está passando por um processo de reeducação alimentar e a hortoterapia tem ajudado nisso. “Ele me disse que só comia arroz e feijão, mas propus para ele experimentar um arroz integral com as ervas que ele mesmo colheu”, diz Fernanda, que garante que o desafio foi aceito por ele.

As hortas também são uma possibilidade de complemento ao tratamento clínico do paciente. A somatória de todos os benefícios da hortoterapia permite melhores respostas aos tratamentos recebidos no ambiente hospitalar, avalia Anne. “O tratamento passa a ser feito de uma forma integral, que vai além do tratamento médico”, defende a psicóloga.

“É uma maneira de dar um respiro para o paciente que está internado”, acrescenta Fernanda. A gerente de nutrição conta que o objetivo da horta é também trazer uma perspectiva humana para o tratamento. “O ambiente hospitalar é necessário, mas não é bom estar aqui. Por isso, a humanização é importante para uma melhor recuperação do paciente.”

Hortoterapia dentro de casa

É possível construir e manter uma horta dentro de casa e aproveitar os benefícios que ela pode te trazer, como a sensação de bem-estar e diminuição do estresse.

Veja as dicas para construir a sua:

  • Escolha o que vai plantar - O primeiro passo é definir o que será plantado. Existe uma infinidade de possibilidades, porém a ambientalista e agricultora Claudia Visoni indica algumas opções, como salsinha, cebolinha, manjericão, coentro e hortelã. “O ideal para quem está começando são essas plantas, porque são bem fáceis de cultivar”, explica.
  • Defina o local da sua horta - Com as sementes escolhidas em mãos, é hora de escolher onde plantá-las. Lembre-se que o espaço disponível não é fator limitante. Você consegue ter uma horta em um quintal espaçoso, mas também no parapeito de uma janela.
  • Opte por vasos de cerâmica - Segundo a ambientalista, vasos de cerâmica permitem que a planta respire e tenha isolação térmica – o que é bastante importante para sua sobrevivência.
  • Cuidado com a irrigação - “Plantas urbanas morrem muito mais de excesso de água do que pela falta dela”, explica a ambientalista. Com o próprio dedo você consegue saber se a planta precisa de irrigação. É simples: com a terra encharcada não precisa colocar mais água; a terra úmida pede a irrigação de uma pequena quantidade; terra seca exige irrigação em abundância.
  • Se puder, tenha uma composteira - “Você pode colocar todo tipo de matéria orgânica que se decompõe dentro da composteira”, explica Claudia, que recomenda cascas de alimentos, folhas e serragem. Quando eles forem transformados em adubo, após cerca de três meses, você pode cobrir a terra para ajudar no crescimento das plantas.
  • Tentativa e erro - O cultivo de plantas não é uma ciência exata. Então, fique tranquilo: você vai errar. “Algumas coisas vão dar certo e outras não vão dar. Você precisa observar o desenvolvimento das plantas e com o tempo vai pegando o jeito.”

Cultivar plantas, flores e hortaliças pode ser terapêutico, especialmente para aqueles que passam por longos períodos de internação. Um hospital da zona leste de São Paulo aposta na chamada hortoterapia, por meio do contato com a natureza e da utilização de métodos da jardinagem, para reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar dos pacientes.

Evellyn Oliveira, que está há 100 dias internada no Hospital Salvalus já percebe os benefícios da hortoterapia. Aos 25 anos, ela foi diagnosticada com leucemia, uma condição que impede os glóbulos brancos do sangue de executarem sua correta função de defesa do organismo. O tratamento exige que Evellyn fique no hospital com acompanhamento médico diário, o que muitas vezes a deixa ociosa. “Há muito tempo eu já queria sair do quarto, ir para outros lugares e fazer coisas além de exames”, conta ela, que teve essa oportunidade a partir da horta do hospital.

O projeto é resultado da vontade de Fernanda Rodrigues, nutricionista e gerente de nutrição do hospital, e do apoio de Andrea Tinoco, gerente administrativa e de hotelaria. Fernanda conta que a horta surgiu para oferecer aos pacientes experiências positivas em contato com a natureza. “A hortoterapia permite que o paciente tenha uma projeção de algo que ele vai fazer quando sair daqui ou para ter uma lembrança de algo que ele fazia antes da internação. Mas ela já é positiva só pelo fato dele ter saído do quarto.”

A horta que complementa o tratamento no Hospital Salvalus, na zona leste de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Controle da ansiedade

A hortoterapia também é importante no controle da ansiedade. Isso porque pacientes internados acabam passando boa parte do tempo dentro dos quartos. A interação com outras pessoas é bastante reduzida: quando não acontece com médicos e enfermeiros, é com as visitas de familiares e amigos, mas com horários definidos para acontecer.

Todo esse contexto deixa os pacientes bastante ansiosos, conforme avalia Anne Luisa Nardi, psicóloga do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC). “O contato com a natureza melhora a saúde mental deles, visto que permite que eles possam respirar ar puro e sair do ambiente onde vivem todos os dias.”

Segundo a psicóloga, os pacientes ficam ansiosos pensando na vida antes da internação ou presos no futuro, projetando a vida após a alta médica. “O plantio e o manejo de uma horta permitem ao paciente focar no momento presente. Por isso, as angústias e a ansiedade acabam diminuindo, quase como uma atividade meditativa”, explica.

Senso de utilidade

Outro benefício apontado pela psicóloga é promover o senso de utilidade dos pacientes. “O período de internação costuma deixar as pessoas mais ociosas, porque estão longe do trabalho e da rotina diária em casa”, explica Anne. Por isso, desempenhar atividades em que é possível ver o resultado do seu próprio trabalho, como a colheita da horta, tem efeitos positivos. “É quase como uma forma de retomar minimamente a rotina que ele tinha fora do hospital.”

A experiência de Ednéia Milani, de 36 anos, confirma isso. Ela foi internada com suspeita de hepatite e, ao participar da colheita no hospital, lembrou com saudade da horta que cultiva em sua casa. “Eu tenho uma horta frutífera em casa, então esse contato é muito importante, ainda mais para mim que já tenho costume de fazer isso”, diz.

Ela também vai poder consumir as ervas colhidas na horta do hospital em suas próximas refeições. “O que o paciente colhe é inserido nas refeições dele. A Ednéia, por exemplo, escolheu macarrão com molho pesto e manjericão e um suco de abacaxi com hortelã. A ação se estende até a hora do jantar”, explica a gerente de nutrição do Hospital Salvalus.

José Carlos Macedo, de 62 anos, na horta do hospital: novas possibilidades de alimentação Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Educação alimentar

Essas novas possibilidades em relação à alimentação são novidades na vida de José Carlos Macedo, de 62 anos, que está internado há quase uma semana. Ele garante que quer levar a prática para além dos corredores do hospital. “Achei interessante a horta, porque vi que é possível fazer em casa e consumir os alimentos que a gente mesmo plantou”, conta.

A gerente de nutrição do hospital afirma que, por ser diabético, Macedo está passando por um processo de reeducação alimentar e a hortoterapia tem ajudado nisso. “Ele me disse que só comia arroz e feijão, mas propus para ele experimentar um arroz integral com as ervas que ele mesmo colheu”, diz Fernanda, que garante que o desafio foi aceito por ele.

As hortas também são uma possibilidade de complemento ao tratamento clínico do paciente. A somatória de todos os benefícios da hortoterapia permite melhores respostas aos tratamentos recebidos no ambiente hospitalar, avalia Anne. “O tratamento passa a ser feito de uma forma integral, que vai além do tratamento médico”, defende a psicóloga.

“É uma maneira de dar um respiro para o paciente que está internado”, acrescenta Fernanda. A gerente de nutrição conta que o objetivo da horta é também trazer uma perspectiva humana para o tratamento. “O ambiente hospitalar é necessário, mas não é bom estar aqui. Por isso, a humanização é importante para uma melhor recuperação do paciente.”

Hortoterapia dentro de casa

É possível construir e manter uma horta dentro de casa e aproveitar os benefícios que ela pode te trazer, como a sensação de bem-estar e diminuição do estresse.

Veja as dicas para construir a sua:

  • Escolha o que vai plantar - O primeiro passo é definir o que será plantado. Existe uma infinidade de possibilidades, porém a ambientalista e agricultora Claudia Visoni indica algumas opções, como salsinha, cebolinha, manjericão, coentro e hortelã. “O ideal para quem está começando são essas plantas, porque são bem fáceis de cultivar”, explica.
  • Defina o local da sua horta - Com as sementes escolhidas em mãos, é hora de escolher onde plantá-las. Lembre-se que o espaço disponível não é fator limitante. Você consegue ter uma horta em um quintal espaçoso, mas também no parapeito de uma janela.
  • Opte por vasos de cerâmica - Segundo a ambientalista, vasos de cerâmica permitem que a planta respire e tenha isolação térmica – o que é bastante importante para sua sobrevivência.
  • Cuidado com a irrigação - “Plantas urbanas morrem muito mais de excesso de água do que pela falta dela”, explica a ambientalista. Com o próprio dedo você consegue saber se a planta precisa de irrigação. É simples: com a terra encharcada não precisa colocar mais água; a terra úmida pede a irrigação de uma pequena quantidade; terra seca exige irrigação em abundância.
  • Se puder, tenha uma composteira - “Você pode colocar todo tipo de matéria orgânica que se decompõe dentro da composteira”, explica Claudia, que recomenda cascas de alimentos, folhas e serragem. Quando eles forem transformados em adubo, após cerca de três meses, você pode cobrir a terra para ajudar no crescimento das plantas.
  • Tentativa e erro - O cultivo de plantas não é uma ciência exata. Então, fique tranquilo: você vai errar. “Algumas coisas vão dar certo e outras não vão dar. Você precisa observar o desenvolvimento das plantas e com o tempo vai pegando o jeito.”

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