Hospitais de elite de São Paulo veem aumento de internações da covid-19


Médicos atribuem alta ao relaxamento da quarentena na classe média alta nas últimas semanas; gestores já discutem reativar leitos exclusivos para a doença

Por Felipe Resk, Ludimila Honorato e João Ker

SÃO PAULO - Com alta de infecções na classe média constatada na capital paulista, hospitais privados de São Paulo voltaram a registrar aumento de atendimentos e internações por covid-19 ao longo do último mês. Já na rede pública municipal, boletins epidemiológicos da Prefeitura mostram que o índice vinha recuando significativamente mês a mês, mas acabou estacionando em novembro.

Sírio-Libanês voltou a registrar alta no número de pacientes com suspeita de covid-19 Foto: Alex Silva/Estadão
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No Hospital Sírio-Libanês, por exemplo, o número de internações por covid havia recuado para 80 em outubro e agora voltou a registrar 120, o mesmo patamar de abril, fase mais aguda da pandemia. Entre os pacientes, 50 estão na UTI.

Já o HCor, no Paraíso, na zona sul, chegou a internar cem pessoas no período mais crítico, mas viu o índice cair nos meses seguintes. Há três semanas, porém, as internações subiram de novo: de 17 registros, em 20 de outubro, para 30, no último dia do mês. Em novembro, só nos três primeiros dias os internados foram superiores a 30. Desde o dia 4, esse número flutua entre 23 e 29. Esses dados foram publicados pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e confirmados pelo Estadão.

"Em nenhum dos dias, o índice foi inferior ao de 20 internações diárias", diz o HCor, em nota. Considerando só leitos de UTI, havia 13 pessoas no hospital por casos confirmados ou suspeitos de coronavírus no início desta semana. Em 1º de novembro, a Coluna do Estadão já havia informado sobre a alta ocupação de UTIs particulares na capital, com casos de pacientes vindos de outros Estados.

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O Hospital Vila Nova Star, que atende principalmente público de alta renda, confirma, em nota, que houve “aumento no número de pacientes com suspeita de covid” no pronto-socorro, mas não informou o número de atendimentos.“Ressalta, porém, que a quantidade de internações permanece estável”, diz o comunicado.

Por sua vez, o São Camilo afirma ter notado crescimento “gradual e muito sutil” tanto nas internações quanto nos atendimentos do PS. Em 13 de setembro, a unidade registrava 39 pacientes internados -- média que se manteve pelo mês seguinte. Agora são 45, segundo último boletim do hospital.

Outras unidades, como o Einstein,mantiveram o índice estável no último mês Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO
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"Desde o dia 12 de outubro, temos constatado uma reversão da tendência de queda e, em alguns hospitais privados, aumento de internações”, descreve o especialista em saúde pública Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, que reúne e monitora boletins de unidades na capital. “O crescimento observado é lento e gradual", e não acelerado como em abril. 

O monitoramento tem notado, ainda, alta no número de pacientes em prontos-socorros dessas unidades por suspeita de coronavírus, segundo Bittencourt. "O aumento de infecções é principalmente entre os mais jovens, grupo que está mais cansado do isolamento social e tem menor chance de evoluir para quadro grave", diz. Ainda assim, gestores de alguns hospitais já discutem reativar comitês de crise e retomar leitos exclusivos para covid.

Bittencourt explica que não existe banco de dados público sobre ocupação na rede privada e as informações dependem de divulgação voluntária de cada unidade. Ele também pondera que hospitais de referência acabam recebendo grande volume de pacientes de outras cidades ou Estados. 

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Brasil tem de deixar de ser um 'País de maricas', disse Bolsonaro

Ao comentar a situação da pandemia no País nesta terça-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil tinha de deixar de ser "um País de maricas". “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas", disse ele. O presidente e boa parte dos seus auxiliares abandonaram o uso de máscaras, proteção que pode auxiliar na contenção da propagação da doença. 

 

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Também há outras unidades que mantiveram o índice estável no último mês. No início de abril, por exemplo, o Albert Einstein chegou a ter 135 pacientes internados por covid, 112 deles na UTI -- número que caiu para 56 em outubro. Nesta semana, eram 59. 

Fernando Gatti, coordenador médico do serviço de controle de infecção hospitalar do Einstein, acredita que há um efeito de redistribuição de casos não atendidos pelo Einstein. “Recusamos pacientes de outros municípios e Estados pelo grande volume de cirurgias eletivas que voltamos a assumir. Optamos por assumir essa demanda que ficou um bom tempo reprimida”, explica. Para ele, a alta de internações agora é uma "impressão" de aumento, mas em breve haverá crescimento de casos, diante do relaxamento de cuidados da população. 

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) afirma que, diante de amostra pequena, seria cedo para afirmar que houve aumento de casos. Em São Paulo, há 116 hospitais privados, sem contar os filantrópicos. A federação também diz não dispor de levantamento geral por enquanto.

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Para o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), os dados podem ser sazonais. "Nesses hospitais, até onde se tem notícia, os dados indicam que o número de internações aumentou, mas isso não quer dizer que esse aumento possa e deva, necessariamente, ser um indicativo de que vai acontecer na cidade e no Estado de São Paulo como um todo", pondera o presidente Francisco Balestrin.

Segundo ele, também não é possível afirmar que há 2ª onda da pandemia na cidade. "Em março e abril, foram esses hospitais que começaram a ter aumento de pacientes, porque o vírus começou a pegar nas pessoas de classes A e B”, diz. “Esse mesmo grupo socioeconômico, de alguma forma, está se expondo mais agora, desrespeitando o distanciamento social, o uso de máscara, aparentemente sendo displicente com isso."

"As pessoas abriram mão do distanciamento social, da higienização das mãos com álcool em gel e do uso correto de máscara, e voltaram a fazer festas, reunir amigos em grupos grandes, viajarem com grupos que não são do convívio diário, irem a bares e restaurantes", avalia Raquel Stucchi, professora de Infectologia da Unicamp . "A pandemia começou no Brasil pelos mais ricos, que tinham viajado para a Europa. Depois, se estendeu para a população mais periférica, que precisou sair para trabalhar e não conseguia ficar em casa isolada. Agora, possivelmente, temos pessoas que estavam em home office e circularam menos, mas começaram a sair sem os cuidados devidos, expondo-se ao vírus', acrescenta. 

Nos hospitais municipais, internações pararam de cair

Já nos hospitais municipais, boletins epidemiológicos da gestão Bruno Covas (PSDB) indicam que, em geral, as internações pararam de cair em novembro. No dia 1.º, havia 642 pacientes por covid, considerando unidades da Prefeitura e leitos contratadosna rede privada. Já na quarta-feira, 10, eram 655 internados, segundo o boletim mais recente.

Esse comportamento contrasta com o que vinha sendo observado nos meses anteriores, com quedas consecutivas na capital paulista. Entre os dias 1º e 15 de outubro, por exemplo, São Paulo havia saído de 807 internações para 623, um recuo de 22,8% em duas semanas, que fez a cidade chegar ao patamar atual. Para comparação, o patamar era de 1.200 casos, em agosto, e 930, em setembro.

SÃO PAULO - Com alta de infecções na classe média constatada na capital paulista, hospitais privados de São Paulo voltaram a registrar aumento de atendimentos e internações por covid-19 ao longo do último mês. Já na rede pública municipal, boletins epidemiológicos da Prefeitura mostram que o índice vinha recuando significativamente mês a mês, mas acabou estacionando em novembro.

Sírio-Libanês voltou a registrar alta no número de pacientes com suspeita de covid-19 Foto: Alex Silva/Estadão

No Hospital Sírio-Libanês, por exemplo, o número de internações por covid havia recuado para 80 em outubro e agora voltou a registrar 120, o mesmo patamar de abril, fase mais aguda da pandemia. Entre os pacientes, 50 estão na UTI.

Já o HCor, no Paraíso, na zona sul, chegou a internar cem pessoas no período mais crítico, mas viu o índice cair nos meses seguintes. Há três semanas, porém, as internações subiram de novo: de 17 registros, em 20 de outubro, para 30, no último dia do mês. Em novembro, só nos três primeiros dias os internados foram superiores a 30. Desde o dia 4, esse número flutua entre 23 e 29. Esses dados foram publicados pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e confirmados pelo Estadão.

"Em nenhum dos dias, o índice foi inferior ao de 20 internações diárias", diz o HCor, em nota. Considerando só leitos de UTI, havia 13 pessoas no hospital por casos confirmados ou suspeitos de coronavírus no início desta semana. Em 1º de novembro, a Coluna do Estadão já havia informado sobre a alta ocupação de UTIs particulares na capital, com casos de pacientes vindos de outros Estados.

O Hospital Vila Nova Star, que atende principalmente público de alta renda, confirma, em nota, que houve “aumento no número de pacientes com suspeita de covid” no pronto-socorro, mas não informou o número de atendimentos.“Ressalta, porém, que a quantidade de internações permanece estável”, diz o comunicado.

Por sua vez, o São Camilo afirma ter notado crescimento “gradual e muito sutil” tanto nas internações quanto nos atendimentos do PS. Em 13 de setembro, a unidade registrava 39 pacientes internados -- média que se manteve pelo mês seguinte. Agora são 45, segundo último boletim do hospital.

Outras unidades, como o Einstein,mantiveram o índice estável no último mês Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

"Desde o dia 12 de outubro, temos constatado uma reversão da tendência de queda e, em alguns hospitais privados, aumento de internações”, descreve o especialista em saúde pública Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, que reúne e monitora boletins de unidades na capital. “O crescimento observado é lento e gradual", e não acelerado como em abril. 

O monitoramento tem notado, ainda, alta no número de pacientes em prontos-socorros dessas unidades por suspeita de coronavírus, segundo Bittencourt. "O aumento de infecções é principalmente entre os mais jovens, grupo que está mais cansado do isolamento social e tem menor chance de evoluir para quadro grave", diz. Ainda assim, gestores de alguns hospitais já discutem reativar comitês de crise e retomar leitos exclusivos para covid.

Bittencourt explica que não existe banco de dados público sobre ocupação na rede privada e as informações dependem de divulgação voluntária de cada unidade. Ele também pondera que hospitais de referência acabam recebendo grande volume de pacientes de outras cidades ou Estados. 

Brasil tem de deixar de ser um 'País de maricas', disse Bolsonaro

Ao comentar a situação da pandemia no País nesta terça-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil tinha de deixar de ser "um País de maricas". “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas", disse ele. O presidente e boa parte dos seus auxiliares abandonaram o uso de máscaras, proteção que pode auxiliar na contenção da propagação da doença. 

 

Também há outras unidades que mantiveram o índice estável no último mês. No início de abril, por exemplo, o Albert Einstein chegou a ter 135 pacientes internados por covid, 112 deles na UTI -- número que caiu para 56 em outubro. Nesta semana, eram 59. 

Fernando Gatti, coordenador médico do serviço de controle de infecção hospitalar do Einstein, acredita que há um efeito de redistribuição de casos não atendidos pelo Einstein. “Recusamos pacientes de outros municípios e Estados pelo grande volume de cirurgias eletivas que voltamos a assumir. Optamos por assumir essa demanda que ficou um bom tempo reprimida”, explica. Para ele, a alta de internações agora é uma "impressão" de aumento, mas em breve haverá crescimento de casos, diante do relaxamento de cuidados da população. 

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) afirma que, diante de amostra pequena, seria cedo para afirmar que houve aumento de casos. Em São Paulo, há 116 hospitais privados, sem contar os filantrópicos. A federação também diz não dispor de levantamento geral por enquanto.

Para o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), os dados podem ser sazonais. "Nesses hospitais, até onde se tem notícia, os dados indicam que o número de internações aumentou, mas isso não quer dizer que esse aumento possa e deva, necessariamente, ser um indicativo de que vai acontecer na cidade e no Estado de São Paulo como um todo", pondera o presidente Francisco Balestrin.

Segundo ele, também não é possível afirmar que há 2ª onda da pandemia na cidade. "Em março e abril, foram esses hospitais que começaram a ter aumento de pacientes, porque o vírus começou a pegar nas pessoas de classes A e B”, diz. “Esse mesmo grupo socioeconômico, de alguma forma, está se expondo mais agora, desrespeitando o distanciamento social, o uso de máscara, aparentemente sendo displicente com isso."

"As pessoas abriram mão do distanciamento social, da higienização das mãos com álcool em gel e do uso correto de máscara, e voltaram a fazer festas, reunir amigos em grupos grandes, viajarem com grupos que não são do convívio diário, irem a bares e restaurantes", avalia Raquel Stucchi, professora de Infectologia da Unicamp . "A pandemia começou no Brasil pelos mais ricos, que tinham viajado para a Europa. Depois, se estendeu para a população mais periférica, que precisou sair para trabalhar e não conseguia ficar em casa isolada. Agora, possivelmente, temos pessoas que estavam em home office e circularam menos, mas começaram a sair sem os cuidados devidos, expondo-se ao vírus', acrescenta. 

Nos hospitais municipais, internações pararam de cair

Já nos hospitais municipais, boletins epidemiológicos da gestão Bruno Covas (PSDB) indicam que, em geral, as internações pararam de cair em novembro. No dia 1.º, havia 642 pacientes por covid, considerando unidades da Prefeitura e leitos contratadosna rede privada. Já na quarta-feira, 10, eram 655 internados, segundo o boletim mais recente.

Esse comportamento contrasta com o que vinha sendo observado nos meses anteriores, com quedas consecutivas na capital paulista. Entre os dias 1º e 15 de outubro, por exemplo, São Paulo havia saído de 807 internações para 623, um recuo de 22,8% em duas semanas, que fez a cidade chegar ao patamar atual. Para comparação, o patamar era de 1.200 casos, em agosto, e 930, em setembro.

SÃO PAULO - Com alta de infecções na classe média constatada na capital paulista, hospitais privados de São Paulo voltaram a registrar aumento de atendimentos e internações por covid-19 ao longo do último mês. Já na rede pública municipal, boletins epidemiológicos da Prefeitura mostram que o índice vinha recuando significativamente mês a mês, mas acabou estacionando em novembro.

Sírio-Libanês voltou a registrar alta no número de pacientes com suspeita de covid-19 Foto: Alex Silva/Estadão

No Hospital Sírio-Libanês, por exemplo, o número de internações por covid havia recuado para 80 em outubro e agora voltou a registrar 120, o mesmo patamar de abril, fase mais aguda da pandemia. Entre os pacientes, 50 estão na UTI.

Já o HCor, no Paraíso, na zona sul, chegou a internar cem pessoas no período mais crítico, mas viu o índice cair nos meses seguintes. Há três semanas, porém, as internações subiram de novo: de 17 registros, em 20 de outubro, para 30, no último dia do mês. Em novembro, só nos três primeiros dias os internados foram superiores a 30. Desde o dia 4, esse número flutua entre 23 e 29. Esses dados foram publicados pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e confirmados pelo Estadão.

"Em nenhum dos dias, o índice foi inferior ao de 20 internações diárias", diz o HCor, em nota. Considerando só leitos de UTI, havia 13 pessoas no hospital por casos confirmados ou suspeitos de coronavírus no início desta semana. Em 1º de novembro, a Coluna do Estadão já havia informado sobre a alta ocupação de UTIs particulares na capital, com casos de pacientes vindos de outros Estados.

O Hospital Vila Nova Star, que atende principalmente público de alta renda, confirma, em nota, que houve “aumento no número de pacientes com suspeita de covid” no pronto-socorro, mas não informou o número de atendimentos.“Ressalta, porém, que a quantidade de internações permanece estável”, diz o comunicado.

Por sua vez, o São Camilo afirma ter notado crescimento “gradual e muito sutil” tanto nas internações quanto nos atendimentos do PS. Em 13 de setembro, a unidade registrava 39 pacientes internados -- média que se manteve pelo mês seguinte. Agora são 45, segundo último boletim do hospital.

Outras unidades, como o Einstein,mantiveram o índice estável no último mês Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

"Desde o dia 12 de outubro, temos constatado uma reversão da tendência de queda e, em alguns hospitais privados, aumento de internações”, descreve o especialista em saúde pública Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, que reúne e monitora boletins de unidades na capital. “O crescimento observado é lento e gradual", e não acelerado como em abril. 

O monitoramento tem notado, ainda, alta no número de pacientes em prontos-socorros dessas unidades por suspeita de coronavírus, segundo Bittencourt. "O aumento de infecções é principalmente entre os mais jovens, grupo que está mais cansado do isolamento social e tem menor chance de evoluir para quadro grave", diz. Ainda assim, gestores de alguns hospitais já discutem reativar comitês de crise e retomar leitos exclusivos para covid.

Bittencourt explica que não existe banco de dados público sobre ocupação na rede privada e as informações dependem de divulgação voluntária de cada unidade. Ele também pondera que hospitais de referência acabam recebendo grande volume de pacientes de outras cidades ou Estados. 

Brasil tem de deixar de ser um 'País de maricas', disse Bolsonaro

Ao comentar a situação da pandemia no País nesta terça-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil tinha de deixar de ser "um País de maricas". “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas", disse ele. O presidente e boa parte dos seus auxiliares abandonaram o uso de máscaras, proteção que pode auxiliar na contenção da propagação da doença. 

 

Também há outras unidades que mantiveram o índice estável no último mês. No início de abril, por exemplo, o Albert Einstein chegou a ter 135 pacientes internados por covid, 112 deles na UTI -- número que caiu para 56 em outubro. Nesta semana, eram 59. 

Fernando Gatti, coordenador médico do serviço de controle de infecção hospitalar do Einstein, acredita que há um efeito de redistribuição de casos não atendidos pelo Einstein. “Recusamos pacientes de outros municípios e Estados pelo grande volume de cirurgias eletivas que voltamos a assumir. Optamos por assumir essa demanda que ficou um bom tempo reprimida”, explica. Para ele, a alta de internações agora é uma "impressão" de aumento, mas em breve haverá crescimento de casos, diante do relaxamento de cuidados da população. 

A Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) afirma que, diante de amostra pequena, seria cedo para afirmar que houve aumento de casos. Em São Paulo, há 116 hospitais privados, sem contar os filantrópicos. A federação também diz não dispor de levantamento geral por enquanto.

Para o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), os dados podem ser sazonais. "Nesses hospitais, até onde se tem notícia, os dados indicam que o número de internações aumentou, mas isso não quer dizer que esse aumento possa e deva, necessariamente, ser um indicativo de que vai acontecer na cidade e no Estado de São Paulo como um todo", pondera o presidente Francisco Balestrin.

Segundo ele, também não é possível afirmar que há 2ª onda da pandemia na cidade. "Em março e abril, foram esses hospitais que começaram a ter aumento de pacientes, porque o vírus começou a pegar nas pessoas de classes A e B”, diz. “Esse mesmo grupo socioeconômico, de alguma forma, está se expondo mais agora, desrespeitando o distanciamento social, o uso de máscara, aparentemente sendo displicente com isso."

"As pessoas abriram mão do distanciamento social, da higienização das mãos com álcool em gel e do uso correto de máscara, e voltaram a fazer festas, reunir amigos em grupos grandes, viajarem com grupos que não são do convívio diário, irem a bares e restaurantes", avalia Raquel Stucchi, professora de Infectologia da Unicamp . "A pandemia começou no Brasil pelos mais ricos, que tinham viajado para a Europa. Depois, se estendeu para a população mais periférica, que precisou sair para trabalhar e não conseguia ficar em casa isolada. Agora, possivelmente, temos pessoas que estavam em home office e circularam menos, mas começaram a sair sem os cuidados devidos, expondo-se ao vírus', acrescenta. 

Nos hospitais municipais, internações pararam de cair

Já nos hospitais municipais, boletins epidemiológicos da gestão Bruno Covas (PSDB) indicam que, em geral, as internações pararam de cair em novembro. No dia 1.º, havia 642 pacientes por covid, considerando unidades da Prefeitura e leitos contratadosna rede privada. Já na quarta-feira, 10, eram 655 internados, segundo o boletim mais recente.

Esse comportamento contrasta com o que vinha sendo observado nos meses anteriores, com quedas consecutivas na capital paulista. Entre os dias 1º e 15 de outubro, por exemplo, São Paulo havia saído de 807 internações para 623, um recuo de 22,8% em duas semanas, que fez a cidade chegar ao patamar atual. Para comparação, o patamar era de 1.200 casos, em agosto, e 930, em setembro.

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