Já ouviu falar em treinamento cognitivo? Ele pode melhorar a qualidade de vida no dia a dia


Tecnologia desenvolvida por startup usa jogos de realidade virtual e aplicativos para estimular o cérebro e aprimorar habilidades como memória e foco

Por Roseli Andrion

AGÊNCIA FAPESP – Quem nunca teve falhas de memória ou falta de foco? Ou, ainda, dificuldade de manter o controle dos impulsos durante decisões importantes? Todos esses – e outros – processos relacionados com a cognição são estudados pela neurociência e podem ser tratados a partir da estimulação cerebral. É o que promete a startup de neurociência Sensorial.

A empresa recebeu financiamento do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, e desenvolveu uma solução que usa óculos de realidade virtual para permitir o treinamento cognitivo a partir de minijogos. Além disso, com o conhecimento adquirido nessa etapa, criou aplicativos para dispositivos móveis, como smartphones e tablets.

Treinamento cognitivo pode melhorar a memória e a capacidade de foco das pessoas Foto: Visual Venture/Adobe Stock
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Segundo Caio Moreira, doutor em comportamento e cognição e diretor de ciência e tecnologia da Sensorial, o objetivo da empresa é desenvolver soluções para melhorar a vida das pessoas. “A ideia é melhorar a saúde e o desempenho cognitivo, o que, consequentemente, melhora a qualidade de vida”, avalia.

A fim de permitir isso, um dos sistemas criados pela startup emprega realidade virtual para avaliar a reação, a tomada de decisão, o controle de impulsividade, a atenção e o uso da visão periférica. “A partir daí, temos uma noção do perfil cognitivo do usuário e podemos definir o que seria importante estimular para melhorar o desempenho dele”, explica Moreira.

De acordo com o pesquisador, os apps móveis, embora não permitam a imersão possibilitada pela realidade virtual, unem a estimulação cognitiva com o movimento. “Quando estamos em movimento, a frequência cardíaca aumenta e há a mobilização de diferentes componentes no organismo, o que promove a plasticidade cerebral”, explica Moreira. “Com base nisso, por meio de um aplicativo que desenvolvemos, batizado de Sensorial Moove, a ideia é, a partir do movimento, criar um ambiente de maior plasticidade cerebral e, com a estimulação direcionada, desenvolver as capacidades cognitivas.”

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Benefícios para atletas

Durante o PIPE fase 1, os pesquisadores da empresa aplicaram o treinamento cognitivo em atletas da equipe masculina da categoria sub-17 do Palmeiras e do time feminino de vôlei das categorias sub-15 e sub-19 do Barueri. Em ambos os casos, o treinamento incluiu duas sessões semanais durante cinco semanas. Moreira afirma que houve registro de ganhos cognitivos e indicações de transferência deles para a prática.

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No Palmeiras, por exemplo, os atletas que participaram do treinamento cognitivo tiveram mais ações ofensivas em campo. “Já no Barueri, as jogadoras que tiveram maiores ganhos em quadra foram as que mais melhoraram a velocidade de resposta no treinamento”, diz. Ainda está sendo discutida a definição dos protocolos para treinamento cognitivo, mas pesquisas conduzidas na empresa apontam que entre 30 e 50 minutos por semana de uso da tecnologia já oferecem ganhos.

Recentemente, a tecnologia foi usada para melhorar o desempenho do goleiro Ederson, que atua no clube inglês Manchester City e como titular na seleção brasileira. Com a solução, o atleta melhorou a capacidade de se manter concentrado, bem como desenvolveu a atenção, a reação e a visão periférica.

O objetivo é que ele seja mais ágil para agir e decidir nas partidas, como em uma saída em escanteio, uma tentativa de abafar um chute ou em lances em que precisa jogar com os pés sob pressão. A necessidade surgiu porque Ederson atua em equipes com ataque agressivo e fica muito tempo sem tocar na bola durante o jogo.

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Por isso, ele precisa ter mais capacidade de concentração e melhor controle de impulsividade, bem como tomar melhores decisões ao longo da partida. Essas habilidades podem ser decisivas em um contra-ataque. O treinamento do goleiro com os óculos ocorre, em média, duas vezes por semana.

Algumas atividades do atleta são intercaladas com estímulos físicos. É comum que, entre as séries de força, por exemplo, ele faça exercícios cognitivos de velocidade de decisão. O objetivo é treinar o cérebro a não descansar após o esforço – ou seja, ele deve compreender que a pausa não representa um momento para desconectar.

O Manchester City venceu a Liga dos Campeões, o campeonato de futebol mais importante do continente europeu, em junho pela temporada 2022-2023 pela primeira vez e Ederson foi um dos destaques do time na reta final da competição. Em setembro, o atleta foi indicado ao prêmio de melhor goleiro de 2023 no Fifa The Best.

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Outras áreas de atuação

Embora tenha iniciado sua pesquisa no esporte, a Sensorial hoje oferece soluções para indústrias, empresas e centros de saúde. “Atualmente, estamos desenvolvendo um projeto-piloto voltado para pessoas acima de 50 anos em uma academia, por exemplo. Estamos investigando se o uso de atividades cognitivas durante o treinamento físico influencia o risco de queda – muito frequente a partir dessa faixa etária. Os primeiros dados coletados são muito animadores”, afirma Moreira.

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A startup atua, ainda, em uma indústria petroquímica e em um frigorífico com o objetivo de reduzir o índice de acidentes causados por erro humano. “No frigorífico, por exemplo, isso envolve profissionais que manipulam substâncias altamente explosivas ou máquinas de corte. Na petroquímica, a ideia é monitorar os fatores de extração de minérios para evitar riscos.”

O processo desenvolvido na petroquímica foi aplicado pela primeira vez no fim de 2020. Depois, a equipe voltou após 18 meses, em 2022. “Ao avaliar indivíduos que haviam participado na primeira ocasião, constatamos que os ganhos obtidos foram mantidos”, diz Moreira.

De acordo com ele, estudos apontam que os ganhos cognitivos conquistados a partir de treinamentos específicos podem começar a ser perdidos três meses após o fim da atividade, mas há casos em que eles são preservados por até cinco anos. “Isso pode representar que alguma reconfiguração cerebral foi mantida no dia a dia graças a outras atividades exercidas pelo indivíduo”, estima.

O objetivo da Sensorial é criar soluções que atinjam o maior número possível de indivíduos. “O celular está nas mãos da maioria das pessoas e, geralmente, é usado para ações prejudiciais ao cérebro. Ficamos satisfeitos de poder desenvolver produtos que possam trazer ganhos – principalmente para a saúde.”

O pesquisador lembra que, atualmente, é preciso estar atento a cada vez mais estímulos ao mesmo tempo, o que torna muito difícil manter a atenção às tarefas. Nesse contexto, um dos planos da startup para o futuro é usar a estimulação cognitiva em conjunto com movimento para garantir ganhos para crianças e adolescentes.

Para o pesquisador, as medidas objetivas indicadas pelos testes de cognição permitem que o participante se conheça melhor. “Se eu tenho um determinado desempenho em uma atividade e esse rendimento começa a cair, isso pode estar associado a vários processos – resultantes da modificação de como o cérebro funciona”, diz. “Queremos estar nas mãos de muita gente para promover saúde e bem-estar.”

AGÊNCIA FAPESP – Quem nunca teve falhas de memória ou falta de foco? Ou, ainda, dificuldade de manter o controle dos impulsos durante decisões importantes? Todos esses – e outros – processos relacionados com a cognição são estudados pela neurociência e podem ser tratados a partir da estimulação cerebral. É o que promete a startup de neurociência Sensorial.

A empresa recebeu financiamento do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, e desenvolveu uma solução que usa óculos de realidade virtual para permitir o treinamento cognitivo a partir de minijogos. Além disso, com o conhecimento adquirido nessa etapa, criou aplicativos para dispositivos móveis, como smartphones e tablets.

Treinamento cognitivo pode melhorar a memória e a capacidade de foco das pessoas Foto: Visual Venture/Adobe Stock

Segundo Caio Moreira, doutor em comportamento e cognição e diretor de ciência e tecnologia da Sensorial, o objetivo da empresa é desenvolver soluções para melhorar a vida das pessoas. “A ideia é melhorar a saúde e o desempenho cognitivo, o que, consequentemente, melhora a qualidade de vida”, avalia.

A fim de permitir isso, um dos sistemas criados pela startup emprega realidade virtual para avaliar a reação, a tomada de decisão, o controle de impulsividade, a atenção e o uso da visão periférica. “A partir daí, temos uma noção do perfil cognitivo do usuário e podemos definir o que seria importante estimular para melhorar o desempenho dele”, explica Moreira.

De acordo com o pesquisador, os apps móveis, embora não permitam a imersão possibilitada pela realidade virtual, unem a estimulação cognitiva com o movimento. “Quando estamos em movimento, a frequência cardíaca aumenta e há a mobilização de diferentes componentes no organismo, o que promove a plasticidade cerebral”, explica Moreira. “Com base nisso, por meio de um aplicativo que desenvolvemos, batizado de Sensorial Moove, a ideia é, a partir do movimento, criar um ambiente de maior plasticidade cerebral e, com a estimulação direcionada, desenvolver as capacidades cognitivas.”

Benefícios para atletas

Durante o PIPE fase 1, os pesquisadores da empresa aplicaram o treinamento cognitivo em atletas da equipe masculina da categoria sub-17 do Palmeiras e do time feminino de vôlei das categorias sub-15 e sub-19 do Barueri. Em ambos os casos, o treinamento incluiu duas sessões semanais durante cinco semanas. Moreira afirma que houve registro de ganhos cognitivos e indicações de transferência deles para a prática.

No Palmeiras, por exemplo, os atletas que participaram do treinamento cognitivo tiveram mais ações ofensivas em campo. “Já no Barueri, as jogadoras que tiveram maiores ganhos em quadra foram as que mais melhoraram a velocidade de resposta no treinamento”, diz. Ainda está sendo discutida a definição dos protocolos para treinamento cognitivo, mas pesquisas conduzidas na empresa apontam que entre 30 e 50 minutos por semana de uso da tecnologia já oferecem ganhos.

Recentemente, a tecnologia foi usada para melhorar o desempenho do goleiro Ederson, que atua no clube inglês Manchester City e como titular na seleção brasileira. Com a solução, o atleta melhorou a capacidade de se manter concentrado, bem como desenvolveu a atenção, a reação e a visão periférica.

O objetivo é que ele seja mais ágil para agir e decidir nas partidas, como em uma saída em escanteio, uma tentativa de abafar um chute ou em lances em que precisa jogar com os pés sob pressão. A necessidade surgiu porque Ederson atua em equipes com ataque agressivo e fica muito tempo sem tocar na bola durante o jogo.

Por isso, ele precisa ter mais capacidade de concentração e melhor controle de impulsividade, bem como tomar melhores decisões ao longo da partida. Essas habilidades podem ser decisivas em um contra-ataque. O treinamento do goleiro com os óculos ocorre, em média, duas vezes por semana.

Algumas atividades do atleta são intercaladas com estímulos físicos. É comum que, entre as séries de força, por exemplo, ele faça exercícios cognitivos de velocidade de decisão. O objetivo é treinar o cérebro a não descansar após o esforço – ou seja, ele deve compreender que a pausa não representa um momento para desconectar.

O Manchester City venceu a Liga dos Campeões, o campeonato de futebol mais importante do continente europeu, em junho pela temporada 2022-2023 pela primeira vez e Ederson foi um dos destaques do time na reta final da competição. Em setembro, o atleta foi indicado ao prêmio de melhor goleiro de 2023 no Fifa The Best.

Outras áreas de atuação

Embora tenha iniciado sua pesquisa no esporte, a Sensorial hoje oferece soluções para indústrias, empresas e centros de saúde. “Atualmente, estamos desenvolvendo um projeto-piloto voltado para pessoas acima de 50 anos em uma academia, por exemplo. Estamos investigando se o uso de atividades cognitivas durante o treinamento físico influencia o risco de queda – muito frequente a partir dessa faixa etária. Os primeiros dados coletados são muito animadores”, afirma Moreira.

A startup atua, ainda, em uma indústria petroquímica e em um frigorífico com o objetivo de reduzir o índice de acidentes causados por erro humano. “No frigorífico, por exemplo, isso envolve profissionais que manipulam substâncias altamente explosivas ou máquinas de corte. Na petroquímica, a ideia é monitorar os fatores de extração de minérios para evitar riscos.”

O processo desenvolvido na petroquímica foi aplicado pela primeira vez no fim de 2020. Depois, a equipe voltou após 18 meses, em 2022. “Ao avaliar indivíduos que haviam participado na primeira ocasião, constatamos que os ganhos obtidos foram mantidos”, diz Moreira.

De acordo com ele, estudos apontam que os ganhos cognitivos conquistados a partir de treinamentos específicos podem começar a ser perdidos três meses após o fim da atividade, mas há casos em que eles são preservados por até cinco anos. “Isso pode representar que alguma reconfiguração cerebral foi mantida no dia a dia graças a outras atividades exercidas pelo indivíduo”, estima.

O objetivo da Sensorial é criar soluções que atinjam o maior número possível de indivíduos. “O celular está nas mãos da maioria das pessoas e, geralmente, é usado para ações prejudiciais ao cérebro. Ficamos satisfeitos de poder desenvolver produtos que possam trazer ganhos – principalmente para a saúde.”

O pesquisador lembra que, atualmente, é preciso estar atento a cada vez mais estímulos ao mesmo tempo, o que torna muito difícil manter a atenção às tarefas. Nesse contexto, um dos planos da startup para o futuro é usar a estimulação cognitiva em conjunto com movimento para garantir ganhos para crianças e adolescentes.

Para o pesquisador, as medidas objetivas indicadas pelos testes de cognição permitem que o participante se conheça melhor. “Se eu tenho um determinado desempenho em uma atividade e esse rendimento começa a cair, isso pode estar associado a vários processos – resultantes da modificação de como o cérebro funciona”, diz. “Queremos estar nas mãos de muita gente para promover saúde e bem-estar.”

AGÊNCIA FAPESP – Quem nunca teve falhas de memória ou falta de foco? Ou, ainda, dificuldade de manter o controle dos impulsos durante decisões importantes? Todos esses – e outros – processos relacionados com a cognição são estudados pela neurociência e podem ser tratados a partir da estimulação cerebral. É o que promete a startup de neurociência Sensorial.

A empresa recebeu financiamento do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, e desenvolveu uma solução que usa óculos de realidade virtual para permitir o treinamento cognitivo a partir de minijogos. Além disso, com o conhecimento adquirido nessa etapa, criou aplicativos para dispositivos móveis, como smartphones e tablets.

Treinamento cognitivo pode melhorar a memória e a capacidade de foco das pessoas Foto: Visual Venture/Adobe Stock

Segundo Caio Moreira, doutor em comportamento e cognição e diretor de ciência e tecnologia da Sensorial, o objetivo da empresa é desenvolver soluções para melhorar a vida das pessoas. “A ideia é melhorar a saúde e o desempenho cognitivo, o que, consequentemente, melhora a qualidade de vida”, avalia.

A fim de permitir isso, um dos sistemas criados pela startup emprega realidade virtual para avaliar a reação, a tomada de decisão, o controle de impulsividade, a atenção e o uso da visão periférica. “A partir daí, temos uma noção do perfil cognitivo do usuário e podemos definir o que seria importante estimular para melhorar o desempenho dele”, explica Moreira.

De acordo com o pesquisador, os apps móveis, embora não permitam a imersão possibilitada pela realidade virtual, unem a estimulação cognitiva com o movimento. “Quando estamos em movimento, a frequência cardíaca aumenta e há a mobilização de diferentes componentes no organismo, o que promove a plasticidade cerebral”, explica Moreira. “Com base nisso, por meio de um aplicativo que desenvolvemos, batizado de Sensorial Moove, a ideia é, a partir do movimento, criar um ambiente de maior plasticidade cerebral e, com a estimulação direcionada, desenvolver as capacidades cognitivas.”

Benefícios para atletas

Durante o PIPE fase 1, os pesquisadores da empresa aplicaram o treinamento cognitivo em atletas da equipe masculina da categoria sub-17 do Palmeiras e do time feminino de vôlei das categorias sub-15 e sub-19 do Barueri. Em ambos os casos, o treinamento incluiu duas sessões semanais durante cinco semanas. Moreira afirma que houve registro de ganhos cognitivos e indicações de transferência deles para a prática.

No Palmeiras, por exemplo, os atletas que participaram do treinamento cognitivo tiveram mais ações ofensivas em campo. “Já no Barueri, as jogadoras que tiveram maiores ganhos em quadra foram as que mais melhoraram a velocidade de resposta no treinamento”, diz. Ainda está sendo discutida a definição dos protocolos para treinamento cognitivo, mas pesquisas conduzidas na empresa apontam que entre 30 e 50 minutos por semana de uso da tecnologia já oferecem ganhos.

Recentemente, a tecnologia foi usada para melhorar o desempenho do goleiro Ederson, que atua no clube inglês Manchester City e como titular na seleção brasileira. Com a solução, o atleta melhorou a capacidade de se manter concentrado, bem como desenvolveu a atenção, a reação e a visão periférica.

O objetivo é que ele seja mais ágil para agir e decidir nas partidas, como em uma saída em escanteio, uma tentativa de abafar um chute ou em lances em que precisa jogar com os pés sob pressão. A necessidade surgiu porque Ederson atua em equipes com ataque agressivo e fica muito tempo sem tocar na bola durante o jogo.

Por isso, ele precisa ter mais capacidade de concentração e melhor controle de impulsividade, bem como tomar melhores decisões ao longo da partida. Essas habilidades podem ser decisivas em um contra-ataque. O treinamento do goleiro com os óculos ocorre, em média, duas vezes por semana.

Algumas atividades do atleta são intercaladas com estímulos físicos. É comum que, entre as séries de força, por exemplo, ele faça exercícios cognitivos de velocidade de decisão. O objetivo é treinar o cérebro a não descansar após o esforço – ou seja, ele deve compreender que a pausa não representa um momento para desconectar.

O Manchester City venceu a Liga dos Campeões, o campeonato de futebol mais importante do continente europeu, em junho pela temporada 2022-2023 pela primeira vez e Ederson foi um dos destaques do time na reta final da competição. Em setembro, o atleta foi indicado ao prêmio de melhor goleiro de 2023 no Fifa The Best.

Outras áreas de atuação

Embora tenha iniciado sua pesquisa no esporte, a Sensorial hoje oferece soluções para indústrias, empresas e centros de saúde. “Atualmente, estamos desenvolvendo um projeto-piloto voltado para pessoas acima de 50 anos em uma academia, por exemplo. Estamos investigando se o uso de atividades cognitivas durante o treinamento físico influencia o risco de queda – muito frequente a partir dessa faixa etária. Os primeiros dados coletados são muito animadores”, afirma Moreira.

A startup atua, ainda, em uma indústria petroquímica e em um frigorífico com o objetivo de reduzir o índice de acidentes causados por erro humano. “No frigorífico, por exemplo, isso envolve profissionais que manipulam substâncias altamente explosivas ou máquinas de corte. Na petroquímica, a ideia é monitorar os fatores de extração de minérios para evitar riscos.”

O processo desenvolvido na petroquímica foi aplicado pela primeira vez no fim de 2020. Depois, a equipe voltou após 18 meses, em 2022. “Ao avaliar indivíduos que haviam participado na primeira ocasião, constatamos que os ganhos obtidos foram mantidos”, diz Moreira.

De acordo com ele, estudos apontam que os ganhos cognitivos conquistados a partir de treinamentos específicos podem começar a ser perdidos três meses após o fim da atividade, mas há casos em que eles são preservados por até cinco anos. “Isso pode representar que alguma reconfiguração cerebral foi mantida no dia a dia graças a outras atividades exercidas pelo indivíduo”, estima.

O objetivo da Sensorial é criar soluções que atinjam o maior número possível de indivíduos. “O celular está nas mãos da maioria das pessoas e, geralmente, é usado para ações prejudiciais ao cérebro. Ficamos satisfeitos de poder desenvolver produtos que possam trazer ganhos – principalmente para a saúde.”

O pesquisador lembra que, atualmente, é preciso estar atento a cada vez mais estímulos ao mesmo tempo, o que torna muito difícil manter a atenção às tarefas. Nesse contexto, um dos planos da startup para o futuro é usar a estimulação cognitiva em conjunto com movimento para garantir ganhos para crianças e adolescentes.

Para o pesquisador, as medidas objetivas indicadas pelos testes de cognição permitem que o participante se conheça melhor. “Se eu tenho um determinado desempenho em uma atividade e esse rendimento começa a cair, isso pode estar associado a vários processos – resultantes da modificação de como o cérebro funciona”, diz. “Queremos estar nas mãos de muita gente para promover saúde e bem-estar.”

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