Menos filhos, mais escolhas


Por JAIRO BOUER

Menos mulheres e casais com filhos, menos filhos por mulher e crianças que nascem cada vez mais tarde. Essas são algumas das tendências apontadas pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última semana, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2013. De acordo com os dados publicados pelo portal UOL e pelo Estado, 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos não tinham filhos em 2013. Esse número é ainda mais alto na faixa dos 25 aos 29 anos, atingindo 40,4% delas. Em 2004, nessa mesma faixa de idade, 32,5% das mulheres não tinham filhos, ou seja, um aumento de quase 24% em uma década. A fecundidade da mulher brasileira ficou em 1,77 filho por mulher, uma redução de 26% em relação ao ano de 2000. A maior taxa é a do Acre (com 2,59 filhos por mulher) e a menor, de Santa Catarina (com 1,58 filho por mulher). Em São Paulo, a taxa de fecundidade ficou em 1,62. Na média, mulheres do Norte e Nordeste têm mais filhos do que as do Sul, Sudeste e Distrito Federal. Também, em média, mulheres pretas e pardas têm mais filhos do que brancas, e as menos escolarizadas têm mais filhos do que as mais escolarizadas. Essas diferenças ficam ainda mais evidentes na faixa dos 25 aos 29 anos. Os resultados sugerem que as mulheres com maior acesso a recursos sociais e mais escolarizadas são aquelas que estão, provavelmente, adiando mais sua decisão de ter filhos, ou ainda optando por não ter filhos. Mais tempo para estudos, investimento na carreira profissional, demora para constituir uma parceria estável e acúmulo de recursos financeiros podem ser motivações para esse adiamento. O fenômeno é semelhante ao que acontece já há algumas décadas na Europa e tem chamado a atenção também nos Estados Unidos e no Japão. O outro extremo. No grupo das mulheres mais jovens, dos 13 aos 19, 10,7% delas já tinham filhos em 2013, ou seja, uma em cada dez meninas engravida ainda na adolescência. Embora esse número seja mais baixo que há algumas décadas, quando uma em cada quatro ou cinco adolescentes engravidava, ele ainda pode ser considerado bastante elevado. Um dos grandes impactos da gestação precoce é o afastamento das meninas do ambiente escolar. Entre aquelas de 15 a 17 anos, segundo dados da SIS, as que estudavam mais tinham menos filhos do que as que estudavam menos. Entre as adolescentes sem filhos, 88,4% estavam estudando no momento da pesquisa. Entre as que já tinham filhos, apenas 28,4% estudavam, ou seja, a gestação e o compromisso em criar os filhos passam a ocupar um tempo importante na vida das garotas, que abandonam a escola e comprometem seu futuro profissional. Outra possível causa do afastamento pode ser a vergonha ou a dificuldade de encarar os colegas depois de uma gravidez precoce. Em trabalhos anteriores, pesquisadores chamavam a atenção para as meninas com menor amparo social, que enxergam na maternidade um projeto de vida e uma fantasia de concretização de uma parceria afetiva estável com o pai da criança. Pelos dados da pesquisa, enquanto a mulher que tem recursos para decidir adia seu plano de ter filhos, as garotas que não podem fazer muitas escolhas acabam perpetuando um ciclo de afastamento da escola. E essas são exatamente aquelas que precisariam de maior atenção e intervenção social e educacional. *É PSIQUIATRA

Menos mulheres e casais com filhos, menos filhos por mulher e crianças que nascem cada vez mais tarde. Essas são algumas das tendências apontadas pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última semana, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2013. De acordo com os dados publicados pelo portal UOL e pelo Estado, 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos não tinham filhos em 2013. Esse número é ainda mais alto na faixa dos 25 aos 29 anos, atingindo 40,4% delas. Em 2004, nessa mesma faixa de idade, 32,5% das mulheres não tinham filhos, ou seja, um aumento de quase 24% em uma década. A fecundidade da mulher brasileira ficou em 1,77 filho por mulher, uma redução de 26% em relação ao ano de 2000. A maior taxa é a do Acre (com 2,59 filhos por mulher) e a menor, de Santa Catarina (com 1,58 filho por mulher). Em São Paulo, a taxa de fecundidade ficou em 1,62. Na média, mulheres do Norte e Nordeste têm mais filhos do que as do Sul, Sudeste e Distrito Federal. Também, em média, mulheres pretas e pardas têm mais filhos do que brancas, e as menos escolarizadas têm mais filhos do que as mais escolarizadas. Essas diferenças ficam ainda mais evidentes na faixa dos 25 aos 29 anos. Os resultados sugerem que as mulheres com maior acesso a recursos sociais e mais escolarizadas são aquelas que estão, provavelmente, adiando mais sua decisão de ter filhos, ou ainda optando por não ter filhos. Mais tempo para estudos, investimento na carreira profissional, demora para constituir uma parceria estável e acúmulo de recursos financeiros podem ser motivações para esse adiamento. O fenômeno é semelhante ao que acontece já há algumas décadas na Europa e tem chamado a atenção também nos Estados Unidos e no Japão. O outro extremo. No grupo das mulheres mais jovens, dos 13 aos 19, 10,7% delas já tinham filhos em 2013, ou seja, uma em cada dez meninas engravida ainda na adolescência. Embora esse número seja mais baixo que há algumas décadas, quando uma em cada quatro ou cinco adolescentes engravidava, ele ainda pode ser considerado bastante elevado. Um dos grandes impactos da gestação precoce é o afastamento das meninas do ambiente escolar. Entre aquelas de 15 a 17 anos, segundo dados da SIS, as que estudavam mais tinham menos filhos do que as que estudavam menos. Entre as adolescentes sem filhos, 88,4% estavam estudando no momento da pesquisa. Entre as que já tinham filhos, apenas 28,4% estudavam, ou seja, a gestação e o compromisso em criar os filhos passam a ocupar um tempo importante na vida das garotas, que abandonam a escola e comprometem seu futuro profissional. Outra possível causa do afastamento pode ser a vergonha ou a dificuldade de encarar os colegas depois de uma gravidez precoce. Em trabalhos anteriores, pesquisadores chamavam a atenção para as meninas com menor amparo social, que enxergam na maternidade um projeto de vida e uma fantasia de concretização de uma parceria afetiva estável com o pai da criança. Pelos dados da pesquisa, enquanto a mulher que tem recursos para decidir adia seu plano de ter filhos, as garotas que não podem fazer muitas escolhas acabam perpetuando um ciclo de afastamento da escola. E essas são exatamente aquelas que precisariam de maior atenção e intervenção social e educacional. *É PSIQUIATRA

Menos mulheres e casais com filhos, menos filhos por mulher e crianças que nascem cada vez mais tarde. Essas são algumas das tendências apontadas pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última semana, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2013. De acordo com os dados publicados pelo portal UOL e pelo Estado, 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos não tinham filhos em 2013. Esse número é ainda mais alto na faixa dos 25 aos 29 anos, atingindo 40,4% delas. Em 2004, nessa mesma faixa de idade, 32,5% das mulheres não tinham filhos, ou seja, um aumento de quase 24% em uma década. A fecundidade da mulher brasileira ficou em 1,77 filho por mulher, uma redução de 26% em relação ao ano de 2000. A maior taxa é a do Acre (com 2,59 filhos por mulher) e a menor, de Santa Catarina (com 1,58 filho por mulher). Em São Paulo, a taxa de fecundidade ficou em 1,62. Na média, mulheres do Norte e Nordeste têm mais filhos do que as do Sul, Sudeste e Distrito Federal. Também, em média, mulheres pretas e pardas têm mais filhos do que brancas, e as menos escolarizadas têm mais filhos do que as mais escolarizadas. Essas diferenças ficam ainda mais evidentes na faixa dos 25 aos 29 anos. Os resultados sugerem que as mulheres com maior acesso a recursos sociais e mais escolarizadas são aquelas que estão, provavelmente, adiando mais sua decisão de ter filhos, ou ainda optando por não ter filhos. Mais tempo para estudos, investimento na carreira profissional, demora para constituir uma parceria estável e acúmulo de recursos financeiros podem ser motivações para esse adiamento. O fenômeno é semelhante ao que acontece já há algumas décadas na Europa e tem chamado a atenção também nos Estados Unidos e no Japão. O outro extremo. No grupo das mulheres mais jovens, dos 13 aos 19, 10,7% delas já tinham filhos em 2013, ou seja, uma em cada dez meninas engravida ainda na adolescência. Embora esse número seja mais baixo que há algumas décadas, quando uma em cada quatro ou cinco adolescentes engravidava, ele ainda pode ser considerado bastante elevado. Um dos grandes impactos da gestação precoce é o afastamento das meninas do ambiente escolar. Entre aquelas de 15 a 17 anos, segundo dados da SIS, as que estudavam mais tinham menos filhos do que as que estudavam menos. Entre as adolescentes sem filhos, 88,4% estavam estudando no momento da pesquisa. Entre as que já tinham filhos, apenas 28,4% estudavam, ou seja, a gestação e o compromisso em criar os filhos passam a ocupar um tempo importante na vida das garotas, que abandonam a escola e comprometem seu futuro profissional. Outra possível causa do afastamento pode ser a vergonha ou a dificuldade de encarar os colegas depois de uma gravidez precoce. Em trabalhos anteriores, pesquisadores chamavam a atenção para as meninas com menor amparo social, que enxergam na maternidade um projeto de vida e uma fantasia de concretização de uma parceria afetiva estável com o pai da criança. Pelos dados da pesquisa, enquanto a mulher que tem recursos para decidir adia seu plano de ter filhos, as garotas que não podem fazer muitas escolhas acabam perpetuando um ciclo de afastamento da escola. E essas são exatamente aquelas que precisariam de maior atenção e intervenção social e educacional. *É PSIQUIATRA

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