Tiro certeiro no HIV


Por JAIRO BOUER

Notícia divulgada por Lígia Formenti, no Estado na última semana, mostrou que o Ministério da Saúde vai antecipar o tratamento dos adultos portadores do vírus HIV, causador da aids. Com a nova medida, a pessoa poderá receber os remédios antivirais assim que a infecção for detectada. Antes, era necessário que a carga viral estivesse mais alta ou que as defesas do organismo estivessem mais fracas, para que o tratamento fosse autorizado.Um breve histórico: no início da epidemia, na década de 1980, poucos remédios estavam disponíveis e, assim, depois de alguns anos aparecia resistência do vírus aos tratamentos. Em meados da década de 1990, o "coquetel" (combinação de remédios de classes distintas) começou a ser utilizado e reverteu a história da doença, que passou a ser controlável. No início, se preconizava o tratamento imediato ("hit early and hard", algo como "bata cedo e forte"). Logo depois, com medo dos efeitos colaterais e do fantasma da resistência, os especialistas começaram a recomendar o tratamento baseado em parâmetros como a carga do vírus e a situação do sistema imunológico. Assim, após a infecção a pessoa poderia esperar anos ou até décadas para o tratamento.Um pouco do mecanismo da infecção: ao entrar no organismo o vírus se multiplica e produz uma "explosão" de cópias (infecção aguda que em muitas pessoas pode causar sintomas como gripe forte, febre, aumento gânglios, etc). Depois, se estabelece um "equilíbrio" entre o vírus e as defesas do corpo. Carga viral moderada e linfócitos em níveis razoáveis. Quando esse "equilíbrio" é rompido, a carga viral sobe e as defesas caem. Esse era o momento recomendado do tratamento.Mas a tecnologia avançou e hoje dispomos de um arsenal maior de antivirais, esquemas mais simples de medicação, menos efeitos colaterais e, evidências de maiores benefícios quando o tratamento se inicia precocemente. Além do benefício para a pessoa, há um argumento de saúde pública muito importante. Ao usar os esquemas corretos de tratamento, o vírus praticamente "some" da circulação no organismo (carga viral indetectável), mas ele ainda segue "escondido" em alguns reservatórios no corpo. Esse "sumiço" do vírus torna o risco de ele ser transmitido muito menor. Em teoria, se todos os infectados tomassem remédio, a quantidade de HIV circulando seria bem menor e, com isso, possivelmente, as chances de infecção na população cairiam muito. Outras descobertas têm mudado paradigmas nessa área. A profilaxia pós-exposição mostra que ao usar antivirais, por um mês, logo depois de uma possível exposição ao HIV (sexo sem proteção com um portador, por exemplo) reduz muito o risco de infecção. Mas a medicação tem de ser iniciada em até 24 horas depois da relação suspeita. Esse método também pode ser empregado em caso de acidentes hospitalares (como picadas por agulhas).A profilaxia pré-exposição é outro caminho. Pessoas que estão repetidamente expostas a risco (parceiros de soropositivos, profissionais do sexo, gente que se recusa a usar camisinha) podem tomar antiviral de forma preventiva, ou seja, recebem remédio como forma de evitar a infecção.Alguns trabalhos mais atuais ainda apontam que pacientes que recebam medicação logo no início da infecção e que sejam medicados por um tempo prolongado (alguns anos) talvez possam, no futuro, ficar períodos sem receber remédio, já que conseguiriam manter a carga viral indetectável por conta própria. A verificar!Dois grandes desafios por hora: convencer quem não fez o teste a realizá-lo, já que os benefícios parecem ser evidentes e, manter as pessoas que tomam remédios aderidas ao tratamento, já que parar de tomar antivirais por conta própria, ou, não usar o esquema de modo correto pode fazer com que o vírus fique mais forte. Se esse vírus resistente for transmitido, corre-se o risco de uma batalha mais dura para quem for infectado por ele. Enfim, boas notícias, mas que precisam ser usadas com responsabilidade por médicos e pacientes. E antes de terminar: uso consistente da camisinha ainda é a melhor forma de prevenção.

Notícia divulgada por Lígia Formenti, no Estado na última semana, mostrou que o Ministério da Saúde vai antecipar o tratamento dos adultos portadores do vírus HIV, causador da aids. Com a nova medida, a pessoa poderá receber os remédios antivirais assim que a infecção for detectada. Antes, era necessário que a carga viral estivesse mais alta ou que as defesas do organismo estivessem mais fracas, para que o tratamento fosse autorizado.Um breve histórico: no início da epidemia, na década de 1980, poucos remédios estavam disponíveis e, assim, depois de alguns anos aparecia resistência do vírus aos tratamentos. Em meados da década de 1990, o "coquetel" (combinação de remédios de classes distintas) começou a ser utilizado e reverteu a história da doença, que passou a ser controlável. No início, se preconizava o tratamento imediato ("hit early and hard", algo como "bata cedo e forte"). Logo depois, com medo dos efeitos colaterais e do fantasma da resistência, os especialistas começaram a recomendar o tratamento baseado em parâmetros como a carga do vírus e a situação do sistema imunológico. Assim, após a infecção a pessoa poderia esperar anos ou até décadas para o tratamento.Um pouco do mecanismo da infecção: ao entrar no organismo o vírus se multiplica e produz uma "explosão" de cópias (infecção aguda que em muitas pessoas pode causar sintomas como gripe forte, febre, aumento gânglios, etc). Depois, se estabelece um "equilíbrio" entre o vírus e as defesas do corpo. Carga viral moderada e linfócitos em níveis razoáveis. Quando esse "equilíbrio" é rompido, a carga viral sobe e as defesas caem. Esse era o momento recomendado do tratamento.Mas a tecnologia avançou e hoje dispomos de um arsenal maior de antivirais, esquemas mais simples de medicação, menos efeitos colaterais e, evidências de maiores benefícios quando o tratamento se inicia precocemente. Além do benefício para a pessoa, há um argumento de saúde pública muito importante. Ao usar os esquemas corretos de tratamento, o vírus praticamente "some" da circulação no organismo (carga viral indetectável), mas ele ainda segue "escondido" em alguns reservatórios no corpo. Esse "sumiço" do vírus torna o risco de ele ser transmitido muito menor. Em teoria, se todos os infectados tomassem remédio, a quantidade de HIV circulando seria bem menor e, com isso, possivelmente, as chances de infecção na população cairiam muito. Outras descobertas têm mudado paradigmas nessa área. A profilaxia pós-exposição mostra que ao usar antivirais, por um mês, logo depois de uma possível exposição ao HIV (sexo sem proteção com um portador, por exemplo) reduz muito o risco de infecção. Mas a medicação tem de ser iniciada em até 24 horas depois da relação suspeita. Esse método também pode ser empregado em caso de acidentes hospitalares (como picadas por agulhas).A profilaxia pré-exposição é outro caminho. Pessoas que estão repetidamente expostas a risco (parceiros de soropositivos, profissionais do sexo, gente que se recusa a usar camisinha) podem tomar antiviral de forma preventiva, ou seja, recebem remédio como forma de evitar a infecção.Alguns trabalhos mais atuais ainda apontam que pacientes que recebam medicação logo no início da infecção e que sejam medicados por um tempo prolongado (alguns anos) talvez possam, no futuro, ficar períodos sem receber remédio, já que conseguiriam manter a carga viral indetectável por conta própria. A verificar!Dois grandes desafios por hora: convencer quem não fez o teste a realizá-lo, já que os benefícios parecem ser evidentes e, manter as pessoas que tomam remédios aderidas ao tratamento, já que parar de tomar antivirais por conta própria, ou, não usar o esquema de modo correto pode fazer com que o vírus fique mais forte. Se esse vírus resistente for transmitido, corre-se o risco de uma batalha mais dura para quem for infectado por ele. Enfim, boas notícias, mas que precisam ser usadas com responsabilidade por médicos e pacientes. E antes de terminar: uso consistente da camisinha ainda é a melhor forma de prevenção.

Notícia divulgada por Lígia Formenti, no Estado na última semana, mostrou que o Ministério da Saúde vai antecipar o tratamento dos adultos portadores do vírus HIV, causador da aids. Com a nova medida, a pessoa poderá receber os remédios antivirais assim que a infecção for detectada. Antes, era necessário que a carga viral estivesse mais alta ou que as defesas do organismo estivessem mais fracas, para que o tratamento fosse autorizado.Um breve histórico: no início da epidemia, na década de 1980, poucos remédios estavam disponíveis e, assim, depois de alguns anos aparecia resistência do vírus aos tratamentos. Em meados da década de 1990, o "coquetel" (combinação de remédios de classes distintas) começou a ser utilizado e reverteu a história da doença, que passou a ser controlável. No início, se preconizava o tratamento imediato ("hit early and hard", algo como "bata cedo e forte"). Logo depois, com medo dos efeitos colaterais e do fantasma da resistência, os especialistas começaram a recomendar o tratamento baseado em parâmetros como a carga do vírus e a situação do sistema imunológico. Assim, após a infecção a pessoa poderia esperar anos ou até décadas para o tratamento.Um pouco do mecanismo da infecção: ao entrar no organismo o vírus se multiplica e produz uma "explosão" de cópias (infecção aguda que em muitas pessoas pode causar sintomas como gripe forte, febre, aumento gânglios, etc). Depois, se estabelece um "equilíbrio" entre o vírus e as defesas do corpo. Carga viral moderada e linfócitos em níveis razoáveis. Quando esse "equilíbrio" é rompido, a carga viral sobe e as defesas caem. Esse era o momento recomendado do tratamento.Mas a tecnologia avançou e hoje dispomos de um arsenal maior de antivirais, esquemas mais simples de medicação, menos efeitos colaterais e, evidências de maiores benefícios quando o tratamento se inicia precocemente. Além do benefício para a pessoa, há um argumento de saúde pública muito importante. Ao usar os esquemas corretos de tratamento, o vírus praticamente "some" da circulação no organismo (carga viral indetectável), mas ele ainda segue "escondido" em alguns reservatórios no corpo. Esse "sumiço" do vírus torna o risco de ele ser transmitido muito menor. Em teoria, se todos os infectados tomassem remédio, a quantidade de HIV circulando seria bem menor e, com isso, possivelmente, as chances de infecção na população cairiam muito. Outras descobertas têm mudado paradigmas nessa área. A profilaxia pós-exposição mostra que ao usar antivirais, por um mês, logo depois de uma possível exposição ao HIV (sexo sem proteção com um portador, por exemplo) reduz muito o risco de infecção. Mas a medicação tem de ser iniciada em até 24 horas depois da relação suspeita. Esse método também pode ser empregado em caso de acidentes hospitalares (como picadas por agulhas).A profilaxia pré-exposição é outro caminho. Pessoas que estão repetidamente expostas a risco (parceiros de soropositivos, profissionais do sexo, gente que se recusa a usar camisinha) podem tomar antiviral de forma preventiva, ou seja, recebem remédio como forma de evitar a infecção.Alguns trabalhos mais atuais ainda apontam que pacientes que recebam medicação logo no início da infecção e que sejam medicados por um tempo prolongado (alguns anos) talvez possam, no futuro, ficar períodos sem receber remédio, já que conseguiriam manter a carga viral indetectável por conta própria. A verificar!Dois grandes desafios por hora: convencer quem não fez o teste a realizá-lo, já que os benefícios parecem ser evidentes e, manter as pessoas que tomam remédios aderidas ao tratamento, já que parar de tomar antivirais por conta própria, ou, não usar o esquema de modo correto pode fazer com que o vírus fique mais forte. Se esse vírus resistente for transmitido, corre-se o risco de uma batalha mais dura para quem for infectado por ele. Enfim, boas notícias, mas que precisam ser usadas com responsabilidade por médicos e pacientes. E antes de terminar: uso consistente da camisinha ainda é a melhor forma de prevenção.

Notícia divulgada por Lígia Formenti, no Estado na última semana, mostrou que o Ministério da Saúde vai antecipar o tratamento dos adultos portadores do vírus HIV, causador da aids. Com a nova medida, a pessoa poderá receber os remédios antivirais assim que a infecção for detectada. Antes, era necessário que a carga viral estivesse mais alta ou que as defesas do organismo estivessem mais fracas, para que o tratamento fosse autorizado.Um breve histórico: no início da epidemia, na década de 1980, poucos remédios estavam disponíveis e, assim, depois de alguns anos aparecia resistência do vírus aos tratamentos. Em meados da década de 1990, o "coquetel" (combinação de remédios de classes distintas) começou a ser utilizado e reverteu a história da doença, que passou a ser controlável. No início, se preconizava o tratamento imediato ("hit early and hard", algo como "bata cedo e forte"). Logo depois, com medo dos efeitos colaterais e do fantasma da resistência, os especialistas começaram a recomendar o tratamento baseado em parâmetros como a carga do vírus e a situação do sistema imunológico. Assim, após a infecção a pessoa poderia esperar anos ou até décadas para o tratamento.Um pouco do mecanismo da infecção: ao entrar no organismo o vírus se multiplica e produz uma "explosão" de cópias (infecção aguda que em muitas pessoas pode causar sintomas como gripe forte, febre, aumento gânglios, etc). Depois, se estabelece um "equilíbrio" entre o vírus e as defesas do corpo. Carga viral moderada e linfócitos em níveis razoáveis. Quando esse "equilíbrio" é rompido, a carga viral sobe e as defesas caem. Esse era o momento recomendado do tratamento.Mas a tecnologia avançou e hoje dispomos de um arsenal maior de antivirais, esquemas mais simples de medicação, menos efeitos colaterais e, evidências de maiores benefícios quando o tratamento se inicia precocemente. Além do benefício para a pessoa, há um argumento de saúde pública muito importante. Ao usar os esquemas corretos de tratamento, o vírus praticamente "some" da circulação no organismo (carga viral indetectável), mas ele ainda segue "escondido" em alguns reservatórios no corpo. Esse "sumiço" do vírus torna o risco de ele ser transmitido muito menor. Em teoria, se todos os infectados tomassem remédio, a quantidade de HIV circulando seria bem menor e, com isso, possivelmente, as chances de infecção na população cairiam muito. Outras descobertas têm mudado paradigmas nessa área. A profilaxia pós-exposição mostra que ao usar antivirais, por um mês, logo depois de uma possível exposição ao HIV (sexo sem proteção com um portador, por exemplo) reduz muito o risco de infecção. Mas a medicação tem de ser iniciada em até 24 horas depois da relação suspeita. Esse método também pode ser empregado em caso de acidentes hospitalares (como picadas por agulhas).A profilaxia pré-exposição é outro caminho. Pessoas que estão repetidamente expostas a risco (parceiros de soropositivos, profissionais do sexo, gente que se recusa a usar camisinha) podem tomar antiviral de forma preventiva, ou seja, recebem remédio como forma de evitar a infecção.Alguns trabalhos mais atuais ainda apontam que pacientes que recebam medicação logo no início da infecção e que sejam medicados por um tempo prolongado (alguns anos) talvez possam, no futuro, ficar períodos sem receber remédio, já que conseguiriam manter a carga viral indetectável por conta própria. A verificar!Dois grandes desafios por hora: convencer quem não fez o teste a realizá-lo, já que os benefícios parecem ser evidentes e, manter as pessoas que tomam remédios aderidas ao tratamento, já que parar de tomar antivirais por conta própria, ou, não usar o esquema de modo correto pode fazer com que o vírus fique mais forte. Se esse vírus resistente for transmitido, corre-se o risco de uma batalha mais dura para quem for infectado por ele. Enfim, boas notícias, mas que precisam ser usadas com responsabilidade por médicos e pacientes. E antes de terminar: uso consistente da camisinha ainda é a melhor forma de prevenção.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.