A morte de um empresário bilionário e da mulher no Guarujá (SP) no último fim de semana reforçou a necessidade de atenção para cuidados com equipamentos que aquecem lugares fechados, muito usados em dias frios. Laudo da Polícia Civil apontou intoxicação por gás, mas ainda é investigado se houve um rompimento de uma mangueira da rede. A morte do dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, em julho, em decorrência de um incêndio provocado por um aquecedor, também expôs a necessidade de cuidados.
Veja quais são os cuidados com os equipamentos mais comuns:
Aquecedor a gás
É a opção mais usada em prédios e condomínios por ter vida longa e gerar economia ao usuário. A instalação e a manutenção exigem a contratação de especialista. O aparelho deve ser instalado em local com ventilação permanente, sendo indispensável possuir válvula termostática, controle de pressão e sistema de exaustão. A regulagem e manutenção dos bicos que controlam a chama deve ser observada com frequência. Quando mal regulados, produzem monóxido de carbono, gás sem cheiro, que causa intoxicação e pode levar à morte.
Aquecedor a óleo
Embora produza calor a partir do aquecimento do óleo em seu interior, o aquecedor funciona com energia, portanto apresenta risco de superaquecimento. O termostato deve ser verificado com frequência. Também deve ser mantido a uma distância segura de tecidos, plásticos e outros materiais inflamáveis.
Aquecedor com resistência
Aquecedores com resistência incandescente devem ter grades de proteção para evitar queimaduras em caso de contato. Devem ser mantidos longe de crianças e animais. É preciso observar as especificações técnicas do aparelho e sua compatibilidade com a tomada de energia para evitar o derretimento dos cabos, capaz de produzir curtos incêndios. Importante manter a renovação do ar no ambiente.
Mantas térmicas
As mantas térmicas devem ser desligadas sempre que não estiverem em uso. Não devem ser ligadas dobradas ou com outras cobertas sobre ela para evitar superaquecimento. O cobertor térmico não deve ser molhado ou perfurado para evitar danos à fiação interna. Evitar o uso por crianças.
Lareiras fixas e portáteis
É necessário isolar a área do fogo com telas metálicas para evitar que crianças e animais sofram acidentes. Manter tecidos e produtos inflamáveis à distância, devido ao risco de emissão de fagulhas. Seu uso só deve ser feito em ambientes arejados, pois a queima de lenha ou carvão emite gás carbônico, que pode causar intoxicações graves e até letais.
Há versões portáteis ecológicas, com queimadores à base de álcool etílico (etanol) que emite menos CO2. Como o calor é obtido pela queima do produto, também são necessários cuidados, como manter em local afastado de crianças, animais e peças inflamáveis. O abastecimento com álcool só deve ser feito com a lareira fria.
Não improvisar
Por envolver riscos, o aquecimento em ambientes habitados não pode ser improvisado. Usar métodos alternativos, como a queima de álcool ou gasolina em panelas e outros recipientes, além de consumir o oxigênio disponível, com risco de asfixia, pode causar incêndios.
Rede elétrica compatível
Qualquer equipamento que use energia exige atenção redobrada nas ligações elétricas. A rede deve ser compatível com as especificações contidas no manual do equipamento. Em caso de dúvida, é melhor chamar um técnico ou eletricista.
- Seguir manual de instrução ou consultar técnico ao instalar o aparelho. Aparelhos elétricos devem ter certificação do Inmetro.
- Manter crianças a uma distância segura para evitar contato direto com o aquecedor.
- Colocar aparelho portátil em local onde não haja risco de queda e em ambiente com circulação de ar.
- Em caso de aparelho a gás, atentar para as chamas que devem estar azuladas. Chamas amareladas podem indicar queima irregular e produção de gás carbônico.
Conforme o médico pneumologista Mauro Gomes, mesmo quando usados corretamente, os aquecedores esquentam o ar em volta e fazem o calor dissipar, aquecendo todo o ambiente. O ar seco, comum nesta época, pode se agravar com o uso desses equipamentos, levando a uma piora das doenças respiratórias crônicas, como asma, bronquite e enfisema pulmonar, rinites e sinusites. Portadores dessas doenças devem evitar esses aparelhos.
De forma contrária ao que faz a maioria das pessoas, deve-se manter a ventilação do ambiente com aquecedor para renovar o ar e manter a umidade. Outra opção é usar umidificador no mesmo local, caso o aparelho não tenha essa função embutida. Em espaços ventilados e com aquecedores de pequeno porte, é mais rara a ocorrência de intoxicação por monóxido de carbono.
O especialista defende que as lareiras à lenha não sejam usadas dentro de casa. A queima da biomassa (madeira) pode levar à concentração de partículas poluentes dentro do ambiente doméstico que pode levar à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, de modo semelhante ao cigarro.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também alerta que o mau uso do aquecedor prejudica a defesa local do sistema respiratório, podendo causar ressecamento da mucosa, deixando a pessoa mais suscetível a infecções. Também pode facilitar a disseminação de impurezas que, aspiradas, se depositam no pulmão. A troca frequente do filtro ajuda a manter a qualidade do ar.
O uso de aquecedor, se não puder ser evitado, requer muita atenção quando se trata de pessoas de grupo de risco, como idosos e imunodeprimidos, ou ainda pessoas com mais sensibilidade a alergias respiratórias. A hidratação do corpo também é fundamental: em ambiente frio com aquecimento ligado, a pessoa necessita de maior quantidade de água para manter a umidificação das vias aéreas.
Quando a pessoa inala o monóxido de carbono, o oxigênio e o hidrogênio existente no sangue são substituídos pelo gás. Os primeiros sintomas de intoxicação são irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, vômitos e tonturas.
Quando a quantidade de toxinas no sangue aumenta, a pessoa perde a consciência. Se estiver sozinha ou se as outras pessoas que estiverem no ambiente também desmaiarem, a chance de morte aumenta bastante, já que as pessoas vão continuar respirando o gás tóxico. A velocidade com que isso pode acontecer depende da concentração do monóxido de carbono no ar.