Levantamento aponta elevada subnotificação de mortes por coronavírus em Minas Gerais


Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia mostra também que primeiro óbito por covid-19 pode ter ocorrido no início de março e não na data informada pelo Estado

Por Leonardo Augusto
Atualização:

BELO HORIZONTE - Estudo feito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) coloca sob suspeita a imagem de bom gestor do governo de Minas Gerais em relação à pandemia do novo coronavírus e aponta para a possibilidade de elevada subnotificação de mortes pela doença no estado. A pesquisa mostra ainda que o primeiro óbito por covid-19 em Minas pode ter ocorrido no início de março, e não no dia 30 daquele mês, conforme afirma o Estado.

Os pesquisadores, em levantamento que considerou registros de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de 2017 a 2020, afirmam que, entre janeiro e abril deste ano, em comparação com a média dos anos anteriores, foi verificado aumento de 648,61% nas mortes por doenças enquadradas nesta categoria, ou seja, que apresentam sintomas parecidos com os da covid-19.

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O Mercado Central de Belo Horizonte começou a reabrir na semana passada Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO

 

Dados desta segunda-feira 25, dos cartórios de registro civil do Brasil mostram que, em Minas Gerais, em 2020, 344 pessoas tiveram covid-19 como causa da morte. O balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado nesta segunda-feira aponta 230 óbitos pela doença em Minas, uma diferença de aproximadamente 50%. As mortes por SRAGs, no período, somam 167, ante 70 no ano passado, elevação próxima a 140%.

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Números oficiais divulgados pelo Estado invariavelmente apontam Minas Gerais com resultados que poderiam ser considerados satisfatórios no enfrentamento à covid-19, sobretudo se considerados estados vizinhos como São Paulo e Rio de Janeiro. A explicação apresentada pelo governo estadual é a rapidez na adoção de medidas como o isolamento social e sua aceitação pela população.

Conforme o trabalho da UFU, entre janeiro e abril de 2020, 201 mortes em Minas tiveram como causa na certidão de óbito a covid-19. No mesmo período, 539 pessoas faleceram no estado mineiro em decorrência de SRAGs. Na média dos anos de 2017 a 2019 foram registradas, ainda segundo o estudo, 72 óbitos por SRAGs, chegando-se à elevação superior a 648%.

Na prática, o que os pesquisadores identificaram foi que, por não haver testagem em nível considerado suficiente, é grande o número de pacientes de covid-19 que podem estar morrendo em Minas Gerais sem que haja a confirmação exata de que o falecimento foi pela doença provocada pelo novo coronavírus.

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"O estudo mostrou, ainda, que o aumento desses casos antecedeu os registros oficiais da doença. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a primeira morte por coronavírus aconteceu em 30 de março, mas o crescimento do número de mortes por outras doenças respiratórias foi observado pelos pesquisadores da UFU já na primeira semana do mês", disse a universidade.

Segundo o professor Stefan Vilges de Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo, que levou em conta dados públicos sobre a covid-19 reunidos pela Fundação Oswaldo Cruz e registros cartoriais, o excesso de casos de SRAGs começaram a ser sentidos a partir da semana epidemiológica número 10, que vai de 1 a 7 de março. "Fomos atrás das séries históricas de meses anteriores e, de fato, o que observamos foi excesso no número de mortes", explicou o professor.

Segundo Vilges, é fundamental a realização dos diagnósticos precisos para os casos de covid-19. "Números subestimados podem causar falsa sensação de segurança, e acarretar afrouxamento por parte da população", afirmou Oliveira, se referindo às medidas de segurança adotadas como forma de combate ao novo coronavírus.

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Testes restritos

A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que os testes, atualmente, seguindo determinações do Ministério da Saúde, são realizados em todos os óbitos suspeitos, pacientes hospitalizados com SRAG, profissionais de saúde sintomáticos, profissionais de segurança pública sintomáticos, por amostragem em surtos em asilos ou hospitais, presos e adolescentes privados de liberdade também sintomáticos.

"Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico da covid-19 não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames. Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo", afirmou a pasta.

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Sobre as notificações, a secretaria diz que "mesmo não realizando exames em 100% dos casos notificados, a SES possui mecanismos de controle capazes de avaliar o real cenário da doença. Um destes mecanismos é o acompanhamento diário dessas notificações". Em relação às SRAGs, segundo a secretaria, há inúmeras hipóteses sobre o aumento do número de casos deste tipo de doença, e que isto pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar enfermidades desta natureza, à circulação de outros vírus sazonais, e à circulação da covid-19 na população mundial.

BELO HORIZONTE - Estudo feito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) coloca sob suspeita a imagem de bom gestor do governo de Minas Gerais em relação à pandemia do novo coronavírus e aponta para a possibilidade de elevada subnotificação de mortes pela doença no estado. A pesquisa mostra ainda que o primeiro óbito por covid-19 em Minas pode ter ocorrido no início de março, e não no dia 30 daquele mês, conforme afirma o Estado.

Os pesquisadores, em levantamento que considerou registros de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de 2017 a 2020, afirmam que, entre janeiro e abril deste ano, em comparação com a média dos anos anteriores, foi verificado aumento de 648,61% nas mortes por doenças enquadradas nesta categoria, ou seja, que apresentam sintomas parecidos com os da covid-19.

O Mercado Central de Belo Horizonte começou a reabrir na semana passada Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO

 

Dados desta segunda-feira 25, dos cartórios de registro civil do Brasil mostram que, em Minas Gerais, em 2020, 344 pessoas tiveram covid-19 como causa da morte. O balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado nesta segunda-feira aponta 230 óbitos pela doença em Minas, uma diferença de aproximadamente 50%. As mortes por SRAGs, no período, somam 167, ante 70 no ano passado, elevação próxima a 140%.

Números oficiais divulgados pelo Estado invariavelmente apontam Minas Gerais com resultados que poderiam ser considerados satisfatórios no enfrentamento à covid-19, sobretudo se considerados estados vizinhos como São Paulo e Rio de Janeiro. A explicação apresentada pelo governo estadual é a rapidez na adoção de medidas como o isolamento social e sua aceitação pela população.

Conforme o trabalho da UFU, entre janeiro e abril de 2020, 201 mortes em Minas tiveram como causa na certidão de óbito a covid-19. No mesmo período, 539 pessoas faleceram no estado mineiro em decorrência de SRAGs. Na média dos anos de 2017 a 2019 foram registradas, ainda segundo o estudo, 72 óbitos por SRAGs, chegando-se à elevação superior a 648%.

Na prática, o que os pesquisadores identificaram foi que, por não haver testagem em nível considerado suficiente, é grande o número de pacientes de covid-19 que podem estar morrendo em Minas Gerais sem que haja a confirmação exata de que o falecimento foi pela doença provocada pelo novo coronavírus.

"O estudo mostrou, ainda, que o aumento desses casos antecedeu os registros oficiais da doença. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a primeira morte por coronavírus aconteceu em 30 de março, mas o crescimento do número de mortes por outras doenças respiratórias foi observado pelos pesquisadores da UFU já na primeira semana do mês", disse a universidade.

Segundo o professor Stefan Vilges de Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo, que levou em conta dados públicos sobre a covid-19 reunidos pela Fundação Oswaldo Cruz e registros cartoriais, o excesso de casos de SRAGs começaram a ser sentidos a partir da semana epidemiológica número 10, que vai de 1 a 7 de março. "Fomos atrás das séries históricas de meses anteriores e, de fato, o que observamos foi excesso no número de mortes", explicou o professor.

Segundo Vilges, é fundamental a realização dos diagnósticos precisos para os casos de covid-19. "Números subestimados podem causar falsa sensação de segurança, e acarretar afrouxamento por parte da população", afirmou Oliveira, se referindo às medidas de segurança adotadas como forma de combate ao novo coronavírus.

Testes restritos

A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que os testes, atualmente, seguindo determinações do Ministério da Saúde, são realizados em todos os óbitos suspeitos, pacientes hospitalizados com SRAG, profissionais de saúde sintomáticos, profissionais de segurança pública sintomáticos, por amostragem em surtos em asilos ou hospitais, presos e adolescentes privados de liberdade também sintomáticos.

"Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico da covid-19 não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames. Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo", afirmou a pasta.

Sobre as notificações, a secretaria diz que "mesmo não realizando exames em 100% dos casos notificados, a SES possui mecanismos de controle capazes de avaliar o real cenário da doença. Um destes mecanismos é o acompanhamento diário dessas notificações". Em relação às SRAGs, segundo a secretaria, há inúmeras hipóteses sobre o aumento do número de casos deste tipo de doença, e que isto pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar enfermidades desta natureza, à circulação de outros vírus sazonais, e à circulação da covid-19 na população mundial.

BELO HORIZONTE - Estudo feito pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) coloca sob suspeita a imagem de bom gestor do governo de Minas Gerais em relação à pandemia do novo coronavírus e aponta para a possibilidade de elevada subnotificação de mortes pela doença no estado. A pesquisa mostra ainda que o primeiro óbito por covid-19 em Minas pode ter ocorrido no início de março, e não no dia 30 daquele mês, conforme afirma o Estado.

Os pesquisadores, em levantamento que considerou registros de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de 2017 a 2020, afirmam que, entre janeiro e abril deste ano, em comparação com a média dos anos anteriores, foi verificado aumento de 648,61% nas mortes por doenças enquadradas nesta categoria, ou seja, que apresentam sintomas parecidos com os da covid-19.

O Mercado Central de Belo Horizonte começou a reabrir na semana passada Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO

 

Dados desta segunda-feira 25, dos cartórios de registro civil do Brasil mostram que, em Minas Gerais, em 2020, 344 pessoas tiveram covid-19 como causa da morte. O balanço da Secretaria de Estado de Saúde divulgado nesta segunda-feira aponta 230 óbitos pela doença em Minas, uma diferença de aproximadamente 50%. As mortes por SRAGs, no período, somam 167, ante 70 no ano passado, elevação próxima a 140%.

Números oficiais divulgados pelo Estado invariavelmente apontam Minas Gerais com resultados que poderiam ser considerados satisfatórios no enfrentamento à covid-19, sobretudo se considerados estados vizinhos como São Paulo e Rio de Janeiro. A explicação apresentada pelo governo estadual é a rapidez na adoção de medidas como o isolamento social e sua aceitação pela população.

Conforme o trabalho da UFU, entre janeiro e abril de 2020, 201 mortes em Minas tiveram como causa na certidão de óbito a covid-19. No mesmo período, 539 pessoas faleceram no estado mineiro em decorrência de SRAGs. Na média dos anos de 2017 a 2019 foram registradas, ainda segundo o estudo, 72 óbitos por SRAGs, chegando-se à elevação superior a 648%.

Na prática, o que os pesquisadores identificaram foi que, por não haver testagem em nível considerado suficiente, é grande o número de pacientes de covid-19 que podem estar morrendo em Minas Gerais sem que haja a confirmação exata de que o falecimento foi pela doença provocada pelo novo coronavírus.

"O estudo mostrou, ainda, que o aumento desses casos antecedeu os registros oficiais da doença. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a primeira morte por coronavírus aconteceu em 30 de março, mas o crescimento do número de mortes por outras doenças respiratórias foi observado pelos pesquisadores da UFU já na primeira semana do mês", disse a universidade.

Segundo o professor Stefan Vilges de Oliveira, um dos responsáveis pelo estudo, que levou em conta dados públicos sobre a covid-19 reunidos pela Fundação Oswaldo Cruz e registros cartoriais, o excesso de casos de SRAGs começaram a ser sentidos a partir da semana epidemiológica número 10, que vai de 1 a 7 de março. "Fomos atrás das séries históricas de meses anteriores e, de fato, o que observamos foi excesso no número de mortes", explicou o professor.

Segundo Vilges, é fundamental a realização dos diagnósticos precisos para os casos de covid-19. "Números subestimados podem causar falsa sensação de segurança, e acarretar afrouxamento por parte da população", afirmou Oliveira, se referindo às medidas de segurança adotadas como forma de combate ao novo coronavírus.

Testes restritos

A Secretaria de Estado da Saúde afirmou que os testes, atualmente, seguindo determinações do Ministério da Saúde, são realizados em todos os óbitos suspeitos, pacientes hospitalizados com SRAG, profissionais de saúde sintomáticos, profissionais de segurança pública sintomáticos, por amostragem em surtos em asilos ou hospitais, presos e adolescentes privados de liberdade também sintomáticos.

"Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico da covid-19 não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames. Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo", afirmou a pasta.

Sobre as notificações, a secretaria diz que "mesmo não realizando exames em 100% dos casos notificados, a SES possui mecanismos de controle capazes de avaliar o real cenário da doença. Um destes mecanismos é o acompanhamento diário dessas notificações". Em relação às SRAGs, segundo a secretaria, há inúmeras hipóteses sobre o aumento do número de casos deste tipo de doença, e que isto pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar enfermidades desta natureza, à circulação de outros vírus sazonais, e à circulação da covid-19 na população mundial.

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