O linfoma folicular é um tipo de linfoma não Hodgkin que, embora cresça lentamente, merece atenção especial por causa das características da doença. O linfoma afeta o sistema linfático, rede crucial de defesa do organismo composta por pequenas estruturas chamadas linfonodos, localizadas em diversas partes do corpo, como pescoço, axilas, virilha, estômago e pulmão.
No linfoma, os linfonodos proliferam de maneira anormal: ficam rígidos e são indolores ao toque, diferentemente de quando estamos com infecções e os gânglios ficam doloridos e flexíveis. Apesar de o linfoma folicular ser o segundo tipo mais comum de linfoma não Hodgkin, ele é pouco conhecido, pois muitas vezes a doença é assintomática e atrasa o diagnóstico precoce. Os sintomas associados ao linfoma folicular incluem febre, fadiga, mal-estar e perda de peso, embora em alguns casos a doença seja assintomática. Coceira e sudorese noturna também podem ocorrer, mas são menos frequentes. Caso os gânglios inchados comprimam órgãos como o pulmão, o paciente pode sentir desconforto ou tosse, por exemplo. Como são sintomas inespecíficos, ou seja, comuns a várias doenças, a presença deles pode não sugerir de imediato um linfoma – por isso, devem ser investigados por um médico especialista em hematologia.
Muitos pacientes podem conviver com a doença até por alguns anos antes de ela ser descoberta. Essa característica também contribui para um prognóstico otimista, com taxas de sobrevida de cinco anos entre 85% e 90%. Cerca de 2.500 novos casos são registrados anualmente na Europa e nos Estados Unidos.
Diferentemente de outros tipos de câncer e de outras enfermidades prevalentes na população, como as doenças cardíacas, o linfoma folicular não está associado a fatores de risco como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo ou obesidade. “O principal fator de risco é a idade, com a maioria dos casos surgindo após os 60 anos”, diz Phillip Scheinberg, líder da Hematologia na BP –A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O tratamento do linfoma folicular pode variar conforme o estágio da doença. Em muitos casos, quando os sintomas não comprometem a qualidade de vida, a abordagem inicial é a vigilância ativa, ou seja, monitorar o tumor sem tratamento imediato. “O mais importante é confiar no médico”, afirma Scheinberg. Segundo o especialista, muitas vezes é preferível adiar a intervenção para evitar tratamentos desnecessários e não “queimar” uma terapia que pode vir a ser necessária mais para a frente. Por isso, o médico deve conversar bastante com o paciente para ele entender que, muitas vezes, menos intervenção é a melhor estratégia.
Quando o tratamento é necessário para combater os sintomas, e caso o tumor seja pequeno, pode ser aplicada imunoterapia, que é um anticorpo que combate diretamente o tumor. Se o câncer tiver um tamanho maior, pode ser usada uma combinação de imunoterapia com quimioterapia. Outra opção é a terapia-alvo, classe de medicamento que inibe uma proteína que favorece o crescimento do tumor. Em casos menos frequentes, quando o linfoma folicular está muito concentrado em uma região do corpo, a alternativa é usar radioterapia, que pode até eliminar completamente o tumor. Tudo depende da idade e das condições de saúde do paciente, localização e extensão do linfoma. Com o avanço das terapias e a alta taxa de resposta ao tratamento, o linfoma folicular representa um desafio gerenciável para a grande maioria dos pacientes, abrindo espaço para esperança e qualidade de vida.