Após três anos de pandemia, o maior evento global sobre câncer voltou com força total. Mais de 40 mil pesquisadores, médicos e outros profissionais de saúde reuniram-se no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), entre 2 e 6 de junho, em Chicago, nos Estados Unidos. Foram apresentados estudos com terapias mais eficazes no combate à doença, assim como ferramentas diagnósticas e práticas que podem aumentar a qualidade de vida da pessoa com a enfermidade.
O tema do congresso em 2023 foi “Parceria com os pacientes: o pilar do tratamento e pesquisa do câncer”. Para Carlos Henrique dos Anjos, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, trata-se de uma escolha pertinente. “Cada vez mais a gente entende a importância de ouvir o paciente, tanto em termos do seu cuidado quanto do ponto de vista científico. O pesquisador precisa entender se o que ele está tentando estudar tem relevância para quem está sendo tratado”, diz.
Em sua 11ª participação no congresso, o médico especialista em mama destaca, em sua área, as conclusões de uma pesquisa chamada Natalee. Os cientistas demonstraram alternativas que podem aumentar significativamente a taxa de sobrevivência de pessoas diagnosticadas com a forma mais comum do câncer de mama: a doença sensível ao bloqueio hormonal. “Os efeitos positivos do tratamento, que já eram conhecidos para pacientes com metástase, demonstraram-se também para graus iniciais da doença”, comemora o oncologista. “No entanto, é importante que as pacientes do estudo sejam acompanhadas por mais tempo para documentar o benefício real do remédio”, finaliza ele.
Assim como nas demais áreas do conhecimento, a inteligência artificial está chegando à medicina e foi contemplada no evento. De acordo com o oncologista Ciro Eduardo de Souza, que integra o corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês desde 2008, foram apresentados cerca de 120 trabalhos focados nesse tema. “O médico precisa saber todas as características moleculares do tumor, as informações sobre a saúde do paciente e a extensão da doença, que a gente chama de estadiamento. As ferramentas de inteligência artificial podem nos ajudar a tomar decisões e prever o tipo de resposta esperada para um tratamento”, explica ele.
Além de aumentar a precisão do diagnóstico e da terapia adequada para cada caso, a tecnologia vai ajudar a democratizar o acesso à medicina de ponta, na opinião do oncologista. “O congresso da Asco cada vez mais acolhe todo tipo de pessoa com câncer e nos fornece dados para podermos cuidar melhor dos pacientes”, afirma Souza.