Médicos residentes reclamam de falta de supervisão em plantões no Hospital das Clínicas da USP


Em carta enviada à universidade, ao sindicato da categoria e ao Ministério Público, anestesiologistas relatam problemas e pedem providências. HC diz apurar

Por Gonçalo Junior
Atualização:

Médicos residentes do 2° Ano de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) reclamam da contratação de profissionais inexperientes para a supervisão e até a ausência deles nos plantões. Isso, segundo eles, prejudica o atendimento dos pacientes. Os residentes cogitam até uma paralisação.

A denúncia foi feita em uma carta enviada à própria instituição, ao Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e ao Ministério Público de São Paulo, que pediu esclarecimentos ao hospital nesta terça-feira, 21. O HC, por sua vez, afirma estar checando as informações da carta, diz que as empresas contratadas são avaliadas diariamente e acrescenta não haver evidência de queda da qualidade do atendimento.

A carta, apócrifa e enviada no início do mês, relata que residentes, sem supervisão, chegaram a cuidar de quatro salas cirúrgicas simultaneamente, sendo que “mesmo um anestesista formado não poderia, ética e juridicamente, anestesiar mais de um paciente ao mesmo tempo”.

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Pacientes neurocríticos foram erroneamente sedados, continua a carta dos residentes, com sevoflurano (medicamento que provoca a perda de consciência suave) em doses altas, o que “comprovadamente piora o desfecho neurológico pelo aumento da pressão intracraniana”.

Os residentes cogitam até uma paralisação no Hospital das Clínicas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 24/02/ 2022

Os episódios envolveriam também crianças e recém-nascidos. “Atendemos também crianças e RN extremamente graves que, anestesiados por assistentes que há anos não atuam em ambiente de urgência e emergência com experiência em anestesia pediátrica, podem incorrer em inúmeros erros de medicação e condutas.”

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Segundo os residentes, os casos ocorreram no Pronto-Socorro Cirúrgico do Instituto Central, referência no Estado de São Paulo e que recebe casos de urgência e emergência, incluindo os pacientes transportados pelos helicópteros Águias da Polícia Militar. É neste local onde são realizados os plantões dos estudantes de primeiro e segundo ano de residência médica.

“É uma experiência ímpar para nós e para os residentes de especialidades cirúrgicas, que nos prepara para atender pacientes extremamente graves, principalmente politraumatizados (principal causa de óbito em adultos jovens em nosso país)”, diz outro trecho da carta.

Nesse contexto, os residentes afirmam que os pacientes são prejudicados, que não recebem a “assistência necessária, correta e merecida”. O texto informa que foram feitos relatos à preceptoria da Residência Médica, aos chefes do serviço e demais responsáveis e que outras áreas do hospital, como enfermagem e equipes cirúrgicas, teriam testemunhado as irregularidades.

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Sindicato critica terceirização dos anestesiologistas

O Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) aponta que as reclamações dos médicos residentes do HC se tornaram mais comuns com o avanço da terceirização na contratação de médicos anestesiologistas no local. Segundo a entidade, os anestesiologistas são profissionais que trabalham por plantão, sem prática laboratorial e que ficam à disposição para trabalhar nas cirurgias, o que facilita a terceirização.

Os representantes do sindicato também apontam um prejuízo educacional dos futuros médicos. O período de residência, que pode ser comparado a um curso de pós-graduação, deve ser supervisionado por profissionais capacitados. Por isso, há uma distorção quando o residente passa a ser o titular da especialidade. Além disso, os sindicalistas afirmam que os profissionais terceirizados não atuam como preceptores, com compromisso com o ensino, mas apenas como prestadores de serviços.

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Hospital diz checar denúncia

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HHCFMUSP) afirma que as informações apontadas em carta apócrifa estão sendo checadas. “Referência internacional, o HC mantém quadro próprio de anestesiologistas, recentemente reforçado por outros profissionais de empresas terceirizadas para garantir a assistência à população, especialmente com a retomada dos procedimentos cirúrgicos eletivos após o período mais crítico da pandemia, em que estes tiveram de ser suspensos.”

As empresas contratadas são especializadas e avaliadas diariamente pela coordenação do HC, não havendo até o momento nenhuma evidência de queda da qualidade do atendimento prestado aos pacientes, diz o hospital. “O HC garante que todos os protocolos de segurança assistencial são adotados e que o número de anestesistas é constantemente ajustado à demanda, prevendo que o profissional atenda um paciente por vez, conforme resolução 2174/2017 do Conselho Federal de Medicina.”

Médicos residentes do 2° Ano de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) reclamam da contratação de profissionais inexperientes para a supervisão e até a ausência deles nos plantões. Isso, segundo eles, prejudica o atendimento dos pacientes. Os residentes cogitam até uma paralisação.

A denúncia foi feita em uma carta enviada à própria instituição, ao Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e ao Ministério Público de São Paulo, que pediu esclarecimentos ao hospital nesta terça-feira, 21. O HC, por sua vez, afirma estar checando as informações da carta, diz que as empresas contratadas são avaliadas diariamente e acrescenta não haver evidência de queda da qualidade do atendimento.

A carta, apócrifa e enviada no início do mês, relata que residentes, sem supervisão, chegaram a cuidar de quatro salas cirúrgicas simultaneamente, sendo que “mesmo um anestesista formado não poderia, ética e juridicamente, anestesiar mais de um paciente ao mesmo tempo”.

Pacientes neurocríticos foram erroneamente sedados, continua a carta dos residentes, com sevoflurano (medicamento que provoca a perda de consciência suave) em doses altas, o que “comprovadamente piora o desfecho neurológico pelo aumento da pressão intracraniana”.

Os residentes cogitam até uma paralisação no Hospital das Clínicas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 24/02/ 2022

Os episódios envolveriam também crianças e recém-nascidos. “Atendemos também crianças e RN extremamente graves que, anestesiados por assistentes que há anos não atuam em ambiente de urgência e emergência com experiência em anestesia pediátrica, podem incorrer em inúmeros erros de medicação e condutas.”

Segundo os residentes, os casos ocorreram no Pronto-Socorro Cirúrgico do Instituto Central, referência no Estado de São Paulo e que recebe casos de urgência e emergência, incluindo os pacientes transportados pelos helicópteros Águias da Polícia Militar. É neste local onde são realizados os plantões dos estudantes de primeiro e segundo ano de residência médica.

“É uma experiência ímpar para nós e para os residentes de especialidades cirúrgicas, que nos prepara para atender pacientes extremamente graves, principalmente politraumatizados (principal causa de óbito em adultos jovens em nosso país)”, diz outro trecho da carta.

Nesse contexto, os residentes afirmam que os pacientes são prejudicados, que não recebem a “assistência necessária, correta e merecida”. O texto informa que foram feitos relatos à preceptoria da Residência Médica, aos chefes do serviço e demais responsáveis e que outras áreas do hospital, como enfermagem e equipes cirúrgicas, teriam testemunhado as irregularidades.

Sindicato critica terceirização dos anestesiologistas

O Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) aponta que as reclamações dos médicos residentes do HC se tornaram mais comuns com o avanço da terceirização na contratação de médicos anestesiologistas no local. Segundo a entidade, os anestesiologistas são profissionais que trabalham por plantão, sem prática laboratorial e que ficam à disposição para trabalhar nas cirurgias, o que facilita a terceirização.

Os representantes do sindicato também apontam um prejuízo educacional dos futuros médicos. O período de residência, que pode ser comparado a um curso de pós-graduação, deve ser supervisionado por profissionais capacitados. Por isso, há uma distorção quando o residente passa a ser o titular da especialidade. Além disso, os sindicalistas afirmam que os profissionais terceirizados não atuam como preceptores, com compromisso com o ensino, mas apenas como prestadores de serviços.

Hospital diz checar denúncia

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HHCFMUSP) afirma que as informações apontadas em carta apócrifa estão sendo checadas. “Referência internacional, o HC mantém quadro próprio de anestesiologistas, recentemente reforçado por outros profissionais de empresas terceirizadas para garantir a assistência à população, especialmente com a retomada dos procedimentos cirúrgicos eletivos após o período mais crítico da pandemia, em que estes tiveram de ser suspensos.”

As empresas contratadas são especializadas e avaliadas diariamente pela coordenação do HC, não havendo até o momento nenhuma evidência de queda da qualidade do atendimento prestado aos pacientes, diz o hospital. “O HC garante que todos os protocolos de segurança assistencial são adotados e que o número de anestesistas é constantemente ajustado à demanda, prevendo que o profissional atenda um paciente por vez, conforme resolução 2174/2017 do Conselho Federal de Medicina.”

Médicos residentes do 2° Ano de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) reclamam da contratação de profissionais inexperientes para a supervisão e até a ausência deles nos plantões. Isso, segundo eles, prejudica o atendimento dos pacientes. Os residentes cogitam até uma paralisação.

A denúncia foi feita em uma carta enviada à própria instituição, ao Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e ao Ministério Público de São Paulo, que pediu esclarecimentos ao hospital nesta terça-feira, 21. O HC, por sua vez, afirma estar checando as informações da carta, diz que as empresas contratadas são avaliadas diariamente e acrescenta não haver evidência de queda da qualidade do atendimento.

A carta, apócrifa e enviada no início do mês, relata que residentes, sem supervisão, chegaram a cuidar de quatro salas cirúrgicas simultaneamente, sendo que “mesmo um anestesista formado não poderia, ética e juridicamente, anestesiar mais de um paciente ao mesmo tempo”.

Pacientes neurocríticos foram erroneamente sedados, continua a carta dos residentes, com sevoflurano (medicamento que provoca a perda de consciência suave) em doses altas, o que “comprovadamente piora o desfecho neurológico pelo aumento da pressão intracraniana”.

Os residentes cogitam até uma paralisação no Hospital das Clínicas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 24/02/ 2022

Os episódios envolveriam também crianças e recém-nascidos. “Atendemos também crianças e RN extremamente graves que, anestesiados por assistentes que há anos não atuam em ambiente de urgência e emergência com experiência em anestesia pediátrica, podem incorrer em inúmeros erros de medicação e condutas.”

Segundo os residentes, os casos ocorreram no Pronto-Socorro Cirúrgico do Instituto Central, referência no Estado de São Paulo e que recebe casos de urgência e emergência, incluindo os pacientes transportados pelos helicópteros Águias da Polícia Militar. É neste local onde são realizados os plantões dos estudantes de primeiro e segundo ano de residência médica.

“É uma experiência ímpar para nós e para os residentes de especialidades cirúrgicas, que nos prepara para atender pacientes extremamente graves, principalmente politraumatizados (principal causa de óbito em adultos jovens em nosso país)”, diz outro trecho da carta.

Nesse contexto, os residentes afirmam que os pacientes são prejudicados, que não recebem a “assistência necessária, correta e merecida”. O texto informa que foram feitos relatos à preceptoria da Residência Médica, aos chefes do serviço e demais responsáveis e que outras áreas do hospital, como enfermagem e equipes cirúrgicas, teriam testemunhado as irregularidades.

Sindicato critica terceirização dos anestesiologistas

O Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) aponta que as reclamações dos médicos residentes do HC se tornaram mais comuns com o avanço da terceirização na contratação de médicos anestesiologistas no local. Segundo a entidade, os anestesiologistas são profissionais que trabalham por plantão, sem prática laboratorial e que ficam à disposição para trabalhar nas cirurgias, o que facilita a terceirização.

Os representantes do sindicato também apontam um prejuízo educacional dos futuros médicos. O período de residência, que pode ser comparado a um curso de pós-graduação, deve ser supervisionado por profissionais capacitados. Por isso, há uma distorção quando o residente passa a ser o titular da especialidade. Além disso, os sindicalistas afirmam que os profissionais terceirizados não atuam como preceptores, com compromisso com o ensino, mas apenas como prestadores de serviços.

Hospital diz checar denúncia

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HHCFMUSP) afirma que as informações apontadas em carta apócrifa estão sendo checadas. “Referência internacional, o HC mantém quadro próprio de anestesiologistas, recentemente reforçado por outros profissionais de empresas terceirizadas para garantir a assistência à população, especialmente com a retomada dos procedimentos cirúrgicos eletivos após o período mais crítico da pandemia, em que estes tiveram de ser suspensos.”

As empresas contratadas são especializadas e avaliadas diariamente pela coordenação do HC, não havendo até o momento nenhuma evidência de queda da qualidade do atendimento prestado aos pacientes, diz o hospital. “O HC garante que todos os protocolos de segurança assistencial são adotados e que o número de anestesistas é constantemente ajustado à demanda, prevendo que o profissional atenda um paciente por vez, conforme resolução 2174/2017 do Conselho Federal de Medicina.”

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