Ministério da Saúde estuda recomendar máscaras para quem não tem sintomas de covid-19


Atualmente, pasta segue orientação da OMS, que indica uso apenas para profissionais de saúde, cuidadores de idosos, mães de fase de amamentação e pessoas infectadas pelo coronavírus

Por Márcia De Chiara

O governo estuda mudar a recomendação para que máscaras sejam usadas também por pessoas que não tenham os sintomas da covid-19. Até agora, o Ministério da Saúde segue a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS indica o uso de máscaras faciais descartáveis para profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães em fase de amamentação e pessoas diagnosticadas com o vírus.

Ontem, no entanto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ministério prepara um protocolo para produção de máscaras de TNT (Tecido Não Tecido) e seu uso por pessoas que não atuem na área da saúde e que não apresentem os sintomas da doença. 

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O uso de máscaras de TNT (não as máscaras médicas, incluindo a cirúrgica e a N95, que estão escassas) pela população em geral para reduzir o contágio do novo coronavírus ganha força entre países da Europa e nos Estados Unidos. Reportagem publicada no começo desta semana no jornal americano The Washington Post diz que funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) consideram alterar as orientações oficiais para incentivar as pessoas a cobrirem o rosto.

Apesar de não existirem estudos científicos que comprovem  a correlação entre o uso de máscaras e o menor ritmo de espalhamento da doença, essa atitude pode fazer a diferença. Artigos recentes de especialistas publicados nos jornais The New York Times e The Washington Post dizem que apesar de a OMS não recomendar o uso universal de máscaras, países que adotaram essa conduta por conta própria tiveram redução da disseminação da doença.

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Uma das evidências apontadas nesses artigos é que Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan, onde a população já tem o costume de usar máscara nas ruas, estão com o surto sob controle, mesmo estando muito próximos da China, o epicentro da pandemia. Em Praga, na República Tcheca, o governo exigiu o uso de máscaras para retardar a disseminação do vírus.

Controvérsia

Mesmo com indicações nesse sentido, o tema é controverso para os profissionais da saúde. “Não tenho opinião nenhuma sobre o uso da máscara pela população em geral e a diminuição da disseminação da doença, e eu só falo sobre coisas sobre as quais há dados científicos”, afirma Fernando Reinach, biólogo e professor aposentado da Faculdade de Bioquímica da Universidade de São Paulo e colunista do Estado

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Já o professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato, observa que o arcabouço teórico mudou. No começou, a avaliação que se tinha é que a proteção proporcionada pela máscara para quem não estava doente era muito discreta e que, pela escassez do produto, era mais importante indicar o uso aos profissionais de saúde.

No entanto, o especialista observa que em função de esse ser um vírus mais transmissível do que se imaginava no começo, é possível que contágio não ocorra apenas por gotículas, mas também por partículas que ficariam boiando no ar por uns 20 minutos. Por isso, diz Granato, a proteção com máscara poderia ter algum benefício. Além disso, a oferta de máscaras aumentou, o que reduz o risco de falta para os profissionais da saúde.

“Ainda que não seja uma proteção maravilhosa, se a máscara proteger 30%, será melhor do que nada”, diz Granato, que concorda com a mudança de recomendação do ministério da Saúde. Mas ele ressalta, no entanto, que é preciso ensinar as pessoas a usarem a máscara. Por exemplo,trocá-la periodicamente, não colocar a mão na máscara usada, porque ali estão concentradas as gotículas. Também é preciso continuar fazendo todos os outros procedimentos básicos, como de lavar as, mãos, usar álcool e manter o isolamento social.

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A confecção de máscaras caseiras, como já ocorre em outros países, pode ser uma alternativa para dar conta da grande procura pelo produto, enquanto a indústria não consegue suprir a demanda por profissionais da saúde. Neste caso, o infectologista acredita que deveria existir uma orientação de como fazer essas máscaras artesanalmente, indicando inclusive quais materiais poderiam ser usados. Muita criatividade pode ajudar no improviso de máscaras artesanais e exemplos não faltam, com o uso de camisetas e de outros tecidos e até filtros de coador de papel de café.

No vídeo abaixo, o professor da USP Henrique Eisi Toma sugere a produção de uma máscara possível de ser feita em casa.

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Cuidados

Mannu Macêdo, influenciadora digital Foto: Márcia De Chiara/Estadão

Desde que começou a pandemia do novocoronavírus no Brasil, a influenciadora digital, Mannu Macêdo, de 28 anos, usa máscara profissional N95 para sair de casa. A cada ida ao supermercado para abastecer a casa, ela vai de máscara e luvas. Na volta, descarta o material. “Quando começou a pandemia na China, comprei 50 máscaras, agora só tenho nove e não consegui comprar mais”, conta.

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Diante da impossibilidade de repor o estoque, o que é mais provável que aconteça, Mannu já está se programando para fazer máscara caseira. Pretende confeccionar as máscaras com lenços de pano, que serão desinfetados com água e sabão a cada vez que forem usados.

Apesar de ser adepta das máscaras desde o começou, ela ressalta que segue à risca as outras recomendações de higiene para prevenir a doença: prende os cabelos quando sai na rua para evitar passar a mão no rosto, usa luvas quando vai à feira e ao supermercado, lava as mãos com água e sabão e usa álcool em gel. O problema é que, além das máscaras, os seus estoques de luvas e de álcool em gel estão perto fim.

O governo estuda mudar a recomendação para que máscaras sejam usadas também por pessoas que não tenham os sintomas da covid-19. Até agora, o Ministério da Saúde segue a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS indica o uso de máscaras faciais descartáveis para profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães em fase de amamentação e pessoas diagnosticadas com o vírus.

Ontem, no entanto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ministério prepara um protocolo para produção de máscaras de TNT (Tecido Não Tecido) e seu uso por pessoas que não atuem na área da saúde e que não apresentem os sintomas da doença. 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O uso de máscaras de TNT (não as máscaras médicas, incluindo a cirúrgica e a N95, que estão escassas) pela população em geral para reduzir o contágio do novo coronavírus ganha força entre países da Europa e nos Estados Unidos. Reportagem publicada no começo desta semana no jornal americano The Washington Post diz que funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) consideram alterar as orientações oficiais para incentivar as pessoas a cobrirem o rosto.

Apesar de não existirem estudos científicos que comprovem  a correlação entre o uso de máscaras e o menor ritmo de espalhamento da doença, essa atitude pode fazer a diferença. Artigos recentes de especialistas publicados nos jornais The New York Times e The Washington Post dizem que apesar de a OMS não recomendar o uso universal de máscaras, países que adotaram essa conduta por conta própria tiveram redução da disseminação da doença.

Uma das evidências apontadas nesses artigos é que Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan, onde a população já tem o costume de usar máscara nas ruas, estão com o surto sob controle, mesmo estando muito próximos da China, o epicentro da pandemia. Em Praga, na República Tcheca, o governo exigiu o uso de máscaras para retardar a disseminação do vírus.

Controvérsia

Mesmo com indicações nesse sentido, o tema é controverso para os profissionais da saúde. “Não tenho opinião nenhuma sobre o uso da máscara pela população em geral e a diminuição da disseminação da doença, e eu só falo sobre coisas sobre as quais há dados científicos”, afirma Fernando Reinach, biólogo e professor aposentado da Faculdade de Bioquímica da Universidade de São Paulo e colunista do Estado

Já o professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato, observa que o arcabouço teórico mudou. No começou, a avaliação que se tinha é que a proteção proporcionada pela máscara para quem não estava doente era muito discreta e que, pela escassez do produto, era mais importante indicar o uso aos profissionais de saúde.

No entanto, o especialista observa que em função de esse ser um vírus mais transmissível do que se imaginava no começo, é possível que contágio não ocorra apenas por gotículas, mas também por partículas que ficariam boiando no ar por uns 20 minutos. Por isso, diz Granato, a proteção com máscara poderia ter algum benefício. Além disso, a oferta de máscaras aumentou, o que reduz o risco de falta para os profissionais da saúde.

“Ainda que não seja uma proteção maravilhosa, se a máscara proteger 30%, será melhor do que nada”, diz Granato, que concorda com a mudança de recomendação do ministério da Saúde. Mas ele ressalta, no entanto, que é preciso ensinar as pessoas a usarem a máscara. Por exemplo,trocá-la periodicamente, não colocar a mão na máscara usada, porque ali estão concentradas as gotículas. Também é preciso continuar fazendo todos os outros procedimentos básicos, como de lavar as, mãos, usar álcool e manter o isolamento social.

A confecção de máscaras caseiras, como já ocorre em outros países, pode ser uma alternativa para dar conta da grande procura pelo produto, enquanto a indústria não consegue suprir a demanda por profissionais da saúde. Neste caso, o infectologista acredita que deveria existir uma orientação de como fazer essas máscaras artesanalmente, indicando inclusive quais materiais poderiam ser usados. Muita criatividade pode ajudar no improviso de máscaras artesanais e exemplos não faltam, com o uso de camisetas e de outros tecidos e até filtros de coador de papel de café.

No vídeo abaixo, o professor da USP Henrique Eisi Toma sugere a produção de uma máscara possível de ser feita em casa.

Cuidados

Mannu Macêdo, influenciadora digital Foto: Márcia De Chiara/Estadão

Desde que começou a pandemia do novocoronavírus no Brasil, a influenciadora digital, Mannu Macêdo, de 28 anos, usa máscara profissional N95 para sair de casa. A cada ida ao supermercado para abastecer a casa, ela vai de máscara e luvas. Na volta, descarta o material. “Quando começou a pandemia na China, comprei 50 máscaras, agora só tenho nove e não consegui comprar mais”, conta.

Diante da impossibilidade de repor o estoque, o que é mais provável que aconteça, Mannu já está se programando para fazer máscara caseira. Pretende confeccionar as máscaras com lenços de pano, que serão desinfetados com água e sabão a cada vez que forem usados.

Apesar de ser adepta das máscaras desde o começou, ela ressalta que segue à risca as outras recomendações de higiene para prevenir a doença: prende os cabelos quando sai na rua para evitar passar a mão no rosto, usa luvas quando vai à feira e ao supermercado, lava as mãos com água e sabão e usa álcool em gel. O problema é que, além das máscaras, os seus estoques de luvas e de álcool em gel estão perto fim.

O governo estuda mudar a recomendação para que máscaras sejam usadas também por pessoas que não tenham os sintomas da covid-19. Até agora, o Ministério da Saúde segue a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A OMS indica o uso de máscaras faciais descartáveis para profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães em fase de amamentação e pessoas diagnosticadas com o vírus.

Ontem, no entanto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ministério prepara um protocolo para produção de máscaras de TNT (Tecido Não Tecido) e seu uso por pessoas que não atuem na área da saúde e que não apresentem os sintomas da doença. 

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O uso de máscaras de TNT (não as máscaras médicas, incluindo a cirúrgica e a N95, que estão escassas) pela população em geral para reduzir o contágio do novo coronavírus ganha força entre países da Europa e nos Estados Unidos. Reportagem publicada no começo desta semana no jornal americano The Washington Post diz que funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) consideram alterar as orientações oficiais para incentivar as pessoas a cobrirem o rosto.

Apesar de não existirem estudos científicos que comprovem  a correlação entre o uso de máscaras e o menor ritmo de espalhamento da doença, essa atitude pode fazer a diferença. Artigos recentes de especialistas publicados nos jornais The New York Times e The Washington Post dizem que apesar de a OMS não recomendar o uso universal de máscaras, países que adotaram essa conduta por conta própria tiveram redução da disseminação da doença.

Uma das evidências apontadas nesses artigos é que Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan, onde a população já tem o costume de usar máscara nas ruas, estão com o surto sob controle, mesmo estando muito próximos da China, o epicentro da pandemia. Em Praga, na República Tcheca, o governo exigiu o uso de máscaras para retardar a disseminação do vírus.

Controvérsia

Mesmo com indicações nesse sentido, o tema é controverso para os profissionais da saúde. “Não tenho opinião nenhuma sobre o uso da máscara pela população em geral e a diminuição da disseminação da doença, e eu só falo sobre coisas sobre as quais há dados científicos”, afirma Fernando Reinach, biólogo e professor aposentado da Faculdade de Bioquímica da Universidade de São Paulo e colunista do Estado

Já o professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato, observa que o arcabouço teórico mudou. No começou, a avaliação que se tinha é que a proteção proporcionada pela máscara para quem não estava doente era muito discreta e que, pela escassez do produto, era mais importante indicar o uso aos profissionais de saúde.

No entanto, o especialista observa que em função de esse ser um vírus mais transmissível do que se imaginava no começo, é possível que contágio não ocorra apenas por gotículas, mas também por partículas que ficariam boiando no ar por uns 20 minutos. Por isso, diz Granato, a proteção com máscara poderia ter algum benefício. Além disso, a oferta de máscaras aumentou, o que reduz o risco de falta para os profissionais da saúde.

“Ainda que não seja uma proteção maravilhosa, se a máscara proteger 30%, será melhor do que nada”, diz Granato, que concorda com a mudança de recomendação do ministério da Saúde. Mas ele ressalta, no entanto, que é preciso ensinar as pessoas a usarem a máscara. Por exemplo,trocá-la periodicamente, não colocar a mão na máscara usada, porque ali estão concentradas as gotículas. Também é preciso continuar fazendo todos os outros procedimentos básicos, como de lavar as, mãos, usar álcool e manter o isolamento social.

A confecção de máscaras caseiras, como já ocorre em outros países, pode ser uma alternativa para dar conta da grande procura pelo produto, enquanto a indústria não consegue suprir a demanda por profissionais da saúde. Neste caso, o infectologista acredita que deveria existir uma orientação de como fazer essas máscaras artesanalmente, indicando inclusive quais materiais poderiam ser usados. Muita criatividade pode ajudar no improviso de máscaras artesanais e exemplos não faltam, com o uso de camisetas e de outros tecidos e até filtros de coador de papel de café.

No vídeo abaixo, o professor da USP Henrique Eisi Toma sugere a produção de uma máscara possível de ser feita em casa.

Cuidados

Mannu Macêdo, influenciadora digital Foto: Márcia De Chiara/Estadão

Desde que começou a pandemia do novocoronavírus no Brasil, a influenciadora digital, Mannu Macêdo, de 28 anos, usa máscara profissional N95 para sair de casa. A cada ida ao supermercado para abastecer a casa, ela vai de máscara e luvas. Na volta, descarta o material. “Quando começou a pandemia na China, comprei 50 máscaras, agora só tenho nove e não consegui comprar mais”, conta.

Diante da impossibilidade de repor o estoque, o que é mais provável que aconteça, Mannu já está se programando para fazer máscara caseira. Pretende confeccionar as máscaras com lenços de pano, que serão desinfetados com água e sabão a cada vez que forem usados.

Apesar de ser adepta das máscaras desde o começou, ela ressalta que segue à risca as outras recomendações de higiene para prevenir a doença: prende os cabelos quando sai na rua para evitar passar a mão no rosto, usa luvas quando vai à feira e ao supermercado, lava as mãos com água e sabão e usa álcool em gel. O problema é que, além das máscaras, os seus estoques de luvas e de álcool em gel estão perto fim.

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