A ex-jogadora de vôlei e treinadora Isabel Salgado morreu aos 62 anos nesta quarta-feira, 16, por Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA). A condição, que consiste em uma inflamação pulmonar capaz de gerar insuficiência respiratória, foi provocada por uma infecção bacteriana nos pulmões. Segundo João Salge, pneumologista do Fleury Medicina e Saúde, trata-se de uma emergência médica grave e que, a depender do quadro, pode levar à morte até mesmo pessoas sem doenças crônicas e fisicamente ativas, como Isabel.
Também chamada de Síndrome do Desconforto Respiratório Adulto (SDRA), em uma tentativa de diferenciar a SARA da síndrome da angústia respiratória em recém-nascidos, que geralmente acomete bebês prematuros, a condição que levou Isabel à morte geralmente é causada por doenças infecciosas agudas, como as bacterianas.
Leia também
A inflamação pulmonar afeta os alvéolos e faz com que extravase líquido para dentro dos pulmões. Encharcado, o órgão não consegue realizar troca gasosa e absorver oxigênio, além de ter dificuldades mecânicas para expandir e contrair os sacos pulmonares durante a respiração. “Os pulmões ficam rígidos e a pessoa tem mais dificuldade para respirar”, resume o pneumologista.
Causas
A SARA geralmente é causada por uma doença infecciosa aguda. Segundo o infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a condição acontece principalmente em quadros graves de pneumonia por gripe ou covid-19, no entanto, infecções em qualquer parte do corpo podem levar ao comprometimento do pulmão.
“Um quadro infeccioso pode levar o paciente a uma sepse, que é quando uma infecção local gera uma resposta que afeta o corpo inteiro. Então, uma infecção urinária horrível, por exemplo, pode afetar o corpo como um todo, mexendo com o rim, as plaquetas, o coração e o pulmão”, explica o médico.
Sintomas e tratamento
Como o próprio nome já diz, a SARA gera angústia respiratória, ou seja, o paciente tem dificuldade em respirar. Por causa do excesso de líquido no pulmão, o órgão tem maior dificuldade em fazer os movimentos de inspiração e expiração de ar. Além disso, a absorção do oxigênio é comprometida, levando a uma baixa oxigenação do sangue, o que pode causar fraqueza, cansaço e arritmia cardíaca.
O tratamento da SARA consiste em controlar os sintomas respiratórios e tratar a doença infecciosa inicial até que o paciente se reestabeleça completamente. Geralmente são utilizados ventiladores mecânicos, que ajudam a pessoa a respirar, e máquinas que fazem a troca gasosa, para que o paciente consiga absorver o oxigênio.
“No caso da infecção bacteriana, por exemplo, enquanto são feitas as medidas paliativas em relação ao quadro respiratório, o tratamento é feito com antibióticos. Agora, em casos mais graves, quando a bactéria já está instalada, são utilizadas medicações anti-inflamatórias e corticoides”, diz Prats.