MPF quer impedir que Ministério da Saúde compre hemoderivado


Na avaliação do Ministério Público, pasta está criando situação de urgência para adquirir produto usado por pessoas com hemofilia

Por Fabio Fabrini e Ligia Formenti

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE) vai ingressar, na segunda-feira, 9, com uma ação civil pública para impedir que o Ministério da Saúde faça licitação para a compra de Fator VIII recombinante, usado por pessoas com hemofilia. Na avaliação do MP, a pasta estaria criando uma situação de urgência justamente para fazer aquisição.

A Hemobrás é uma empresa estatal de sangue brasileira situada em Pernambuco Foto: Hemobrás

"Os estoques vão acabarem fevereiro, e o ministro, em vez de proceder com o contrato regular, como sempre fez, via Hemobrás, está inventando essa emergência para justificar indevidamente, fraudulentamente, a atitude",afirmou ao Estado a procuradora Sílvia Regina Pontes Lopes.

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A ação civil pública pode representar mais um obstáculo para a estratégia que vinha sendo traçada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na área de hemoderivados. Na quarta-feira, 4, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a pasta retomasse a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa Shire e a Hemobrás para a produção do Fator VIII. Embora a decisão seja cautelar, a decisão do TCU também representa um revés para o processo de licitação que vinha sendo preparado pela pasta.

Barros, no entanto, afirmou que a decisão do TCU não muda em nada a conduta do ministério e que a licitação para a aquisição do produto deverá ser mantida. 

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O fornecimento de Fator VIII recombinante, um hemoderivado usado por parte dos pacientes com hemofilia, é feito no Brasil atualmente por meio de uma compra de produtos da Shire. A farmacêutica tem um contrato de Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a Hemobrás, a estatal do sangue brasileira situada em Pernambuco.

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Pelo contrato, até 2022 a Shire transfere o conhecimento para a produção do hemoderivado à Hemobrás, a quem, terminado o contrato, caberá a fabricação total do produto. O processo é feito por etapas, que começam com a simples embalagem, passando pelo envazamento até chegar à produção da matéria-prima. Em troca da transferência de tecnologia, a Shire tem a garantia de abastecer o mercado brasileiro durante os anos em que o contrato estiver em vigor.

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O ministro suspendeu a PDP neste ano sob a justificativa de que várias etapas do processo não haviam sido cumpridas e de que a transferência estava atrasada. Sob o risco de perder o contrato milionário, a Shire fez uma contraproposta, que oferecia desde a redução do preço do produto até o perdão de multas e um prazo para a quitação de uma dívida contraída pela empresa. 

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Até agora, no entanto, o Ministério da Saúde não havia se manifestado sobre a oferta. A maior preocupação era com o fato de que os estoques do produto vão até fevereiro. E que a compra e operação para envio do produto demora pelo menos quatro meses.Com isso, o risco de desabastecimento do mercado aumenta a cada dia. Além da demora, chamou a atenção da procuradoria os preparativos feitos pelo Ministério da Saúde para uma licitação, um claro sinal de que a compra, em vez de ser feita diretamente com a Hemobrás, seria feita com outros fornecedores.

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"Ele mesmo está criando a hipótese de emergência. Se o estoque vai acabar em fevereiro, porque ele não vai, pelas vias normais, contratar a Hemobrás?", questionou.

Na semana passada, o ministro afirmou ao Estado que a compra seria feita como precaução. O quantitativo era suficiente para três meses.

A decisão do TCU não mudou os planos do Ministério Público. De acordo com a procuradora, a ação buscará providências em outra esfera, a judicial. O processo na corte de contas tem caráter administrativo. A Shire, que também estudava ingressar na Justiça contra a licitação, decidiu agora aguardar.

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Nenhum avanço realizado

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que durante os cinco anos de PDP entre Hemobrás e Shire, nenhum avanço foi realizado. "Nenhuma obra ou equipamento específico para a produção de Fator VIII recombinante foi realizada e não foi constado qualquer indício de transferência de tecnologia para a fabricação do produto", observou o ministério.

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De acordo com a pasta, a PDP, com validade de cinco anos, termina este mês. "Cabe ao Ministério da Saúde e demais órgãos de controle, portanto, fiscalizar e cobrar o real compromisso de transferência de tecnologia completa, antes de dar um aval positivo para a renovação do contrato."

Ainda segundo a pasta, para evitar qualquer potencial risco de desabastecimento, está sendo realizada uma compra do produto para o período de seis meses. "Assim, pelo contrário, estão sendo proporcionadas as condições adequadas para a melhor solução o abastecimento de hemoderivados no País", informou a nota. 

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE) vai ingressar, na segunda-feira, 9, com uma ação civil pública para impedir que o Ministério da Saúde faça licitação para a compra de Fator VIII recombinante, usado por pessoas com hemofilia. Na avaliação do MP, a pasta estaria criando uma situação de urgência justamente para fazer aquisição.

A Hemobrás é uma empresa estatal de sangue brasileira situada em Pernambuco Foto: Hemobrás

"Os estoques vão acabarem fevereiro, e o ministro, em vez de proceder com o contrato regular, como sempre fez, via Hemobrás, está inventando essa emergência para justificar indevidamente, fraudulentamente, a atitude",afirmou ao Estado a procuradora Sílvia Regina Pontes Lopes.

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Barros, no entanto, afirmou que a decisão do TCU não muda em nada a conduta do ministério e que a licitação para a aquisição do produto deverá ser mantida. 

O fornecimento de Fator VIII recombinante, um hemoderivado usado por parte dos pacientes com hemofilia, é feito no Brasil atualmente por meio de uma compra de produtos da Shire. A farmacêutica tem um contrato de Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a Hemobrás, a estatal do sangue brasileira situada em Pernambuco.

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O ministro suspendeu a PDP neste ano sob a justificativa de que várias etapas do processo não haviam sido cumpridas e de que a transferência estava atrasada. Sob o risco de perder o contrato milionário, a Shire fez uma contraproposta, que oferecia desde a redução do preço do produto até o perdão de multas e um prazo para a quitação de uma dívida contraída pela empresa. 

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"Ele mesmo está criando a hipótese de emergência. Se o estoque vai acabar em fevereiro, porque ele não vai, pelas vias normais, contratar a Hemobrás?", questionou.

Na semana passada, o ministro afirmou ao Estado que a compra seria feita como precaução. O quantitativo era suficiente para três meses.

A decisão do TCU não mudou os planos do Ministério Público. De acordo com a procuradora, a ação buscará providências em outra esfera, a judicial. O processo na corte de contas tem caráter administrativo. A Shire, que também estudava ingressar na Justiça contra a licitação, decidiu agora aguardar.

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Nenhum avanço realizado

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que durante os cinco anos de PDP entre Hemobrás e Shire, nenhum avanço foi realizado. "Nenhuma obra ou equipamento específico para a produção de Fator VIII recombinante foi realizada e não foi constado qualquer indício de transferência de tecnologia para a fabricação do produto", observou o ministério.

De acordo com a pasta, a PDP, com validade de cinco anos, termina este mês. "Cabe ao Ministério da Saúde e demais órgãos de controle, portanto, fiscalizar e cobrar o real compromisso de transferência de tecnologia completa, antes de dar um aval positivo para a renovação do contrato."

Ainda segundo a pasta, para evitar qualquer potencial risco de desabastecimento, está sendo realizada uma compra do produto para o período de seis meses. "Assim, pelo contrário, estão sendo proporcionadas as condições adequadas para a melhor solução o abastecimento de hemoderivados no País", informou a nota. 

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE) vai ingressar, na segunda-feira, 9, com uma ação civil pública para impedir que o Ministério da Saúde faça licitação para a compra de Fator VIII recombinante, usado por pessoas com hemofilia. Na avaliação do MP, a pasta estaria criando uma situação de urgência justamente para fazer aquisição.

A Hemobrás é uma empresa estatal de sangue brasileira situada em Pernambuco Foto: Hemobrás

"Os estoques vão acabarem fevereiro, e o ministro, em vez de proceder com o contrato regular, como sempre fez, via Hemobrás, está inventando essa emergência para justificar indevidamente, fraudulentamente, a atitude",afirmou ao Estado a procuradora Sílvia Regina Pontes Lopes.

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A ação civil pública pode representar mais um obstáculo para a estratégia que vinha sendo traçada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na área de hemoderivados. Na quarta-feira, 4, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a pasta retomasse a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa Shire e a Hemobrás para a produção do Fator VIII. Embora a decisão seja cautelar, a decisão do TCU também representa um revés para o processo de licitação que vinha sendo preparado pela pasta.

Barros, no entanto, afirmou que a decisão do TCU não muda em nada a conduta do ministério e que a licitação para a aquisição do produto deverá ser mantida. 

O fornecimento de Fator VIII recombinante, um hemoderivado usado por parte dos pacientes com hemofilia, é feito no Brasil atualmente por meio de uma compra de produtos da Shire. A farmacêutica tem um contrato de Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a Hemobrás, a estatal do sangue brasileira situada em Pernambuco.

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Pelo contrato, até 2022 a Shire transfere o conhecimento para a produção do hemoderivado à Hemobrás, a quem, terminado o contrato, caberá a fabricação total do produto. O processo é feito por etapas, que começam com a simples embalagem, passando pelo envazamento até chegar à produção da matéria-prima. Em troca da transferência de tecnologia, a Shire tem a garantia de abastecer o mercado brasileiro durante os anos em que o contrato estiver em vigor.

O ministro suspendeu a PDP neste ano sob a justificativa de que várias etapas do processo não haviam sido cumpridas e de que a transferência estava atrasada. Sob o risco de perder o contrato milionário, a Shire fez uma contraproposta, que oferecia desde a redução do preço do produto até o perdão de multas e um prazo para a quitação de uma dívida contraída pela empresa. 

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Até agora, no entanto, o Ministério da Saúde não havia se manifestado sobre a oferta. A maior preocupação era com o fato de que os estoques do produto vão até fevereiro. E que a compra e operação para envio do produto demora pelo menos quatro meses.Com isso, o risco de desabastecimento do mercado aumenta a cada dia. Além da demora, chamou a atenção da procuradoria os preparativos feitos pelo Ministério da Saúde para uma licitação, um claro sinal de que a compra, em vez de ser feita diretamente com a Hemobrás, seria feita com outros fornecedores.

"Ele mesmo está criando a hipótese de emergência. Se o estoque vai acabar em fevereiro, porque ele não vai, pelas vias normais, contratar a Hemobrás?", questionou.

Na semana passada, o ministro afirmou ao Estado que a compra seria feita como precaução. O quantitativo era suficiente para três meses.

A decisão do TCU não mudou os planos do Ministério Público. De acordo com a procuradora, a ação buscará providências em outra esfera, a judicial. O processo na corte de contas tem caráter administrativo. A Shire, que também estudava ingressar na Justiça contra a licitação, decidiu agora aguardar.

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Nenhum avanço realizado

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que durante os cinco anos de PDP entre Hemobrás e Shire, nenhum avanço foi realizado. "Nenhuma obra ou equipamento específico para a produção de Fator VIII recombinante foi realizada e não foi constado qualquer indício de transferência de tecnologia para a fabricação do produto", observou o ministério.

De acordo com a pasta, a PDP, com validade de cinco anos, termina este mês. "Cabe ao Ministério da Saúde e demais órgãos de controle, portanto, fiscalizar e cobrar o real compromisso de transferência de tecnologia completa, antes de dar um aval positivo para a renovação do contrato."

Ainda segundo a pasta, para evitar qualquer potencial risco de desabastecimento, está sendo realizada uma compra do produto para o período de seis meses. "Assim, pelo contrário, estão sendo proporcionadas as condições adequadas para a melhor solução o abastecimento de hemoderivados no País", informou a nota. 

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE) vai ingressar, na segunda-feira, 9, com uma ação civil pública para impedir que o Ministério da Saúde faça licitação para a compra de Fator VIII recombinante, usado por pessoas com hemofilia. Na avaliação do MP, a pasta estaria criando uma situação de urgência justamente para fazer aquisição.

A Hemobrás é uma empresa estatal de sangue brasileira situada em Pernambuco Foto: Hemobrás

"Os estoques vão acabarem fevereiro, e o ministro, em vez de proceder com o contrato regular, como sempre fez, via Hemobrás, está inventando essa emergência para justificar indevidamente, fraudulentamente, a atitude",afirmou ao Estado a procuradora Sílvia Regina Pontes Lopes.

+++ Sangue de cearense salva bebê colombiana

A ação civil pública pode representar mais um obstáculo para a estratégia que vinha sendo traçada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na área de hemoderivados. Na quarta-feira, 4, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a pasta retomasse a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa Shire e a Hemobrás para a produção do Fator VIII. Embora a decisão seja cautelar, a decisão do TCU também representa um revés para o processo de licitação que vinha sendo preparado pela pasta.

Barros, no entanto, afirmou que a decisão do TCU não muda em nada a conduta do ministério e que a licitação para a aquisição do produto deverá ser mantida. 

O fornecimento de Fator VIII recombinante, um hemoderivado usado por parte dos pacientes com hemofilia, é feito no Brasil atualmente por meio de uma compra de produtos da Shire. A farmacêutica tem um contrato de Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a Hemobrás, a estatal do sangue brasileira situada em Pernambuco.

+++ Confira 7 mitos e verdades sobre a doação de sangue

Pelo contrato, até 2022 a Shire transfere o conhecimento para a produção do hemoderivado à Hemobrás, a quem, terminado o contrato, caberá a fabricação total do produto. O processo é feito por etapas, que começam com a simples embalagem, passando pelo envazamento até chegar à produção da matéria-prima. Em troca da transferência de tecnologia, a Shire tem a garantia de abastecer o mercado brasileiro durante os anos em que o contrato estiver em vigor.

O ministro suspendeu a PDP neste ano sob a justificativa de que várias etapas do processo não haviam sido cumpridas e de que a transferência estava atrasada. Sob o risco de perder o contrato milionário, a Shire fez uma contraproposta, que oferecia desde a redução do preço do produto até o perdão de multas e um prazo para a quitação de uma dívida contraída pela empresa. 

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Até agora, no entanto, o Ministério da Saúde não havia se manifestado sobre a oferta. A maior preocupação era com o fato de que os estoques do produto vão até fevereiro. E que a compra e operação para envio do produto demora pelo menos quatro meses.Com isso, o risco de desabastecimento do mercado aumenta a cada dia. Além da demora, chamou a atenção da procuradoria os preparativos feitos pelo Ministério da Saúde para uma licitação, um claro sinal de que a compra, em vez de ser feita diretamente com a Hemobrás, seria feita com outros fornecedores.

"Ele mesmo está criando a hipótese de emergência. Se o estoque vai acabar em fevereiro, porque ele não vai, pelas vias normais, contratar a Hemobrás?", questionou.

Na semana passada, o ministro afirmou ao Estado que a compra seria feita como precaução. O quantitativo era suficiente para três meses.

A decisão do TCU não mudou os planos do Ministério Público. De acordo com a procuradora, a ação buscará providências em outra esfera, a judicial. O processo na corte de contas tem caráter administrativo. A Shire, que também estudava ingressar na Justiça contra a licitação, decidiu agora aguardar.

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Nenhum avanço realizado

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que durante os cinco anos de PDP entre Hemobrás e Shire, nenhum avanço foi realizado. "Nenhuma obra ou equipamento específico para a produção de Fator VIII recombinante foi realizada e não foi constado qualquer indício de transferência de tecnologia para a fabricação do produto", observou o ministério.

De acordo com a pasta, a PDP, com validade de cinco anos, termina este mês. "Cabe ao Ministério da Saúde e demais órgãos de controle, portanto, fiscalizar e cobrar o real compromisso de transferência de tecnologia completa, antes de dar um aval positivo para a renovação do contrato."

Ainda segundo a pasta, para evitar qualquer potencial risco de desabastecimento, está sendo realizada uma compra do produto para o período de seis meses. "Assim, pelo contrário, estão sendo proporcionadas as condições adequadas para a melhor solução o abastecimento de hemoderivados no País", informou a nota. 

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal de Pernambuco (MPF-PE) vai ingressar, na segunda-feira, 9, com uma ação civil pública para impedir que o Ministério da Saúde faça licitação para a compra de Fator VIII recombinante, usado por pessoas com hemofilia. Na avaliação do MP, a pasta estaria criando uma situação de urgência justamente para fazer aquisição.

A Hemobrás é uma empresa estatal de sangue brasileira situada em Pernambuco Foto: Hemobrás

"Os estoques vão acabarem fevereiro, e o ministro, em vez de proceder com o contrato regular, como sempre fez, via Hemobrás, está inventando essa emergência para justificar indevidamente, fraudulentamente, a atitude",afirmou ao Estado a procuradora Sílvia Regina Pontes Lopes.

+++ Sangue de cearense salva bebê colombiana

A ação civil pública pode representar mais um obstáculo para a estratégia que vinha sendo traçada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na área de hemoderivados. Na quarta-feira, 4, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a pasta retomasse a Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa Shire e a Hemobrás para a produção do Fator VIII. Embora a decisão seja cautelar, a decisão do TCU também representa um revés para o processo de licitação que vinha sendo preparado pela pasta.

Barros, no entanto, afirmou que a decisão do TCU não muda em nada a conduta do ministério e que a licitação para a aquisição do produto deverá ser mantida. 

O fornecimento de Fator VIII recombinante, um hemoderivado usado por parte dos pacientes com hemofilia, é feito no Brasil atualmente por meio de uma compra de produtos da Shire. A farmacêutica tem um contrato de Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a Hemobrás, a estatal do sangue brasileira situada em Pernambuco.

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Pelo contrato, até 2022 a Shire transfere o conhecimento para a produção do hemoderivado à Hemobrás, a quem, terminado o contrato, caberá a fabricação total do produto. O processo é feito por etapas, que começam com a simples embalagem, passando pelo envazamento até chegar à produção da matéria-prima. Em troca da transferência de tecnologia, a Shire tem a garantia de abastecer o mercado brasileiro durante os anos em que o contrato estiver em vigor.

O ministro suspendeu a PDP neste ano sob a justificativa de que várias etapas do processo não haviam sido cumpridas e de que a transferência estava atrasada. Sob o risco de perder o contrato milionário, a Shire fez uma contraproposta, que oferecia desde a redução do preço do produto até o perdão de multas e um prazo para a quitação de uma dívida contraída pela empresa. 

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Até agora, no entanto, o Ministério da Saúde não havia se manifestado sobre a oferta. A maior preocupação era com o fato de que os estoques do produto vão até fevereiro. E que a compra e operação para envio do produto demora pelo menos quatro meses.Com isso, o risco de desabastecimento do mercado aumenta a cada dia. Além da demora, chamou a atenção da procuradoria os preparativos feitos pelo Ministério da Saúde para uma licitação, um claro sinal de que a compra, em vez de ser feita diretamente com a Hemobrás, seria feita com outros fornecedores.

"Ele mesmo está criando a hipótese de emergência. Se o estoque vai acabar em fevereiro, porque ele não vai, pelas vias normais, contratar a Hemobrás?", questionou.

Na semana passada, o ministro afirmou ao Estado que a compra seria feita como precaução. O quantitativo era suficiente para três meses.

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Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que durante os cinco anos de PDP entre Hemobrás e Shire, nenhum avanço foi realizado. "Nenhuma obra ou equipamento específico para a produção de Fator VIII recombinante foi realizada e não foi constado qualquer indício de transferência de tecnologia para a fabricação do produto", observou o ministério.

De acordo com a pasta, a PDP, com validade de cinco anos, termina este mês. "Cabe ao Ministério da Saúde e demais órgãos de controle, portanto, fiscalizar e cobrar o real compromisso de transferência de tecnologia completa, antes de dar um aval positivo para a renovação do contrato."

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