Na Vila Jaguara, epidemia de dengue é alarmante: ‘Na família, até bebê com menos de 1 ano pegou’


Na cidade de São Paulo, esse é o distrito com pior cenário de contaminação, com mais de 3 mil casos por 100 mil habitantes; uso de repelente já faz parte da rotina de moradores

Por Renata Okumura
Atualização:

Com níveis alarmantes de contaminação na Vila Jaguara, zona oeste da cidade de São Paulo, moradores ainda tentam entender os motivos para o distrito registrar o maior número de casos de dengue na capital. Nos últimos meses, boa parte da vizinhança contraiu a doença. Eles cobram ações mais efetivas da Prefeitura de São Paulo, assim como reforçam que parte da população também contribui para o difícil cenário.

Procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território somente neste ano. A pasta ainda frisou a importância do apoio da população no combate à dengue.

Na Rua Michel Haddad, a doença é o tema do momento. Lá, praticamente todas as casas tiveram casos da doença. Em algumas residências, há registros de até quatro integrantes da família com diagnóstico positivo no último mês.

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“Na nossa família, meu irmão e minha cunhada, que moram ao lado, tiveram dengue, assim como minha sobrinha neta, que mora no andar de cima com os pais. A bebê não tem nem 1 ano. Vai completar em julho. É assustador”, disse a aposentada Mirian Flores, de 66 anos.

Na foto, Mirian Flores com o gato Tom e seu irmão Marcos Bonini Flores, que contraiu dengue. Eles estão em frente ao campo do Fluminense, que, segundo a população, é um dos focos de dengue na região.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O policial militar reformado Marcos Bonini Flores, de 69 anos, irmão de Mirian, lembra do momento em que começou a apresentar os sintomas da dengue. “Realmente foi um momento bastante difícil. Depois a gente verificou que boa parte da vizinhança também teve a doença, quase que em peso”, disse ele.

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Após o alerta de vizinhos, a cuidadora Flávia Lima Ferreira Pereira, de 41 anos, que também mora na Rua Michel Haddad, disse que todos da família começaram a usar repelente. “Não sei o motivo, mas, aqui, ninguém contraiu a doença até agora. Passamos repelente e minha filha leva para reaplicar na escola. O problema maior é que aqui na região moram muitos idosos”, disse Flávia.

Na capital paulista, Jaguara é o distrito com o pior cenário, com o registro de 3.236,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico mais recente, divulgado em 4 de março, pela Prefeitura de São Paulo. Para ter ideia, quando um local registra 300 casos a cada 100 mil habitantes, a situação já pode ser considerada uma epidemia.

Sem uma conclusão efetiva para a situação preocupante, moradores da Vila Jaguara atribuem a alta incidência de casos a uma quadra de futebol repleta de mato e entulho e também à resistência de certos munícipes em receber a visita de agentes municipais.

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Lixo e água acumulada em garrafas pets, cumbucas de barro e copos são encontrados em meio a mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Nosso problema maior se deve ao campo de futebol aqui na esquina, conhecido como campo do Fluminense, que tem muito mato. No local, além de matagal, há presença de lixo e também potes e copos descartáveis acumulando água. Já reclamamos para a Prefeitura de São Paulo, que é responsável pelo campo, mas, até agora, nada”, cobrou Mirian.

“Quando tem jogo, as pessoas jogam muitos copos descartáveis, isso é um tormento para quem mora aqui. Além do matagal, pois a prefeitura não tem feito a limpeza, o descarte irregular é outro problema no bairro”, disse uma moradora de 49 anos, que preferiu não se identificar.

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Mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara, distrito de São Paulo que vive epidemia de dengue, com números alarmantes de contaminação. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O irmão de Mirian concorda que as condições do campo ajudam a explicar a altíssima incidência de dengue na região. “O problema todo é com a limpeza. A prefeitura não faz a manutenção que deveria ser feita”, diz.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que, no dia 2 de março, enviou uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) para realizar vistoria no local citado pela reportagem. Na ocasião, não foi constatada a presença de larvas. Também já foi realizada ação de nebulização na região.

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Por sua vez, a Subprefeitura da Lapa informa que executou a limpeza e varrição no campo do Fluminense no dia 2 de fevereiro. A próxima ação de zeladoria já está programada e será executada até o fim da próxima semana.

“Claro, o comportamento da população também corrobora com essa situação”, reconhece Flores. “Algumas casas que tinham matagal na frente fizeram a limpeza após casos de dengue, mas outras, ainda não. Eu procuro ajudar. Pela manhã, faço a limpeza da frente da minha casa. Todos precisam participar”, acrescentou ele, que mantém todo o cuidado com a sua fachada.

Agentes comunitários de saúde visitando casas na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Agentes de saúde continuam atuando na região, caminhando diariamente e levando orientações aos moradores sobre as formas corretas de prevenção. Eles também ressaltam a necessidade de as pessoas buscarem auxílio médico para realizar um teste quando houver sintomas de dengue.

Foi o caso da empresária Aleoni Teixeira, de 48 anos, cuja filha de 26 anos já está há pelo menos cinco dias com sintomas. Ela foi orientada a levar a filha até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jaguara, que fica a menos de 300 metros do seu endereço.

“Minha filha está com febre, muita dor no corpo e vomitando. Ela está em casa, não consegue nem levantar. Há menos de um mês meu marido também teve dengue. E minha outra filha, de 18, teve a doença há uns 15 dias. Meu neto, de 7, também teve”, conta Aleoni, que mora na Rua Altamira do Paraná, a menos de uma quadra da Rua Michel Haddad.

A idosa Vilma da Silva, de 62 anos, também buscou atendimento na UBS Jaguara por ter apresentado episódio de febre na noite anterior. “Achei melhor passar em atendimento médico para ver se podia ser dengue”, avaliou ela.

Com uma bebê de apenas 4 meses, a comerciante Crislane Ferreira, de 23 anos, também está com bastante medo. “Os casos estão aumentando muito por aqui. Minha vizinha está com dengue e a filha dela está com suspeita de covid-19 e também de dengue”, contou ela.

Crislane Ferreira, de 23 anos, mãe de Laura, 4 meses, está com bastante medo de pegar dengue. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Dentro das casas há muitos focos, com certeza. A gente tem cuidado, mas o vizinho pode não ter. Cada um deve colaborar para evitar focos do mosquito. Em casa, tento deixar as coisas sempre limpas e as janelas sempre fechadas, mesmo com o calor. Também uso repelente na minha bebê indicado para a faixa etária. A gente fica com medo”, disse a jovem.

Nice Santos, de 59 anos, passa repelente em sua mãe Deolides dos Santos, de 92 anos.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outra moradora que está aflita é Nice Santos, de 59 anos, que também mora na Rua Altamira do Paraná. Ela trabalhava como auxiliar de escritório, mas deixou o emprego para cuidar da família, que precisa de sua ajuda e, agora, sente-se ainda mais vulnerável com a situação crítica da dengue.

“Tenho minha mãe de 92 anos, que teve câncer de mama, meu irmão que é deficiente, e meu filho, que sofreu acidente e está acamado. Agora, estamos com medo da dengue. Usamos repelente de tomada, passamos repelente (na pele) todos os dias e acendemos incenso. Temos telas nas janelas também. A prefeitura também deve ampliar o número de carros de fumacê. Passaram poucos na região”, afirma Nice.

A aposentada Sônia dos Santos Lima, de 64 anos, conta que a sobrinha e a irmã pegaram dengue. “Ficaram bem mal. A gente procura adotar todos os cuidados para prevenir. Eu levanto e já passo repelente. Na calçada do vizinho, que tem água parada, procuro fazer a limpeza também”, acrescenta ela.

Água empoçada na Rua Altamira do Paraná, na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que monitora o cenário epidemiológico em toda cidade. “Em relação ao distrito administrativo Jaguara, somente neste ano foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território”, disse. Sobre o campo de futebol citado pelos moradores, a SMS garante que o local permanecerá sendo monitorado pela Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis).

Segundo a pasta, é essencial contar com o apoio da população. “O munícipe deve verificar sua residência, se não está deixando recipientes ou reservatórios de água que possam impactar na propagação da doença”.

A secretaria disse ainda que as unidades de saúde municipais realizam atendimento a pacientes que apresentam sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, e estão abastecidas com testes rápidos para detectar a doença, que são feitos conforme avaliação clínica.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, já foram notificados, neste ano, 25.182 casos de dengue no município de São Paulo, número 68% maior do que o registrado em todo o ano passado (14.938).

Com níveis alarmantes de contaminação na Vila Jaguara, zona oeste da cidade de São Paulo, moradores ainda tentam entender os motivos para o distrito registrar o maior número de casos de dengue na capital. Nos últimos meses, boa parte da vizinhança contraiu a doença. Eles cobram ações mais efetivas da Prefeitura de São Paulo, assim como reforçam que parte da população também contribui para o difícil cenário.

Procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território somente neste ano. A pasta ainda frisou a importância do apoio da população no combate à dengue.

Na Rua Michel Haddad, a doença é o tema do momento. Lá, praticamente todas as casas tiveram casos da doença. Em algumas residências, há registros de até quatro integrantes da família com diagnóstico positivo no último mês.

“Na nossa família, meu irmão e minha cunhada, que moram ao lado, tiveram dengue, assim como minha sobrinha neta, que mora no andar de cima com os pais. A bebê não tem nem 1 ano. Vai completar em julho. É assustador”, disse a aposentada Mirian Flores, de 66 anos.

Na foto, Mirian Flores com o gato Tom e seu irmão Marcos Bonini Flores, que contraiu dengue. Eles estão em frente ao campo do Fluminense, que, segundo a população, é um dos focos de dengue na região.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O policial militar reformado Marcos Bonini Flores, de 69 anos, irmão de Mirian, lembra do momento em que começou a apresentar os sintomas da dengue. “Realmente foi um momento bastante difícil. Depois a gente verificou que boa parte da vizinhança também teve a doença, quase que em peso”, disse ele.

Após o alerta de vizinhos, a cuidadora Flávia Lima Ferreira Pereira, de 41 anos, que também mora na Rua Michel Haddad, disse que todos da família começaram a usar repelente. “Não sei o motivo, mas, aqui, ninguém contraiu a doença até agora. Passamos repelente e minha filha leva para reaplicar na escola. O problema maior é que aqui na região moram muitos idosos”, disse Flávia.

Na capital paulista, Jaguara é o distrito com o pior cenário, com o registro de 3.236,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico mais recente, divulgado em 4 de março, pela Prefeitura de São Paulo. Para ter ideia, quando um local registra 300 casos a cada 100 mil habitantes, a situação já pode ser considerada uma epidemia.

Sem uma conclusão efetiva para a situação preocupante, moradores da Vila Jaguara atribuem a alta incidência de casos a uma quadra de futebol repleta de mato e entulho e também à resistência de certos munícipes em receber a visita de agentes municipais.

Lixo e água acumulada em garrafas pets, cumbucas de barro e copos são encontrados em meio a mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Nosso problema maior se deve ao campo de futebol aqui na esquina, conhecido como campo do Fluminense, que tem muito mato. No local, além de matagal, há presença de lixo e também potes e copos descartáveis acumulando água. Já reclamamos para a Prefeitura de São Paulo, que é responsável pelo campo, mas, até agora, nada”, cobrou Mirian.

“Quando tem jogo, as pessoas jogam muitos copos descartáveis, isso é um tormento para quem mora aqui. Além do matagal, pois a prefeitura não tem feito a limpeza, o descarte irregular é outro problema no bairro”, disse uma moradora de 49 anos, que preferiu não se identificar.

Mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara, distrito de São Paulo que vive epidemia de dengue, com números alarmantes de contaminação. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O irmão de Mirian concorda que as condições do campo ajudam a explicar a altíssima incidência de dengue na região. “O problema todo é com a limpeza. A prefeitura não faz a manutenção que deveria ser feita”, diz.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que, no dia 2 de março, enviou uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) para realizar vistoria no local citado pela reportagem. Na ocasião, não foi constatada a presença de larvas. Também já foi realizada ação de nebulização na região.

Por sua vez, a Subprefeitura da Lapa informa que executou a limpeza e varrição no campo do Fluminense no dia 2 de fevereiro. A próxima ação de zeladoria já está programada e será executada até o fim da próxima semana.

“Claro, o comportamento da população também corrobora com essa situação”, reconhece Flores. “Algumas casas que tinham matagal na frente fizeram a limpeza após casos de dengue, mas outras, ainda não. Eu procuro ajudar. Pela manhã, faço a limpeza da frente da minha casa. Todos precisam participar”, acrescentou ele, que mantém todo o cuidado com a sua fachada.

Agentes comunitários de saúde visitando casas na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Agentes de saúde continuam atuando na região, caminhando diariamente e levando orientações aos moradores sobre as formas corretas de prevenção. Eles também ressaltam a necessidade de as pessoas buscarem auxílio médico para realizar um teste quando houver sintomas de dengue.

Foi o caso da empresária Aleoni Teixeira, de 48 anos, cuja filha de 26 anos já está há pelo menos cinco dias com sintomas. Ela foi orientada a levar a filha até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jaguara, que fica a menos de 300 metros do seu endereço.

“Minha filha está com febre, muita dor no corpo e vomitando. Ela está em casa, não consegue nem levantar. Há menos de um mês meu marido também teve dengue. E minha outra filha, de 18, teve a doença há uns 15 dias. Meu neto, de 7, também teve”, conta Aleoni, que mora na Rua Altamira do Paraná, a menos de uma quadra da Rua Michel Haddad.

A idosa Vilma da Silva, de 62 anos, também buscou atendimento na UBS Jaguara por ter apresentado episódio de febre na noite anterior. “Achei melhor passar em atendimento médico para ver se podia ser dengue”, avaliou ela.

Com uma bebê de apenas 4 meses, a comerciante Crislane Ferreira, de 23 anos, também está com bastante medo. “Os casos estão aumentando muito por aqui. Minha vizinha está com dengue e a filha dela está com suspeita de covid-19 e também de dengue”, contou ela.

Crislane Ferreira, de 23 anos, mãe de Laura, 4 meses, está com bastante medo de pegar dengue. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Dentro das casas há muitos focos, com certeza. A gente tem cuidado, mas o vizinho pode não ter. Cada um deve colaborar para evitar focos do mosquito. Em casa, tento deixar as coisas sempre limpas e as janelas sempre fechadas, mesmo com o calor. Também uso repelente na minha bebê indicado para a faixa etária. A gente fica com medo”, disse a jovem.

Nice Santos, de 59 anos, passa repelente em sua mãe Deolides dos Santos, de 92 anos.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outra moradora que está aflita é Nice Santos, de 59 anos, que também mora na Rua Altamira do Paraná. Ela trabalhava como auxiliar de escritório, mas deixou o emprego para cuidar da família, que precisa de sua ajuda e, agora, sente-se ainda mais vulnerável com a situação crítica da dengue.

“Tenho minha mãe de 92 anos, que teve câncer de mama, meu irmão que é deficiente, e meu filho, que sofreu acidente e está acamado. Agora, estamos com medo da dengue. Usamos repelente de tomada, passamos repelente (na pele) todos os dias e acendemos incenso. Temos telas nas janelas também. A prefeitura também deve ampliar o número de carros de fumacê. Passaram poucos na região”, afirma Nice.

A aposentada Sônia dos Santos Lima, de 64 anos, conta que a sobrinha e a irmã pegaram dengue. “Ficaram bem mal. A gente procura adotar todos os cuidados para prevenir. Eu levanto e já passo repelente. Na calçada do vizinho, que tem água parada, procuro fazer a limpeza também”, acrescenta ela.

Água empoçada na Rua Altamira do Paraná, na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que monitora o cenário epidemiológico em toda cidade. “Em relação ao distrito administrativo Jaguara, somente neste ano foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território”, disse. Sobre o campo de futebol citado pelos moradores, a SMS garante que o local permanecerá sendo monitorado pela Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis).

Segundo a pasta, é essencial contar com o apoio da população. “O munícipe deve verificar sua residência, se não está deixando recipientes ou reservatórios de água que possam impactar na propagação da doença”.

A secretaria disse ainda que as unidades de saúde municipais realizam atendimento a pacientes que apresentam sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, e estão abastecidas com testes rápidos para detectar a doença, que são feitos conforme avaliação clínica.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, já foram notificados, neste ano, 25.182 casos de dengue no município de São Paulo, número 68% maior do que o registrado em todo o ano passado (14.938).

Com níveis alarmantes de contaminação na Vila Jaguara, zona oeste da cidade de São Paulo, moradores ainda tentam entender os motivos para o distrito registrar o maior número de casos de dengue na capital. Nos últimos meses, boa parte da vizinhança contraiu a doença. Eles cobram ações mais efetivas da Prefeitura de São Paulo, assim como reforçam que parte da população também contribui para o difícil cenário.

Procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território somente neste ano. A pasta ainda frisou a importância do apoio da população no combate à dengue.

Na Rua Michel Haddad, a doença é o tema do momento. Lá, praticamente todas as casas tiveram casos da doença. Em algumas residências, há registros de até quatro integrantes da família com diagnóstico positivo no último mês.

“Na nossa família, meu irmão e minha cunhada, que moram ao lado, tiveram dengue, assim como minha sobrinha neta, que mora no andar de cima com os pais. A bebê não tem nem 1 ano. Vai completar em julho. É assustador”, disse a aposentada Mirian Flores, de 66 anos.

Na foto, Mirian Flores com o gato Tom e seu irmão Marcos Bonini Flores, que contraiu dengue. Eles estão em frente ao campo do Fluminense, que, segundo a população, é um dos focos de dengue na região.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O policial militar reformado Marcos Bonini Flores, de 69 anos, irmão de Mirian, lembra do momento em que começou a apresentar os sintomas da dengue. “Realmente foi um momento bastante difícil. Depois a gente verificou que boa parte da vizinhança também teve a doença, quase que em peso”, disse ele.

Após o alerta de vizinhos, a cuidadora Flávia Lima Ferreira Pereira, de 41 anos, que também mora na Rua Michel Haddad, disse que todos da família começaram a usar repelente. “Não sei o motivo, mas, aqui, ninguém contraiu a doença até agora. Passamos repelente e minha filha leva para reaplicar na escola. O problema maior é que aqui na região moram muitos idosos”, disse Flávia.

Na capital paulista, Jaguara é o distrito com o pior cenário, com o registro de 3.236,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico mais recente, divulgado em 4 de março, pela Prefeitura de São Paulo. Para ter ideia, quando um local registra 300 casos a cada 100 mil habitantes, a situação já pode ser considerada uma epidemia.

Sem uma conclusão efetiva para a situação preocupante, moradores da Vila Jaguara atribuem a alta incidência de casos a uma quadra de futebol repleta de mato e entulho e também à resistência de certos munícipes em receber a visita de agentes municipais.

Lixo e água acumulada em garrafas pets, cumbucas de barro e copos são encontrados em meio a mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Nosso problema maior se deve ao campo de futebol aqui na esquina, conhecido como campo do Fluminense, que tem muito mato. No local, além de matagal, há presença de lixo e também potes e copos descartáveis acumulando água. Já reclamamos para a Prefeitura de São Paulo, que é responsável pelo campo, mas, até agora, nada”, cobrou Mirian.

“Quando tem jogo, as pessoas jogam muitos copos descartáveis, isso é um tormento para quem mora aqui. Além do matagal, pois a prefeitura não tem feito a limpeza, o descarte irregular é outro problema no bairro”, disse uma moradora de 49 anos, que preferiu não se identificar.

Mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara, distrito de São Paulo que vive epidemia de dengue, com números alarmantes de contaminação. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O irmão de Mirian concorda que as condições do campo ajudam a explicar a altíssima incidência de dengue na região. “O problema todo é com a limpeza. A prefeitura não faz a manutenção que deveria ser feita”, diz.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que, no dia 2 de março, enviou uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) para realizar vistoria no local citado pela reportagem. Na ocasião, não foi constatada a presença de larvas. Também já foi realizada ação de nebulização na região.

Por sua vez, a Subprefeitura da Lapa informa que executou a limpeza e varrição no campo do Fluminense no dia 2 de fevereiro. A próxima ação de zeladoria já está programada e será executada até o fim da próxima semana.

“Claro, o comportamento da população também corrobora com essa situação”, reconhece Flores. “Algumas casas que tinham matagal na frente fizeram a limpeza após casos de dengue, mas outras, ainda não. Eu procuro ajudar. Pela manhã, faço a limpeza da frente da minha casa. Todos precisam participar”, acrescentou ele, que mantém todo o cuidado com a sua fachada.

Agentes comunitários de saúde visitando casas na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Agentes de saúde continuam atuando na região, caminhando diariamente e levando orientações aos moradores sobre as formas corretas de prevenção. Eles também ressaltam a necessidade de as pessoas buscarem auxílio médico para realizar um teste quando houver sintomas de dengue.

Foi o caso da empresária Aleoni Teixeira, de 48 anos, cuja filha de 26 anos já está há pelo menos cinco dias com sintomas. Ela foi orientada a levar a filha até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jaguara, que fica a menos de 300 metros do seu endereço.

“Minha filha está com febre, muita dor no corpo e vomitando. Ela está em casa, não consegue nem levantar. Há menos de um mês meu marido também teve dengue. E minha outra filha, de 18, teve a doença há uns 15 dias. Meu neto, de 7, também teve”, conta Aleoni, que mora na Rua Altamira do Paraná, a menos de uma quadra da Rua Michel Haddad.

A idosa Vilma da Silva, de 62 anos, também buscou atendimento na UBS Jaguara por ter apresentado episódio de febre na noite anterior. “Achei melhor passar em atendimento médico para ver se podia ser dengue”, avaliou ela.

Com uma bebê de apenas 4 meses, a comerciante Crislane Ferreira, de 23 anos, também está com bastante medo. “Os casos estão aumentando muito por aqui. Minha vizinha está com dengue e a filha dela está com suspeita de covid-19 e também de dengue”, contou ela.

Crislane Ferreira, de 23 anos, mãe de Laura, 4 meses, está com bastante medo de pegar dengue. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Dentro das casas há muitos focos, com certeza. A gente tem cuidado, mas o vizinho pode não ter. Cada um deve colaborar para evitar focos do mosquito. Em casa, tento deixar as coisas sempre limpas e as janelas sempre fechadas, mesmo com o calor. Também uso repelente na minha bebê indicado para a faixa etária. A gente fica com medo”, disse a jovem.

Nice Santos, de 59 anos, passa repelente em sua mãe Deolides dos Santos, de 92 anos.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outra moradora que está aflita é Nice Santos, de 59 anos, que também mora na Rua Altamira do Paraná. Ela trabalhava como auxiliar de escritório, mas deixou o emprego para cuidar da família, que precisa de sua ajuda e, agora, sente-se ainda mais vulnerável com a situação crítica da dengue.

“Tenho minha mãe de 92 anos, que teve câncer de mama, meu irmão que é deficiente, e meu filho, que sofreu acidente e está acamado. Agora, estamos com medo da dengue. Usamos repelente de tomada, passamos repelente (na pele) todos os dias e acendemos incenso. Temos telas nas janelas também. A prefeitura também deve ampliar o número de carros de fumacê. Passaram poucos na região”, afirma Nice.

A aposentada Sônia dos Santos Lima, de 64 anos, conta que a sobrinha e a irmã pegaram dengue. “Ficaram bem mal. A gente procura adotar todos os cuidados para prevenir. Eu levanto e já passo repelente. Na calçada do vizinho, que tem água parada, procuro fazer a limpeza também”, acrescenta ela.

Água empoçada na Rua Altamira do Paraná, na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que monitora o cenário epidemiológico em toda cidade. “Em relação ao distrito administrativo Jaguara, somente neste ano foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território”, disse. Sobre o campo de futebol citado pelos moradores, a SMS garante que o local permanecerá sendo monitorado pela Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis).

Segundo a pasta, é essencial contar com o apoio da população. “O munícipe deve verificar sua residência, se não está deixando recipientes ou reservatórios de água que possam impactar na propagação da doença”.

A secretaria disse ainda que as unidades de saúde municipais realizam atendimento a pacientes que apresentam sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, e estão abastecidas com testes rápidos para detectar a doença, que são feitos conforme avaliação clínica.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, já foram notificados, neste ano, 25.182 casos de dengue no município de São Paulo, número 68% maior do que o registrado em todo o ano passado (14.938).

Com níveis alarmantes de contaminação na Vila Jaguara, zona oeste da cidade de São Paulo, moradores ainda tentam entender os motivos para o distrito registrar o maior número de casos de dengue na capital. Nos últimos meses, boa parte da vizinhança contraiu a doença. Eles cobram ações mais efetivas da Prefeitura de São Paulo, assim como reforçam que parte da população também contribui para o difícil cenário.

Procurada, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território somente neste ano. A pasta ainda frisou a importância do apoio da população no combate à dengue.

Na Rua Michel Haddad, a doença é o tema do momento. Lá, praticamente todas as casas tiveram casos da doença. Em algumas residências, há registros de até quatro integrantes da família com diagnóstico positivo no último mês.

“Na nossa família, meu irmão e minha cunhada, que moram ao lado, tiveram dengue, assim como minha sobrinha neta, que mora no andar de cima com os pais. A bebê não tem nem 1 ano. Vai completar em julho. É assustador”, disse a aposentada Mirian Flores, de 66 anos.

Na foto, Mirian Flores com o gato Tom e seu irmão Marcos Bonini Flores, que contraiu dengue. Eles estão em frente ao campo do Fluminense, que, segundo a população, é um dos focos de dengue na região.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O policial militar reformado Marcos Bonini Flores, de 69 anos, irmão de Mirian, lembra do momento em que começou a apresentar os sintomas da dengue. “Realmente foi um momento bastante difícil. Depois a gente verificou que boa parte da vizinhança também teve a doença, quase que em peso”, disse ele.

Após o alerta de vizinhos, a cuidadora Flávia Lima Ferreira Pereira, de 41 anos, que também mora na Rua Michel Haddad, disse que todos da família começaram a usar repelente. “Não sei o motivo, mas, aqui, ninguém contraiu a doença até agora. Passamos repelente e minha filha leva para reaplicar na escola. O problema maior é que aqui na região moram muitos idosos”, disse Flávia.

Na capital paulista, Jaguara é o distrito com o pior cenário, com o registro de 3.236,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico mais recente, divulgado em 4 de março, pela Prefeitura de São Paulo. Para ter ideia, quando um local registra 300 casos a cada 100 mil habitantes, a situação já pode ser considerada uma epidemia.

Sem uma conclusão efetiva para a situação preocupante, moradores da Vila Jaguara atribuem a alta incidência de casos a uma quadra de futebol repleta de mato e entulho e também à resistência de certos munícipes em receber a visita de agentes municipais.

Lixo e água acumulada em garrafas pets, cumbucas de barro e copos são encontrados em meio a mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Nosso problema maior se deve ao campo de futebol aqui na esquina, conhecido como campo do Fluminense, que tem muito mato. No local, além de matagal, há presença de lixo e também potes e copos descartáveis acumulando água. Já reclamamos para a Prefeitura de São Paulo, que é responsável pelo campo, mas, até agora, nada”, cobrou Mirian.

“Quando tem jogo, as pessoas jogam muitos copos descartáveis, isso é um tormento para quem mora aqui. Além do matagal, pois a prefeitura não tem feito a limpeza, o descarte irregular é outro problema no bairro”, disse uma moradora de 49 anos, que preferiu não se identificar.

Mato alto na beira do campo do Fluminense, na Vila Jaguara, distrito de São Paulo que vive epidemia de dengue, com números alarmantes de contaminação. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O irmão de Mirian concorda que as condições do campo ajudam a explicar a altíssima incidência de dengue na região. “O problema todo é com a limpeza. A prefeitura não faz a manutenção que deveria ser feita”, diz.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que, no dia 2 de março, enviou uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) para realizar vistoria no local citado pela reportagem. Na ocasião, não foi constatada a presença de larvas. Também já foi realizada ação de nebulização na região.

Por sua vez, a Subprefeitura da Lapa informa que executou a limpeza e varrição no campo do Fluminense no dia 2 de fevereiro. A próxima ação de zeladoria já está programada e será executada até o fim da próxima semana.

“Claro, o comportamento da população também corrobora com essa situação”, reconhece Flores. “Algumas casas que tinham matagal na frente fizeram a limpeza após casos de dengue, mas outras, ainda não. Eu procuro ajudar. Pela manhã, faço a limpeza da frente da minha casa. Todos precisam participar”, acrescentou ele, que mantém todo o cuidado com a sua fachada.

Agentes comunitários de saúde visitando casas na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Agentes de saúde continuam atuando na região, caminhando diariamente e levando orientações aos moradores sobre as formas corretas de prevenção. Eles também ressaltam a necessidade de as pessoas buscarem auxílio médico para realizar um teste quando houver sintomas de dengue.

Foi o caso da empresária Aleoni Teixeira, de 48 anos, cuja filha de 26 anos já está há pelo menos cinco dias com sintomas. Ela foi orientada a levar a filha até a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jaguara, que fica a menos de 300 metros do seu endereço.

“Minha filha está com febre, muita dor no corpo e vomitando. Ela está em casa, não consegue nem levantar. Há menos de um mês meu marido também teve dengue. E minha outra filha, de 18, teve a doença há uns 15 dias. Meu neto, de 7, também teve”, conta Aleoni, que mora na Rua Altamira do Paraná, a menos de uma quadra da Rua Michel Haddad.

A idosa Vilma da Silva, de 62 anos, também buscou atendimento na UBS Jaguara por ter apresentado episódio de febre na noite anterior. “Achei melhor passar em atendimento médico para ver se podia ser dengue”, avaliou ela.

Com uma bebê de apenas 4 meses, a comerciante Crislane Ferreira, de 23 anos, também está com bastante medo. “Os casos estão aumentando muito por aqui. Minha vizinha está com dengue e a filha dela está com suspeita de covid-19 e também de dengue”, contou ela.

Crislane Ferreira, de 23 anos, mãe de Laura, 4 meses, está com bastante medo de pegar dengue. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“Dentro das casas há muitos focos, com certeza. A gente tem cuidado, mas o vizinho pode não ter. Cada um deve colaborar para evitar focos do mosquito. Em casa, tento deixar as coisas sempre limpas e as janelas sempre fechadas, mesmo com o calor. Também uso repelente na minha bebê indicado para a faixa etária. A gente fica com medo”, disse a jovem.

Nice Santos, de 59 anos, passa repelente em sua mãe Deolides dos Santos, de 92 anos.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Outra moradora que está aflita é Nice Santos, de 59 anos, que também mora na Rua Altamira do Paraná. Ela trabalhava como auxiliar de escritório, mas deixou o emprego para cuidar da família, que precisa de sua ajuda e, agora, sente-se ainda mais vulnerável com a situação crítica da dengue.

“Tenho minha mãe de 92 anos, que teve câncer de mama, meu irmão que é deficiente, e meu filho, que sofreu acidente e está acamado. Agora, estamos com medo da dengue. Usamos repelente de tomada, passamos repelente (na pele) todos os dias e acendemos incenso. Temos telas nas janelas também. A prefeitura também deve ampliar o número de carros de fumacê. Passaram poucos na região”, afirma Nice.

A aposentada Sônia dos Santos Lima, de 64 anos, conta que a sobrinha e a irmã pegaram dengue. “Ficaram bem mal. A gente procura adotar todos os cuidados para prevenir. Eu levanto e já passo repelente. Na calçada do vizinho, que tem água parada, procuro fazer a limpeza também”, acrescenta ela.

Água empoçada na Rua Altamira do Paraná, na Vila Jaguara. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), disse que monitora o cenário epidemiológico em toda cidade. “Em relação ao distrito administrativo Jaguara, somente neste ano foram feitas mais de 5 mil ações contra a dengue no território”, disse. Sobre o campo de futebol citado pelos moradores, a SMS garante que o local permanecerá sendo monitorado pela Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis).

Segundo a pasta, é essencial contar com o apoio da população. “O munícipe deve verificar sua residência, se não está deixando recipientes ou reservatórios de água que possam impactar na propagação da doença”.

A secretaria disse ainda que as unidades de saúde municipais realizam atendimento a pacientes que apresentam sintomas da dengue, como febre alta, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo, e estão abastecidas com testes rápidos para detectar a doença, que são feitos conforme avaliação clínica.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, já foram notificados, neste ano, 25.182 casos de dengue no município de São Paulo, número 68% maior do que o registrado em todo o ano passado (14.938).

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