BRASÍLIA - O número de casos suspeitos de microcefalia passou de 739 para 1.248, em menos de uma semana, informou na manhã desta segunda-feira, 30, o Ministério da Saúde. As notificações foram feitas em 311 municípios distribuídos em 13 Estados e no Distrito Federal. Os casos foram registrados no Nordeste, no Centro-Oeste e atingem também o Sudeste, com 13 casos em investigação no Rio de Janeiro.
Foram ainda notificadas sete mortes, das quais uma foi confirmada até o momento. Todos os casos são de bebês que nasceram. Ainda não há estimativas sobre quantos bebês em gestação apresentam a má-formação, que em 90% dos casos pode levar à deficiência mental.
No sábado, 28, conforme adiantou o Estado, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre a má-formação e a infecção pelo zika vírus, durante o período de gestação.
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, afirmou que a comprovação não muda no primeiro momento as orientações. Gestantes devem reforçar o uso de repelentes, proteger-se contra mosquitos e evitar o contato de pessoas que apresentem sintomas da doença (febre baixa, coceiras e manchas vermelhas pelo corpo).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que todos os produtos com registro no País são considerados seguros para uso. Ao mesmo tempo, é preciso ampliar os esforços para prevenir e combater os criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Mairevotich afirmou que os recursos previstos para o combate ao vetor estão mantidos. "Estamos elaborando um plano em conjunto do governo para reforçar as ações de combate", disse.
O governo está estabelecendo um consenso sobre como definir os casos de microcefalia. Mairerovitch observou que nem todos os casos relatados podem estar relacionados ao vírus. A doença, até agora considerada rara, também pode ser provocada por infecções da gestante por herpes, toxoplasmose, citomegalovírus e também por doenças genéticas. A ideia é fazer um protocolo para classificação de casos que possam ser usados pelo conjunto de serviços públicos de saúde, que não necessitem de exames muito elaborados, como testes genéticos.
Dicas para evitar o mosquito 'Aedes aegypti'
O controle da doença, de acordo com o diretor, está intimamente ligado ao controle do vetor. O vírus zika entrou no Brasil neste ano. Até agora, não há um tratamento específico para doença. Daí a necessidade de se acabar com o Aedes aegypti, disse Maierovitch.
"Provavelmente, conviveremos com esse problema durante um tempo. Não há maneira abrupta de se combater as doenças transmitidas pelo mosquito vetor", alertou.
De acordo com ele, o detalhamento de planos estaduais que devem intensificar esse combate, com envolvimento de vários segmentos do governo para o combate. Uma nova campanha começou agora, para o combate ao Aedes aegypti.
A atenção à saúde do Ministério da Saúde iniciou um conjunto de ações para dar garantias assistenciais para crianças e famílias de microcefalia. Em Pernambuco, ambulatórios especializados foram estruturados em hospitais de referência. "Há um contato próximo com secretarias porque as necessidades de cada local são diferenciadas", disse.