O que causa câncer, segundo a OMS? Lista inclui profissões, produtos, vírus e alimentos


O aspartame acaba de ser considerado “possivelmente cancerígeno” pela OMS, mas a entidade já avaliou mais de mil itens; conheça as categorias e alguns agentes que merecem atenção

Por Thaís Manarini
Atualização:

Desde 1971, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), avalia o potencial carcinogênico de uma série de elementos, de produtos químicos a fatores de estilo de vida. Segundo a entidade, “grupos de cientistas especializados revisam os estudos publicados e avaliam a força das evidências disponíveis de que um agente pode causar câncer em humanos”.

Até agora, mais de mil agentes passaram por esse crivo, sendo que mais de 500 foram enquadrados como “carcinogênicos”, “provavelmente carcinogênicos” ou “possivelmente carcinogênicos” para humanos.

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De acordo com a oncologista clínica Laura Testa, da Oncologia D’Or e chefe do Grupo de Oncologia Mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), trata-se de um trabalho muito valioso, porque as evidências científicas estão fragmentadas. “E a Iarc compila esses dados”, diz.

A nutricionista Maria Eduarda Melo, da área técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade física e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ressalta que essa análise é feita em cima de três tipos de pesquisas: experimentais (em animais), em humanos e investigações sobre mecanismos de ação que possam explicar a relação entre determinado elemento e o câncer. “Os cientistas levam em conta a qualidade desses estudos, para garantir o melhor nível possível de evidência ao classificar uma substância”, aponta.

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É importante destacar que a missão da Iarc é simplesmente categorizar cada item – eles não chegam a descrever detalhes como a dose ou frequência de exposição necessárias para um elemento de fato causar um tumor.

“A Iarc busca classificar as substâncias de acordo com seu potencial cancerígeno para, principalmente, informar a população e os sistemas de saúde sobre os riscos que determinadas substâncias podem representar”, esclarece o oncologista Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo Cancer Center (SP).

O que entra em cada categoria

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Depois dessa avaliação minuciosa, os pesquisadores classificam cada item em basicamente quatro categorias. Entenda mais sobre elas:

GRUPO 1

Aqui entram os elementos considerados carcinogênicos para humanos – ou seja, merecem o nível máximo de atenção. “Para fazer parte dessa categoria, é porque existe evidência suficiente em humanos de que determinada substância causa câncer”, resume Maria Eduarda. Outra possibilidade para um elemento ser julgado como carcinogênico é quando os cientistas encontram estudos de boa qualidade em animais e um mecanismo que justifique o motivo de causar a doença.

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Nesse grupo, estão 126 agentes. Entre eles, há velhos conhecidos, como cigarro, álcool, radiação solar, poluição e consumo de carne processada (salsicha, bacon, linguiça e companhia). Também dá para citar infecção pela bactéria H pylori, infecção crônica por hepatite C, alguns tipos de HPV, poeira da madeira, atuar como pintor, etc.

GRUPO 2A

São os agentes definidos como provavelmente carcinogênicos para humanos. Nesse caso, existe evidência limitada de carcinogenicidade em seres humanos, mas há um conjunto suficiente de indícios mostrando que a substância é promotora de câncer em estudos experimentais, isto é, em animais.

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Agrupados aqui, temos 94 agentes. Entre eles, estão: carne vermelha, anabolizantes, atuação profissional como cabeleireiro ou barbeiro, glifosato (um agrotóxico), trabalho noturno (quando prejudica o ciclo circadiano) e ingestão de bebidas muito quentes (acima de 65 °C).

Carne vermelha é classificada como provavelmente cancerígena pela OMS.  Foto: Estadão

GRUPO 2B

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Ficam agrupados, aqui, os agentes classificados como possivelmente cancerígenos. A diferença em relação ao grupo 2A diz respeito ao nível de evidências científicas. No grupo 2B, elas são limitadas – tanto em seres humanos como em animais. É nessa classe que o aspartame acaba de ser incluído.

O adoçante artificial se junta, portanto, a uma lista de 322 agentes. Alguns exemplos: extrato de aloe vera, atividade de carpintaria e marcenaria, escapamento de motor a gasolina e extrato de ginkgo biloba.

GRUPO 3

Ele agrega os agentes que não são classificáveis quanto à sua carcinogenicidade para humanos. De acordo com Maria Eduarda, significa que a evidência em estudos humanos é inadequada, e as provas em estudos experimentais são insuficientes. Além disso, o mecanismo capaz de justificar o potencial cancerígeno em animais não seria plausível para seres humanos. Mas, ainda segundo a nutricionista, com o avanço da ciência, a classificação pode mudar.

Alguns agentes alocados no grupo 3: iluminação fluorescente, produtos para coloração de cabelo, mate (não muito quente), implantes mamários de silicone e chá. No total, são 500 compostos.

A atualização da lista

Pesquisadores de vários países fazem parte da Iarc – inclusive, o Inca está no conselho científico da entidade. Quando eles se reúnem, discutem quais substâncias serão prioritárias para os próximos cinco anos, e que provavelmente vão sair nessa lista (veja a relação completa aqui). “Eles podem decidir analisar tanto algo inédito como um elemento que já foi avaliado, mas, na época, não encontraram pesquisas suficientes sobre o tema”, esclarece Maria Eduarda. / Colaborou Rafaela Ferreira

Desde 1971, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), avalia o potencial carcinogênico de uma série de elementos, de produtos químicos a fatores de estilo de vida. Segundo a entidade, “grupos de cientistas especializados revisam os estudos publicados e avaliam a força das evidências disponíveis de que um agente pode causar câncer em humanos”.

Até agora, mais de mil agentes passaram por esse crivo, sendo que mais de 500 foram enquadrados como “carcinogênicos”, “provavelmente carcinogênicos” ou “possivelmente carcinogênicos” para humanos.

De acordo com a oncologista clínica Laura Testa, da Oncologia D’Or e chefe do Grupo de Oncologia Mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), trata-se de um trabalho muito valioso, porque as evidências científicas estão fragmentadas. “E a Iarc compila esses dados”, diz.

A nutricionista Maria Eduarda Melo, da área técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade física e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ressalta que essa análise é feita em cima de três tipos de pesquisas: experimentais (em animais), em humanos e investigações sobre mecanismos de ação que possam explicar a relação entre determinado elemento e o câncer. “Os cientistas levam em conta a qualidade desses estudos, para garantir o melhor nível possível de evidência ao classificar uma substância”, aponta.

É importante destacar que a missão da Iarc é simplesmente categorizar cada item – eles não chegam a descrever detalhes como a dose ou frequência de exposição necessárias para um elemento de fato causar um tumor.

“A Iarc busca classificar as substâncias de acordo com seu potencial cancerígeno para, principalmente, informar a população e os sistemas de saúde sobre os riscos que determinadas substâncias podem representar”, esclarece o oncologista Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo Cancer Center (SP).

O que entra em cada categoria

Depois dessa avaliação minuciosa, os pesquisadores classificam cada item em basicamente quatro categorias. Entenda mais sobre elas:

GRUPO 1

Aqui entram os elementos considerados carcinogênicos para humanos – ou seja, merecem o nível máximo de atenção. “Para fazer parte dessa categoria, é porque existe evidência suficiente em humanos de que determinada substância causa câncer”, resume Maria Eduarda. Outra possibilidade para um elemento ser julgado como carcinogênico é quando os cientistas encontram estudos de boa qualidade em animais e um mecanismo que justifique o motivo de causar a doença.

Nesse grupo, estão 126 agentes. Entre eles, há velhos conhecidos, como cigarro, álcool, radiação solar, poluição e consumo de carne processada (salsicha, bacon, linguiça e companhia). Também dá para citar infecção pela bactéria H pylori, infecção crônica por hepatite C, alguns tipos de HPV, poeira da madeira, atuar como pintor, etc.

GRUPO 2A

São os agentes definidos como provavelmente carcinogênicos para humanos. Nesse caso, existe evidência limitada de carcinogenicidade em seres humanos, mas há um conjunto suficiente de indícios mostrando que a substância é promotora de câncer em estudos experimentais, isto é, em animais.

Agrupados aqui, temos 94 agentes. Entre eles, estão: carne vermelha, anabolizantes, atuação profissional como cabeleireiro ou barbeiro, glifosato (um agrotóxico), trabalho noturno (quando prejudica o ciclo circadiano) e ingestão de bebidas muito quentes (acima de 65 °C).

Carne vermelha é classificada como provavelmente cancerígena pela OMS.  Foto: Estadão

GRUPO 2B

Ficam agrupados, aqui, os agentes classificados como possivelmente cancerígenos. A diferença em relação ao grupo 2A diz respeito ao nível de evidências científicas. No grupo 2B, elas são limitadas – tanto em seres humanos como em animais. É nessa classe que o aspartame acaba de ser incluído.

O adoçante artificial se junta, portanto, a uma lista de 322 agentes. Alguns exemplos: extrato de aloe vera, atividade de carpintaria e marcenaria, escapamento de motor a gasolina e extrato de ginkgo biloba.

GRUPO 3

Ele agrega os agentes que não são classificáveis quanto à sua carcinogenicidade para humanos. De acordo com Maria Eduarda, significa que a evidência em estudos humanos é inadequada, e as provas em estudos experimentais são insuficientes. Além disso, o mecanismo capaz de justificar o potencial cancerígeno em animais não seria plausível para seres humanos. Mas, ainda segundo a nutricionista, com o avanço da ciência, a classificação pode mudar.

Alguns agentes alocados no grupo 3: iluminação fluorescente, produtos para coloração de cabelo, mate (não muito quente), implantes mamários de silicone e chá. No total, são 500 compostos.

A atualização da lista

Pesquisadores de vários países fazem parte da Iarc – inclusive, o Inca está no conselho científico da entidade. Quando eles se reúnem, discutem quais substâncias serão prioritárias para os próximos cinco anos, e que provavelmente vão sair nessa lista (veja a relação completa aqui). “Eles podem decidir analisar tanto algo inédito como um elemento que já foi avaliado, mas, na época, não encontraram pesquisas suficientes sobre o tema”, esclarece Maria Eduarda. / Colaborou Rafaela Ferreira

Desde 1971, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), avalia o potencial carcinogênico de uma série de elementos, de produtos químicos a fatores de estilo de vida. Segundo a entidade, “grupos de cientistas especializados revisam os estudos publicados e avaliam a força das evidências disponíveis de que um agente pode causar câncer em humanos”.

Até agora, mais de mil agentes passaram por esse crivo, sendo que mais de 500 foram enquadrados como “carcinogênicos”, “provavelmente carcinogênicos” ou “possivelmente carcinogênicos” para humanos.

De acordo com a oncologista clínica Laura Testa, da Oncologia D’Or e chefe do Grupo de Oncologia Mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), trata-se de um trabalho muito valioso, porque as evidências científicas estão fragmentadas. “E a Iarc compila esses dados”, diz.

A nutricionista Maria Eduarda Melo, da área técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade física e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ressalta que essa análise é feita em cima de três tipos de pesquisas: experimentais (em animais), em humanos e investigações sobre mecanismos de ação que possam explicar a relação entre determinado elemento e o câncer. “Os cientistas levam em conta a qualidade desses estudos, para garantir o melhor nível possível de evidência ao classificar uma substância”, aponta.

É importante destacar que a missão da Iarc é simplesmente categorizar cada item – eles não chegam a descrever detalhes como a dose ou frequência de exposição necessárias para um elemento de fato causar um tumor.

“A Iarc busca classificar as substâncias de acordo com seu potencial cancerígeno para, principalmente, informar a população e os sistemas de saúde sobre os riscos que determinadas substâncias podem representar”, esclarece o oncologista Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo Cancer Center (SP).

O que entra em cada categoria

Depois dessa avaliação minuciosa, os pesquisadores classificam cada item em basicamente quatro categorias. Entenda mais sobre elas:

GRUPO 1

Aqui entram os elementos considerados carcinogênicos para humanos – ou seja, merecem o nível máximo de atenção. “Para fazer parte dessa categoria, é porque existe evidência suficiente em humanos de que determinada substância causa câncer”, resume Maria Eduarda. Outra possibilidade para um elemento ser julgado como carcinogênico é quando os cientistas encontram estudos de boa qualidade em animais e um mecanismo que justifique o motivo de causar a doença.

Nesse grupo, estão 126 agentes. Entre eles, há velhos conhecidos, como cigarro, álcool, radiação solar, poluição e consumo de carne processada (salsicha, bacon, linguiça e companhia). Também dá para citar infecção pela bactéria H pylori, infecção crônica por hepatite C, alguns tipos de HPV, poeira da madeira, atuar como pintor, etc.

GRUPO 2A

São os agentes definidos como provavelmente carcinogênicos para humanos. Nesse caso, existe evidência limitada de carcinogenicidade em seres humanos, mas há um conjunto suficiente de indícios mostrando que a substância é promotora de câncer em estudos experimentais, isto é, em animais.

Agrupados aqui, temos 94 agentes. Entre eles, estão: carne vermelha, anabolizantes, atuação profissional como cabeleireiro ou barbeiro, glifosato (um agrotóxico), trabalho noturno (quando prejudica o ciclo circadiano) e ingestão de bebidas muito quentes (acima de 65 °C).

Carne vermelha é classificada como provavelmente cancerígena pela OMS.  Foto: Estadão

GRUPO 2B

Ficam agrupados, aqui, os agentes classificados como possivelmente cancerígenos. A diferença em relação ao grupo 2A diz respeito ao nível de evidências científicas. No grupo 2B, elas são limitadas – tanto em seres humanos como em animais. É nessa classe que o aspartame acaba de ser incluído.

O adoçante artificial se junta, portanto, a uma lista de 322 agentes. Alguns exemplos: extrato de aloe vera, atividade de carpintaria e marcenaria, escapamento de motor a gasolina e extrato de ginkgo biloba.

GRUPO 3

Ele agrega os agentes que não são classificáveis quanto à sua carcinogenicidade para humanos. De acordo com Maria Eduarda, significa que a evidência em estudos humanos é inadequada, e as provas em estudos experimentais são insuficientes. Além disso, o mecanismo capaz de justificar o potencial cancerígeno em animais não seria plausível para seres humanos. Mas, ainda segundo a nutricionista, com o avanço da ciência, a classificação pode mudar.

Alguns agentes alocados no grupo 3: iluminação fluorescente, produtos para coloração de cabelo, mate (não muito quente), implantes mamários de silicone e chá. No total, são 500 compostos.

A atualização da lista

Pesquisadores de vários países fazem parte da Iarc – inclusive, o Inca está no conselho científico da entidade. Quando eles se reúnem, discutem quais substâncias serão prioritárias para os próximos cinco anos, e que provavelmente vão sair nessa lista (veja a relação completa aqui). “Eles podem decidir analisar tanto algo inédito como um elemento que já foi avaliado, mas, na época, não encontraram pesquisas suficientes sobre o tema”, esclarece Maria Eduarda. / Colaborou Rafaela Ferreira

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