Pandemia reforçou a importância do tratamento humanizado


Medicina a partir de uma boa conversa esbarra em vários obstáculos, como a falta de tempo

Por Redação
Médico e paciente precisaram aumentar a empatia na luta contra o vírus Foto Getty Images 

A partir da sofisticação tecnológica cada vez maior e da ultraespecialização, o conceito de humanização no atendimento médico ganha cada vez mais espaço. Tema, inclusive, que passou a ser ainda mais debatido após o início da pandemia, quando profissionais de saúde, pacientes e familiares perceberam a importância de um atendimento mais humano, empático e cuidadoso.

“A pandemia, com a voracidade com que chegou entre nós, nos trouxe uma doença potencialmente grave e potencialmente mortal. O paciente ficou muito fragilizado e uma família sofria em casa. Desconhecendo a doença e não existindo tratamentos eficazes, o médico tinha que se colocar no lugar do outro e exercer a humanização”, relata o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

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A médica geriatra Érika Satomi, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda que a busca pela excelência e humanização no atendimento já era uma tendência, que se concretizou com a pandemia. “A pandemia nos trouxe a incerteza do viver ou de morrer, deixou exposta essa vulnerabilidade do ser humano. Hoje estou saudável, mas amanhã posso estar doente. Aquilo tocou muito mais a gente e fomos obrigados a criar empatia com todo mundo”, diz.

A proposta da medicina humanizada é justamente proporcionar um atendimento médico diferenciado, colocando as necessidades da pessoa em primeiro lugar para fortalecer a relação direta entre médico e paciente. E isso começa já no atendimento primário. “Na medicina humanizada não se faz consulta em alta velocidade. É preciso retomar o vínculo, botar a mão no paciente e examiná-lo como um todo, como acontecia antigamente. Hoje as relações se tornaram essencialmente profissionais, mas a boa medicina se faz com base em uma boa conversa. Isso demanda tempo e essa é a variável mais cara nos dias de hoje”, ressalta Fernandes, que neste ano completa 46 anos de exercício da medicina.

Para que a humanização no atendimento de fato ocorra, é necessário mudar a cultura do sistema de saúde priorizando o atendimento individualizado da pessoa e não mais a doença que ela tem. Esse modelo, baseado na atenção primária, concentra-se nos cuidados da pessoa ao longo da vida e não apenas quando ela está em uma fase aguda da doença. Dessa forma, o médico tem um entendimento global da saúde do paciente, que deixará de ser tratado de forma fragmentada.

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“A gente ainda faz uma medicina muito baseada na linha de que cada médico é dono de um órgão. E hoje em dia não é mais essa a ideia. Os grandes movimentos seguem a lógica de que não precisamos ter cinco médicos diferentes para cuidar cada um de um órgão. Podemos ter apenas um médico, que seja a referência para o paciente e que conheça a história dele. E, se a situação exigir, aí sim indicamos esse paciente para um especialista que vai ser fundamental”, afirma Érika.

Desafio da formação médica

Um dos desafios para essa mudança de cultura é o processo educativo de formação médica. Segundo a médica Zeliete Zambon, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, o conceito começou a ser discutido com maior intensidade com a mudança de currículo em 2014. As novas diretrizes incluíram entre os seus objetivos que o médico deve ser mais humanizado, tenha uma formação mais generalista, utilize melhor os recursos e faça uma melhor gestão da saúde das pessoas.

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“Antes dessa mudança de currículo, a formação do médico era muito focada no hospital, o que chamávamos de ensino hospitalocêntrico. Tudo que era voltado para hospital era considerado melhor. Para os médicos formados nesse sistema, ainda custa entender que mudou o foco. O problema é que eles ainda são os professores, então temos que trocar o pneu com o ônibus andando. E isso está acontecendo aos poucos, ainda deve levar uns dez anos para termos uma mudança mais significativa”, avalia Zambon.

Seguindo a tendência da humanização, a especialidade em Medicina de Família e Comunidade é uma das que mais têm crescido no Brasil. De acordo com os dados mais recentes da Demografia Médica 2020, pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de profissionais dedicados à especialidade cresceu 30% em dois anos e 171% na última década, somando 7.149 profissionais. Ainda é pouco diante das outras especialidades, mas é um avanço que demonstra uma mudança de cultura. “A atenção primária à saúde é um conceito mundial e o Brasil não é o único nesse caminho de voltar ao acompanhamento das pessoas e não das doenças. Estamos entrando numa nova era de humanização e de termos um médico pessoal, com um atendimento centrado na pessoa”, afirma Zambon.

Médico e paciente precisaram aumentar a empatia na luta contra o vírus Foto Getty Images 

A partir da sofisticação tecnológica cada vez maior e da ultraespecialização, o conceito de humanização no atendimento médico ganha cada vez mais espaço. Tema, inclusive, que passou a ser ainda mais debatido após o início da pandemia, quando profissionais de saúde, pacientes e familiares perceberam a importância de um atendimento mais humano, empático e cuidadoso.

“A pandemia, com a voracidade com que chegou entre nós, nos trouxe uma doença potencialmente grave e potencialmente mortal. O paciente ficou muito fragilizado e uma família sofria em casa. Desconhecendo a doença e não existindo tratamentos eficazes, o médico tinha que se colocar no lugar do outro e exercer a humanização”, relata o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

A médica geriatra Érika Satomi, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda que a busca pela excelência e humanização no atendimento já era uma tendência, que se concretizou com a pandemia. “A pandemia nos trouxe a incerteza do viver ou de morrer, deixou exposta essa vulnerabilidade do ser humano. Hoje estou saudável, mas amanhã posso estar doente. Aquilo tocou muito mais a gente e fomos obrigados a criar empatia com todo mundo”, diz.

A proposta da medicina humanizada é justamente proporcionar um atendimento médico diferenciado, colocando as necessidades da pessoa em primeiro lugar para fortalecer a relação direta entre médico e paciente. E isso começa já no atendimento primário. “Na medicina humanizada não se faz consulta em alta velocidade. É preciso retomar o vínculo, botar a mão no paciente e examiná-lo como um todo, como acontecia antigamente. Hoje as relações se tornaram essencialmente profissionais, mas a boa medicina se faz com base em uma boa conversa. Isso demanda tempo e essa é a variável mais cara nos dias de hoje”, ressalta Fernandes, que neste ano completa 46 anos de exercício da medicina.

Para que a humanização no atendimento de fato ocorra, é necessário mudar a cultura do sistema de saúde priorizando o atendimento individualizado da pessoa e não mais a doença que ela tem. Esse modelo, baseado na atenção primária, concentra-se nos cuidados da pessoa ao longo da vida e não apenas quando ela está em uma fase aguda da doença. Dessa forma, o médico tem um entendimento global da saúde do paciente, que deixará de ser tratado de forma fragmentada.

“A gente ainda faz uma medicina muito baseada na linha de que cada médico é dono de um órgão. E hoje em dia não é mais essa a ideia. Os grandes movimentos seguem a lógica de que não precisamos ter cinco médicos diferentes para cuidar cada um de um órgão. Podemos ter apenas um médico, que seja a referência para o paciente e que conheça a história dele. E, se a situação exigir, aí sim indicamos esse paciente para um especialista que vai ser fundamental”, afirma Érika.

Desafio da formação médica

Um dos desafios para essa mudança de cultura é o processo educativo de formação médica. Segundo a médica Zeliete Zambon, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, o conceito começou a ser discutido com maior intensidade com a mudança de currículo em 2014. As novas diretrizes incluíram entre os seus objetivos que o médico deve ser mais humanizado, tenha uma formação mais generalista, utilize melhor os recursos e faça uma melhor gestão da saúde das pessoas.

“Antes dessa mudança de currículo, a formação do médico era muito focada no hospital, o que chamávamos de ensino hospitalocêntrico. Tudo que era voltado para hospital era considerado melhor. Para os médicos formados nesse sistema, ainda custa entender que mudou o foco. O problema é que eles ainda são os professores, então temos que trocar o pneu com o ônibus andando. E isso está acontecendo aos poucos, ainda deve levar uns dez anos para termos uma mudança mais significativa”, avalia Zambon.

Seguindo a tendência da humanização, a especialidade em Medicina de Família e Comunidade é uma das que mais têm crescido no Brasil. De acordo com os dados mais recentes da Demografia Médica 2020, pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de profissionais dedicados à especialidade cresceu 30% em dois anos e 171% na última década, somando 7.149 profissionais. Ainda é pouco diante das outras especialidades, mas é um avanço que demonstra uma mudança de cultura. “A atenção primária à saúde é um conceito mundial e o Brasil não é o único nesse caminho de voltar ao acompanhamento das pessoas e não das doenças. Estamos entrando numa nova era de humanização e de termos um médico pessoal, com um atendimento centrado na pessoa”, afirma Zambon.

Médico e paciente precisaram aumentar a empatia na luta contra o vírus Foto Getty Images 

A partir da sofisticação tecnológica cada vez maior e da ultraespecialização, o conceito de humanização no atendimento médico ganha cada vez mais espaço. Tema, inclusive, que passou a ser ainda mais debatido após o início da pandemia, quando profissionais de saúde, pacientes e familiares perceberam a importância de um atendimento mais humano, empático e cuidadoso.

“A pandemia, com a voracidade com que chegou entre nós, nos trouxe uma doença potencialmente grave e potencialmente mortal. O paciente ficou muito fragilizado e uma família sofria em casa. Desconhecendo a doença e não existindo tratamentos eficazes, o médico tinha que se colocar no lugar do outro e exercer a humanização”, relata o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) e professor da Faculdade de Medicina do ABC.

A médica geriatra Érika Satomi, do Hospital Israelita Albert Einstein, concorda que a busca pela excelência e humanização no atendimento já era uma tendência, que se concretizou com a pandemia. “A pandemia nos trouxe a incerteza do viver ou de morrer, deixou exposta essa vulnerabilidade do ser humano. Hoje estou saudável, mas amanhã posso estar doente. Aquilo tocou muito mais a gente e fomos obrigados a criar empatia com todo mundo”, diz.

A proposta da medicina humanizada é justamente proporcionar um atendimento médico diferenciado, colocando as necessidades da pessoa em primeiro lugar para fortalecer a relação direta entre médico e paciente. E isso começa já no atendimento primário. “Na medicina humanizada não se faz consulta em alta velocidade. É preciso retomar o vínculo, botar a mão no paciente e examiná-lo como um todo, como acontecia antigamente. Hoje as relações se tornaram essencialmente profissionais, mas a boa medicina se faz com base em uma boa conversa. Isso demanda tempo e essa é a variável mais cara nos dias de hoje”, ressalta Fernandes, que neste ano completa 46 anos de exercício da medicina.

Para que a humanização no atendimento de fato ocorra, é necessário mudar a cultura do sistema de saúde priorizando o atendimento individualizado da pessoa e não mais a doença que ela tem. Esse modelo, baseado na atenção primária, concentra-se nos cuidados da pessoa ao longo da vida e não apenas quando ela está em uma fase aguda da doença. Dessa forma, o médico tem um entendimento global da saúde do paciente, que deixará de ser tratado de forma fragmentada.

“A gente ainda faz uma medicina muito baseada na linha de que cada médico é dono de um órgão. E hoje em dia não é mais essa a ideia. Os grandes movimentos seguem a lógica de que não precisamos ter cinco médicos diferentes para cuidar cada um de um órgão. Podemos ter apenas um médico, que seja a referência para o paciente e que conheça a história dele. E, se a situação exigir, aí sim indicamos esse paciente para um especialista que vai ser fundamental”, afirma Érika.

Desafio da formação médica

Um dos desafios para essa mudança de cultura é o processo educativo de formação médica. Segundo a médica Zeliete Zambon, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, o conceito começou a ser discutido com maior intensidade com a mudança de currículo em 2014. As novas diretrizes incluíram entre os seus objetivos que o médico deve ser mais humanizado, tenha uma formação mais generalista, utilize melhor os recursos e faça uma melhor gestão da saúde das pessoas.

“Antes dessa mudança de currículo, a formação do médico era muito focada no hospital, o que chamávamos de ensino hospitalocêntrico. Tudo que era voltado para hospital era considerado melhor. Para os médicos formados nesse sistema, ainda custa entender que mudou o foco. O problema é que eles ainda são os professores, então temos que trocar o pneu com o ônibus andando. E isso está acontecendo aos poucos, ainda deve levar uns dez anos para termos uma mudança mais significativa”, avalia Zambon.

Seguindo a tendência da humanização, a especialidade em Medicina de Família e Comunidade é uma das que mais têm crescido no Brasil. De acordo com os dados mais recentes da Demografia Médica 2020, pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de profissionais dedicados à especialidade cresceu 30% em dois anos e 171% na última década, somando 7.149 profissionais. Ainda é pouco diante das outras especialidades, mas é um avanço que demonstra uma mudança de cultura. “A atenção primária à saúde é um conceito mundial e o Brasil não é o único nesse caminho de voltar ao acompanhamento das pessoas e não das doenças. Estamos entrando numa nova era de humanização e de termos um médico pessoal, com um atendimento centrado na pessoa”, afirma Zambon.

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