Passar 8 minutos no TikTok já abala a autoestima de uma mulher, diz estudo


Pesquisa mostra como conteúdos da plataforma podem levar à redução da satisfação corporal e à maior internalização de padrões de beleza irreais

Por Bárbara Giovani

Navegar pelas redes sociais significa se deparar com diversos mundos ideais. Para mulheres, alguns conteúdos podem reforçar padrões corporais difíceis de serem alcançados e, dessa forma, influenciar negativamente a visão que cada uma tem de si mesma. Em novo estudo, oito minutos no TikTok foram suficientes para que isso acontecesse.

Navegar menos de 10 minutos no TikTok já prejudica a autoestima de mulheres, indica pesquisa Foto: fizkes/Adobe Stock

A pesquisa analisou os impactos dessa plataforma na autoestima de 273 mulheres, a maioria delas australianas com idades entre 18 e 28 anos. No total, 126 foram expostas a conteúdos que tratavam explícita ou implicitamente sobre transtornos alimentares, como jovens restringindo sua alimentação e fazendo piada sobre isso, dicas para perder peso, mulheres magras exibindo o abdômen e também vídeos de inspiração para uma “vida fitness”, com sugestões de exercícios e sucos detox. Enquanto isso, o restante das participantes visualizou publicações relacionadas a natureza, culinária, receitas, animais e comédia.

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Antes e depois do experimento, as participantes responderam questionários sistematizados para identificar a satisfação corporal e a internalização dos conteúdos visualizados. Aquelas que assistiram os vídeos que reforçavam padrões estéticos apresentaram a maior diminuição na satisfação com a imagem corporal e um aumento na internalização dos padrões de beleza da sociedade. Os resultados foram publicados na revista científica Plos One.

Para Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o contato rápido e com muitos conteúdos desse tipo faz com que o corpo magro pareça algo fácil de ser alcançado. O especialista ressalta ainda que o uso de filtros, muito comum nas redes sociais, também afeta a imagem que as mulheres têm de si e reforça padrões inalcançáveis.

“Essa situação gera muitas expectativas e estresse, o que pode acabar resultando em um transtorno mental, como o transtorno de ansiedade e depressão”, afirma. O especialista observa que existe ainda o risco de esses conteúdos servirem de gatilho para transtornos alimentares, como bulimia e anorexia. No estudo, porém, os pesquisadores afirmam que não observaram dados relevantes sobre a influência dos vídeos do TikTok no desenvolvimento desse tipo de problema de saúde.

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O psiquiatra do Einstein aponta a necessidade de replicar a pesquisa em um público mais heterogêneo, ou seja, de diferentes nacionalidades. Além disso, ressalta a importância de mapear a existência de transtornos mentais (inclusive os ligados à alimentação) entre os participantes antes do experimento, uma vez que isso pode enviesar os resultados.

Particularidades do TikTok

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Para os autores da pesquisa, o resultado é problemático, visto que oito minutos é um tempo pequeno quando comparado às duas horas diárias que as participantes relataram passar no TikTok.

“A rapidez com que o conteúdo do TikTok pode ser criado e consumido online também pode ser fundamental para seu impacto. Um usuário de mídia social pode assistir a mais de mil vídeos no TikTok em uma hora, criando um efeito reforçador que pode ter mais impacto do que o conteúdo de formato mais longo de um único criador”, escrevem os autores no estudo.

Segundo os pesquisadores, há duas características da plataforma que a torna mais perigosa que as outras em termos de saúde mental. A primeira é a falta de autonomia do usuário. Isso porque a principal página de acesso dos internautas é chamada #ForYou, ou, em português, #ParaVocê. Nela, o algoritmo sugere conteúdos de acordo com dados registrados de cada usuário, com o objetivo de chamar sua atenção e fazê-lo permanecer no aplicativo. Esses posts podem vir de qualquer perfil, e não só daqueles que o usuário segue.

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Em comparação, outras redes sociais, como o Instagram, também oferecem esse serviço, mas a página principal de acesso é alimentada pelas publicações de perfis que o próprio usuário escolheu seguir. Dessa forma, as pessoas passam menos tempo na página “Explorar”, feita pela curadoria do algoritmo. No TikTok, acontece o contrário: a página #ParaVocê é a primeira da plataforma e onde os usuários passam maior parte do tempo.

O segundo ponto de atenção destacado pelos pesquisadores com o TikTok é o fato de que ele exibe ideais corporais em conteúdos explícitos sobre transtornos alimentares. Assim, interagir com vídeos de saúde e fitness pode levar à exposição não intencional a conteúdo sobre esses distúrbios.

Para Kanomata, há alguns pontos que devem ser trabalhados para evitar que as redes sociais tenham tamanho impacto na saúde mental das pessoas. O primeiro é a educação na infância e adolescência, a fim de desenvolver inteligência emocional e autoestima nas crianças e jovens. “Isso traria um melhor entendimento e uma maior aceitação do seu próprio corpo, fazendo com que eles não achem que precisam se moldar aos estereótipos”, opina.

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Outro aspecto importante é o controle de horas gastas nessas plataformas. E, uma vez que seja observada uma evolução para o adoecimento mental, o psiquiatra enfatiza a importância do pleno acesso à saúde, para que a pessoa possa ter acompanhamento profissional.

Por fim, o especialista aponta a necessidade de regulação dos conteúdos, para que esses vídeos não sejam publicados e veiculados. “Mas eu acho que já é uma medida muito mais complexa e, talvez, difícil de ser realizada”, conclui.

Navegar pelas redes sociais significa se deparar com diversos mundos ideais. Para mulheres, alguns conteúdos podem reforçar padrões corporais difíceis de serem alcançados e, dessa forma, influenciar negativamente a visão que cada uma tem de si mesma. Em novo estudo, oito minutos no TikTok foram suficientes para que isso acontecesse.

Navegar menos de 10 minutos no TikTok já prejudica a autoestima de mulheres, indica pesquisa Foto: fizkes/Adobe Stock

A pesquisa analisou os impactos dessa plataforma na autoestima de 273 mulheres, a maioria delas australianas com idades entre 18 e 28 anos. No total, 126 foram expostas a conteúdos que tratavam explícita ou implicitamente sobre transtornos alimentares, como jovens restringindo sua alimentação e fazendo piada sobre isso, dicas para perder peso, mulheres magras exibindo o abdômen e também vídeos de inspiração para uma “vida fitness”, com sugestões de exercícios e sucos detox. Enquanto isso, o restante das participantes visualizou publicações relacionadas a natureza, culinária, receitas, animais e comédia.

Antes e depois do experimento, as participantes responderam questionários sistematizados para identificar a satisfação corporal e a internalização dos conteúdos visualizados. Aquelas que assistiram os vídeos que reforçavam padrões estéticos apresentaram a maior diminuição na satisfação com a imagem corporal e um aumento na internalização dos padrões de beleza da sociedade. Os resultados foram publicados na revista científica Plos One.

Para Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o contato rápido e com muitos conteúdos desse tipo faz com que o corpo magro pareça algo fácil de ser alcançado. O especialista ressalta ainda que o uso de filtros, muito comum nas redes sociais, também afeta a imagem que as mulheres têm de si e reforça padrões inalcançáveis.

“Essa situação gera muitas expectativas e estresse, o que pode acabar resultando em um transtorno mental, como o transtorno de ansiedade e depressão”, afirma. O especialista observa que existe ainda o risco de esses conteúdos servirem de gatilho para transtornos alimentares, como bulimia e anorexia. No estudo, porém, os pesquisadores afirmam que não observaram dados relevantes sobre a influência dos vídeos do TikTok no desenvolvimento desse tipo de problema de saúde.

O psiquiatra do Einstein aponta a necessidade de replicar a pesquisa em um público mais heterogêneo, ou seja, de diferentes nacionalidades. Além disso, ressalta a importância de mapear a existência de transtornos mentais (inclusive os ligados à alimentação) entre os participantes antes do experimento, uma vez que isso pode enviesar os resultados.

Particularidades do TikTok

Para os autores da pesquisa, o resultado é problemático, visto que oito minutos é um tempo pequeno quando comparado às duas horas diárias que as participantes relataram passar no TikTok.

“A rapidez com que o conteúdo do TikTok pode ser criado e consumido online também pode ser fundamental para seu impacto. Um usuário de mídia social pode assistir a mais de mil vídeos no TikTok em uma hora, criando um efeito reforçador que pode ter mais impacto do que o conteúdo de formato mais longo de um único criador”, escrevem os autores no estudo.

Segundo os pesquisadores, há duas características da plataforma que a torna mais perigosa que as outras em termos de saúde mental. A primeira é a falta de autonomia do usuário. Isso porque a principal página de acesso dos internautas é chamada #ForYou, ou, em português, #ParaVocê. Nela, o algoritmo sugere conteúdos de acordo com dados registrados de cada usuário, com o objetivo de chamar sua atenção e fazê-lo permanecer no aplicativo. Esses posts podem vir de qualquer perfil, e não só daqueles que o usuário segue.

Em comparação, outras redes sociais, como o Instagram, também oferecem esse serviço, mas a página principal de acesso é alimentada pelas publicações de perfis que o próprio usuário escolheu seguir. Dessa forma, as pessoas passam menos tempo na página “Explorar”, feita pela curadoria do algoritmo. No TikTok, acontece o contrário: a página #ParaVocê é a primeira da plataforma e onde os usuários passam maior parte do tempo.

O segundo ponto de atenção destacado pelos pesquisadores com o TikTok é o fato de que ele exibe ideais corporais em conteúdos explícitos sobre transtornos alimentares. Assim, interagir com vídeos de saúde e fitness pode levar à exposição não intencional a conteúdo sobre esses distúrbios.

Para Kanomata, há alguns pontos que devem ser trabalhados para evitar que as redes sociais tenham tamanho impacto na saúde mental das pessoas. O primeiro é a educação na infância e adolescência, a fim de desenvolver inteligência emocional e autoestima nas crianças e jovens. “Isso traria um melhor entendimento e uma maior aceitação do seu próprio corpo, fazendo com que eles não achem que precisam se moldar aos estereótipos”, opina.

Outro aspecto importante é o controle de horas gastas nessas plataformas. E, uma vez que seja observada uma evolução para o adoecimento mental, o psiquiatra enfatiza a importância do pleno acesso à saúde, para que a pessoa possa ter acompanhamento profissional.

Por fim, o especialista aponta a necessidade de regulação dos conteúdos, para que esses vídeos não sejam publicados e veiculados. “Mas eu acho que já é uma medida muito mais complexa e, talvez, difícil de ser realizada”, conclui.

Navegar pelas redes sociais significa se deparar com diversos mundos ideais. Para mulheres, alguns conteúdos podem reforçar padrões corporais difíceis de serem alcançados e, dessa forma, influenciar negativamente a visão que cada uma tem de si mesma. Em novo estudo, oito minutos no TikTok foram suficientes para que isso acontecesse.

Navegar menos de 10 minutos no TikTok já prejudica a autoestima de mulheres, indica pesquisa Foto: fizkes/Adobe Stock

A pesquisa analisou os impactos dessa plataforma na autoestima de 273 mulheres, a maioria delas australianas com idades entre 18 e 28 anos. No total, 126 foram expostas a conteúdos que tratavam explícita ou implicitamente sobre transtornos alimentares, como jovens restringindo sua alimentação e fazendo piada sobre isso, dicas para perder peso, mulheres magras exibindo o abdômen e também vídeos de inspiração para uma “vida fitness”, com sugestões de exercícios e sucos detox. Enquanto isso, o restante das participantes visualizou publicações relacionadas a natureza, culinária, receitas, animais e comédia.

Antes e depois do experimento, as participantes responderam questionários sistematizados para identificar a satisfação corporal e a internalização dos conteúdos visualizados. Aquelas que assistiram os vídeos que reforçavam padrões estéticos apresentaram a maior diminuição na satisfação com a imagem corporal e um aumento na internalização dos padrões de beleza da sociedade. Os resultados foram publicados na revista científica Plos One.

Para Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o contato rápido e com muitos conteúdos desse tipo faz com que o corpo magro pareça algo fácil de ser alcançado. O especialista ressalta ainda que o uso de filtros, muito comum nas redes sociais, também afeta a imagem que as mulheres têm de si e reforça padrões inalcançáveis.

“Essa situação gera muitas expectativas e estresse, o que pode acabar resultando em um transtorno mental, como o transtorno de ansiedade e depressão”, afirma. O especialista observa que existe ainda o risco de esses conteúdos servirem de gatilho para transtornos alimentares, como bulimia e anorexia. No estudo, porém, os pesquisadores afirmam que não observaram dados relevantes sobre a influência dos vídeos do TikTok no desenvolvimento desse tipo de problema de saúde.

O psiquiatra do Einstein aponta a necessidade de replicar a pesquisa em um público mais heterogêneo, ou seja, de diferentes nacionalidades. Além disso, ressalta a importância de mapear a existência de transtornos mentais (inclusive os ligados à alimentação) entre os participantes antes do experimento, uma vez que isso pode enviesar os resultados.

Particularidades do TikTok

Para os autores da pesquisa, o resultado é problemático, visto que oito minutos é um tempo pequeno quando comparado às duas horas diárias que as participantes relataram passar no TikTok.

“A rapidez com que o conteúdo do TikTok pode ser criado e consumido online também pode ser fundamental para seu impacto. Um usuário de mídia social pode assistir a mais de mil vídeos no TikTok em uma hora, criando um efeito reforçador que pode ter mais impacto do que o conteúdo de formato mais longo de um único criador”, escrevem os autores no estudo.

Segundo os pesquisadores, há duas características da plataforma que a torna mais perigosa que as outras em termos de saúde mental. A primeira é a falta de autonomia do usuário. Isso porque a principal página de acesso dos internautas é chamada #ForYou, ou, em português, #ParaVocê. Nela, o algoritmo sugere conteúdos de acordo com dados registrados de cada usuário, com o objetivo de chamar sua atenção e fazê-lo permanecer no aplicativo. Esses posts podem vir de qualquer perfil, e não só daqueles que o usuário segue.

Em comparação, outras redes sociais, como o Instagram, também oferecem esse serviço, mas a página principal de acesso é alimentada pelas publicações de perfis que o próprio usuário escolheu seguir. Dessa forma, as pessoas passam menos tempo na página “Explorar”, feita pela curadoria do algoritmo. No TikTok, acontece o contrário: a página #ParaVocê é a primeira da plataforma e onde os usuários passam maior parte do tempo.

O segundo ponto de atenção destacado pelos pesquisadores com o TikTok é o fato de que ele exibe ideais corporais em conteúdos explícitos sobre transtornos alimentares. Assim, interagir com vídeos de saúde e fitness pode levar à exposição não intencional a conteúdo sobre esses distúrbios.

Para Kanomata, há alguns pontos que devem ser trabalhados para evitar que as redes sociais tenham tamanho impacto na saúde mental das pessoas. O primeiro é a educação na infância e adolescência, a fim de desenvolver inteligência emocional e autoestima nas crianças e jovens. “Isso traria um melhor entendimento e uma maior aceitação do seu próprio corpo, fazendo com que eles não achem que precisam se moldar aos estereótipos”, opina.

Outro aspecto importante é o controle de horas gastas nessas plataformas. E, uma vez que seja observada uma evolução para o adoecimento mental, o psiquiatra enfatiza a importância do pleno acesso à saúde, para que a pessoa possa ter acompanhamento profissional.

Por fim, o especialista aponta a necessidade de regulação dos conteúdos, para que esses vídeos não sejam publicados e veiculados. “Mas eu acho que já é uma medida muito mais complexa e, talvez, difícil de ser realizada”, conclui.

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