Pessoas com sangue tipo A são mais propensas a ter AVC antes dos 60 anos, diz estudo


Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil pessoas para identificar variantes genéticas associadas ao derrame; sangue tipo O tem menos risco de ter a doença

Por Guilherme Lara da Rosa
Atualização:

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA) revelou que pessoas do grupo sanguíneo do tipo A estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) antes dos 60 anos. A doença já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil em 2022, segundo o Portal da Transparência de Registro Civil.

Em uma meta-análise de 48 estudos feitos na América do Norte, Europa, Japão, Paquistão e Austrália sobre genética e AVC isquêmico, os cientistas avaliaram dados de 17 mil pessoas que tiveram derrame ao longo da vida e cerca de outras 600 mil que nunca sofreram com a doença. Conforme os responsáveis pelo trabalho, o estudo analisou os cromossomos coletados destes grupos e identificou variantes genéticas associadas ao AVC. A área de cromossomo inclui o gene que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa.

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Se por um lado aqueles que têm o tipo sanguíneo A estão mais propensos a sofrer um derrame, o estudo apontou que as pessoas pertencentes ao subgrupo O – o mais comum – tem menos chances de ter um derrame.

“Após o ajuste para sexo e outros fatores, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham sangue tipo A tinham risco 16% maior de ter um derrame precoce do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Aqueles que tinham sangue tipo O tiveram um risco 12% menor de ter um derrame do que pessoas com outros tipos sanguíneos”, disse a Universidade de Maryland, em comunicado.

Tanto o AVC precoce quanto o tardio também eram mais propensos a ter sangue tipo B em comparação com os controles. Não há mais detalhamentos sobre os subgrupos e a ocorrência da doença.

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Um dos principais responsáveis pelo estudo, o professor de Medicina Braxton Mitchell destacou que a associação do tipo sanguíneo com o AVC tardio foi mais fraca do que com o acidente vascular cerebral precoce. “Ainda não sabemos por que o tipo sanguíneo A confere um risco maior, mas provavelmente tem algo a ver com fatores de coagulação do sangue, como plaquetas e células que revestem os vasos sanguíneos”, explicou o coautor do estudo, Steven Kittner.

Para o coordenador da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Octávio Neto Pontes, a “pesquisa é bastante robusta”, mas a limitação do estudo deve ser considerada, uma vez que houve diversidade limitada entre os participantes, conforme reconhecem os pesquisadores responsáveis pelas análises. Embora o trabalho tenha se baseado em dados de participantes de diferentes países e continentes, só 35% destes são não europeus.

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“Não podemos facilmente extrapolar esses dados para a população do Brasil, pois temos miscigenação muito grande e não sabemos se esses achados também são com este mesmo grau de associação que vemos na população brasileira, que é muito diversificada em relação à etnia”, disse Pontes ao Estadão. O especialista também reforçou que o tipo sanguíneo não deve ser o único fator considerado quando o assunto é riscos de sofrer AVC.

Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil voluntários e concluiu que pessoas com o tipo sanguíneo A têm mais propensão a desenvolverem um AVC Foto: Isac Nóbrega

Já a médica neurologista do Hospital Albert Einstein Polyana Piza diz que ainda não é possível determinar, sem dúvidas, que o público do grupo sanguíneo A está mais suscetível ao AVC com base nas evidências científicas até agora. Mas, segundo ela, o estudo abre portas para que a comunidade científica investigue e entenda os porquês desses resultados.

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“Esse estudo tem como base a associação, ou seja, foi comparado o tipo sanguíneo à ocorrência do AVC. Isso significa que não temos causa e efeito. Precisamos entender por que isso acontece, uma vez que o estudo não traz nenhum dado para ser usado na clínica ainda”, explica.

Coordenadora do programa de especialidades clínicas do Einstein, ela disse acreditar que os novos estudos vão possibilitar que cientistas e profissionais da saúde tracem estratégias para tratamento com medicações e novas formas de monitoramento. Segundo ela, não é preciso monitorar os pacientes do tipo sanguíneo A nem afirmar que os pertencentes ao grupo O estão, de certa forma, mais protegidos.

De acordo com Pontes Neto, a hipertensão é a principal razão para alguém ser mais suscetível ao AVC, independentemente da idade, apesar de os riscos se elevarem após os 50 anos de idade. Sobre a necessidade de o público pertencente ao grupo sanguíneo do tipo A correr para os hospitais a fim de realizar exames, o neurologista orienta: “Não precisa. Independentemente do tipo sanguíneo, a orientação é esta: controlar os fatores de riscos. Mais de 80% dessas condições são evitáveis e tratáveis”.

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Quais são os fatores de riscos para o AVC?

- Hipertensão

- Tabagismo

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- Diabete

- Dislipidemia (colesterol elevado)

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Obesidade

- Dieta inadequada

- Sedentarismo

- Doenças cardíacas

- Estresse e depressão

Quais são os tipos de acidente vascular cerebral (AVC)?

Existe dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum é o isquêmico, que é causado pela ruptura de uma artéria no cérebro, que extravasa sangue dentro do órgão. Cada minuto sem tratamento representa a perda de 1,9 milhão de neurônios, o que pode deixar sequelas permanentes. Já o hemorrágico é causado pelo entupimento de uma artéria que leva sangue para o cérebro.

Quais são os sintomas de um AVC?

- Fraqueza ou formigamento em membros do corpo, principalmente em apenas um lado

- Confusão mental

- Dificuldades de fala e/ou compreensão

- Mudanças na visão, equilíbrio e coordenação

- Tontura

- Dor de cabeça

Como prevenir um derrame?

A prevenção do AVC está diretamente relacionada a mudanças de hábitos, especialmente naqueles têm fatores de risco. Octávio Neto Pontes aponta para a necessidade de bom controle da pressão arterial, principalmente. Além disso, é recomendável a realização frequente de exercícios físicos e adoção de alimentação saudável.

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA) revelou que pessoas do grupo sanguíneo do tipo A estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) antes dos 60 anos. A doença já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil em 2022, segundo o Portal da Transparência de Registro Civil.

Em uma meta-análise de 48 estudos feitos na América do Norte, Europa, Japão, Paquistão e Austrália sobre genética e AVC isquêmico, os cientistas avaliaram dados de 17 mil pessoas que tiveram derrame ao longo da vida e cerca de outras 600 mil que nunca sofreram com a doença. Conforme os responsáveis pelo trabalho, o estudo analisou os cromossomos coletados destes grupos e identificou variantes genéticas associadas ao AVC. A área de cromossomo inclui o gene que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa.

Se por um lado aqueles que têm o tipo sanguíneo A estão mais propensos a sofrer um derrame, o estudo apontou que as pessoas pertencentes ao subgrupo O – o mais comum – tem menos chances de ter um derrame.

“Após o ajuste para sexo e outros fatores, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham sangue tipo A tinham risco 16% maior de ter um derrame precoce do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Aqueles que tinham sangue tipo O tiveram um risco 12% menor de ter um derrame do que pessoas com outros tipos sanguíneos”, disse a Universidade de Maryland, em comunicado.

Tanto o AVC precoce quanto o tardio também eram mais propensos a ter sangue tipo B em comparação com os controles. Não há mais detalhamentos sobre os subgrupos e a ocorrência da doença.

Um dos principais responsáveis pelo estudo, o professor de Medicina Braxton Mitchell destacou que a associação do tipo sanguíneo com o AVC tardio foi mais fraca do que com o acidente vascular cerebral precoce. “Ainda não sabemos por que o tipo sanguíneo A confere um risco maior, mas provavelmente tem algo a ver com fatores de coagulação do sangue, como plaquetas e células que revestem os vasos sanguíneos”, explicou o coautor do estudo, Steven Kittner.

Para o coordenador da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Octávio Neto Pontes, a “pesquisa é bastante robusta”, mas a limitação do estudo deve ser considerada, uma vez que houve diversidade limitada entre os participantes, conforme reconhecem os pesquisadores responsáveis pelas análises. Embora o trabalho tenha se baseado em dados de participantes de diferentes países e continentes, só 35% destes são não europeus.

“Não podemos facilmente extrapolar esses dados para a população do Brasil, pois temos miscigenação muito grande e não sabemos se esses achados também são com este mesmo grau de associação que vemos na população brasileira, que é muito diversificada em relação à etnia”, disse Pontes ao Estadão. O especialista também reforçou que o tipo sanguíneo não deve ser o único fator considerado quando o assunto é riscos de sofrer AVC.

Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil voluntários e concluiu que pessoas com o tipo sanguíneo A têm mais propensão a desenvolverem um AVC Foto: Isac Nóbrega

Já a médica neurologista do Hospital Albert Einstein Polyana Piza diz que ainda não é possível determinar, sem dúvidas, que o público do grupo sanguíneo A está mais suscetível ao AVC com base nas evidências científicas até agora. Mas, segundo ela, o estudo abre portas para que a comunidade científica investigue e entenda os porquês desses resultados.

“Esse estudo tem como base a associação, ou seja, foi comparado o tipo sanguíneo à ocorrência do AVC. Isso significa que não temos causa e efeito. Precisamos entender por que isso acontece, uma vez que o estudo não traz nenhum dado para ser usado na clínica ainda”, explica.

Coordenadora do programa de especialidades clínicas do Einstein, ela disse acreditar que os novos estudos vão possibilitar que cientistas e profissionais da saúde tracem estratégias para tratamento com medicações e novas formas de monitoramento. Segundo ela, não é preciso monitorar os pacientes do tipo sanguíneo A nem afirmar que os pertencentes ao grupo O estão, de certa forma, mais protegidos.

De acordo com Pontes Neto, a hipertensão é a principal razão para alguém ser mais suscetível ao AVC, independentemente da idade, apesar de os riscos se elevarem após os 50 anos de idade. Sobre a necessidade de o público pertencente ao grupo sanguíneo do tipo A correr para os hospitais a fim de realizar exames, o neurologista orienta: “Não precisa. Independentemente do tipo sanguíneo, a orientação é esta: controlar os fatores de riscos. Mais de 80% dessas condições são evitáveis e tratáveis”.

Quais são os fatores de riscos para o AVC?

- Hipertensão

- Tabagismo

- Diabete

- Dislipidemia (colesterol elevado)

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Obesidade

- Dieta inadequada

- Sedentarismo

- Doenças cardíacas

- Estresse e depressão

Quais são os tipos de acidente vascular cerebral (AVC)?

Existe dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum é o isquêmico, que é causado pela ruptura de uma artéria no cérebro, que extravasa sangue dentro do órgão. Cada minuto sem tratamento representa a perda de 1,9 milhão de neurônios, o que pode deixar sequelas permanentes. Já o hemorrágico é causado pelo entupimento de uma artéria que leva sangue para o cérebro.

Quais são os sintomas de um AVC?

- Fraqueza ou formigamento em membros do corpo, principalmente em apenas um lado

- Confusão mental

- Dificuldades de fala e/ou compreensão

- Mudanças na visão, equilíbrio e coordenação

- Tontura

- Dor de cabeça

Como prevenir um derrame?

A prevenção do AVC está diretamente relacionada a mudanças de hábitos, especialmente naqueles têm fatores de risco. Octávio Neto Pontes aponta para a necessidade de bom controle da pressão arterial, principalmente. Além disso, é recomendável a realização frequente de exercícios físicos e adoção de alimentação saudável.

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA) revelou que pessoas do grupo sanguíneo do tipo A estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) antes dos 60 anos. A doença já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil em 2022, segundo o Portal da Transparência de Registro Civil.

Em uma meta-análise de 48 estudos feitos na América do Norte, Europa, Japão, Paquistão e Austrália sobre genética e AVC isquêmico, os cientistas avaliaram dados de 17 mil pessoas que tiveram derrame ao longo da vida e cerca de outras 600 mil que nunca sofreram com a doença. Conforme os responsáveis pelo trabalho, o estudo analisou os cromossomos coletados destes grupos e identificou variantes genéticas associadas ao AVC. A área de cromossomo inclui o gene que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa.

Se por um lado aqueles que têm o tipo sanguíneo A estão mais propensos a sofrer um derrame, o estudo apontou que as pessoas pertencentes ao subgrupo O – o mais comum – tem menos chances de ter um derrame.

“Após o ajuste para sexo e outros fatores, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham sangue tipo A tinham risco 16% maior de ter um derrame precoce do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Aqueles que tinham sangue tipo O tiveram um risco 12% menor de ter um derrame do que pessoas com outros tipos sanguíneos”, disse a Universidade de Maryland, em comunicado.

Tanto o AVC precoce quanto o tardio também eram mais propensos a ter sangue tipo B em comparação com os controles. Não há mais detalhamentos sobre os subgrupos e a ocorrência da doença.

Um dos principais responsáveis pelo estudo, o professor de Medicina Braxton Mitchell destacou que a associação do tipo sanguíneo com o AVC tardio foi mais fraca do que com o acidente vascular cerebral precoce. “Ainda não sabemos por que o tipo sanguíneo A confere um risco maior, mas provavelmente tem algo a ver com fatores de coagulação do sangue, como plaquetas e células que revestem os vasos sanguíneos”, explicou o coautor do estudo, Steven Kittner.

Para o coordenador da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Octávio Neto Pontes, a “pesquisa é bastante robusta”, mas a limitação do estudo deve ser considerada, uma vez que houve diversidade limitada entre os participantes, conforme reconhecem os pesquisadores responsáveis pelas análises. Embora o trabalho tenha se baseado em dados de participantes de diferentes países e continentes, só 35% destes são não europeus.

“Não podemos facilmente extrapolar esses dados para a população do Brasil, pois temos miscigenação muito grande e não sabemos se esses achados também são com este mesmo grau de associação que vemos na população brasileira, que é muito diversificada em relação à etnia”, disse Pontes ao Estadão. O especialista também reforçou que o tipo sanguíneo não deve ser o único fator considerado quando o assunto é riscos de sofrer AVC.

Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil voluntários e concluiu que pessoas com o tipo sanguíneo A têm mais propensão a desenvolverem um AVC Foto: Isac Nóbrega

Já a médica neurologista do Hospital Albert Einstein Polyana Piza diz que ainda não é possível determinar, sem dúvidas, que o público do grupo sanguíneo A está mais suscetível ao AVC com base nas evidências científicas até agora. Mas, segundo ela, o estudo abre portas para que a comunidade científica investigue e entenda os porquês desses resultados.

“Esse estudo tem como base a associação, ou seja, foi comparado o tipo sanguíneo à ocorrência do AVC. Isso significa que não temos causa e efeito. Precisamos entender por que isso acontece, uma vez que o estudo não traz nenhum dado para ser usado na clínica ainda”, explica.

Coordenadora do programa de especialidades clínicas do Einstein, ela disse acreditar que os novos estudos vão possibilitar que cientistas e profissionais da saúde tracem estratégias para tratamento com medicações e novas formas de monitoramento. Segundo ela, não é preciso monitorar os pacientes do tipo sanguíneo A nem afirmar que os pertencentes ao grupo O estão, de certa forma, mais protegidos.

De acordo com Pontes Neto, a hipertensão é a principal razão para alguém ser mais suscetível ao AVC, independentemente da idade, apesar de os riscos se elevarem após os 50 anos de idade. Sobre a necessidade de o público pertencente ao grupo sanguíneo do tipo A correr para os hospitais a fim de realizar exames, o neurologista orienta: “Não precisa. Independentemente do tipo sanguíneo, a orientação é esta: controlar os fatores de riscos. Mais de 80% dessas condições são evitáveis e tratáveis”.

Quais são os fatores de riscos para o AVC?

- Hipertensão

- Tabagismo

- Diabete

- Dislipidemia (colesterol elevado)

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Obesidade

- Dieta inadequada

- Sedentarismo

- Doenças cardíacas

- Estresse e depressão

Quais são os tipos de acidente vascular cerebral (AVC)?

Existe dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum é o isquêmico, que é causado pela ruptura de uma artéria no cérebro, que extravasa sangue dentro do órgão. Cada minuto sem tratamento representa a perda de 1,9 milhão de neurônios, o que pode deixar sequelas permanentes. Já o hemorrágico é causado pelo entupimento de uma artéria que leva sangue para o cérebro.

Quais são os sintomas de um AVC?

- Fraqueza ou formigamento em membros do corpo, principalmente em apenas um lado

- Confusão mental

- Dificuldades de fala e/ou compreensão

- Mudanças na visão, equilíbrio e coordenação

- Tontura

- Dor de cabeça

Como prevenir um derrame?

A prevenção do AVC está diretamente relacionada a mudanças de hábitos, especialmente naqueles têm fatores de risco. Octávio Neto Pontes aponta para a necessidade de bom controle da pressão arterial, principalmente. Além disso, é recomendável a realização frequente de exercícios físicos e adoção de alimentação saudável.

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA) revelou que pessoas do grupo sanguíneo do tipo A estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) antes dos 60 anos. A doença já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil em 2022, segundo o Portal da Transparência de Registro Civil.

Em uma meta-análise de 48 estudos feitos na América do Norte, Europa, Japão, Paquistão e Austrália sobre genética e AVC isquêmico, os cientistas avaliaram dados de 17 mil pessoas que tiveram derrame ao longo da vida e cerca de outras 600 mil que nunca sofreram com a doença. Conforme os responsáveis pelo trabalho, o estudo analisou os cromossomos coletados destes grupos e identificou variantes genéticas associadas ao AVC. A área de cromossomo inclui o gene que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa.

Se por um lado aqueles que têm o tipo sanguíneo A estão mais propensos a sofrer um derrame, o estudo apontou que as pessoas pertencentes ao subgrupo O – o mais comum – tem menos chances de ter um derrame.

“Após o ajuste para sexo e outros fatores, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham sangue tipo A tinham risco 16% maior de ter um derrame precoce do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Aqueles que tinham sangue tipo O tiveram um risco 12% menor de ter um derrame do que pessoas com outros tipos sanguíneos”, disse a Universidade de Maryland, em comunicado.

Tanto o AVC precoce quanto o tardio também eram mais propensos a ter sangue tipo B em comparação com os controles. Não há mais detalhamentos sobre os subgrupos e a ocorrência da doença.

Um dos principais responsáveis pelo estudo, o professor de Medicina Braxton Mitchell destacou que a associação do tipo sanguíneo com o AVC tardio foi mais fraca do que com o acidente vascular cerebral precoce. “Ainda não sabemos por que o tipo sanguíneo A confere um risco maior, mas provavelmente tem algo a ver com fatores de coagulação do sangue, como plaquetas e células que revestem os vasos sanguíneos”, explicou o coautor do estudo, Steven Kittner.

Para o coordenador da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Octávio Neto Pontes, a “pesquisa é bastante robusta”, mas a limitação do estudo deve ser considerada, uma vez que houve diversidade limitada entre os participantes, conforme reconhecem os pesquisadores responsáveis pelas análises. Embora o trabalho tenha se baseado em dados de participantes de diferentes países e continentes, só 35% destes são não europeus.

“Não podemos facilmente extrapolar esses dados para a população do Brasil, pois temos miscigenação muito grande e não sabemos se esses achados também são com este mesmo grau de associação que vemos na população brasileira, que é muito diversificada em relação à etnia”, disse Pontes ao Estadão. O especialista também reforçou que o tipo sanguíneo não deve ser o único fator considerado quando o assunto é riscos de sofrer AVC.

Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil voluntários e concluiu que pessoas com o tipo sanguíneo A têm mais propensão a desenvolverem um AVC Foto: Isac Nóbrega

Já a médica neurologista do Hospital Albert Einstein Polyana Piza diz que ainda não é possível determinar, sem dúvidas, que o público do grupo sanguíneo A está mais suscetível ao AVC com base nas evidências científicas até agora. Mas, segundo ela, o estudo abre portas para que a comunidade científica investigue e entenda os porquês desses resultados.

“Esse estudo tem como base a associação, ou seja, foi comparado o tipo sanguíneo à ocorrência do AVC. Isso significa que não temos causa e efeito. Precisamos entender por que isso acontece, uma vez que o estudo não traz nenhum dado para ser usado na clínica ainda”, explica.

Coordenadora do programa de especialidades clínicas do Einstein, ela disse acreditar que os novos estudos vão possibilitar que cientistas e profissionais da saúde tracem estratégias para tratamento com medicações e novas formas de monitoramento. Segundo ela, não é preciso monitorar os pacientes do tipo sanguíneo A nem afirmar que os pertencentes ao grupo O estão, de certa forma, mais protegidos.

De acordo com Pontes Neto, a hipertensão é a principal razão para alguém ser mais suscetível ao AVC, independentemente da idade, apesar de os riscos se elevarem após os 50 anos de idade. Sobre a necessidade de o público pertencente ao grupo sanguíneo do tipo A correr para os hospitais a fim de realizar exames, o neurologista orienta: “Não precisa. Independentemente do tipo sanguíneo, a orientação é esta: controlar os fatores de riscos. Mais de 80% dessas condições são evitáveis e tratáveis”.

Quais são os fatores de riscos para o AVC?

- Hipertensão

- Tabagismo

- Diabete

- Dislipidemia (colesterol elevado)

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Obesidade

- Dieta inadequada

- Sedentarismo

- Doenças cardíacas

- Estresse e depressão

Quais são os tipos de acidente vascular cerebral (AVC)?

Existe dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum é o isquêmico, que é causado pela ruptura de uma artéria no cérebro, que extravasa sangue dentro do órgão. Cada minuto sem tratamento representa a perda de 1,9 milhão de neurônios, o que pode deixar sequelas permanentes. Já o hemorrágico é causado pelo entupimento de uma artéria que leva sangue para o cérebro.

Quais são os sintomas de um AVC?

- Fraqueza ou formigamento em membros do corpo, principalmente em apenas um lado

- Confusão mental

- Dificuldades de fala e/ou compreensão

- Mudanças na visão, equilíbrio e coordenação

- Tontura

- Dor de cabeça

Como prevenir um derrame?

A prevenção do AVC está diretamente relacionada a mudanças de hábitos, especialmente naqueles têm fatores de risco. Octávio Neto Pontes aponta para a necessidade de bom controle da pressão arterial, principalmente. Além disso, é recomendável a realização frequente de exercícios físicos e adoção de alimentação saudável.

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland (EUA) revelou que pessoas do grupo sanguíneo do tipo A estão mais suscetíveis a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) antes dos 60 anos. A doença já matou mais de 75 mil pessoas no Brasil em 2022, segundo o Portal da Transparência de Registro Civil.

Em uma meta-análise de 48 estudos feitos na América do Norte, Europa, Japão, Paquistão e Austrália sobre genética e AVC isquêmico, os cientistas avaliaram dados de 17 mil pessoas que tiveram derrame ao longo da vida e cerca de outras 600 mil que nunca sofreram com a doença. Conforme os responsáveis pelo trabalho, o estudo analisou os cromossomos coletados destes grupos e identificou variantes genéticas associadas ao AVC. A área de cromossomo inclui o gene que determina o tipo sanguíneo de uma pessoa.

Se por um lado aqueles que têm o tipo sanguíneo A estão mais propensos a sofrer um derrame, o estudo apontou que as pessoas pertencentes ao subgrupo O – o mais comum – tem menos chances de ter um derrame.

“Após o ajuste para sexo e outros fatores, os pesquisadores descobriram que aqueles que tinham sangue tipo A tinham risco 16% maior de ter um derrame precoce do que pessoas com outros tipos sanguíneos. Aqueles que tinham sangue tipo O tiveram um risco 12% menor de ter um derrame do que pessoas com outros tipos sanguíneos”, disse a Universidade de Maryland, em comunicado.

Tanto o AVC precoce quanto o tardio também eram mais propensos a ter sangue tipo B em comparação com os controles. Não há mais detalhamentos sobre os subgrupos e a ocorrência da doença.

Um dos principais responsáveis pelo estudo, o professor de Medicina Braxton Mitchell destacou que a associação do tipo sanguíneo com o AVC tardio foi mais fraca do que com o acidente vascular cerebral precoce. “Ainda não sabemos por que o tipo sanguíneo A confere um risco maior, mas provavelmente tem algo a ver com fatores de coagulação do sangue, como plaquetas e células que revestem os vasos sanguíneos”, explicou o coautor do estudo, Steven Kittner.

Para o coordenador da Unidade de AVC do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Octávio Neto Pontes, a “pesquisa é bastante robusta”, mas a limitação do estudo deve ser considerada, uma vez que houve diversidade limitada entre os participantes, conforme reconhecem os pesquisadores responsáveis pelas análises. Embora o trabalho tenha se baseado em dados de participantes de diferentes países e continentes, só 35% destes são não europeus.

“Não podemos facilmente extrapolar esses dados para a população do Brasil, pois temos miscigenação muito grande e não sabemos se esses achados também são com este mesmo grau de associação que vemos na população brasileira, que é muito diversificada em relação à etnia”, disse Pontes ao Estadão. O especialista também reforçou que o tipo sanguíneo não deve ser o único fator considerado quando o assunto é riscos de sofrer AVC.

Pesquisa analisou dados de mais de 600 mil voluntários e concluiu que pessoas com o tipo sanguíneo A têm mais propensão a desenvolverem um AVC Foto: Isac Nóbrega

Já a médica neurologista do Hospital Albert Einstein Polyana Piza diz que ainda não é possível determinar, sem dúvidas, que o público do grupo sanguíneo A está mais suscetível ao AVC com base nas evidências científicas até agora. Mas, segundo ela, o estudo abre portas para que a comunidade científica investigue e entenda os porquês desses resultados.

“Esse estudo tem como base a associação, ou seja, foi comparado o tipo sanguíneo à ocorrência do AVC. Isso significa que não temos causa e efeito. Precisamos entender por que isso acontece, uma vez que o estudo não traz nenhum dado para ser usado na clínica ainda”, explica.

Coordenadora do programa de especialidades clínicas do Einstein, ela disse acreditar que os novos estudos vão possibilitar que cientistas e profissionais da saúde tracem estratégias para tratamento com medicações e novas formas de monitoramento. Segundo ela, não é preciso monitorar os pacientes do tipo sanguíneo A nem afirmar que os pertencentes ao grupo O estão, de certa forma, mais protegidos.

De acordo com Pontes Neto, a hipertensão é a principal razão para alguém ser mais suscetível ao AVC, independentemente da idade, apesar de os riscos se elevarem após os 50 anos de idade. Sobre a necessidade de o público pertencente ao grupo sanguíneo do tipo A correr para os hospitais a fim de realizar exames, o neurologista orienta: “Não precisa. Independentemente do tipo sanguíneo, a orientação é esta: controlar os fatores de riscos. Mais de 80% dessas condições são evitáveis e tratáveis”.

Quais são os fatores de riscos para o AVC?

- Hipertensão

- Tabagismo

- Diabete

- Dislipidemia (colesterol elevado)

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Obesidade

- Dieta inadequada

- Sedentarismo

- Doenças cardíacas

- Estresse e depressão

Quais são os tipos de acidente vascular cerebral (AVC)?

Existe dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemorrágico. O mais comum é o isquêmico, que é causado pela ruptura de uma artéria no cérebro, que extravasa sangue dentro do órgão. Cada minuto sem tratamento representa a perda de 1,9 milhão de neurônios, o que pode deixar sequelas permanentes. Já o hemorrágico é causado pelo entupimento de uma artéria que leva sangue para o cérebro.

Quais são os sintomas de um AVC?

- Fraqueza ou formigamento em membros do corpo, principalmente em apenas um lado

- Confusão mental

- Dificuldades de fala e/ou compreensão

- Mudanças na visão, equilíbrio e coordenação

- Tontura

- Dor de cabeça

Como prevenir um derrame?

A prevenção do AVC está diretamente relacionada a mudanças de hábitos, especialmente naqueles têm fatores de risco. Octávio Neto Pontes aponta para a necessidade de bom controle da pressão arterial, principalmente. Além disso, é recomendável a realização frequente de exercícios físicos e adoção de alimentação saudável.

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