Pílulas de vitamina D não protegem contra fratura óssea, aponta estudo


Primeira grande pesquisa nos EUA não encontrou associação entre uso dos suplementos e melhora na saúde dos ossos

Por Gina Kolata
Atualização:

A ideia fazia tanto sentido que foi quase inquestionavelmente aceita: pílulas de vitamina D podem proteger os ossos de fraturas. Afinal, o corpo precisa da vitamina para que o intestino absorva o cálcio, que os ossos precisam para crescer e se manter saudáveis.

Mas agora, no primeiro grande estudo controlado randomizado nos Estados Unidos, financiado pelo governo federal, pesquisadores relatam que as pílulas de vitamina D tomadas, com ou sem cálcio, não têm efeito sobre as taxas de fratura óssea. Os resultados, publicados na quinta-feira, 28, no The New England Journal of Medicine, são válidos para pessoas com osteoporose e até mesmo para aquelas cujos exames de sangue indicam deficiência de vitamina D.

Estudo sobre vitamina D envolveu 25.871 participantes Foto: Michele Blackwell/Unsplash
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Esses resultados seguiram outras conclusões do mesmo estudo que não encontraram suporte para uma longa lista de supostos benefícios dos suplementos de vitamina D.

Assim, para os milhões de americanos que tomam suplementos de vitamina D e os laboratórios que fazem mais de 10 milhões de testes de vitamina D a cada ano, um editorial publicado junto ao jornal tem um conselho: pare.

“Os provedores devem parar de rastrear os níveis de 25-hidroxivitamina D ou recomendar suplementos de vitamina D, e as pessoas devem parar de tomar suplementos de vitamina D para prevenir doenças graves ou prolongar a vida”, escreveram o Steven Cummings, pesquisador do California Pacific Medical Center Research Institute, e Clifford Rosen, cientista sênior do Maine Medical Research Institute e editor do The New England Journal of Medicine.

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Há exceções, dizem: pessoas com a doença celíaca ou a de Crohn precisam de suplementos de vitamina D, assim como aqueles que vivem em condições em que estão privados de luz solar e não conseguem obter minerais de alimentos que são rotineiramente suplementados com vitamina D, como cereais e laticínios.

Entrar em um estado tão grave de privação de vitamina D é “muito difícil de fazer na população em geral”, disse Cummings.

Os dois cientistas sabem que, ao fazer declarações tão fortes, estão enfrentando vendedores de vitaminas, laboratórios de testes e defensores que afirmam que tomar vitamina D, geralmente em grandes quantidades, pode curar ou prevenir uma ampla variedade de doenças e até ajudar as pessoas a viver mais.

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Os médicos geralmente verificam os níveis de vitamina D como parte dos exames de sangue de rotina.

O estudo envolveu 25.871 participantes – homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais – que foram designados a tomar 2 mil unidades de vitamina D por dia ou um placebo.

A pesquisa fez parte de um estudo abrangente de vitamina D chamado VITAL. Foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e começou após um grupo de especialistas convocado pelo que hoje é a Academia Nacional de Medicina, uma organização sem fins lucrativos, examinar os efeitos dos suplementos de vitamina D na saúde e encontrar poucas evidências. Os membros desse grupo deveriam apresentar uma quantidade mínima da vitamina a ser consumida diariamente, mas descobriram que a maioria dos ensaios clínicos que estudaram o assunto era inadequada, fazendo-os perguntar se havia alguma verdade nas alegações de que a vitamina D melhorava a saúde.

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A opinião predominante na época era de que a vitamina D provavelmente preveniria fraturas ósseas. Os pesquisadores pensavam que, à medida que os níveis de vitamina D caiam, os níveis de hormônio da paratireoide aumentavam em detrimento dos ossos.

Rosen disse que essas preocupações levaram ele e os outros membros do grupo de especialistas da Academia Nacional de Medicina a definir o que ele chamou de “valor arbitrário” de 20 nanogramas por mililitro de sangue como meta para os níveis de vitamina D, e a aconselhar as pessoas a obter entre 600 e 800 unidades de suplementos de vitamina D para atingir esse objetivo.

Laboratórios nos Estados Unidos definiram arbitrariamente 30 nanogramas por mililitro como o ponto de corte para níveis normais de vitamina D, uma leitura tão alta que quase todos na população seriam considerados deficientes em vitamina D.

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A suposta relação entre a vitamina D e os níveis da paratireoide não se sustentou em pesquisas posteriores, disse Rosen. Mas a incerteza continuou, então os Institutos Nacionais de Saúde financiaram o estudo VITAL para obter algumas respostas sólidas sobre a relação da vitamina D com a saúde.

A primeira parte do VITAL, publicada anteriormente, descobriu que a vitamina D não preveniu câncer ou doenças cardiovasculares nos participantes do estudo. Tampouco evitou quedas, melhorou o funcionamento cognitivo, reduziu a fibrilação atrial, alterou a composição corporal, reduziu a frequência da enxaqueca, melhorou os resultados do acidente vascular cerebral, protegeu contra a degeneração macular ou reduziu a dor no joelho.

Outro grande estudo, na Austrália, descobriu que pessoas que tomam a vitamina não vivem mais.

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JoAnn Manson, chefe de medicina preventiva do Brigham and Women's Hospital da Harvard Medical School e líder do principal teste da VITAL, disse que o estudo foi tão grande que incluiu milhares de pessoas com osteoporose ou com níveis de vitamina D em uma faixa considerada baixa ou “insuficiente”. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem que eles também não receberam nenhum benefício para redução de fraturas do suplemento.

“Isso vai surpreender muitos,” avalia Manson. “Mas parece que precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina para a saúde óssea. Quantidades maiores não conferem maiores benefícios.”

A primeira autora e investigadora principal do estudo ósseo, Meryl LeBoff, especialista em osteoporose do Brigham and Women's Hospital, disse estar surpresa. Ela esperava um benefício. Mas alertou que o estudo não abordou se as pessoas com osteoporose ou baixa massa óssea devem tomar vitamina D e cálcio, juntamente com medicamentos para osteoporose. As orientações profissionais dizem que eles devem tomar vitamina D e cálcio, e ela continuará a aderir a elas em sua própria prática.

Sundeep Khosla, professor de medicina e fisiologia da Clínica Mayo, disse que, como a vitamina D “fará pouco ou nenhum dano e pode trazer benefícios”, continuaria aconselhando seus pacientes com osteoporose a tomá-la, recomendando de 600 a 800 unidades por dia no relatório da Academia Nacional de Medicina.

“Ainda vou dizer à minha família e amigos que não têm osteoporose que tomem um multivitamínico por dia para garantir que não fiquem com deficiência de vitamina D”, disse ele.

Khosla segue seu próprio conselho. Muitos comprimidos multivitamínicos agora contém 1 mil unidades de vitamina D, acrescentou.

Mas Cummings e Rosen permanecem firmes. “Se a vitamina D não ajuda, o que é uma deficiência de vitamina D?” perguntou Cummings. “Isso implica que você deve tomar vitamina D.”

E Rosen, que assinou o relatório da Academia Nacional de Medicina, tornou-se um niilista terapêutico da vitamina D. “Não acredito mais em 600 unidades”, disse. “Acho que você não deve fazer nada.”

A ideia fazia tanto sentido que foi quase inquestionavelmente aceita: pílulas de vitamina D podem proteger os ossos de fraturas. Afinal, o corpo precisa da vitamina para que o intestino absorva o cálcio, que os ossos precisam para crescer e se manter saudáveis.

Mas agora, no primeiro grande estudo controlado randomizado nos Estados Unidos, financiado pelo governo federal, pesquisadores relatam que as pílulas de vitamina D tomadas, com ou sem cálcio, não têm efeito sobre as taxas de fratura óssea. Os resultados, publicados na quinta-feira, 28, no The New England Journal of Medicine, são válidos para pessoas com osteoporose e até mesmo para aquelas cujos exames de sangue indicam deficiência de vitamina D.

Estudo sobre vitamina D envolveu 25.871 participantes Foto: Michele Blackwell/Unsplash

Esses resultados seguiram outras conclusões do mesmo estudo que não encontraram suporte para uma longa lista de supostos benefícios dos suplementos de vitamina D.

Assim, para os milhões de americanos que tomam suplementos de vitamina D e os laboratórios que fazem mais de 10 milhões de testes de vitamina D a cada ano, um editorial publicado junto ao jornal tem um conselho: pare.

“Os provedores devem parar de rastrear os níveis de 25-hidroxivitamina D ou recomendar suplementos de vitamina D, e as pessoas devem parar de tomar suplementos de vitamina D para prevenir doenças graves ou prolongar a vida”, escreveram o Steven Cummings, pesquisador do California Pacific Medical Center Research Institute, e Clifford Rosen, cientista sênior do Maine Medical Research Institute e editor do The New England Journal of Medicine.

Há exceções, dizem: pessoas com a doença celíaca ou a de Crohn precisam de suplementos de vitamina D, assim como aqueles que vivem em condições em que estão privados de luz solar e não conseguem obter minerais de alimentos que são rotineiramente suplementados com vitamina D, como cereais e laticínios.

Entrar em um estado tão grave de privação de vitamina D é “muito difícil de fazer na população em geral”, disse Cummings.

Os dois cientistas sabem que, ao fazer declarações tão fortes, estão enfrentando vendedores de vitaminas, laboratórios de testes e defensores que afirmam que tomar vitamina D, geralmente em grandes quantidades, pode curar ou prevenir uma ampla variedade de doenças e até ajudar as pessoas a viver mais.

Os médicos geralmente verificam os níveis de vitamina D como parte dos exames de sangue de rotina.

O estudo envolveu 25.871 participantes – homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais – que foram designados a tomar 2 mil unidades de vitamina D por dia ou um placebo.

A pesquisa fez parte de um estudo abrangente de vitamina D chamado VITAL. Foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e começou após um grupo de especialistas convocado pelo que hoje é a Academia Nacional de Medicina, uma organização sem fins lucrativos, examinar os efeitos dos suplementos de vitamina D na saúde e encontrar poucas evidências. Os membros desse grupo deveriam apresentar uma quantidade mínima da vitamina a ser consumida diariamente, mas descobriram que a maioria dos ensaios clínicos que estudaram o assunto era inadequada, fazendo-os perguntar se havia alguma verdade nas alegações de que a vitamina D melhorava a saúde.

A opinião predominante na época era de que a vitamina D provavelmente preveniria fraturas ósseas. Os pesquisadores pensavam que, à medida que os níveis de vitamina D caiam, os níveis de hormônio da paratireoide aumentavam em detrimento dos ossos.

Rosen disse que essas preocupações levaram ele e os outros membros do grupo de especialistas da Academia Nacional de Medicina a definir o que ele chamou de “valor arbitrário” de 20 nanogramas por mililitro de sangue como meta para os níveis de vitamina D, e a aconselhar as pessoas a obter entre 600 e 800 unidades de suplementos de vitamina D para atingir esse objetivo.

Laboratórios nos Estados Unidos definiram arbitrariamente 30 nanogramas por mililitro como o ponto de corte para níveis normais de vitamina D, uma leitura tão alta que quase todos na população seriam considerados deficientes em vitamina D.

A suposta relação entre a vitamina D e os níveis da paratireoide não se sustentou em pesquisas posteriores, disse Rosen. Mas a incerteza continuou, então os Institutos Nacionais de Saúde financiaram o estudo VITAL para obter algumas respostas sólidas sobre a relação da vitamina D com a saúde.

A primeira parte do VITAL, publicada anteriormente, descobriu que a vitamina D não preveniu câncer ou doenças cardiovasculares nos participantes do estudo. Tampouco evitou quedas, melhorou o funcionamento cognitivo, reduziu a fibrilação atrial, alterou a composição corporal, reduziu a frequência da enxaqueca, melhorou os resultados do acidente vascular cerebral, protegeu contra a degeneração macular ou reduziu a dor no joelho.

Outro grande estudo, na Austrália, descobriu que pessoas que tomam a vitamina não vivem mais.

JoAnn Manson, chefe de medicina preventiva do Brigham and Women's Hospital da Harvard Medical School e líder do principal teste da VITAL, disse que o estudo foi tão grande que incluiu milhares de pessoas com osteoporose ou com níveis de vitamina D em uma faixa considerada baixa ou “insuficiente”. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem que eles também não receberam nenhum benefício para redução de fraturas do suplemento.

“Isso vai surpreender muitos,” avalia Manson. “Mas parece que precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina para a saúde óssea. Quantidades maiores não conferem maiores benefícios.”

A primeira autora e investigadora principal do estudo ósseo, Meryl LeBoff, especialista em osteoporose do Brigham and Women's Hospital, disse estar surpresa. Ela esperava um benefício. Mas alertou que o estudo não abordou se as pessoas com osteoporose ou baixa massa óssea devem tomar vitamina D e cálcio, juntamente com medicamentos para osteoporose. As orientações profissionais dizem que eles devem tomar vitamina D e cálcio, e ela continuará a aderir a elas em sua própria prática.

Sundeep Khosla, professor de medicina e fisiologia da Clínica Mayo, disse que, como a vitamina D “fará pouco ou nenhum dano e pode trazer benefícios”, continuaria aconselhando seus pacientes com osteoporose a tomá-la, recomendando de 600 a 800 unidades por dia no relatório da Academia Nacional de Medicina.

“Ainda vou dizer à minha família e amigos que não têm osteoporose que tomem um multivitamínico por dia para garantir que não fiquem com deficiência de vitamina D”, disse ele.

Khosla segue seu próprio conselho. Muitos comprimidos multivitamínicos agora contém 1 mil unidades de vitamina D, acrescentou.

Mas Cummings e Rosen permanecem firmes. “Se a vitamina D não ajuda, o que é uma deficiência de vitamina D?” perguntou Cummings. “Isso implica que você deve tomar vitamina D.”

E Rosen, que assinou o relatório da Academia Nacional de Medicina, tornou-se um niilista terapêutico da vitamina D. “Não acredito mais em 600 unidades”, disse. “Acho que você não deve fazer nada.”

A ideia fazia tanto sentido que foi quase inquestionavelmente aceita: pílulas de vitamina D podem proteger os ossos de fraturas. Afinal, o corpo precisa da vitamina para que o intestino absorva o cálcio, que os ossos precisam para crescer e se manter saudáveis.

Mas agora, no primeiro grande estudo controlado randomizado nos Estados Unidos, financiado pelo governo federal, pesquisadores relatam que as pílulas de vitamina D tomadas, com ou sem cálcio, não têm efeito sobre as taxas de fratura óssea. Os resultados, publicados na quinta-feira, 28, no The New England Journal of Medicine, são válidos para pessoas com osteoporose e até mesmo para aquelas cujos exames de sangue indicam deficiência de vitamina D.

Estudo sobre vitamina D envolveu 25.871 participantes Foto: Michele Blackwell/Unsplash

Esses resultados seguiram outras conclusões do mesmo estudo que não encontraram suporte para uma longa lista de supostos benefícios dos suplementos de vitamina D.

Assim, para os milhões de americanos que tomam suplementos de vitamina D e os laboratórios que fazem mais de 10 milhões de testes de vitamina D a cada ano, um editorial publicado junto ao jornal tem um conselho: pare.

“Os provedores devem parar de rastrear os níveis de 25-hidroxivitamina D ou recomendar suplementos de vitamina D, e as pessoas devem parar de tomar suplementos de vitamina D para prevenir doenças graves ou prolongar a vida”, escreveram o Steven Cummings, pesquisador do California Pacific Medical Center Research Institute, e Clifford Rosen, cientista sênior do Maine Medical Research Institute e editor do The New England Journal of Medicine.

Há exceções, dizem: pessoas com a doença celíaca ou a de Crohn precisam de suplementos de vitamina D, assim como aqueles que vivem em condições em que estão privados de luz solar e não conseguem obter minerais de alimentos que são rotineiramente suplementados com vitamina D, como cereais e laticínios.

Entrar em um estado tão grave de privação de vitamina D é “muito difícil de fazer na população em geral”, disse Cummings.

Os dois cientistas sabem que, ao fazer declarações tão fortes, estão enfrentando vendedores de vitaminas, laboratórios de testes e defensores que afirmam que tomar vitamina D, geralmente em grandes quantidades, pode curar ou prevenir uma ampla variedade de doenças e até ajudar as pessoas a viver mais.

Os médicos geralmente verificam os níveis de vitamina D como parte dos exames de sangue de rotina.

O estudo envolveu 25.871 participantes – homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais – que foram designados a tomar 2 mil unidades de vitamina D por dia ou um placebo.

A pesquisa fez parte de um estudo abrangente de vitamina D chamado VITAL. Foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e começou após um grupo de especialistas convocado pelo que hoje é a Academia Nacional de Medicina, uma organização sem fins lucrativos, examinar os efeitos dos suplementos de vitamina D na saúde e encontrar poucas evidências. Os membros desse grupo deveriam apresentar uma quantidade mínima da vitamina a ser consumida diariamente, mas descobriram que a maioria dos ensaios clínicos que estudaram o assunto era inadequada, fazendo-os perguntar se havia alguma verdade nas alegações de que a vitamina D melhorava a saúde.

A opinião predominante na época era de que a vitamina D provavelmente preveniria fraturas ósseas. Os pesquisadores pensavam que, à medida que os níveis de vitamina D caiam, os níveis de hormônio da paratireoide aumentavam em detrimento dos ossos.

Rosen disse que essas preocupações levaram ele e os outros membros do grupo de especialistas da Academia Nacional de Medicina a definir o que ele chamou de “valor arbitrário” de 20 nanogramas por mililitro de sangue como meta para os níveis de vitamina D, e a aconselhar as pessoas a obter entre 600 e 800 unidades de suplementos de vitamina D para atingir esse objetivo.

Laboratórios nos Estados Unidos definiram arbitrariamente 30 nanogramas por mililitro como o ponto de corte para níveis normais de vitamina D, uma leitura tão alta que quase todos na população seriam considerados deficientes em vitamina D.

A suposta relação entre a vitamina D e os níveis da paratireoide não se sustentou em pesquisas posteriores, disse Rosen. Mas a incerteza continuou, então os Institutos Nacionais de Saúde financiaram o estudo VITAL para obter algumas respostas sólidas sobre a relação da vitamina D com a saúde.

A primeira parte do VITAL, publicada anteriormente, descobriu que a vitamina D não preveniu câncer ou doenças cardiovasculares nos participantes do estudo. Tampouco evitou quedas, melhorou o funcionamento cognitivo, reduziu a fibrilação atrial, alterou a composição corporal, reduziu a frequência da enxaqueca, melhorou os resultados do acidente vascular cerebral, protegeu contra a degeneração macular ou reduziu a dor no joelho.

Outro grande estudo, na Austrália, descobriu que pessoas que tomam a vitamina não vivem mais.

JoAnn Manson, chefe de medicina preventiva do Brigham and Women's Hospital da Harvard Medical School e líder do principal teste da VITAL, disse que o estudo foi tão grande que incluiu milhares de pessoas com osteoporose ou com níveis de vitamina D em uma faixa considerada baixa ou “insuficiente”. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem que eles também não receberam nenhum benefício para redução de fraturas do suplemento.

“Isso vai surpreender muitos,” avalia Manson. “Mas parece que precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina para a saúde óssea. Quantidades maiores não conferem maiores benefícios.”

A primeira autora e investigadora principal do estudo ósseo, Meryl LeBoff, especialista em osteoporose do Brigham and Women's Hospital, disse estar surpresa. Ela esperava um benefício. Mas alertou que o estudo não abordou se as pessoas com osteoporose ou baixa massa óssea devem tomar vitamina D e cálcio, juntamente com medicamentos para osteoporose. As orientações profissionais dizem que eles devem tomar vitamina D e cálcio, e ela continuará a aderir a elas em sua própria prática.

Sundeep Khosla, professor de medicina e fisiologia da Clínica Mayo, disse que, como a vitamina D “fará pouco ou nenhum dano e pode trazer benefícios”, continuaria aconselhando seus pacientes com osteoporose a tomá-la, recomendando de 600 a 800 unidades por dia no relatório da Academia Nacional de Medicina.

“Ainda vou dizer à minha família e amigos que não têm osteoporose que tomem um multivitamínico por dia para garantir que não fiquem com deficiência de vitamina D”, disse ele.

Khosla segue seu próprio conselho. Muitos comprimidos multivitamínicos agora contém 1 mil unidades de vitamina D, acrescentou.

Mas Cummings e Rosen permanecem firmes. “Se a vitamina D não ajuda, o que é uma deficiência de vitamina D?” perguntou Cummings. “Isso implica que você deve tomar vitamina D.”

E Rosen, que assinou o relatório da Academia Nacional de Medicina, tornou-se um niilista terapêutico da vitamina D. “Não acredito mais em 600 unidades”, disse. “Acho que você não deve fazer nada.”

A ideia fazia tanto sentido que foi quase inquestionavelmente aceita: pílulas de vitamina D podem proteger os ossos de fraturas. Afinal, o corpo precisa da vitamina para que o intestino absorva o cálcio, que os ossos precisam para crescer e se manter saudáveis.

Mas agora, no primeiro grande estudo controlado randomizado nos Estados Unidos, financiado pelo governo federal, pesquisadores relatam que as pílulas de vitamina D tomadas, com ou sem cálcio, não têm efeito sobre as taxas de fratura óssea. Os resultados, publicados na quinta-feira, 28, no The New England Journal of Medicine, são válidos para pessoas com osteoporose e até mesmo para aquelas cujos exames de sangue indicam deficiência de vitamina D.

Estudo sobre vitamina D envolveu 25.871 participantes Foto: Michele Blackwell/Unsplash

Esses resultados seguiram outras conclusões do mesmo estudo que não encontraram suporte para uma longa lista de supostos benefícios dos suplementos de vitamina D.

Assim, para os milhões de americanos que tomam suplementos de vitamina D e os laboratórios que fazem mais de 10 milhões de testes de vitamina D a cada ano, um editorial publicado junto ao jornal tem um conselho: pare.

“Os provedores devem parar de rastrear os níveis de 25-hidroxivitamina D ou recomendar suplementos de vitamina D, e as pessoas devem parar de tomar suplementos de vitamina D para prevenir doenças graves ou prolongar a vida”, escreveram o Steven Cummings, pesquisador do California Pacific Medical Center Research Institute, e Clifford Rosen, cientista sênior do Maine Medical Research Institute e editor do The New England Journal of Medicine.

Há exceções, dizem: pessoas com a doença celíaca ou a de Crohn precisam de suplementos de vitamina D, assim como aqueles que vivem em condições em que estão privados de luz solar e não conseguem obter minerais de alimentos que são rotineiramente suplementados com vitamina D, como cereais e laticínios.

Entrar em um estado tão grave de privação de vitamina D é “muito difícil de fazer na população em geral”, disse Cummings.

Os dois cientistas sabem que, ao fazer declarações tão fortes, estão enfrentando vendedores de vitaminas, laboratórios de testes e defensores que afirmam que tomar vitamina D, geralmente em grandes quantidades, pode curar ou prevenir uma ampla variedade de doenças e até ajudar as pessoas a viver mais.

Os médicos geralmente verificam os níveis de vitamina D como parte dos exames de sangue de rotina.

O estudo envolveu 25.871 participantes – homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais – que foram designados a tomar 2 mil unidades de vitamina D por dia ou um placebo.

A pesquisa fez parte de um estudo abrangente de vitamina D chamado VITAL. Foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e começou após um grupo de especialistas convocado pelo que hoje é a Academia Nacional de Medicina, uma organização sem fins lucrativos, examinar os efeitos dos suplementos de vitamina D na saúde e encontrar poucas evidências. Os membros desse grupo deveriam apresentar uma quantidade mínima da vitamina a ser consumida diariamente, mas descobriram que a maioria dos ensaios clínicos que estudaram o assunto era inadequada, fazendo-os perguntar se havia alguma verdade nas alegações de que a vitamina D melhorava a saúde.

A opinião predominante na época era de que a vitamina D provavelmente preveniria fraturas ósseas. Os pesquisadores pensavam que, à medida que os níveis de vitamina D caiam, os níveis de hormônio da paratireoide aumentavam em detrimento dos ossos.

Rosen disse que essas preocupações levaram ele e os outros membros do grupo de especialistas da Academia Nacional de Medicina a definir o que ele chamou de “valor arbitrário” de 20 nanogramas por mililitro de sangue como meta para os níveis de vitamina D, e a aconselhar as pessoas a obter entre 600 e 800 unidades de suplementos de vitamina D para atingir esse objetivo.

Laboratórios nos Estados Unidos definiram arbitrariamente 30 nanogramas por mililitro como o ponto de corte para níveis normais de vitamina D, uma leitura tão alta que quase todos na população seriam considerados deficientes em vitamina D.

A suposta relação entre a vitamina D e os níveis da paratireoide não se sustentou em pesquisas posteriores, disse Rosen. Mas a incerteza continuou, então os Institutos Nacionais de Saúde financiaram o estudo VITAL para obter algumas respostas sólidas sobre a relação da vitamina D com a saúde.

A primeira parte do VITAL, publicada anteriormente, descobriu que a vitamina D não preveniu câncer ou doenças cardiovasculares nos participantes do estudo. Tampouco evitou quedas, melhorou o funcionamento cognitivo, reduziu a fibrilação atrial, alterou a composição corporal, reduziu a frequência da enxaqueca, melhorou os resultados do acidente vascular cerebral, protegeu contra a degeneração macular ou reduziu a dor no joelho.

Outro grande estudo, na Austrália, descobriu que pessoas que tomam a vitamina não vivem mais.

JoAnn Manson, chefe de medicina preventiva do Brigham and Women's Hospital da Harvard Medical School e líder do principal teste da VITAL, disse que o estudo foi tão grande que incluiu milhares de pessoas com osteoporose ou com níveis de vitamina D em uma faixa considerada baixa ou “insuficiente”. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem que eles também não receberam nenhum benefício para redução de fraturas do suplemento.

“Isso vai surpreender muitos,” avalia Manson. “Mas parece que precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina para a saúde óssea. Quantidades maiores não conferem maiores benefícios.”

A primeira autora e investigadora principal do estudo ósseo, Meryl LeBoff, especialista em osteoporose do Brigham and Women's Hospital, disse estar surpresa. Ela esperava um benefício. Mas alertou que o estudo não abordou se as pessoas com osteoporose ou baixa massa óssea devem tomar vitamina D e cálcio, juntamente com medicamentos para osteoporose. As orientações profissionais dizem que eles devem tomar vitamina D e cálcio, e ela continuará a aderir a elas em sua própria prática.

Sundeep Khosla, professor de medicina e fisiologia da Clínica Mayo, disse que, como a vitamina D “fará pouco ou nenhum dano e pode trazer benefícios”, continuaria aconselhando seus pacientes com osteoporose a tomá-la, recomendando de 600 a 800 unidades por dia no relatório da Academia Nacional de Medicina.

“Ainda vou dizer à minha família e amigos que não têm osteoporose que tomem um multivitamínico por dia para garantir que não fiquem com deficiência de vitamina D”, disse ele.

Khosla segue seu próprio conselho. Muitos comprimidos multivitamínicos agora contém 1 mil unidades de vitamina D, acrescentou.

Mas Cummings e Rosen permanecem firmes. “Se a vitamina D não ajuda, o que é uma deficiência de vitamina D?” perguntou Cummings. “Isso implica que você deve tomar vitamina D.”

E Rosen, que assinou o relatório da Academia Nacional de Medicina, tornou-se um niilista terapêutico da vitamina D. “Não acredito mais em 600 unidades”, disse. “Acho que você não deve fazer nada.”

A ideia fazia tanto sentido que foi quase inquestionavelmente aceita: pílulas de vitamina D podem proteger os ossos de fraturas. Afinal, o corpo precisa da vitamina para que o intestino absorva o cálcio, que os ossos precisam para crescer e se manter saudáveis.

Mas agora, no primeiro grande estudo controlado randomizado nos Estados Unidos, financiado pelo governo federal, pesquisadores relatam que as pílulas de vitamina D tomadas, com ou sem cálcio, não têm efeito sobre as taxas de fratura óssea. Os resultados, publicados na quinta-feira, 28, no The New England Journal of Medicine, são válidos para pessoas com osteoporose e até mesmo para aquelas cujos exames de sangue indicam deficiência de vitamina D.

Estudo sobre vitamina D envolveu 25.871 participantes Foto: Michele Blackwell/Unsplash

Esses resultados seguiram outras conclusões do mesmo estudo que não encontraram suporte para uma longa lista de supostos benefícios dos suplementos de vitamina D.

Assim, para os milhões de americanos que tomam suplementos de vitamina D e os laboratórios que fazem mais de 10 milhões de testes de vitamina D a cada ano, um editorial publicado junto ao jornal tem um conselho: pare.

“Os provedores devem parar de rastrear os níveis de 25-hidroxivitamina D ou recomendar suplementos de vitamina D, e as pessoas devem parar de tomar suplementos de vitamina D para prevenir doenças graves ou prolongar a vida”, escreveram o Steven Cummings, pesquisador do California Pacific Medical Center Research Institute, e Clifford Rosen, cientista sênior do Maine Medical Research Institute e editor do The New England Journal of Medicine.

Há exceções, dizem: pessoas com a doença celíaca ou a de Crohn precisam de suplementos de vitamina D, assim como aqueles que vivem em condições em que estão privados de luz solar e não conseguem obter minerais de alimentos que são rotineiramente suplementados com vitamina D, como cereais e laticínios.

Entrar em um estado tão grave de privação de vitamina D é “muito difícil de fazer na população em geral”, disse Cummings.

Os dois cientistas sabem que, ao fazer declarações tão fortes, estão enfrentando vendedores de vitaminas, laboratórios de testes e defensores que afirmam que tomar vitamina D, geralmente em grandes quantidades, pode curar ou prevenir uma ampla variedade de doenças e até ajudar as pessoas a viver mais.

Os médicos geralmente verificam os níveis de vitamina D como parte dos exames de sangue de rotina.

O estudo envolveu 25.871 participantes – homens com 50 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais – que foram designados a tomar 2 mil unidades de vitamina D por dia ou um placebo.

A pesquisa fez parte de um estudo abrangente de vitamina D chamado VITAL. Foi financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, e começou após um grupo de especialistas convocado pelo que hoje é a Academia Nacional de Medicina, uma organização sem fins lucrativos, examinar os efeitos dos suplementos de vitamina D na saúde e encontrar poucas evidências. Os membros desse grupo deveriam apresentar uma quantidade mínima da vitamina a ser consumida diariamente, mas descobriram que a maioria dos ensaios clínicos que estudaram o assunto era inadequada, fazendo-os perguntar se havia alguma verdade nas alegações de que a vitamina D melhorava a saúde.

A opinião predominante na época era de que a vitamina D provavelmente preveniria fraturas ósseas. Os pesquisadores pensavam que, à medida que os níveis de vitamina D caiam, os níveis de hormônio da paratireoide aumentavam em detrimento dos ossos.

Rosen disse que essas preocupações levaram ele e os outros membros do grupo de especialistas da Academia Nacional de Medicina a definir o que ele chamou de “valor arbitrário” de 20 nanogramas por mililitro de sangue como meta para os níveis de vitamina D, e a aconselhar as pessoas a obter entre 600 e 800 unidades de suplementos de vitamina D para atingir esse objetivo.

Laboratórios nos Estados Unidos definiram arbitrariamente 30 nanogramas por mililitro como o ponto de corte para níveis normais de vitamina D, uma leitura tão alta que quase todos na população seriam considerados deficientes em vitamina D.

A suposta relação entre a vitamina D e os níveis da paratireoide não se sustentou em pesquisas posteriores, disse Rosen. Mas a incerteza continuou, então os Institutos Nacionais de Saúde financiaram o estudo VITAL para obter algumas respostas sólidas sobre a relação da vitamina D com a saúde.

A primeira parte do VITAL, publicada anteriormente, descobriu que a vitamina D não preveniu câncer ou doenças cardiovasculares nos participantes do estudo. Tampouco evitou quedas, melhorou o funcionamento cognitivo, reduziu a fibrilação atrial, alterou a composição corporal, reduziu a frequência da enxaqueca, melhorou os resultados do acidente vascular cerebral, protegeu contra a degeneração macular ou reduziu a dor no joelho.

Outro grande estudo, na Austrália, descobriu que pessoas que tomam a vitamina não vivem mais.

JoAnn Manson, chefe de medicina preventiva do Brigham and Women's Hospital da Harvard Medical School e líder do principal teste da VITAL, disse que o estudo foi tão grande que incluiu milhares de pessoas com osteoporose ou com níveis de vitamina D em uma faixa considerada baixa ou “insuficiente”. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem que eles também não receberam nenhum benefício para redução de fraturas do suplemento.

“Isso vai surpreender muitos,” avalia Manson. “Mas parece que precisamos apenas de quantidades pequenas a moderadas da vitamina para a saúde óssea. Quantidades maiores não conferem maiores benefícios.”

A primeira autora e investigadora principal do estudo ósseo, Meryl LeBoff, especialista em osteoporose do Brigham and Women's Hospital, disse estar surpresa. Ela esperava um benefício. Mas alertou que o estudo não abordou se as pessoas com osteoporose ou baixa massa óssea devem tomar vitamina D e cálcio, juntamente com medicamentos para osteoporose. As orientações profissionais dizem que eles devem tomar vitamina D e cálcio, e ela continuará a aderir a elas em sua própria prática.

Sundeep Khosla, professor de medicina e fisiologia da Clínica Mayo, disse que, como a vitamina D “fará pouco ou nenhum dano e pode trazer benefícios”, continuaria aconselhando seus pacientes com osteoporose a tomá-la, recomendando de 600 a 800 unidades por dia no relatório da Academia Nacional de Medicina.

“Ainda vou dizer à minha família e amigos que não têm osteoporose que tomem um multivitamínico por dia para garantir que não fiquem com deficiência de vitamina D”, disse ele.

Khosla segue seu próprio conselho. Muitos comprimidos multivitamínicos agora contém 1 mil unidades de vitamina D, acrescentou.

Mas Cummings e Rosen permanecem firmes. “Se a vitamina D não ajuda, o que é uma deficiência de vitamina D?” perguntou Cummings. “Isso implica que você deve tomar vitamina D.”

E Rosen, que assinou o relatório da Academia Nacional de Medicina, tornou-se um niilista terapêutico da vitamina D. “Não acredito mais em 600 unidades”, disse. “Acho que você não deve fazer nada.”

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