Dia da gestante: dicas para ter um parto mais tranquilo


Embora imprevistos possam acontecer, conversar sobre os procedimentos com antecedência com seu médico aumenta a segurança da gestante

Por Lygia Pontes
Atualização:

Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.

É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados. 

Mariana Dacal com a filha Estela, de 7 meses: ela mudou de médico para conseguir o parto que desejava Foto: Werther Santana/Estadão
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“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.

Planejamento é importante

Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não (leia mais informações abaixo). É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.

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Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária. 

Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra. 

Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”

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Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. “É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.

Ouça outras experiências

Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho.

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“Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mãe faz força para o bebê sair) e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.

Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimento se a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.” 

COMO MONTAR UM PLANO DE PARTO

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O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto para você baixar, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em . Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:

  • Acompanhante: Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma doula é direito da gestante.
  • Autonomia: Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
  • Procedimentos: Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
  • Hora do nascimento: Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
  • Depois do nascimento: Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.

Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.

É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados. 

Mariana Dacal com a filha Estela, de 7 meses: ela mudou de médico para conseguir o parto que desejava Foto: Werther Santana/Estadão

“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.

Planejamento é importante

Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não (leia mais informações abaixo). É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.

Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária. 

Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra. 

Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”

Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. “É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.

Ouça outras experiências

Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho.

“Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mãe faz força para o bebê sair) e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.

Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimento se a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.” 

COMO MONTAR UM PLANO DE PARTO

O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto para você baixar, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em . Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:

  • Acompanhante: Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma doula é direito da gestante.
  • Autonomia: Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
  • Procedimentos: Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
  • Hora do nascimento: Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
  • Depois do nascimento: Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.

Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.

É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados. 

Mariana Dacal com a filha Estela, de 7 meses: ela mudou de médico para conseguir o parto que desejava Foto: Werther Santana/Estadão

“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.

Planejamento é importante

Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não (leia mais informações abaixo). É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.

Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária. 

Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra. 

Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”

Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. “É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.

Ouça outras experiências

Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho.

“Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mãe faz força para o bebê sair) e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.

Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimento se a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.” 

COMO MONTAR UM PLANO DE PARTO

O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto para você baixar, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em . Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:

  • Acompanhante: Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma doula é direito da gestante.
  • Autonomia: Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
  • Procedimentos: Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
  • Hora do nascimento: Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
  • Depois do nascimento: Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.

Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.

É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados. 

Mariana Dacal com a filha Estela, de 7 meses: ela mudou de médico para conseguir o parto que desejava Foto: Werther Santana/Estadão

“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.

Planejamento é importante

Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não (leia mais informações abaixo). É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.

Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária. 

Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra. 

Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”

Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. “É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.

Ouça outras experiências

Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho.

“Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mãe faz força para o bebê sair) e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.

Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimento se a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.” 

COMO MONTAR UM PLANO DE PARTO

O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto para você baixar, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em . Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:

  • Acompanhante: Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma doula é direito da gestante.
  • Autonomia: Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
  • Procedimentos: Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
  • Hora do nascimento: Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
  • Depois do nascimento: Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.

Recentemente, foi divulgado um vídeo do parto da filha mais nova da influenciadora digital Shantal Verdelho em que o médico Renato Kalil menciona algumas vezes a episiotomia, um corte no períneo, região entre o ânus e a vagina, que poderia acelerar o nascimento do bebê. Nas imagens, é possível ver que Shantal deixa claro que não deseja a realização do procedimento e, por isso, o médico a chama de “teimosa” sem esclarecer por qual razão estava recomendando aquela intervenção.

É claro que, em alguns casos, um procedimento não desejado pela gestante pode ser necessário, mas isso deve ser conversado e explicado claramente pela equipe médica durante o pré-natal ou até durante o trabalho de parto. Quando isso é feito, uma relação de confiança é estabelecida – ela é fundamental para que a gestação e o parto sejam serenos. “As consultas pré-natal são fundamentais para uma gestação tranquila e sem percalços e para que o parto seja o mais adequado e feliz para aquela mulher e para aquele bebê que está chegando”, explica Marilice Mattos Dall Aglio Pastore, ginecologista e obstetra com mais de 45 anos de profissão e mais de mil partos realizados. 

Mariana Dacal com a filha Estela, de 7 meses: ela mudou de médico para conseguir o parto que desejava Foto: Werther Santana/Estadão

“A gestação é dividida em semanas e para cada fase existem acontecimentos e exames importantes que devem ser seguidos. Nesse processo, é importante que o casal se sinta confiante para acessar seu médico sempre que aparecerem dúvidas ou sintomas não esperados. A informação antecipada ou o que se espera que aconteça e o que pode acontecer mesmo que não seja o que queremos é importante”, completa Marilice.

Planejamento é importante

Outra forma de deixar a gestante mais tranquila no momento do nascimento do bebê é fazer um plano de parto. Esse documento, que deve ser elaborado junto com a equipe médica que a acompanha, contém o que a mãe deseja antes, durante e logo após o parto. Na formulação do plano devem ser consideradas as condições da gestante e do local para saber se o que ela deseja será viável ou não (leia mais informações abaixo). É importante também que o acompanhante na sala de parto participe da construção do documento ou pelo menos tenha profundo conhecimento dele, já que, durante o procedimento, ele pode ser o porta-voz da gestante.

Mas é importante lembrar que, mesmo com um plano de parto em mãos, a equipe médica pode ter de realizar algum procedimento não planejado inicialmente. Por isso, mais uma vez a confiança em quem faz o acompanhamento da gestante é fundamental. Só assim a mulher terá certeza de que qualquer coisa diferente do combinado foi realmente necessária. 

Foi esse pensamento que fez com que Mariana Dacal, empresária, mãe da Estela, de sete meses, trocasse de obstetra quando estava entrando no nono mês de gestação. “Sempre deixei claro para minha médica que queria parto normal, preferencialmente. Sei que a cesárea é um recurso maravilhoso, que salva vidas – eu mesma sobrevivi graças a uma cesárea, mas queria usar somente se fosse realmente necessário. Tive uma consulta com a obstetra com 35 semanas e ela deixou muito claro o seu posicionamento a favor da cesárea e contra o parto normal. Pesquisei o índice de cesárea dela e era quase 90%. Naquele momento, entendi que ela iria me levar para uma cirurgia em qualquer cenário”, lembra. 

Foi então que ela percebeu que precisaria mudar de médico. “Uma parteira e enfermeira obstétrica maravilhosa me acompanhou na gestação e foi essencial nesse processo: ela me indicou um obstetra adepto do parto natural, eu mudei e foi a melhor decisão que tomei.”

Mesmo que a mulher opte por não fazer um plano de parto, é muito importante que converse sobre o que deseja. Com isso, ela pode, inclusive, saber se o profissional que a está atendendo vai respeitar o seu desejo, desde que seja seguro. “É importante que a parturiente tenha certeza de que ela poderá participar de todas as decisões, desde que sejam perfeitamente esclarecidas. Importante também saber que o trabalho de parto é realmente um trabalho e que vai exigir muita paciência de ambas as partes, muito envolvimento, e que pode demorar até 12 horas”, explica Marilice.

Ouça outras experiências

Conversar com outras mulheres que tiveram bebê também é importante. Ouvir suas experiências, o que foi positivo e o que poderia ter sido diferente auxilia na preparação para o parto. É claro que essas informações precisam ser filtradas, afinal, cada mulher tem uma experiência única. Mas saber o que outras passaram pode ajudar a aumentar a segurança, principalmente para quem vai ter o primeiro filho.

“Conversei com todas as minhas amigas mães, especialmente sobre anestesia e episiotomia. Sobre a anestesia, quis saber como era a aplicação, o que sentiram, se acharam que fez diferença durante o expulsivo (quando a mãe faz força para o bebê sair) e como foi a recuperação depois. E sobre a episiotomia, perguntei como o médico abordou o assunto, se elas fizeram, por qual motivo, como foi a recuperação e se elas achavam que isso tinha afetado a vida pós-parto delas”, relata Lúcia Thomaz, brand manager e mãe de Arthur, de 1 ano e 6 meses. Embora viva no Canadá, ela fez questão de conversar sobre o assunto com as amigas brasileiras.

Quando a mulher é bem acompanhada e cria uma relação de confiança com a equipe médica, “expectativas podem ser quebradas sem grande sofrimento se a situação for completamente compreendida”, diz Marilice. “Todo esforço é compensado pela expressão de felicidade que a mãe exibe quando chega com seu bebê no consultório e ela está linda, mesmo que as olheiras enormes denunciem como foram as últimas noites.” 

COMO MONTAR UM PLANO DE PARTO

O site da Defensoria Pública de São Paulo tem um modelo detalhado de plano de parto para você baixar, que inclui as leis e direitos que protegem as gestantes e seus bebês na hora do parto. Você pode baixar o seu em . Preencha e entregue assinado para a equipe médica. A seguir, os pontos fundamentais:

  • Acompanhante: Quem vai estar com você na hora do parto? Ter a presença de acompanhante e de uma doula é direito da gestante.
  • Autonomia: Marque se você quer ingerir líquidos e comer livremente durante o trabalho de parto, se quer caminhar ou mudar de posição.
  • Procedimentos: Deixe claro se você deseja ou não utilizar métodos não farmacológicos para alívio da dor, anestesia ou receber ocitocina (“sorinho”) para a condução do trabalho de parto. A episiotomia (corte entre a vagina e o ânus) é outra questão que deve estar marcada. E peça para que qualquer procedimento que seja necessário emergencialmente seja comunicado de maneira clara – como, por exemplo, uma cesárea.
  • Hora do nascimento: Deixe marcado se você não deseja que a bolsa d’água (que protege o bebê) seja rompida sem necessidade ou justificativa, e como deve ser o ambiente da sala de parto. Também escreva sobre a posição na qual você deseja parir.
  • Depois do nascimento: Escreva se desejar registrar por fotos os primeiros momentos do bebê. Se você quer que ele seja colocado sobre seu corpo antes mesmo do corte do cordão umbilical e se quer receber auxílio para amamentar.

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