Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer


Sociedade Hípica Paulista propõe parceria com hospitais para que pacientes possam interagir com animais; cuidado integrativo melhora bem-estar, diz médica

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

Por volta das 9 horas do dia 14 de setembro, Nemo e Caramelo desembarcaram em um pátio aberto do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), localizado na zona oeste da capital paulista. Pouco depois, seis crianças saíram de seus leitos e foram ao encontro dos pôneis. Tratava-se de uma sessão de pôneiterapia, a primeira conduzida no local pela Sociedade Hípica Paulista (SHP). Feito por meio da interação com equinos, esse é um tipo de cuidado integrativo que pode afetar positivamente o tratamento do câncer.

“As crianças deram comida (aos pôneis), pentearam, passearam... Deu super certo, elas ficaram encantadas”, relata a coordenadora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. A enfermeira foi uma das profissionais que estiveram à frente da parceria firmada entre a Hípica Paulista e a entidade, braço hemato-oncológico do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

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Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer Foto: Carola May/Sociedade Hípica Paulista

“Os pais também adoraram. Teve pai que até ligou por vídeo para a família para mostrar a criança no pônei”, conta Kátia. Uma vez que a parceria foi inaugurada, a intenção agora é receber os pôneis mensalmente e selecionar novas crianças.

A enfermeira explica que os pacientes atendidos no Itaci, que hoje tem 38 leitos, ficaram mais isolados durante a pandemia. Eles foram afetados não só pela interrupção da visita presencial de familiares, como de voluntários de projetos recreativos.

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Com isso, a iniciativa de pôneiterapia, que é conduzida ao ar livre, pode ser especialmente útil neste momento. Após serem selecionadas pela equipe médica, as crianças descem até o pátio e ficam cerca de 30 minutos interagindo com os animais.

Em parceria com a Sociedade Hípica Paulista, instituto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está utilizando a pôneiterapia para auxiliar no tratamento de crianças com câncer Foto: Kátia Oliveira/Instituto de Tratamento do Câncer Infantil

A designer de moda Junia Teixeira diz que a filha “ficou em êxtase de alegria” com a visita dos equinos. Internada no Itaci para realizar um transplante de medula óssea, Ester Liz, de 8 anos, foi uma das seis crianças presentes na sessão de pôneiterapia. “Sair do quarto e passear lhe trouxe uma experiência única e com memórias afetivas”, relata Junia. “Para mim, foi um momento de relaxar, afinal, acompanhar o tratamento nos deixa tensos.”

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A mãe conta ainda que ficou marcada por uma fala em especial dita pela filha após a experiência com os animais. “A frase da Esterzinha foi: ‘Mamãe, quem ia imaginar que eu andaria de pônei aqui em São Paulo e no hospital internada?’”, relembra Junia.

A médica pediatra Patrícia Consorte, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Itaci há um ano, explica que é possível “ver importantes melhoras clínicas e comportamentais” de pacientes após a chamada terapia assistida com animais. Ela conta que, na maioria dos casos, as visitas desse tipo de cuidado integrativo são feitas com cachorros, já que “a logística para o hospital é mais fácil”. 

A pôneiterapia, segundo a médica, pode levar a uma série de melhoras rápidas, como elevar o bem-estar dos pacientes, aumentar a disposição para fazer as atividades propostas no hospital (como a fisioterapia) e propiciar maior aceitação da dieta. “A longo prazo, melhora autoestima, quadro de ansiedade e depressão”, complementa Patrícia, destacando que há estudos, especialmente na Europa, que tratam da interação com equinos.

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Ideia é expandir para outros hospitais

Coordenadora da Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista, Lilian Chateau explica que a ideia de fazer a equoterapia itinerante em São Paulo surgiu há um ano, como parte das atividades sociais da hípica. “É uma proposta que já tem há bastante tempo na Europa, que é a de levar cavalos para dentro de hospitais. Aqui, a gente decidiu começar o projeto com os pôneis”, destaca Lilian.

Como muitos hospitais estão com restrições, o Itaci foi o primeiro parceiro da iniciativa. Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela SHP. Como requisitos, as instituições selecionadas para a parceria devem preencher alguns documentos necessários para receber os pôneis e passar por uma averiguação do local, realizada pela própria hípica.

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“A gente quer mostrar para as pessoas o quanto o cavalo pode ser impactante no desenvolvimento de alguém, seja esportiva, recreativa ou até terapeuticamente”, explica Lilian. Ela conta ter iniciado contato com hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, mas as tratativas foram adiadas para o ano que vem. Demais instituições de São Paulo que tenham interesse no projeto podem entrar em contato com a SHP enviando um e-mail para: lilian.chateau@shp.org.br.

Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela Sociedade Hípica Paulista Foto: Kátia de Oliveira/Instituto de Tratamento do câncer Infantil

Paixão de criança motivou parceria

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Por mais que goste de animais de diferentes tipos, a grande paixão de Bryan Amaro, de 10 anos, sempre foi por cavalos. E ele tratou de dizer isso a todos ao longo dos cerca de 10 meses, entre idas e vindas, em que esteve internado no Itaci. De tanto repetir, em maio deste ano, a equipe médica do hospital teve uma ideia.

“Entraram em contato comigo falando que queriam trazer um paciente aqui e eu falei ‘claro’, projeto social é isso”, relata a coordenadora da Escola de Equitação da SHP, Lilian Chateau. Com a sinalização positiva, a visita foi planejada durante cerca de uma semana e Bryan foi levado em uma ambulância para fazer ainda em maio uma visita aos cavalos da hípica. 

Chegando lá, a égua Melody esperava especialmente por ele. “Foi feita uma cerimônia linda de surpresa pela equipe da hípica, com presentes e uma medalha de coragem, que ele usou para decorar o quarto do hospital”, diz a médica Patrícia Consorte, destacando que a visita foi uma das “cenas mais marcantes” de sua carreira.

Segundo ela, devido ao quadro crônico de dor do paciente, havia dúvidas se Bryan teria condições de subir em um equino. Porém, ele não só montou no cavalo, como desceu apenas na hora de ir embora. “Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele”, relata Patrícia.

Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele

Patrícia Consorte, médica

“Ele estava há muito tempo sem sair do hospital, praticamente 10 meses seguidos. Então, para ele, foi um momento de muita felicidade”, relembra a mãe de Bryan, Morgana Amaro, que acompanha o filho em tempo integral durante o tratamento de um câncer na região da próstata. 

Um mês após a visita à hípica, Bryan recebeu alta do Itaci, passou pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) e atualmente está em casa. Conforme relata a mãe, não dá para associar a saída do filho do Itaci com a ida à Hípica Paulista, mas ela diz que o momento foi uma injeção de ânimo.

“Ele sempre gostou de cavalos. Meus cunhados são pedreiros, então levavam o Bryan para a obra e lá tinha um cavalinho. Então ele ficava brincando com ele. Começou a gostar (de cavalos) a partir disso”, conta Morgana. Desse modo, a experiência na hípica foi especialmente marcante para ele.

Por telefone, Bryan relembra um pouco do que sentiu. “Foi uma surpresa para o meu coração ver os cavalos”, conta o menino. “Eu gosto de ver o mundo, de sair. Então gostei de dar comida para os cavalos, de andar neles. Foi muito bom”, acrescenta. Com o sucesso da visita de seu então paciente, o Itaci intensificou o diálogo com a SHP, o que acabou resultando na parceria de pôneiterapia.

Por volta das 9 horas do dia 14 de setembro, Nemo e Caramelo desembarcaram em um pátio aberto do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), localizado na zona oeste da capital paulista. Pouco depois, seis crianças saíram de seus leitos e foram ao encontro dos pôneis. Tratava-se de uma sessão de pôneiterapia, a primeira conduzida no local pela Sociedade Hípica Paulista (SHP). Feito por meio da interação com equinos, esse é um tipo de cuidado integrativo que pode afetar positivamente o tratamento do câncer.

“As crianças deram comida (aos pôneis), pentearam, passearam... Deu super certo, elas ficaram encantadas”, relata a coordenadora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. A enfermeira foi uma das profissionais que estiveram à frente da parceria firmada entre a Hípica Paulista e a entidade, braço hemato-oncológico do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer Foto: Carola May/Sociedade Hípica Paulista

“Os pais também adoraram. Teve pai que até ligou por vídeo para a família para mostrar a criança no pônei”, conta Kátia. Uma vez que a parceria foi inaugurada, a intenção agora é receber os pôneis mensalmente e selecionar novas crianças.

A enfermeira explica que os pacientes atendidos no Itaci, que hoje tem 38 leitos, ficaram mais isolados durante a pandemia. Eles foram afetados não só pela interrupção da visita presencial de familiares, como de voluntários de projetos recreativos.

Com isso, a iniciativa de pôneiterapia, que é conduzida ao ar livre, pode ser especialmente útil neste momento. Após serem selecionadas pela equipe médica, as crianças descem até o pátio e ficam cerca de 30 minutos interagindo com os animais.

Em parceria com a Sociedade Hípica Paulista, instituto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está utilizando a pôneiterapia para auxiliar no tratamento de crianças com câncer Foto: Kátia Oliveira/Instituto de Tratamento do Câncer Infantil

A designer de moda Junia Teixeira diz que a filha “ficou em êxtase de alegria” com a visita dos equinos. Internada no Itaci para realizar um transplante de medula óssea, Ester Liz, de 8 anos, foi uma das seis crianças presentes na sessão de pôneiterapia. “Sair do quarto e passear lhe trouxe uma experiência única e com memórias afetivas”, relata Junia. “Para mim, foi um momento de relaxar, afinal, acompanhar o tratamento nos deixa tensos.”

A mãe conta ainda que ficou marcada por uma fala em especial dita pela filha após a experiência com os animais. “A frase da Esterzinha foi: ‘Mamãe, quem ia imaginar que eu andaria de pônei aqui em São Paulo e no hospital internada?’”, relembra Junia.

A médica pediatra Patrícia Consorte, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Itaci há um ano, explica que é possível “ver importantes melhoras clínicas e comportamentais” de pacientes após a chamada terapia assistida com animais. Ela conta que, na maioria dos casos, as visitas desse tipo de cuidado integrativo são feitas com cachorros, já que “a logística para o hospital é mais fácil”. 

A pôneiterapia, segundo a médica, pode levar a uma série de melhoras rápidas, como elevar o bem-estar dos pacientes, aumentar a disposição para fazer as atividades propostas no hospital (como a fisioterapia) e propiciar maior aceitação da dieta. “A longo prazo, melhora autoestima, quadro de ansiedade e depressão”, complementa Patrícia, destacando que há estudos, especialmente na Europa, que tratam da interação com equinos.

Ideia é expandir para outros hospitais

Coordenadora da Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista, Lilian Chateau explica que a ideia de fazer a equoterapia itinerante em São Paulo surgiu há um ano, como parte das atividades sociais da hípica. “É uma proposta que já tem há bastante tempo na Europa, que é a de levar cavalos para dentro de hospitais. Aqui, a gente decidiu começar o projeto com os pôneis”, destaca Lilian.

Como muitos hospitais estão com restrições, o Itaci foi o primeiro parceiro da iniciativa. Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela SHP. Como requisitos, as instituições selecionadas para a parceria devem preencher alguns documentos necessários para receber os pôneis e passar por uma averiguação do local, realizada pela própria hípica.

“A gente quer mostrar para as pessoas o quanto o cavalo pode ser impactante no desenvolvimento de alguém, seja esportiva, recreativa ou até terapeuticamente”, explica Lilian. Ela conta ter iniciado contato com hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, mas as tratativas foram adiadas para o ano que vem. Demais instituições de São Paulo que tenham interesse no projeto podem entrar em contato com a SHP enviando um e-mail para: lilian.chateau@shp.org.br.

Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela Sociedade Hípica Paulista Foto: Kátia de Oliveira/Instituto de Tratamento do câncer Infantil

Paixão de criança motivou parceria

Por mais que goste de animais de diferentes tipos, a grande paixão de Bryan Amaro, de 10 anos, sempre foi por cavalos. E ele tratou de dizer isso a todos ao longo dos cerca de 10 meses, entre idas e vindas, em que esteve internado no Itaci. De tanto repetir, em maio deste ano, a equipe médica do hospital teve uma ideia.

“Entraram em contato comigo falando que queriam trazer um paciente aqui e eu falei ‘claro’, projeto social é isso”, relata a coordenadora da Escola de Equitação da SHP, Lilian Chateau. Com a sinalização positiva, a visita foi planejada durante cerca de uma semana e Bryan foi levado em uma ambulância para fazer ainda em maio uma visita aos cavalos da hípica. 

Chegando lá, a égua Melody esperava especialmente por ele. “Foi feita uma cerimônia linda de surpresa pela equipe da hípica, com presentes e uma medalha de coragem, que ele usou para decorar o quarto do hospital”, diz a médica Patrícia Consorte, destacando que a visita foi uma das “cenas mais marcantes” de sua carreira.

Segundo ela, devido ao quadro crônico de dor do paciente, havia dúvidas se Bryan teria condições de subir em um equino. Porém, ele não só montou no cavalo, como desceu apenas na hora de ir embora. “Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele”, relata Patrícia.

Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele

Patrícia Consorte, médica

“Ele estava há muito tempo sem sair do hospital, praticamente 10 meses seguidos. Então, para ele, foi um momento de muita felicidade”, relembra a mãe de Bryan, Morgana Amaro, que acompanha o filho em tempo integral durante o tratamento de um câncer na região da próstata. 

Um mês após a visita à hípica, Bryan recebeu alta do Itaci, passou pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) e atualmente está em casa. Conforme relata a mãe, não dá para associar a saída do filho do Itaci com a ida à Hípica Paulista, mas ela diz que o momento foi uma injeção de ânimo.

“Ele sempre gostou de cavalos. Meus cunhados são pedreiros, então levavam o Bryan para a obra e lá tinha um cavalinho. Então ele ficava brincando com ele. Começou a gostar (de cavalos) a partir disso”, conta Morgana. Desse modo, a experiência na hípica foi especialmente marcante para ele.

Por telefone, Bryan relembra um pouco do que sentiu. “Foi uma surpresa para o meu coração ver os cavalos”, conta o menino. “Eu gosto de ver o mundo, de sair. Então gostei de dar comida para os cavalos, de andar neles. Foi muito bom”, acrescenta. Com o sucesso da visita de seu então paciente, o Itaci intensificou o diálogo com a SHP, o que acabou resultando na parceria de pôneiterapia.

Por volta das 9 horas do dia 14 de setembro, Nemo e Caramelo desembarcaram em um pátio aberto do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), localizado na zona oeste da capital paulista. Pouco depois, seis crianças saíram de seus leitos e foram ao encontro dos pôneis. Tratava-se de uma sessão de pôneiterapia, a primeira conduzida no local pela Sociedade Hípica Paulista (SHP). Feito por meio da interação com equinos, esse é um tipo de cuidado integrativo que pode afetar positivamente o tratamento do câncer.

“As crianças deram comida (aos pôneis), pentearam, passearam... Deu super certo, elas ficaram encantadas”, relata a coordenadora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. A enfermeira foi uma das profissionais que estiveram à frente da parceria firmada entre a Hípica Paulista e a entidade, braço hemato-oncológico do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer Foto: Carola May/Sociedade Hípica Paulista

“Os pais também adoraram. Teve pai que até ligou por vídeo para a família para mostrar a criança no pônei”, conta Kátia. Uma vez que a parceria foi inaugurada, a intenção agora é receber os pôneis mensalmente e selecionar novas crianças.

A enfermeira explica que os pacientes atendidos no Itaci, que hoje tem 38 leitos, ficaram mais isolados durante a pandemia. Eles foram afetados não só pela interrupção da visita presencial de familiares, como de voluntários de projetos recreativos.

Com isso, a iniciativa de pôneiterapia, que é conduzida ao ar livre, pode ser especialmente útil neste momento. Após serem selecionadas pela equipe médica, as crianças descem até o pátio e ficam cerca de 30 minutos interagindo com os animais.

Em parceria com a Sociedade Hípica Paulista, instituto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está utilizando a pôneiterapia para auxiliar no tratamento de crianças com câncer Foto: Kátia Oliveira/Instituto de Tratamento do Câncer Infantil

A designer de moda Junia Teixeira diz que a filha “ficou em êxtase de alegria” com a visita dos equinos. Internada no Itaci para realizar um transplante de medula óssea, Ester Liz, de 8 anos, foi uma das seis crianças presentes na sessão de pôneiterapia. “Sair do quarto e passear lhe trouxe uma experiência única e com memórias afetivas”, relata Junia. “Para mim, foi um momento de relaxar, afinal, acompanhar o tratamento nos deixa tensos.”

A mãe conta ainda que ficou marcada por uma fala em especial dita pela filha após a experiência com os animais. “A frase da Esterzinha foi: ‘Mamãe, quem ia imaginar que eu andaria de pônei aqui em São Paulo e no hospital internada?’”, relembra Junia.

A médica pediatra Patrícia Consorte, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Itaci há um ano, explica que é possível “ver importantes melhoras clínicas e comportamentais” de pacientes após a chamada terapia assistida com animais. Ela conta que, na maioria dos casos, as visitas desse tipo de cuidado integrativo são feitas com cachorros, já que “a logística para o hospital é mais fácil”. 

A pôneiterapia, segundo a médica, pode levar a uma série de melhoras rápidas, como elevar o bem-estar dos pacientes, aumentar a disposição para fazer as atividades propostas no hospital (como a fisioterapia) e propiciar maior aceitação da dieta. “A longo prazo, melhora autoestima, quadro de ansiedade e depressão”, complementa Patrícia, destacando que há estudos, especialmente na Europa, que tratam da interação com equinos.

Ideia é expandir para outros hospitais

Coordenadora da Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista, Lilian Chateau explica que a ideia de fazer a equoterapia itinerante em São Paulo surgiu há um ano, como parte das atividades sociais da hípica. “É uma proposta que já tem há bastante tempo na Europa, que é a de levar cavalos para dentro de hospitais. Aqui, a gente decidiu começar o projeto com os pôneis”, destaca Lilian.

Como muitos hospitais estão com restrições, o Itaci foi o primeiro parceiro da iniciativa. Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela SHP. Como requisitos, as instituições selecionadas para a parceria devem preencher alguns documentos necessários para receber os pôneis e passar por uma averiguação do local, realizada pela própria hípica.

“A gente quer mostrar para as pessoas o quanto o cavalo pode ser impactante no desenvolvimento de alguém, seja esportiva, recreativa ou até terapeuticamente”, explica Lilian. Ela conta ter iniciado contato com hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, mas as tratativas foram adiadas para o ano que vem. Demais instituições de São Paulo que tenham interesse no projeto podem entrar em contato com a SHP enviando um e-mail para: lilian.chateau@shp.org.br.

Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela Sociedade Hípica Paulista Foto: Kátia de Oliveira/Instituto de Tratamento do câncer Infantil

Paixão de criança motivou parceria

Por mais que goste de animais de diferentes tipos, a grande paixão de Bryan Amaro, de 10 anos, sempre foi por cavalos. E ele tratou de dizer isso a todos ao longo dos cerca de 10 meses, entre idas e vindas, em que esteve internado no Itaci. De tanto repetir, em maio deste ano, a equipe médica do hospital teve uma ideia.

“Entraram em contato comigo falando que queriam trazer um paciente aqui e eu falei ‘claro’, projeto social é isso”, relata a coordenadora da Escola de Equitação da SHP, Lilian Chateau. Com a sinalização positiva, a visita foi planejada durante cerca de uma semana e Bryan foi levado em uma ambulância para fazer ainda em maio uma visita aos cavalos da hípica. 

Chegando lá, a égua Melody esperava especialmente por ele. “Foi feita uma cerimônia linda de surpresa pela equipe da hípica, com presentes e uma medalha de coragem, que ele usou para decorar o quarto do hospital”, diz a médica Patrícia Consorte, destacando que a visita foi uma das “cenas mais marcantes” de sua carreira.

Segundo ela, devido ao quadro crônico de dor do paciente, havia dúvidas se Bryan teria condições de subir em um equino. Porém, ele não só montou no cavalo, como desceu apenas na hora de ir embora. “Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele”, relata Patrícia.

Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele

Patrícia Consorte, médica

“Ele estava há muito tempo sem sair do hospital, praticamente 10 meses seguidos. Então, para ele, foi um momento de muita felicidade”, relembra a mãe de Bryan, Morgana Amaro, que acompanha o filho em tempo integral durante o tratamento de um câncer na região da próstata. 

Um mês após a visita à hípica, Bryan recebeu alta do Itaci, passou pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) e atualmente está em casa. Conforme relata a mãe, não dá para associar a saída do filho do Itaci com a ida à Hípica Paulista, mas ela diz que o momento foi uma injeção de ânimo.

“Ele sempre gostou de cavalos. Meus cunhados são pedreiros, então levavam o Bryan para a obra e lá tinha um cavalinho. Então ele ficava brincando com ele. Começou a gostar (de cavalos) a partir disso”, conta Morgana. Desse modo, a experiência na hípica foi especialmente marcante para ele.

Por telefone, Bryan relembra um pouco do que sentiu. “Foi uma surpresa para o meu coração ver os cavalos”, conta o menino. “Eu gosto de ver o mundo, de sair. Então gostei de dar comida para os cavalos, de andar neles. Foi muito bom”, acrescenta. Com o sucesso da visita de seu então paciente, o Itaci intensificou o diálogo com a SHP, o que acabou resultando na parceria de pôneiterapia.

Por volta das 9 horas do dia 14 de setembro, Nemo e Caramelo desembarcaram em um pátio aberto do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), localizado na zona oeste da capital paulista. Pouco depois, seis crianças saíram de seus leitos e foram ao encontro dos pôneis. Tratava-se de uma sessão de pôneiterapia, a primeira conduzida no local pela Sociedade Hípica Paulista (SHP). Feito por meio da interação com equinos, esse é um tipo de cuidado integrativo que pode afetar positivamente o tratamento do câncer.

“As crianças deram comida (aos pôneis), pentearam, passearam... Deu super certo, elas ficaram encantadas”, relata a coordenadora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. A enfermeira foi uma das profissionais que estiveram à frente da parceria firmada entre a Hípica Paulista e a entidade, braço hemato-oncológico do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer Foto: Carola May/Sociedade Hípica Paulista

“Os pais também adoraram. Teve pai que até ligou por vídeo para a família para mostrar a criança no pônei”, conta Kátia. Uma vez que a parceria foi inaugurada, a intenção agora é receber os pôneis mensalmente e selecionar novas crianças.

A enfermeira explica que os pacientes atendidos no Itaci, que hoje tem 38 leitos, ficaram mais isolados durante a pandemia. Eles foram afetados não só pela interrupção da visita presencial de familiares, como de voluntários de projetos recreativos.

Com isso, a iniciativa de pôneiterapia, que é conduzida ao ar livre, pode ser especialmente útil neste momento. Após serem selecionadas pela equipe médica, as crianças descem até o pátio e ficam cerca de 30 minutos interagindo com os animais.

Em parceria com a Sociedade Hípica Paulista, instituto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está utilizando a pôneiterapia para auxiliar no tratamento de crianças com câncer Foto: Kátia Oliveira/Instituto de Tratamento do Câncer Infantil

A designer de moda Junia Teixeira diz que a filha “ficou em êxtase de alegria” com a visita dos equinos. Internada no Itaci para realizar um transplante de medula óssea, Ester Liz, de 8 anos, foi uma das seis crianças presentes na sessão de pôneiterapia. “Sair do quarto e passear lhe trouxe uma experiência única e com memórias afetivas”, relata Junia. “Para mim, foi um momento de relaxar, afinal, acompanhar o tratamento nos deixa tensos.”

A mãe conta ainda que ficou marcada por uma fala em especial dita pela filha após a experiência com os animais. “A frase da Esterzinha foi: ‘Mamãe, quem ia imaginar que eu andaria de pônei aqui em São Paulo e no hospital internada?’”, relembra Junia.

A médica pediatra Patrícia Consorte, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Itaci há um ano, explica que é possível “ver importantes melhoras clínicas e comportamentais” de pacientes após a chamada terapia assistida com animais. Ela conta que, na maioria dos casos, as visitas desse tipo de cuidado integrativo são feitas com cachorros, já que “a logística para o hospital é mais fácil”. 

A pôneiterapia, segundo a médica, pode levar a uma série de melhoras rápidas, como elevar o bem-estar dos pacientes, aumentar a disposição para fazer as atividades propostas no hospital (como a fisioterapia) e propiciar maior aceitação da dieta. “A longo prazo, melhora autoestima, quadro de ansiedade e depressão”, complementa Patrícia, destacando que há estudos, especialmente na Europa, que tratam da interação com equinos.

Ideia é expandir para outros hospitais

Coordenadora da Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista, Lilian Chateau explica que a ideia de fazer a equoterapia itinerante em São Paulo surgiu há um ano, como parte das atividades sociais da hípica. “É uma proposta que já tem há bastante tempo na Europa, que é a de levar cavalos para dentro de hospitais. Aqui, a gente decidiu começar o projeto com os pôneis”, destaca Lilian.

Como muitos hospitais estão com restrições, o Itaci foi o primeiro parceiro da iniciativa. Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela SHP. Como requisitos, as instituições selecionadas para a parceria devem preencher alguns documentos necessários para receber os pôneis e passar por uma averiguação do local, realizada pela própria hípica.

“A gente quer mostrar para as pessoas o quanto o cavalo pode ser impactante no desenvolvimento de alguém, seja esportiva, recreativa ou até terapeuticamente”, explica Lilian. Ela conta ter iniciado contato com hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, mas as tratativas foram adiadas para o ano que vem. Demais instituições de São Paulo que tenham interesse no projeto podem entrar em contato com a SHP enviando um e-mail para: lilian.chateau@shp.org.br.

Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela Sociedade Hípica Paulista Foto: Kátia de Oliveira/Instituto de Tratamento do câncer Infantil

Paixão de criança motivou parceria

Por mais que goste de animais de diferentes tipos, a grande paixão de Bryan Amaro, de 10 anos, sempre foi por cavalos. E ele tratou de dizer isso a todos ao longo dos cerca de 10 meses, entre idas e vindas, em que esteve internado no Itaci. De tanto repetir, em maio deste ano, a equipe médica do hospital teve uma ideia.

“Entraram em contato comigo falando que queriam trazer um paciente aqui e eu falei ‘claro’, projeto social é isso”, relata a coordenadora da Escola de Equitação da SHP, Lilian Chateau. Com a sinalização positiva, a visita foi planejada durante cerca de uma semana e Bryan foi levado em uma ambulância para fazer ainda em maio uma visita aos cavalos da hípica. 

Chegando lá, a égua Melody esperava especialmente por ele. “Foi feita uma cerimônia linda de surpresa pela equipe da hípica, com presentes e uma medalha de coragem, que ele usou para decorar o quarto do hospital”, diz a médica Patrícia Consorte, destacando que a visita foi uma das “cenas mais marcantes” de sua carreira.

Segundo ela, devido ao quadro crônico de dor do paciente, havia dúvidas se Bryan teria condições de subir em um equino. Porém, ele não só montou no cavalo, como desceu apenas na hora de ir embora. “Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele”, relata Patrícia.

Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele

Patrícia Consorte, médica

“Ele estava há muito tempo sem sair do hospital, praticamente 10 meses seguidos. Então, para ele, foi um momento de muita felicidade”, relembra a mãe de Bryan, Morgana Amaro, que acompanha o filho em tempo integral durante o tratamento de um câncer na região da próstata. 

Um mês após a visita à hípica, Bryan recebeu alta do Itaci, passou pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) e atualmente está em casa. Conforme relata a mãe, não dá para associar a saída do filho do Itaci com a ida à Hípica Paulista, mas ela diz que o momento foi uma injeção de ânimo.

“Ele sempre gostou de cavalos. Meus cunhados são pedreiros, então levavam o Bryan para a obra e lá tinha um cavalinho. Então ele ficava brincando com ele. Começou a gostar (de cavalos) a partir disso”, conta Morgana. Desse modo, a experiência na hípica foi especialmente marcante para ele.

Por telefone, Bryan relembra um pouco do que sentiu. “Foi uma surpresa para o meu coração ver os cavalos”, conta o menino. “Eu gosto de ver o mundo, de sair. Então gostei de dar comida para os cavalos, de andar neles. Foi muito bom”, acrescenta. Com o sucesso da visita de seu então paciente, o Itaci intensificou o diálogo com a SHP, o que acabou resultando na parceria de pôneiterapia.

Por volta das 9 horas do dia 14 de setembro, Nemo e Caramelo desembarcaram em um pátio aberto do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), localizado na zona oeste da capital paulista. Pouco depois, seis crianças saíram de seus leitos e foram ao encontro dos pôneis. Tratava-se de uma sessão de pôneiterapia, a primeira conduzida no local pela Sociedade Hípica Paulista (SHP). Feito por meio da interação com equinos, esse é um tipo de cuidado integrativo que pode afetar positivamente o tratamento do câncer.

“As crianças deram comida (aos pôneis), pentearam, passearam... Deu super certo, elas ficaram encantadas”, relata a coordenadora administrativa do Itaci, Kátia Regina de Oliveira. A enfermeira foi uma das profissionais que estiveram à frente da parceria firmada entre a Hípica Paulista e a entidade, braço hemato-oncológico do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Pôneis viram novos aliados no tratamento de crianças com câncer Foto: Carola May/Sociedade Hípica Paulista

“Os pais também adoraram. Teve pai que até ligou por vídeo para a família para mostrar a criança no pônei”, conta Kátia. Uma vez que a parceria foi inaugurada, a intenção agora é receber os pôneis mensalmente e selecionar novas crianças.

A enfermeira explica que os pacientes atendidos no Itaci, que hoje tem 38 leitos, ficaram mais isolados durante a pandemia. Eles foram afetados não só pela interrupção da visita presencial de familiares, como de voluntários de projetos recreativos.

Com isso, a iniciativa de pôneiterapia, que é conduzida ao ar livre, pode ser especialmente útil neste momento. Após serem selecionadas pela equipe médica, as crianças descem até o pátio e ficam cerca de 30 minutos interagindo com os animais.

Em parceria com a Sociedade Hípica Paulista, instituto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está utilizando a pôneiterapia para auxiliar no tratamento de crianças com câncer Foto: Kátia Oliveira/Instituto de Tratamento do Câncer Infantil

A designer de moda Junia Teixeira diz que a filha “ficou em êxtase de alegria” com a visita dos equinos. Internada no Itaci para realizar um transplante de medula óssea, Ester Liz, de 8 anos, foi uma das seis crianças presentes na sessão de pôneiterapia. “Sair do quarto e passear lhe trouxe uma experiência única e com memórias afetivas”, relata Junia. “Para mim, foi um momento de relaxar, afinal, acompanhar o tratamento nos deixa tensos.”

A mãe conta ainda que ficou marcada por uma fala em especial dita pela filha após a experiência com os animais. “A frase da Esterzinha foi: ‘Mamãe, quem ia imaginar que eu andaria de pônei aqui em São Paulo e no hospital internada?’”, relembra Junia.

A médica pediatra Patrícia Consorte, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Itaci há um ano, explica que é possível “ver importantes melhoras clínicas e comportamentais” de pacientes após a chamada terapia assistida com animais. Ela conta que, na maioria dos casos, as visitas desse tipo de cuidado integrativo são feitas com cachorros, já que “a logística para o hospital é mais fácil”. 

A pôneiterapia, segundo a médica, pode levar a uma série de melhoras rápidas, como elevar o bem-estar dos pacientes, aumentar a disposição para fazer as atividades propostas no hospital (como a fisioterapia) e propiciar maior aceitação da dieta. “A longo prazo, melhora autoestima, quadro de ansiedade e depressão”, complementa Patrícia, destacando que há estudos, especialmente na Europa, que tratam da interação com equinos.

Ideia é expandir para outros hospitais

Coordenadora da Escola de Equitação da Sociedade Hípica Paulista, Lilian Chateau explica que a ideia de fazer a equoterapia itinerante em São Paulo surgiu há um ano, como parte das atividades sociais da hípica. “É uma proposta que já tem há bastante tempo na Europa, que é a de levar cavalos para dentro de hospitais. Aqui, a gente decidiu começar o projeto com os pôneis”, destaca Lilian.

Como muitos hospitais estão com restrições, o Itaci foi o primeiro parceiro da iniciativa. Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela SHP. Como requisitos, as instituições selecionadas para a parceria devem preencher alguns documentos necessários para receber os pôneis e passar por uma averiguação do local, realizada pela própria hípica.

“A gente quer mostrar para as pessoas o quanto o cavalo pode ser impactante no desenvolvimento de alguém, seja esportiva, recreativa ou até terapeuticamente”, explica Lilian. Ela conta ter iniciado contato com hospitais como o Sírio-Libanês e o Albert Einstein, mas as tratativas foram adiadas para o ano que vem. Demais instituições de São Paulo que tenham interesse no projeto podem entrar em contato com a SHP enviando um e-mail para: lilian.chateau@shp.org.br.

Em breve, a intenção é expandir o projeto, que é oferecido de forma gratuita pela Sociedade Hípica Paulista Foto: Kátia de Oliveira/Instituto de Tratamento do câncer Infantil

Paixão de criança motivou parceria

Por mais que goste de animais de diferentes tipos, a grande paixão de Bryan Amaro, de 10 anos, sempre foi por cavalos. E ele tratou de dizer isso a todos ao longo dos cerca de 10 meses, entre idas e vindas, em que esteve internado no Itaci. De tanto repetir, em maio deste ano, a equipe médica do hospital teve uma ideia.

“Entraram em contato comigo falando que queriam trazer um paciente aqui e eu falei ‘claro’, projeto social é isso”, relata a coordenadora da Escola de Equitação da SHP, Lilian Chateau. Com a sinalização positiva, a visita foi planejada durante cerca de uma semana e Bryan foi levado em uma ambulância para fazer ainda em maio uma visita aos cavalos da hípica. 

Chegando lá, a égua Melody esperava especialmente por ele. “Foi feita uma cerimônia linda de surpresa pela equipe da hípica, com presentes e uma medalha de coragem, que ele usou para decorar o quarto do hospital”, diz a médica Patrícia Consorte, destacando que a visita foi uma das “cenas mais marcantes” de sua carreira.

Segundo ela, devido ao quadro crônico de dor do paciente, havia dúvidas se Bryan teria condições de subir em um equino. Porém, ele não só montou no cavalo, como desceu apenas na hora de ir embora. “Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele”, relata Patrícia.

Minha sensação naquele dia é que realmente conseguimos resgatar um pouco da leveza da infância dentro dele

Patrícia Consorte, médica

“Ele estava há muito tempo sem sair do hospital, praticamente 10 meses seguidos. Então, para ele, foi um momento de muita felicidade”, relembra a mãe de Bryan, Morgana Amaro, que acompanha o filho em tempo integral durante o tratamento de um câncer na região da próstata. 

Um mês após a visita à hípica, Bryan recebeu alta do Itaci, passou pela Associação de Apoio à Criança com Câncer (AACC) e atualmente está em casa. Conforme relata a mãe, não dá para associar a saída do filho do Itaci com a ida à Hípica Paulista, mas ela diz que o momento foi uma injeção de ânimo.

“Ele sempre gostou de cavalos. Meus cunhados são pedreiros, então levavam o Bryan para a obra e lá tinha um cavalinho. Então ele ficava brincando com ele. Começou a gostar (de cavalos) a partir disso”, conta Morgana. Desse modo, a experiência na hípica foi especialmente marcante para ele.

Por telefone, Bryan relembra um pouco do que sentiu. “Foi uma surpresa para o meu coração ver os cavalos”, conta o menino. “Eu gosto de ver o mundo, de sair. Então gostei de dar comida para os cavalos, de andar neles. Foi muito bom”, acrescenta. Com o sucesso da visita de seu então paciente, o Itaci intensificou o diálogo com a SHP, o que acabou resultando na parceria de pôneiterapia.

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