Médica da linha de frente da covid é 1ª diretora da Medicina da USP: ‘Porta para a diversidade’


Eloísa Bonfá fala sobre a gestão de crise no Hospital das Clínicas durante a pandemia e o novo desafio

Por Ana Lourenço
Atualização:

“Eu até brinco que, na vida, nunca gostei de pedir nada. Sempre resolvia sozinha. Mas aí chegou a pandemia e eu não parava de pedir ajuda”, relembra a médica reumatologista Eloísa Bonfá. Apesar de mais de 30 anos de atuação na área médica, e diversos desafios enfrentados, nada se comparou à intensidade dos ensinamentos dos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

Em um cargo de diretora clínica de um dos hospitais mais prestigiados de São Paulo, Eloísa teve de lidar com adaptações, aprimorar sua capacidade de escuta e principalmente entender a força do trabalho em equipe. “Foi uma gestão institucional de uma equipe incrível que realmente fez a diferença”, conta ela.

“Eu acho que o grande aprendizado desse processo todo foi aprender a ouvir e entender que ninguém faz nada sozinho”, afirma Eloísa sobre estar na linha de frente durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, como diretora clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, ela assume a cadeira de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – o que a torna a primeira mulher a ocupar o cargo em 110 anos de história.

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“É um privilégio fazer parte disso, porque representa que uma porta para a diversidade foi aberta. A mensagem que fica é que ser mulher ou qualquer tipo de diversidade não é impedimento. O mérito deve prevalecer”, afirma.

Criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa casa com seis filhos – sendo cinco mulheres –, Eloísa e suas irmãs foram incentivadas pela mãe, desde pequenas, a lutarem por seus direitos. “Ela sempre foi à frente do seu tempo e nos treinou na argumentação, no posicionamento e na crença de que nós podíamos qualquer coisa”, diz.

Mas muito mais do que lutar pelos seus direitos, Eloísa foi criada com a premissa de que deveria fazer a diferença, não importava onde. “Não existe isso de fazer mal as coisas”, lembra. E decidiu levar isso à risca.

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Eloísa sente orgulho de fazer parte da construção do legado de uma instituição de tanto prestígio. Foto: Werther Santana/Estadão

Apesar de ter o pai como inspiração médica, ela, em princípio, não queria se envolver com a área de pesquisa (na qual ele trabalhava), mas sim ter contato com os pacientes. Com o tempo, porém, foi descobrindo beleza em desvendar a ciência de perto. “A pesquisa trouxe para mim esse olhar de fazer novas perguntas e evoluir.”

Seja na academia, nas pesquisas ou na clínica médica, Eloísa tem uma história íntima com a medicina. Foi, aliás, a primeira professora titular no departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP e até morou por 14 anos dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (os professores tinham direito à casa). Mas nada se compara à intensidade que viveu (e vive) na medicina desde março de 2020.

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Pandemia

“O maior desafio que vivenciei foi como médica gestora e professora da gestão de comitê de crise da covid no Hospital das Clínicas”, conta ela, que teve de tomar decisões difíceis ao longo desse processo. Incluindo o isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas.

“Imagina o tanto que seria cobrada se não viesse pandemia? É o maior pronto-socorro terciário da América Latina, com 35 clínicas trabalhando ali. E você tem que assumir esse risco, que em última instância é seu”, declara. “É um desafio contínuo de avaliar o risco e tomar uma decisão.”

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Meu pai sempre falava: ‘Aprender até se tornar um aprendiz contínuo’

Eloísa Bonfá, reumatologista

Dizem que o aprendizado nunca acaba para quem opta por medicina. Afinal, novas descobertas na área são feitas a cada instante. Mas os aprendizados vividos na pandemia, especialmente dentro de uma instituição com tamanha responsabilidade social, foi algo muito além do que Eloísa imaginara. “Meu pai sempre falava: ‘aprender até se tornar um aprendiz contínuo’. A medicina e a liderança num processo desse é um aprendizado contínuo”, diz. “Mas se fosse preciso fazer tudo de novo eu faria ao lado deles (da sua equipe). Porque é uma equipe brilhante. Que se cansaram, que choraram, que brigaram, mas que trabalharam como nunca. Foi uma experiência muito rica para todos os que participaram.”

Sobre os novos desafios na academia, ela não acredita que sua vivência na área vai tornar as coisas mais fáceis. “Não é porque eu já vivi tanta coisa que vai ser mais fácil, afinal é outro olhar”, afirma ela, que agora assume problemas estratégicos, muito mais do que casos do cotidiano. “Mas a nossa instituição é tão grande que o legado vai continuar comigo estando lá ou não. Isso me dá um orgulho imenso.”

“Eu até brinco que, na vida, nunca gostei de pedir nada. Sempre resolvia sozinha. Mas aí chegou a pandemia e eu não parava de pedir ajuda”, relembra a médica reumatologista Eloísa Bonfá. Apesar de mais de 30 anos de atuação na área médica, e diversos desafios enfrentados, nada se comparou à intensidade dos ensinamentos dos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

Em um cargo de diretora clínica de um dos hospitais mais prestigiados de São Paulo, Eloísa teve de lidar com adaptações, aprimorar sua capacidade de escuta e principalmente entender a força do trabalho em equipe. “Foi uma gestão institucional de uma equipe incrível que realmente fez a diferença”, conta ela.

“Eu acho que o grande aprendizado desse processo todo foi aprender a ouvir e entender que ninguém faz nada sozinho”, afirma Eloísa sobre estar na linha de frente durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, como diretora clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, ela assume a cadeira de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – o que a torna a primeira mulher a ocupar o cargo em 110 anos de história.

“É um privilégio fazer parte disso, porque representa que uma porta para a diversidade foi aberta. A mensagem que fica é que ser mulher ou qualquer tipo de diversidade não é impedimento. O mérito deve prevalecer”, afirma.

Criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa casa com seis filhos – sendo cinco mulheres –, Eloísa e suas irmãs foram incentivadas pela mãe, desde pequenas, a lutarem por seus direitos. “Ela sempre foi à frente do seu tempo e nos treinou na argumentação, no posicionamento e na crença de que nós podíamos qualquer coisa”, diz.

Mas muito mais do que lutar pelos seus direitos, Eloísa foi criada com a premissa de que deveria fazer a diferença, não importava onde. “Não existe isso de fazer mal as coisas”, lembra. E decidiu levar isso à risca.

Eloísa sente orgulho de fazer parte da construção do legado de uma instituição de tanto prestígio. Foto: Werther Santana/Estadão

Apesar de ter o pai como inspiração médica, ela, em princípio, não queria se envolver com a área de pesquisa (na qual ele trabalhava), mas sim ter contato com os pacientes. Com o tempo, porém, foi descobrindo beleza em desvendar a ciência de perto. “A pesquisa trouxe para mim esse olhar de fazer novas perguntas e evoluir.”

Seja na academia, nas pesquisas ou na clínica médica, Eloísa tem uma história íntima com a medicina. Foi, aliás, a primeira professora titular no departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP e até morou por 14 anos dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (os professores tinham direito à casa). Mas nada se compara à intensidade que viveu (e vive) na medicina desde março de 2020.

Pandemia

“O maior desafio que vivenciei foi como médica gestora e professora da gestão de comitê de crise da covid no Hospital das Clínicas”, conta ela, que teve de tomar decisões difíceis ao longo desse processo. Incluindo o isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas.

“Imagina o tanto que seria cobrada se não viesse pandemia? É o maior pronto-socorro terciário da América Latina, com 35 clínicas trabalhando ali. E você tem que assumir esse risco, que em última instância é seu”, declara. “É um desafio contínuo de avaliar o risco e tomar uma decisão.”

Meu pai sempre falava: ‘Aprender até se tornar um aprendiz contínuo’

Eloísa Bonfá, reumatologista

Dizem que o aprendizado nunca acaba para quem opta por medicina. Afinal, novas descobertas na área são feitas a cada instante. Mas os aprendizados vividos na pandemia, especialmente dentro de uma instituição com tamanha responsabilidade social, foi algo muito além do que Eloísa imaginara. “Meu pai sempre falava: ‘aprender até se tornar um aprendiz contínuo’. A medicina e a liderança num processo desse é um aprendizado contínuo”, diz. “Mas se fosse preciso fazer tudo de novo eu faria ao lado deles (da sua equipe). Porque é uma equipe brilhante. Que se cansaram, que choraram, que brigaram, mas que trabalharam como nunca. Foi uma experiência muito rica para todos os que participaram.”

Sobre os novos desafios na academia, ela não acredita que sua vivência na área vai tornar as coisas mais fáceis. “Não é porque eu já vivi tanta coisa que vai ser mais fácil, afinal é outro olhar”, afirma ela, que agora assume problemas estratégicos, muito mais do que casos do cotidiano. “Mas a nossa instituição é tão grande que o legado vai continuar comigo estando lá ou não. Isso me dá um orgulho imenso.”

“Eu até brinco que, na vida, nunca gostei de pedir nada. Sempre resolvia sozinha. Mas aí chegou a pandemia e eu não parava de pedir ajuda”, relembra a médica reumatologista Eloísa Bonfá. Apesar de mais de 30 anos de atuação na área médica, e diversos desafios enfrentados, nada se comparou à intensidade dos ensinamentos dos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

Em um cargo de diretora clínica de um dos hospitais mais prestigiados de São Paulo, Eloísa teve de lidar com adaptações, aprimorar sua capacidade de escuta e principalmente entender a força do trabalho em equipe. “Foi uma gestão institucional de uma equipe incrível que realmente fez a diferença”, conta ela.

“Eu acho que o grande aprendizado desse processo todo foi aprender a ouvir e entender que ninguém faz nada sozinho”, afirma Eloísa sobre estar na linha de frente durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, como diretora clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, ela assume a cadeira de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – o que a torna a primeira mulher a ocupar o cargo em 110 anos de história.

“É um privilégio fazer parte disso, porque representa que uma porta para a diversidade foi aberta. A mensagem que fica é que ser mulher ou qualquer tipo de diversidade não é impedimento. O mérito deve prevalecer”, afirma.

Criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa casa com seis filhos – sendo cinco mulheres –, Eloísa e suas irmãs foram incentivadas pela mãe, desde pequenas, a lutarem por seus direitos. “Ela sempre foi à frente do seu tempo e nos treinou na argumentação, no posicionamento e na crença de que nós podíamos qualquer coisa”, diz.

Mas muito mais do que lutar pelos seus direitos, Eloísa foi criada com a premissa de que deveria fazer a diferença, não importava onde. “Não existe isso de fazer mal as coisas”, lembra. E decidiu levar isso à risca.

Eloísa sente orgulho de fazer parte da construção do legado de uma instituição de tanto prestígio. Foto: Werther Santana/Estadão

Apesar de ter o pai como inspiração médica, ela, em princípio, não queria se envolver com a área de pesquisa (na qual ele trabalhava), mas sim ter contato com os pacientes. Com o tempo, porém, foi descobrindo beleza em desvendar a ciência de perto. “A pesquisa trouxe para mim esse olhar de fazer novas perguntas e evoluir.”

Seja na academia, nas pesquisas ou na clínica médica, Eloísa tem uma história íntima com a medicina. Foi, aliás, a primeira professora titular no departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP e até morou por 14 anos dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (os professores tinham direito à casa). Mas nada se compara à intensidade que viveu (e vive) na medicina desde março de 2020.

Pandemia

“O maior desafio que vivenciei foi como médica gestora e professora da gestão de comitê de crise da covid no Hospital das Clínicas”, conta ela, que teve de tomar decisões difíceis ao longo desse processo. Incluindo o isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas.

“Imagina o tanto que seria cobrada se não viesse pandemia? É o maior pronto-socorro terciário da América Latina, com 35 clínicas trabalhando ali. E você tem que assumir esse risco, que em última instância é seu”, declara. “É um desafio contínuo de avaliar o risco e tomar uma decisão.”

Meu pai sempre falava: ‘Aprender até se tornar um aprendiz contínuo’

Eloísa Bonfá, reumatologista

Dizem que o aprendizado nunca acaba para quem opta por medicina. Afinal, novas descobertas na área são feitas a cada instante. Mas os aprendizados vividos na pandemia, especialmente dentro de uma instituição com tamanha responsabilidade social, foi algo muito além do que Eloísa imaginara. “Meu pai sempre falava: ‘aprender até se tornar um aprendiz contínuo’. A medicina e a liderança num processo desse é um aprendizado contínuo”, diz. “Mas se fosse preciso fazer tudo de novo eu faria ao lado deles (da sua equipe). Porque é uma equipe brilhante. Que se cansaram, que choraram, que brigaram, mas que trabalharam como nunca. Foi uma experiência muito rica para todos os que participaram.”

Sobre os novos desafios na academia, ela não acredita que sua vivência na área vai tornar as coisas mais fáceis. “Não é porque eu já vivi tanta coisa que vai ser mais fácil, afinal é outro olhar”, afirma ela, que agora assume problemas estratégicos, muito mais do que casos do cotidiano. “Mas a nossa instituição é tão grande que o legado vai continuar comigo estando lá ou não. Isso me dá um orgulho imenso.”

“Eu até brinco que, na vida, nunca gostei de pedir nada. Sempre resolvia sozinha. Mas aí chegou a pandemia e eu não parava de pedir ajuda”, relembra a médica reumatologista Eloísa Bonfá. Apesar de mais de 30 anos de atuação na área médica, e diversos desafios enfrentados, nada se comparou à intensidade dos ensinamentos dos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

Em um cargo de diretora clínica de um dos hospitais mais prestigiados de São Paulo, Eloísa teve de lidar com adaptações, aprimorar sua capacidade de escuta e principalmente entender a força do trabalho em equipe. “Foi uma gestão institucional de uma equipe incrível que realmente fez a diferença”, conta ela.

“Eu acho que o grande aprendizado desse processo todo foi aprender a ouvir e entender que ninguém faz nada sozinho”, afirma Eloísa sobre estar na linha de frente durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, como diretora clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, ela assume a cadeira de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – o que a torna a primeira mulher a ocupar o cargo em 110 anos de história.

“É um privilégio fazer parte disso, porque representa que uma porta para a diversidade foi aberta. A mensagem que fica é que ser mulher ou qualquer tipo de diversidade não é impedimento. O mérito deve prevalecer”, afirma.

Criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa casa com seis filhos – sendo cinco mulheres –, Eloísa e suas irmãs foram incentivadas pela mãe, desde pequenas, a lutarem por seus direitos. “Ela sempre foi à frente do seu tempo e nos treinou na argumentação, no posicionamento e na crença de que nós podíamos qualquer coisa”, diz.

Mas muito mais do que lutar pelos seus direitos, Eloísa foi criada com a premissa de que deveria fazer a diferença, não importava onde. “Não existe isso de fazer mal as coisas”, lembra. E decidiu levar isso à risca.

Eloísa sente orgulho de fazer parte da construção do legado de uma instituição de tanto prestígio. Foto: Werther Santana/Estadão

Apesar de ter o pai como inspiração médica, ela, em princípio, não queria se envolver com a área de pesquisa (na qual ele trabalhava), mas sim ter contato com os pacientes. Com o tempo, porém, foi descobrindo beleza em desvendar a ciência de perto. “A pesquisa trouxe para mim esse olhar de fazer novas perguntas e evoluir.”

Seja na academia, nas pesquisas ou na clínica médica, Eloísa tem uma história íntima com a medicina. Foi, aliás, a primeira professora titular no departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP e até morou por 14 anos dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (os professores tinham direito à casa). Mas nada se compara à intensidade que viveu (e vive) na medicina desde março de 2020.

Pandemia

“O maior desafio que vivenciei foi como médica gestora e professora da gestão de comitê de crise da covid no Hospital das Clínicas”, conta ela, que teve de tomar decisões difíceis ao longo desse processo. Incluindo o isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas.

“Imagina o tanto que seria cobrada se não viesse pandemia? É o maior pronto-socorro terciário da América Latina, com 35 clínicas trabalhando ali. E você tem que assumir esse risco, que em última instância é seu”, declara. “É um desafio contínuo de avaliar o risco e tomar uma decisão.”

Meu pai sempre falava: ‘Aprender até se tornar um aprendiz contínuo’

Eloísa Bonfá, reumatologista

Dizem que o aprendizado nunca acaba para quem opta por medicina. Afinal, novas descobertas na área são feitas a cada instante. Mas os aprendizados vividos na pandemia, especialmente dentro de uma instituição com tamanha responsabilidade social, foi algo muito além do que Eloísa imaginara. “Meu pai sempre falava: ‘aprender até se tornar um aprendiz contínuo’. A medicina e a liderança num processo desse é um aprendizado contínuo”, diz. “Mas se fosse preciso fazer tudo de novo eu faria ao lado deles (da sua equipe). Porque é uma equipe brilhante. Que se cansaram, que choraram, que brigaram, mas que trabalharam como nunca. Foi uma experiência muito rica para todos os que participaram.”

Sobre os novos desafios na academia, ela não acredita que sua vivência na área vai tornar as coisas mais fáceis. “Não é porque eu já vivi tanta coisa que vai ser mais fácil, afinal é outro olhar”, afirma ela, que agora assume problemas estratégicos, muito mais do que casos do cotidiano. “Mas a nossa instituição é tão grande que o legado vai continuar comigo estando lá ou não. Isso me dá um orgulho imenso.”

“Eu até brinco que, na vida, nunca gostei de pedir nada. Sempre resolvia sozinha. Mas aí chegou a pandemia e eu não parava de pedir ajuda”, relembra a médica reumatologista Eloísa Bonfá. Apesar de mais de 30 anos de atuação na área médica, e diversos desafios enfrentados, nada se comparou à intensidade dos ensinamentos dos últimos dois anos, durante a pandemia de covid-19.

Em um cargo de diretora clínica de um dos hospitais mais prestigiados de São Paulo, Eloísa teve de lidar com adaptações, aprimorar sua capacidade de escuta e principalmente entender a força do trabalho em equipe. “Foi uma gestão institucional de uma equipe incrível que realmente fez a diferença”, conta ela.

“Eu acho que o grande aprendizado desse processo todo foi aprender a ouvir e entender que ninguém faz nada sozinho”, afirma Eloísa sobre estar na linha de frente durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, como diretora clínica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, ela assume a cadeira de diretora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) – o que a torna a primeira mulher a ocupar o cargo em 110 anos de história.

“É um privilégio fazer parte disso, porque representa que uma porta para a diversidade foi aberta. A mensagem que fica é que ser mulher ou qualquer tipo de diversidade não é impedimento. O mérito deve prevalecer”, afirma.

Criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, numa casa com seis filhos – sendo cinco mulheres –, Eloísa e suas irmãs foram incentivadas pela mãe, desde pequenas, a lutarem por seus direitos. “Ela sempre foi à frente do seu tempo e nos treinou na argumentação, no posicionamento e na crença de que nós podíamos qualquer coisa”, diz.

Mas muito mais do que lutar pelos seus direitos, Eloísa foi criada com a premissa de que deveria fazer a diferença, não importava onde. “Não existe isso de fazer mal as coisas”, lembra. E decidiu levar isso à risca.

Eloísa sente orgulho de fazer parte da construção do legado de uma instituição de tanto prestígio. Foto: Werther Santana/Estadão

Apesar de ter o pai como inspiração médica, ela, em princípio, não queria se envolver com a área de pesquisa (na qual ele trabalhava), mas sim ter contato com os pacientes. Com o tempo, porém, foi descobrindo beleza em desvendar a ciência de perto. “A pesquisa trouxe para mim esse olhar de fazer novas perguntas e evoluir.”

Seja na academia, nas pesquisas ou na clínica médica, Eloísa tem uma história íntima com a medicina. Foi, aliás, a primeira professora titular no departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP e até morou por 14 anos dentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (os professores tinham direito à casa). Mas nada se compara à intensidade que viveu (e vive) na medicina desde março de 2020.

Pandemia

“O maior desafio que vivenciei foi como médica gestora e professora da gestão de comitê de crise da covid no Hospital das Clínicas”, conta ela, que teve de tomar decisões difíceis ao longo desse processo. Incluindo o isolamento do Instituto Central do Hospital das Clínicas.

“Imagina o tanto que seria cobrada se não viesse pandemia? É o maior pronto-socorro terciário da América Latina, com 35 clínicas trabalhando ali. E você tem que assumir esse risco, que em última instância é seu”, declara. “É um desafio contínuo de avaliar o risco e tomar uma decisão.”

Meu pai sempre falava: ‘Aprender até se tornar um aprendiz contínuo’

Eloísa Bonfá, reumatologista

Dizem que o aprendizado nunca acaba para quem opta por medicina. Afinal, novas descobertas na área são feitas a cada instante. Mas os aprendizados vividos na pandemia, especialmente dentro de uma instituição com tamanha responsabilidade social, foi algo muito além do que Eloísa imaginara. “Meu pai sempre falava: ‘aprender até se tornar um aprendiz contínuo’. A medicina e a liderança num processo desse é um aprendizado contínuo”, diz. “Mas se fosse preciso fazer tudo de novo eu faria ao lado deles (da sua equipe). Porque é uma equipe brilhante. Que se cansaram, que choraram, que brigaram, mas que trabalharam como nunca. Foi uma experiência muito rica para todos os que participaram.”

Sobre os novos desafios na academia, ela não acredita que sua vivência na área vai tornar as coisas mais fáceis. “Não é porque eu já vivi tanta coisa que vai ser mais fácil, afinal é outro olhar”, afirma ela, que agora assume problemas estratégicos, muito mais do que casos do cotidiano. “Mas a nossa instituição é tão grande que o legado vai continuar comigo estando lá ou não. Isso me dá um orgulho imenso.”

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