‘Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar’, afirma a escritora Bia Garbato


Ela teve de olhar para dentro e entender sua condição para ser a melhor versão de si mesma. Hoje, ela desmistifica a bipolaridade

Por Ana Lourenço

‘A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades. Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar”, escreve Bia Garbato em seu livro ’Bipolar Sim, Louca Só Quando Eu Quero’, da Editora Matrix.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, ela conta que nunca soube exatamente o que era ser normal. “Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” Desde os 16 anos, Bia frequenta salas de terapeutas. Já visitou mais de dez psiquiatras, mas só recebeu o diagnóstico que mudou sua vida aos 31 anos. “O diagnóstico foi um enorme alívio. Entendi que eu tinha uma doença que tinha tratamento e não era doida”, conta.

Tudo começou com um episódio de depressão e síndrome do pânico ainda na adolescência. Bia contou para os pais sobre estar deprimida e logo entrou na terapia para ser tratada. “Eu tinha uma sensação que ninguém sabia o que era aquilo, ninguém me entendia, mas meu pai não queria uma filha indo ao psiquiatra, apesar dos psicólogos recomendarem”, conta.

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Assim, Bia foi tendo episódios de depressão ao longo da vida, que eram contrastantes para qualquer um que a conhecesse. “Minha personalidade era alegre, sempre fui conhecida como uma pessoa extrovertida, engraçada”, diz.

O tal contraste, entre uma tristeza profunda e uma euforia intensa, é exatamente o que representa o transtorno bipolar, doença com que Bia foi diagnosticada aos 31 anos. “Aos 26 anos, eu fui diagnosticada com depressão e fiquei mais cinco anos para ser entendida como bipolar, porque é fácil procurar ajuda quando está sofrendo. O difícil é também perceber a necessidade dessa ajuda nos momentos de mania”, lembra.

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Mania é o nome para o estado de euforia da bipolaridade que é caracterizado por diminuição do sono, autoestima inflada, gastos excessivos e excessos de fala. “A mania é a maior felicidade que uma pessoa pode ter. Você se acha capaz de qualquer coisa. Eu, por exemplo, tinha certeza de que poderia atravessar qualquer rua de olho fechado que nenhum um carro me pegaria.”

Preconceito com o transtorno bipolar

Antigamente, o transtorno bipolar era chamado de transtorno maníaco-depressivo. Exatamente o nome que Bia e seus pais ouviram em 2012. “Quando escutei, pensei no maníaco do parque. E não gosto da palavra depressiva também, porque eu sou uma pessoa para cima”, diz ela que, apesar do susto inicial entendeu que a condição é carregada de preconceito. “É muito tranquilo falar sobre depressão, mas bipolaridade, mesmo em 2023, ainda é vista de uma maneira estranha. É uma pessoa que muda de opinião toda hora? Tem dupla personalidade, duas caras? Bipolar é muito usado como sinônimo de louco”, comenta.

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'A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Motivada a desmistificar a doença, Bia decidiu escrever um livro contando a própria vivência. “Ele serviu para eu colocar todas minhas vulnerabilidades na mesa. Antes, tinha medo de não me contratarem por conta da doença. Pensava: ‘Será que a mãe do coleguinha do meu filho vai deixar ele brincar aqui na minha casa?’”, admite. “E hoje eu sei que, quando estou tratada, eu não sou louca. Sou uma mulher casada, tenho um filho do qual eu cuido, trabalho, tenho amigos e família. Eu tenho uma vida normal.”

Maternidade e bipolaridade

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A estabilidade veio no início de 2020, graças ao novo médico e à rotina regrada que estabeleceu para si mesma: medicação, terapia, exercício diário, sono de oito horas e diminuição de bebidas cafeinadas e alcoólicas.

Mas antes disso ela teve de passar por um dos maiores desafios que já teve: enfrentar a gravidez, enquanto lidava com a doença. “Eu acho que a parte mais difícil de ser bipolar foi ser mãe bipolar”, conta.

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Além do medo de uma possível crise, Bia teve de parar com os ansiolíticos e outros remédios controlados que poderiam fazer mal para o bebê. No lugar, entraram a homeopatia e os remédios fitoterápicos. Mas Bia não deixava de acreditar em si mesma, falando: “Você vai ser a mãe que puder ser”. “Eu usei cada fio de energia que tive para cuidar do meu filho. Sempre lutei para dar o pouco que eu tinha para ele e hoje ele é maravilhoso”, garante.

Olhando para dentro de si, descobrindo sua força e enfrentando a doença, Bia foi capaz de realizar seu maior sonho. “Antes dos 12 anos eu já sonhava em escrever um livro. Quando o vi na prateleira, me veio uma vontade de comprar um livro para dar para uma pessoa que nunca deixou de acreditar em mim: a menina com menos de 12.”

‘A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades. Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar”, escreve Bia Garbato em seu livro ’Bipolar Sim, Louca Só Quando Eu Quero’, da Editora Matrix.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, ela conta que nunca soube exatamente o que era ser normal. “Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” Desde os 16 anos, Bia frequenta salas de terapeutas. Já visitou mais de dez psiquiatras, mas só recebeu o diagnóstico que mudou sua vida aos 31 anos. “O diagnóstico foi um enorme alívio. Entendi que eu tinha uma doença que tinha tratamento e não era doida”, conta.

Tudo começou com um episódio de depressão e síndrome do pânico ainda na adolescência. Bia contou para os pais sobre estar deprimida e logo entrou na terapia para ser tratada. “Eu tinha uma sensação que ninguém sabia o que era aquilo, ninguém me entendia, mas meu pai não queria uma filha indo ao psiquiatra, apesar dos psicólogos recomendarem”, conta.

Assim, Bia foi tendo episódios de depressão ao longo da vida, que eram contrastantes para qualquer um que a conhecesse. “Minha personalidade era alegre, sempre fui conhecida como uma pessoa extrovertida, engraçada”, diz.

O tal contraste, entre uma tristeza profunda e uma euforia intensa, é exatamente o que representa o transtorno bipolar, doença com que Bia foi diagnosticada aos 31 anos. “Aos 26 anos, eu fui diagnosticada com depressão e fiquei mais cinco anos para ser entendida como bipolar, porque é fácil procurar ajuda quando está sofrendo. O difícil é também perceber a necessidade dessa ajuda nos momentos de mania”, lembra.

Mania é o nome para o estado de euforia da bipolaridade que é caracterizado por diminuição do sono, autoestima inflada, gastos excessivos e excessos de fala. “A mania é a maior felicidade que uma pessoa pode ter. Você se acha capaz de qualquer coisa. Eu, por exemplo, tinha certeza de que poderia atravessar qualquer rua de olho fechado que nenhum um carro me pegaria.”

Preconceito com o transtorno bipolar

Antigamente, o transtorno bipolar era chamado de transtorno maníaco-depressivo. Exatamente o nome que Bia e seus pais ouviram em 2012. “Quando escutei, pensei no maníaco do parque. E não gosto da palavra depressiva também, porque eu sou uma pessoa para cima”, diz ela que, apesar do susto inicial entendeu que a condição é carregada de preconceito. “É muito tranquilo falar sobre depressão, mas bipolaridade, mesmo em 2023, ainda é vista de uma maneira estranha. É uma pessoa que muda de opinião toda hora? Tem dupla personalidade, duas caras? Bipolar é muito usado como sinônimo de louco”, comenta.

'A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Motivada a desmistificar a doença, Bia decidiu escrever um livro contando a própria vivência. “Ele serviu para eu colocar todas minhas vulnerabilidades na mesa. Antes, tinha medo de não me contratarem por conta da doença. Pensava: ‘Será que a mãe do coleguinha do meu filho vai deixar ele brincar aqui na minha casa?’”, admite. “E hoje eu sei que, quando estou tratada, eu não sou louca. Sou uma mulher casada, tenho um filho do qual eu cuido, trabalho, tenho amigos e família. Eu tenho uma vida normal.”

Maternidade e bipolaridade

A estabilidade veio no início de 2020, graças ao novo médico e à rotina regrada que estabeleceu para si mesma: medicação, terapia, exercício diário, sono de oito horas e diminuição de bebidas cafeinadas e alcoólicas.

Mas antes disso ela teve de passar por um dos maiores desafios que já teve: enfrentar a gravidez, enquanto lidava com a doença. “Eu acho que a parte mais difícil de ser bipolar foi ser mãe bipolar”, conta.

Além do medo de uma possível crise, Bia teve de parar com os ansiolíticos e outros remédios controlados que poderiam fazer mal para o bebê. No lugar, entraram a homeopatia e os remédios fitoterápicos. Mas Bia não deixava de acreditar em si mesma, falando: “Você vai ser a mãe que puder ser”. “Eu usei cada fio de energia que tive para cuidar do meu filho. Sempre lutei para dar o pouco que eu tinha para ele e hoje ele é maravilhoso”, garante.

Olhando para dentro de si, descobrindo sua força e enfrentando a doença, Bia foi capaz de realizar seu maior sonho. “Antes dos 12 anos eu já sonhava em escrever um livro. Quando o vi na prateleira, me veio uma vontade de comprar um livro para dar para uma pessoa que nunca deixou de acreditar em mim: a menina com menos de 12.”

‘A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades. Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar”, escreve Bia Garbato em seu livro ’Bipolar Sim, Louca Só Quando Eu Quero’, da Editora Matrix.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, ela conta que nunca soube exatamente o que era ser normal. “Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” Desde os 16 anos, Bia frequenta salas de terapeutas. Já visitou mais de dez psiquiatras, mas só recebeu o diagnóstico que mudou sua vida aos 31 anos. “O diagnóstico foi um enorme alívio. Entendi que eu tinha uma doença que tinha tratamento e não era doida”, conta.

Tudo começou com um episódio de depressão e síndrome do pânico ainda na adolescência. Bia contou para os pais sobre estar deprimida e logo entrou na terapia para ser tratada. “Eu tinha uma sensação que ninguém sabia o que era aquilo, ninguém me entendia, mas meu pai não queria uma filha indo ao psiquiatra, apesar dos psicólogos recomendarem”, conta.

Assim, Bia foi tendo episódios de depressão ao longo da vida, que eram contrastantes para qualquer um que a conhecesse. “Minha personalidade era alegre, sempre fui conhecida como uma pessoa extrovertida, engraçada”, diz.

O tal contraste, entre uma tristeza profunda e uma euforia intensa, é exatamente o que representa o transtorno bipolar, doença com que Bia foi diagnosticada aos 31 anos. “Aos 26 anos, eu fui diagnosticada com depressão e fiquei mais cinco anos para ser entendida como bipolar, porque é fácil procurar ajuda quando está sofrendo. O difícil é também perceber a necessidade dessa ajuda nos momentos de mania”, lembra.

Mania é o nome para o estado de euforia da bipolaridade que é caracterizado por diminuição do sono, autoestima inflada, gastos excessivos e excessos de fala. “A mania é a maior felicidade que uma pessoa pode ter. Você se acha capaz de qualquer coisa. Eu, por exemplo, tinha certeza de que poderia atravessar qualquer rua de olho fechado que nenhum um carro me pegaria.”

Preconceito com o transtorno bipolar

Antigamente, o transtorno bipolar era chamado de transtorno maníaco-depressivo. Exatamente o nome que Bia e seus pais ouviram em 2012. “Quando escutei, pensei no maníaco do parque. E não gosto da palavra depressiva também, porque eu sou uma pessoa para cima”, diz ela que, apesar do susto inicial entendeu que a condição é carregada de preconceito. “É muito tranquilo falar sobre depressão, mas bipolaridade, mesmo em 2023, ainda é vista de uma maneira estranha. É uma pessoa que muda de opinião toda hora? Tem dupla personalidade, duas caras? Bipolar é muito usado como sinônimo de louco”, comenta.

'A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Motivada a desmistificar a doença, Bia decidiu escrever um livro contando a própria vivência. “Ele serviu para eu colocar todas minhas vulnerabilidades na mesa. Antes, tinha medo de não me contratarem por conta da doença. Pensava: ‘Será que a mãe do coleguinha do meu filho vai deixar ele brincar aqui na minha casa?’”, admite. “E hoje eu sei que, quando estou tratada, eu não sou louca. Sou uma mulher casada, tenho um filho do qual eu cuido, trabalho, tenho amigos e família. Eu tenho uma vida normal.”

Maternidade e bipolaridade

A estabilidade veio no início de 2020, graças ao novo médico e à rotina regrada que estabeleceu para si mesma: medicação, terapia, exercício diário, sono de oito horas e diminuição de bebidas cafeinadas e alcoólicas.

Mas antes disso ela teve de passar por um dos maiores desafios que já teve: enfrentar a gravidez, enquanto lidava com a doença. “Eu acho que a parte mais difícil de ser bipolar foi ser mãe bipolar”, conta.

Além do medo de uma possível crise, Bia teve de parar com os ansiolíticos e outros remédios controlados que poderiam fazer mal para o bebê. No lugar, entraram a homeopatia e os remédios fitoterápicos. Mas Bia não deixava de acreditar em si mesma, falando: “Você vai ser a mãe que puder ser”. “Eu usei cada fio de energia que tive para cuidar do meu filho. Sempre lutei para dar o pouco que eu tinha para ele e hoje ele é maravilhoso”, garante.

Olhando para dentro de si, descobrindo sua força e enfrentando a doença, Bia foi capaz de realizar seu maior sonho. “Antes dos 12 anos eu já sonhava em escrever um livro. Quando o vi na prateleira, me veio uma vontade de comprar um livro para dar para uma pessoa que nunca deixou de acreditar em mim: a menina com menos de 12.”

‘A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades. Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar”, escreve Bia Garbato em seu livro ’Bipolar Sim, Louca Só Quando Eu Quero’, da Editora Matrix.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, ela conta que nunca soube exatamente o que era ser normal. “Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” Desde os 16 anos, Bia frequenta salas de terapeutas. Já visitou mais de dez psiquiatras, mas só recebeu o diagnóstico que mudou sua vida aos 31 anos. “O diagnóstico foi um enorme alívio. Entendi que eu tinha uma doença que tinha tratamento e não era doida”, conta.

Tudo começou com um episódio de depressão e síndrome do pânico ainda na adolescência. Bia contou para os pais sobre estar deprimida e logo entrou na terapia para ser tratada. “Eu tinha uma sensação que ninguém sabia o que era aquilo, ninguém me entendia, mas meu pai não queria uma filha indo ao psiquiatra, apesar dos psicólogos recomendarem”, conta.

Assim, Bia foi tendo episódios de depressão ao longo da vida, que eram contrastantes para qualquer um que a conhecesse. “Minha personalidade era alegre, sempre fui conhecida como uma pessoa extrovertida, engraçada”, diz.

O tal contraste, entre uma tristeza profunda e uma euforia intensa, é exatamente o que representa o transtorno bipolar, doença com que Bia foi diagnosticada aos 31 anos. “Aos 26 anos, eu fui diagnosticada com depressão e fiquei mais cinco anos para ser entendida como bipolar, porque é fácil procurar ajuda quando está sofrendo. O difícil é também perceber a necessidade dessa ajuda nos momentos de mania”, lembra.

Mania é o nome para o estado de euforia da bipolaridade que é caracterizado por diminuição do sono, autoestima inflada, gastos excessivos e excessos de fala. “A mania é a maior felicidade que uma pessoa pode ter. Você se acha capaz de qualquer coisa. Eu, por exemplo, tinha certeza de que poderia atravessar qualquer rua de olho fechado que nenhum um carro me pegaria.”

Preconceito com o transtorno bipolar

Antigamente, o transtorno bipolar era chamado de transtorno maníaco-depressivo. Exatamente o nome que Bia e seus pais ouviram em 2012. “Quando escutei, pensei no maníaco do parque. E não gosto da palavra depressiva também, porque eu sou uma pessoa para cima”, diz ela que, apesar do susto inicial entendeu que a condição é carregada de preconceito. “É muito tranquilo falar sobre depressão, mas bipolaridade, mesmo em 2023, ainda é vista de uma maneira estranha. É uma pessoa que muda de opinião toda hora? Tem dupla personalidade, duas caras? Bipolar é muito usado como sinônimo de louco”, comenta.

'A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Motivada a desmistificar a doença, Bia decidiu escrever um livro contando a própria vivência. “Ele serviu para eu colocar todas minhas vulnerabilidades na mesa. Antes, tinha medo de não me contratarem por conta da doença. Pensava: ‘Será que a mãe do coleguinha do meu filho vai deixar ele brincar aqui na minha casa?’”, admite. “E hoje eu sei que, quando estou tratada, eu não sou louca. Sou uma mulher casada, tenho um filho do qual eu cuido, trabalho, tenho amigos e família. Eu tenho uma vida normal.”

Maternidade e bipolaridade

A estabilidade veio no início de 2020, graças ao novo médico e à rotina regrada que estabeleceu para si mesma: medicação, terapia, exercício diário, sono de oito horas e diminuição de bebidas cafeinadas e alcoólicas.

Mas antes disso ela teve de passar por um dos maiores desafios que já teve: enfrentar a gravidez, enquanto lidava com a doença. “Eu acho que a parte mais difícil de ser bipolar foi ser mãe bipolar”, conta.

Além do medo de uma possível crise, Bia teve de parar com os ansiolíticos e outros remédios controlados que poderiam fazer mal para o bebê. No lugar, entraram a homeopatia e os remédios fitoterápicos. Mas Bia não deixava de acreditar em si mesma, falando: “Você vai ser a mãe que puder ser”. “Eu usei cada fio de energia que tive para cuidar do meu filho. Sempre lutei para dar o pouco que eu tinha para ele e hoje ele é maravilhoso”, garante.

Olhando para dentro de si, descobrindo sua força e enfrentando a doença, Bia foi capaz de realizar seu maior sonho. “Antes dos 12 anos eu já sonhava em escrever um livro. Quando o vi na prateleira, me veio uma vontade de comprar um livro para dar para uma pessoa que nunca deixou de acreditar em mim: a menina com menos de 12.”

‘A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades. Posso ser o que eu quiser, apesar de ser bipolar”, escreve Bia Garbato em seu livro ’Bipolar Sim, Louca Só Quando Eu Quero’, da Editora Matrix.

Em entrevista por vídeo ao Estadão, ela conta que nunca soube exatamente o que era ser normal. “Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro.” Desde os 16 anos, Bia frequenta salas de terapeutas. Já visitou mais de dez psiquiatras, mas só recebeu o diagnóstico que mudou sua vida aos 31 anos. “O diagnóstico foi um enorme alívio. Entendi que eu tinha uma doença que tinha tratamento e não era doida”, conta.

Tudo começou com um episódio de depressão e síndrome do pânico ainda na adolescência. Bia contou para os pais sobre estar deprimida e logo entrou na terapia para ser tratada. “Eu tinha uma sensação que ninguém sabia o que era aquilo, ninguém me entendia, mas meu pai não queria uma filha indo ao psiquiatra, apesar dos psicólogos recomendarem”, conta.

Assim, Bia foi tendo episódios de depressão ao longo da vida, que eram contrastantes para qualquer um que a conhecesse. “Minha personalidade era alegre, sempre fui conhecida como uma pessoa extrovertida, engraçada”, diz.

O tal contraste, entre uma tristeza profunda e uma euforia intensa, é exatamente o que representa o transtorno bipolar, doença com que Bia foi diagnosticada aos 31 anos. “Aos 26 anos, eu fui diagnosticada com depressão e fiquei mais cinco anos para ser entendida como bipolar, porque é fácil procurar ajuda quando está sofrendo. O difícil é também perceber a necessidade dessa ajuda nos momentos de mania”, lembra.

Mania é o nome para o estado de euforia da bipolaridade que é caracterizado por diminuição do sono, autoestima inflada, gastos excessivos e excessos de fala. “A mania é a maior felicidade que uma pessoa pode ter. Você se acha capaz de qualquer coisa. Eu, por exemplo, tinha certeza de que poderia atravessar qualquer rua de olho fechado que nenhum um carro me pegaria.”

Preconceito com o transtorno bipolar

Antigamente, o transtorno bipolar era chamado de transtorno maníaco-depressivo. Exatamente o nome que Bia e seus pais ouviram em 2012. “Quando escutei, pensei no maníaco do parque. E não gosto da palavra depressiva também, porque eu sou uma pessoa para cima”, diz ela que, apesar do susto inicial entendeu que a condição é carregada de preconceito. “É muito tranquilo falar sobre depressão, mas bipolaridade, mesmo em 2023, ainda é vista de uma maneira estranha. É uma pessoa que muda de opinião toda hora? Tem dupla personalidade, duas caras? Bipolar é muito usado como sinônimo de louco”, comenta.

'A doença não me define. Sou bipolar, mas também sou mãe de um moleque genial de 10 anos; uma esposa às vezes chata, mas parceira; uma escritora que aprendeu a expor suas vulnerabilidades' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Motivada a desmistificar a doença, Bia decidiu escrever um livro contando a própria vivência. “Ele serviu para eu colocar todas minhas vulnerabilidades na mesa. Antes, tinha medo de não me contratarem por conta da doença. Pensava: ‘Será que a mãe do coleguinha do meu filho vai deixar ele brincar aqui na minha casa?’”, admite. “E hoje eu sei que, quando estou tratada, eu não sou louca. Sou uma mulher casada, tenho um filho do qual eu cuido, trabalho, tenho amigos e família. Eu tenho uma vida normal.”

Maternidade e bipolaridade

A estabilidade veio no início de 2020, graças ao novo médico e à rotina regrada que estabeleceu para si mesma: medicação, terapia, exercício diário, sono de oito horas e diminuição de bebidas cafeinadas e alcoólicas.

Mas antes disso ela teve de passar por um dos maiores desafios que já teve: enfrentar a gravidez, enquanto lidava com a doença. “Eu acho que a parte mais difícil de ser bipolar foi ser mãe bipolar”, conta.

Além do medo de uma possível crise, Bia teve de parar com os ansiolíticos e outros remédios controlados que poderiam fazer mal para o bebê. No lugar, entraram a homeopatia e os remédios fitoterápicos. Mas Bia não deixava de acreditar em si mesma, falando: “Você vai ser a mãe que puder ser”. “Eu usei cada fio de energia que tive para cuidar do meu filho. Sempre lutei para dar o pouco que eu tinha para ele e hoje ele é maravilhoso”, garante.

Olhando para dentro de si, descobrindo sua força e enfrentando a doença, Bia foi capaz de realizar seu maior sonho. “Antes dos 12 anos eu já sonhava em escrever um livro. Quando o vi na prateleira, me veio uma vontade de comprar um livro para dar para uma pessoa que nunca deixou de acreditar em mim: a menina com menos de 12.”

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