A cantora Preta Gil atualizou os fãs sobre o seu tratamento contra o câncer de intestino e informou que começou uma nova fase: a radioterapia. O processo envolve a aplicação de raios ionizantes direcionados ao tumor, na intenção de que ele diminua de tamanho ou suma do organismo.
No início, a filha de Gilberto Gil passou pela quimioterapia, que tem a mesma função de retardar o crescimento do tumor. Entretanto, os médicos decidiram ser o momento de mudar a abordagem contra as células cancerígenas.
“Agora a gente entra numa nova fase do meu tratamento. Os meus médicos resolveram que não vou mais fazer quimioterapia, vou partir direto para a radioterapia e a gente começa daqui a uma semana. Então, essa semana de agora será de exames preparatórios”, disse ela, no Instagram.
Qual a diferença entre radioterapia e quimioterapia?
A principal diferença entre os dois tratamentos é a forma de atacar o câncer. Por definição, o câncer é uma formação desorganizada de células, ou seja, que crescem de qualquer jeito e sem necessidade em algum local.
Na quimioterapia, é usado um medicamento (ou vários deles) que são ingeridos de forma oral ou aplicados na veia do paciente, indo para diversas partes do corpo. Este procedimento é indicado, por exemplo, para situações de metástase, quando o “ataque” ao câncer precisa cobrir diversos pontos.
Já a radioterapia é a concentração dos raios ionizantes no local afetado.
“São bem diferentes, mas são ambos tratamentos para tratar a doença neoplásica, ou câncer. Uma age sistemicamente, no corpo todo, enquanto a radioterapia trata aquele local específico de forma mais direta”, afirma a especialista Anaelisa Kruschewsky, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
O fato de a cantora ter mudado entre os dois procedimentos, portanto, não significa dizer se houve alguma melhora ou piora no caso dela, conforme explica o diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Cláudio Saddy. “Isso é uma estratégia, de fazer a quimioterapia primeiro e depois a radioterapia, para aumentar a sensibilização aos raios e assim melhorar a efetividade. Mas não significa que ‘piorou’”, resume, ressaltando que cada caso deve ser discutido particularmente com o médico.
Câncer de intestino
Em casos de câncer de intestino na porção colorretal, ou seja, no “final” do órgão, mais perto do ânus, os especialistas concordam que a radioterapia costuma ser mais usada. “Falando hoje, em 2023, a radioterapia evoluiu tanto que os raios são mais modulados, ou seja, danificam menos os tecidos sadios e ficam mais focados na região”, acrescenta a oncologista da SBOC.
Além disso, tanto o tratamento com raios quanto a quimioterapia podem ser usados antes de tentar fazer uma cirurgia para a retirada das células cancerígenas. “O objetivo principal dos dois tratamentos é reduzir o tumor, sendo que algumas vezes podem fazer diminuir de uma forma tão surpreendente que praticamente some”, afirma Marcos Belotto, coordenador da equipe gastro oncológica do Hospital Nove de Julho.
Por outro lado, há momentos em que é feita a cirurgia e uma pequena formação de células acaba “sobrando” ou volta a reincidir. Nesses casos, costuma se fazer radioterapia para atacar diretamente esses tumores. De toda forma, o tratamento dependerá da avaliação de cada médico para cada caso específico.
Efeitos colaterais
Na mesma sequência de stories no Instagram, Preta aparece tomando sol e conta que, por causa da quimioterapia, esteve impedida de fazer essa atividade. “Depois de quatro meses, fui liberada para tomar sol, já que não estou fazendo quimioterapia há mais de um mês!”, comemorou.
Uma das substâncias mais usadas na quimioterapia para o tratamento de câncer no intestino costuma provocar, entre outros efeitos colaterais, uma sensibilidade maior da pele ao sol. Segundo Anaelisa, esse tipo de remédio costuma “procurar” celas com rápida replicação, como é o caso do tumor, mas também de células como a mucosa da boca ou intestinal.
“É o mesmo com as células do sangue: pode ocorrer uma baixa na taxa de hemácias, causando anemia; queda de leucócitos, diminuindo a imunidade; se atingir as plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue, terá uma tendência maior de ter sangramento; entre outros”, enumera.
Já a radioterapia, por ser localizada, tende a diminuir esse efeito – a área do câncer também pode ficar mais sensível e com pequenas queimaduras, mas em casos como o câncer colorretal, essa área não costuma ser exposta ao sol. Assim, o paciente pode ficar mais tranquilo em receber a luz solar em outras áreas distantes do tumor, por exemplo, sempre com os cuidados necessários, a exemplo do uso de protetor.
Qual é a melhor opção de tratamento?
O consenso entre os médicos consultados é de que não há como definir o tratamento mais eficaz de modo geral. Todo procedimento médico deve ser debatido com um profissional experiente, levando em conta a complexidade do caso mais do que a vontade do paciente. Na dúvida, recomendamos que procure seu médico.
Preta Gil, prestes a mudar a abordagem, ressaltou que está “muito confiante, cheia de fé, com muita força para lutar e vencer essa batalha”. “Conto com vocês nas orações, na torcida, emanando energia positiva. Isso faz muita diferença nesse processo de cura que estou vivendo.”
Intercorrência
Antes do anúncio da nova fase do tratamento, a cantora contou em 16 de abril ter sido internada devido a uma intercorrência. Uma das possibilidades para o quadro de choque séptico que a levou ao hospital seria uma infecção por meio do cateter usado para a quimioterapia. “Foram momentos bem difíceis. Passei por momentos bem delicados. [...] Ainda estou em reabilitação. Tive algumas sequelas por conta disso, uma delas é no pulmão”, relatou.