Primeiro app gratuito de alfabetização para crianças surdas chega ao Brasil


Aplicativo StorySign usa inteligência artificial e realidade aumentada para ensinar Libras e Língua Portuguesa

Por Huawei Brasil
Atualização:

Clique no vídeo a seguir para acompanhar esta reportagem em língua brasileira de sinais (Libras)

A empresa de tecnologia Huawei lança dia 10 de novembro, a versão em português do aplicativo StorySign, primeira plataforma focada em ajudar crianças surdas em suas experiências de leitura e alfabetização. Gratuito, o app foi criado em 2018 na Europa com auxílio de tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, e é o primeiro do gênero a ser lançado no Brasil.

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O webinar de lançamento acontece terça (10/11), às 10h30, no canal da Huawei Brasil no YouTube, e conta com os convidados Andréa Beatriz Messias Belém, coordenadora geral da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação do Ministério da Educação, Antonio Campos, presidente da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), Atilio Rulli, diretor de Relações Públicas e Relações Governamentais da Huawei Brasil, e Filipe Trigueiro Xavier Correia, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Aplicativo StorySign Foto: Divulgação: Huawei

Inclusão social e digital

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Dados da Federação Mundial de Surdos apontam que cerca de 72 milhões de pessoas vivem com algum grau de surdez. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registou no último Censo quase 10 milhões de pessoas nessas condições, sendo 2,1 milhões com perda severa ou total da audição.

Uma vez instalado, o aplicativo StorySign utiliza o celular para auxiliar a criança durante a leitura, tanto em Língua Brasileira de Sinais (Libras) quanto em Língua Portuguesa (saiba mais no destaque abaixo). Inicialmente, duas obras infantis nacionais foram disponibilizadas: Gildo, de Silvana Rando, e A Festa Encrencada, de Sônia Junqueira.

De acordo com Atílio Rulli, diretor sênior de relações governamentais da Huawei Brasil, a iniciativa faz parte da missão da empresa de oferecer inclusão social e digital e já abrange outros 14 países, com mais de 70 obras em diferentes línguas de sinais. “É um projeto apaixonante, criado em parceria com a comunidade surda e com a comunidade educacional para ajudar essas crianças que têm uma dificuldade muito grande no seu processo de alfabetização”, destaca.

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O diretor explica ainda que a ação faz parte de uma iniciativa mais ampla da empresa, chamada Tech4All, que consiste em um plano de inclusão digital pautado em quatro grandes áreas: educação, meio ambiente, saúde e desenvolvimento. O objetivo é fazer com que mais de 500 milhões de pessoas sejam beneficiadas com tecnologias de comunicação e acessibilidade nos 170 países onde a marca está presente.

No Brasil, a Huawei viabilizará também a doação de exemplares desses livros para entidades selecionadas pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). “O que é mais utilizado hoje em dia são esses recursos e os aparatos tecnológicos, e a gente não tinha isso anteriormente, mas com o avanço da tecnologia, só pode vir a melhorar. O app pode vir como uma ajuda”, aponta Antônio Campos, professor e diretor-presidente da Feneis.

A tecnologia por trás do app

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Para criar o StorySign, a Huawei contou com uma tecnologia de inteligência artificial bastante utilizada no cinema, mas pouco conhecida no setor educacional. Por meio de um sistema de sensores acoplados ao corpo, um tradutor de Libras interage com as câmeras e, aos poucos, vai dando vida ao aplicativo e a personagem virtual, que ganhou o nome de Star.

Quando foi convidado para atuar nas gravações da versão brasileira do programa, o intérprete e tradutor Edílson Andrade, que também foi o intérprete em Libras desta reportagem em vídeo, se surpreendeu com a amplitude da ação. Embora tenha experiência de mais de 15 anos na área, ele diz que nunca havia interagido com uma tecnologia tão avançada. “A Libras tem uma gramática própria e, em geral, a comunidade surda não gosta de intérpretes avatares, pois atuam como uma tradução mecânica na qual os erros são comuns. Mas com o aplicativo da Huawei conseguimos fazer com que o avatar representasse um intérprete de verdade, com gestos e expressões faciais”, explica.

As gravações foram realizadas em um estúdio em Londres, na Inglaterra, onde Andrade foi acompanhado pelo revisor de Libras Erik Honorato e por uma equipe de filmagem especializada nesse tipo de trabalho. “Isso dá igualdade às crianças surdas, com possibilidade de acesso ao mesmo conteúdo que as crianças ouvintes têm. Essa equidade no acesso é o principal objetivo de ações como essa”, diz o tradutor.

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Como funciona o StorySign da Huawei

1. O aplicativo StorySign é gratuito e funciona em smartphones e tablets, com suporte a iOS e Android. Está disponível na Huawei AppGallery, App Store ou Google Play Store.

2. O app funciona como um intérprete de Libras para os livros impressos. Após baixar o aplicativo, a criança abre uma das obras habilitadas, aponta a câmera do smartphone para a página e inicia a leitura.

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3. Enquanto a criança folheia o livro impresso, um avatar chamado Star aparece na tela do celular para apresentar, em Libras, cada palavra escrita no papel. Além de gesticular, a personagem também faz expressões faciais, fator primordial para a comunicação de surdos.

4. Em cada narrativa, o StorySign ajuda as crianças e os adultos a compartilhar momentos de leitura enquanto aprendem a se expressar de forma bilíngue.

Educação bilíngue de crianças surdas ainda é desafio no País

Um dos principais diferenciais do aplicativo StorySign da Huawei é a possibilidade de aprendizado bilíngue, bandeira defendida pela Feneis e outras entidades representativas. De acordo com o professor Antônio Campos, a produção de materiais com esse foco é raridade no País. “A gente não tem materiais em todas as modalidades da educação, desde a infantil até o ensino médio, que consiga contemplar as questões específicas do uso da língua de sinais para o ensino de conteúdos escolares. É necessário que a gente produza mais materiais no Brasil, pensando nessas crianças que ainda entrarão no processo de escolarização”, defende.

Quando têm acesso à modalidade de ensino bilíngue, os alunos surdos são instruídos a partir da língua de sinais, e um segundo idioma é utilizado para a comunicação escrita. O representante da Feneis explica, porém, que muitas crianças são afetadas por uma imposição educacional que incentiva o desenvolvimento da oralidade antes da língua de sinais. “Não temos uma hegemonia das pessoas surdas, elas não são todas iguais. Algumas podem desenvolver a oralidade, outras não. Essas crianças não precisam ser obrigadas a falar, mas a partir do momento em que essa obrigatoriedade terapêutica se sobrepõe, elas acabam sem nenhum tipo de embasamento linguístico para aprender outro idioma”, completa.

Para crianças e adultos

O tradutor Edílson Andrade explica que, embora não exista uma estimativa precisa, acredita-se que mais de 90% das crianças surdas venham de lares onde se ouve e fala português. Desse modo, muitas apenas aprendem a língua de sinais quando são matriculadas em escolas bilíngues ou inclusivas com professores de Libras. “Já é comprovado cientificamente que o período de aquisição de linguagem é entre 0 e 5 anos de idade. Se a criança perde esse tempo, ela pode ter muitos atrasos e comprometimentos lá na frente. E esse é um dos maiores problemas das crianças na comunidade surda”, diz.

Andrade destaca ainda a possibilidade do aplicativo de introduzir crianças e adultos ouvintes no universo da Libras. “O app não foi criado para ensinar Libras, mas ele contribui para mostrar como os sinais são usados dentro de um determinado contexto. E as crianças não vão precisar estar na escola para ter acesso às histórias contadas em línguas de sinais. Elas poderão fazer isso com os pais, em casa. Vai ser um momento de aproximar as famílias, de dar autonomia à criança surda.”

O que é Libras

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua de modalidade gestual-visual, por meio da qual é possível se comunicar através de gestos, expressões faciais e corporais. Ela foi oficializada no Brasil em 2002. Segundo a ONU, existem mais de 300 variantes de línguas de sinais no mundo. 

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A empresa de tecnologia Huawei lança dia 10 de novembro, a versão em português do aplicativo StorySign, primeira plataforma focada em ajudar crianças surdas em suas experiências de leitura e alfabetização. Gratuito, o app foi criado em 2018 na Europa com auxílio de tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, e é o primeiro do gênero a ser lançado no Brasil.

O webinar de lançamento acontece terça (10/11), às 10h30, no canal da Huawei Brasil no YouTube, e conta com os convidados Andréa Beatriz Messias Belém, coordenadora geral da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação do Ministério da Educação, Antonio Campos, presidente da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), Atilio Rulli, diretor de Relações Públicas e Relações Governamentais da Huawei Brasil, e Filipe Trigueiro Xavier Correia, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Aplicativo StorySign Foto: Divulgação: Huawei

Inclusão social e digital

Dados da Federação Mundial de Surdos apontam que cerca de 72 milhões de pessoas vivem com algum grau de surdez. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registou no último Censo quase 10 milhões de pessoas nessas condições, sendo 2,1 milhões com perda severa ou total da audição.

Uma vez instalado, o aplicativo StorySign utiliza o celular para auxiliar a criança durante a leitura, tanto em Língua Brasileira de Sinais (Libras) quanto em Língua Portuguesa (saiba mais no destaque abaixo). Inicialmente, duas obras infantis nacionais foram disponibilizadas: Gildo, de Silvana Rando, e A Festa Encrencada, de Sônia Junqueira.

De acordo com Atílio Rulli, diretor sênior de relações governamentais da Huawei Brasil, a iniciativa faz parte da missão da empresa de oferecer inclusão social e digital e já abrange outros 14 países, com mais de 70 obras em diferentes línguas de sinais. “É um projeto apaixonante, criado em parceria com a comunidade surda e com a comunidade educacional para ajudar essas crianças que têm uma dificuldade muito grande no seu processo de alfabetização”, destaca.

O diretor explica ainda que a ação faz parte de uma iniciativa mais ampla da empresa, chamada Tech4All, que consiste em um plano de inclusão digital pautado em quatro grandes áreas: educação, meio ambiente, saúde e desenvolvimento. O objetivo é fazer com que mais de 500 milhões de pessoas sejam beneficiadas com tecnologias de comunicação e acessibilidade nos 170 países onde a marca está presente.

No Brasil, a Huawei viabilizará também a doação de exemplares desses livros para entidades selecionadas pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). “O que é mais utilizado hoje em dia são esses recursos e os aparatos tecnológicos, e a gente não tinha isso anteriormente, mas com o avanço da tecnologia, só pode vir a melhorar. O app pode vir como uma ajuda”, aponta Antônio Campos, professor e diretor-presidente da Feneis.

A tecnologia por trás do app

Para criar o StorySign, a Huawei contou com uma tecnologia de inteligência artificial bastante utilizada no cinema, mas pouco conhecida no setor educacional. Por meio de um sistema de sensores acoplados ao corpo, um tradutor de Libras interage com as câmeras e, aos poucos, vai dando vida ao aplicativo e a personagem virtual, que ganhou o nome de Star.

Quando foi convidado para atuar nas gravações da versão brasileira do programa, o intérprete e tradutor Edílson Andrade, que também foi o intérprete em Libras desta reportagem em vídeo, se surpreendeu com a amplitude da ação. Embora tenha experiência de mais de 15 anos na área, ele diz que nunca havia interagido com uma tecnologia tão avançada. “A Libras tem uma gramática própria e, em geral, a comunidade surda não gosta de intérpretes avatares, pois atuam como uma tradução mecânica na qual os erros são comuns. Mas com o aplicativo da Huawei conseguimos fazer com que o avatar representasse um intérprete de verdade, com gestos e expressões faciais”, explica.

As gravações foram realizadas em um estúdio em Londres, na Inglaterra, onde Andrade foi acompanhado pelo revisor de Libras Erik Honorato e por uma equipe de filmagem especializada nesse tipo de trabalho. “Isso dá igualdade às crianças surdas, com possibilidade de acesso ao mesmo conteúdo que as crianças ouvintes têm. Essa equidade no acesso é o principal objetivo de ações como essa”, diz o tradutor.

Como funciona o StorySign da Huawei

1. O aplicativo StorySign é gratuito e funciona em smartphones e tablets, com suporte a iOS e Android. Está disponível na Huawei AppGallery, App Store ou Google Play Store.

2. O app funciona como um intérprete de Libras para os livros impressos. Após baixar o aplicativo, a criança abre uma das obras habilitadas, aponta a câmera do smartphone para a página e inicia a leitura.

3. Enquanto a criança folheia o livro impresso, um avatar chamado Star aparece na tela do celular para apresentar, em Libras, cada palavra escrita no papel. Além de gesticular, a personagem também faz expressões faciais, fator primordial para a comunicação de surdos.

4. Em cada narrativa, o StorySign ajuda as crianças e os adultos a compartilhar momentos de leitura enquanto aprendem a se expressar de forma bilíngue.

Educação bilíngue de crianças surdas ainda é desafio no País

Um dos principais diferenciais do aplicativo StorySign da Huawei é a possibilidade de aprendizado bilíngue, bandeira defendida pela Feneis e outras entidades representativas. De acordo com o professor Antônio Campos, a produção de materiais com esse foco é raridade no País. “A gente não tem materiais em todas as modalidades da educação, desde a infantil até o ensino médio, que consiga contemplar as questões específicas do uso da língua de sinais para o ensino de conteúdos escolares. É necessário que a gente produza mais materiais no Brasil, pensando nessas crianças que ainda entrarão no processo de escolarização”, defende.

Quando têm acesso à modalidade de ensino bilíngue, os alunos surdos são instruídos a partir da língua de sinais, e um segundo idioma é utilizado para a comunicação escrita. O representante da Feneis explica, porém, que muitas crianças são afetadas por uma imposição educacional que incentiva o desenvolvimento da oralidade antes da língua de sinais. “Não temos uma hegemonia das pessoas surdas, elas não são todas iguais. Algumas podem desenvolver a oralidade, outras não. Essas crianças não precisam ser obrigadas a falar, mas a partir do momento em que essa obrigatoriedade terapêutica se sobrepõe, elas acabam sem nenhum tipo de embasamento linguístico para aprender outro idioma”, completa.

Para crianças e adultos

O tradutor Edílson Andrade explica que, embora não exista uma estimativa precisa, acredita-se que mais de 90% das crianças surdas venham de lares onde se ouve e fala português. Desse modo, muitas apenas aprendem a língua de sinais quando são matriculadas em escolas bilíngues ou inclusivas com professores de Libras. “Já é comprovado cientificamente que o período de aquisição de linguagem é entre 0 e 5 anos de idade. Se a criança perde esse tempo, ela pode ter muitos atrasos e comprometimentos lá na frente. E esse é um dos maiores problemas das crianças na comunidade surda”, diz.

Andrade destaca ainda a possibilidade do aplicativo de introduzir crianças e adultos ouvintes no universo da Libras. “O app não foi criado para ensinar Libras, mas ele contribui para mostrar como os sinais são usados dentro de um determinado contexto. E as crianças não vão precisar estar na escola para ter acesso às histórias contadas em línguas de sinais. Elas poderão fazer isso com os pais, em casa. Vai ser um momento de aproximar as famílias, de dar autonomia à criança surda.”

O que é Libras

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua de modalidade gestual-visual, por meio da qual é possível se comunicar através de gestos, expressões faciais e corporais. Ela foi oficializada no Brasil em 2002. Segundo a ONU, existem mais de 300 variantes de línguas de sinais no mundo. 

Clique no vídeo a seguir para acompanhar esta reportagem em língua brasileira de sinais (Libras)

A empresa de tecnologia Huawei lança dia 10 de novembro, a versão em português do aplicativo StorySign, primeira plataforma focada em ajudar crianças surdas em suas experiências de leitura e alfabetização. Gratuito, o app foi criado em 2018 na Europa com auxílio de tecnologias de inteligência artificial e realidade aumentada, e é o primeiro do gênero a ser lançado no Brasil.

O webinar de lançamento acontece terça (10/11), às 10h30, no canal da Huawei Brasil no YouTube, e conta com os convidados Andréa Beatriz Messias Belém, coordenadora geral da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação do Ministério da Educação, Antonio Campos, presidente da Feneis (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos), Atilio Rulli, diretor de Relações Públicas e Relações Governamentais da Huawei Brasil, e Filipe Trigueiro Xavier Correia, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Aplicativo StorySign Foto: Divulgação: Huawei

Inclusão social e digital

Dados da Federação Mundial de Surdos apontam que cerca de 72 milhões de pessoas vivem com algum grau de surdez. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registou no último Censo quase 10 milhões de pessoas nessas condições, sendo 2,1 milhões com perda severa ou total da audição.

Uma vez instalado, o aplicativo StorySign utiliza o celular para auxiliar a criança durante a leitura, tanto em Língua Brasileira de Sinais (Libras) quanto em Língua Portuguesa (saiba mais no destaque abaixo). Inicialmente, duas obras infantis nacionais foram disponibilizadas: Gildo, de Silvana Rando, e A Festa Encrencada, de Sônia Junqueira.

De acordo com Atílio Rulli, diretor sênior de relações governamentais da Huawei Brasil, a iniciativa faz parte da missão da empresa de oferecer inclusão social e digital e já abrange outros 14 países, com mais de 70 obras em diferentes línguas de sinais. “É um projeto apaixonante, criado em parceria com a comunidade surda e com a comunidade educacional para ajudar essas crianças que têm uma dificuldade muito grande no seu processo de alfabetização”, destaca.

O diretor explica ainda que a ação faz parte de uma iniciativa mais ampla da empresa, chamada Tech4All, que consiste em um plano de inclusão digital pautado em quatro grandes áreas: educação, meio ambiente, saúde e desenvolvimento. O objetivo é fazer com que mais de 500 milhões de pessoas sejam beneficiadas com tecnologias de comunicação e acessibilidade nos 170 países onde a marca está presente.

No Brasil, a Huawei viabilizará também a doação de exemplares desses livros para entidades selecionadas pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). “O que é mais utilizado hoje em dia são esses recursos e os aparatos tecnológicos, e a gente não tinha isso anteriormente, mas com o avanço da tecnologia, só pode vir a melhorar. O app pode vir como uma ajuda”, aponta Antônio Campos, professor e diretor-presidente da Feneis.

A tecnologia por trás do app

Para criar o StorySign, a Huawei contou com uma tecnologia de inteligência artificial bastante utilizada no cinema, mas pouco conhecida no setor educacional. Por meio de um sistema de sensores acoplados ao corpo, um tradutor de Libras interage com as câmeras e, aos poucos, vai dando vida ao aplicativo e a personagem virtual, que ganhou o nome de Star.

Quando foi convidado para atuar nas gravações da versão brasileira do programa, o intérprete e tradutor Edílson Andrade, que também foi o intérprete em Libras desta reportagem em vídeo, se surpreendeu com a amplitude da ação. Embora tenha experiência de mais de 15 anos na área, ele diz que nunca havia interagido com uma tecnologia tão avançada. “A Libras tem uma gramática própria e, em geral, a comunidade surda não gosta de intérpretes avatares, pois atuam como uma tradução mecânica na qual os erros são comuns. Mas com o aplicativo da Huawei conseguimos fazer com que o avatar representasse um intérprete de verdade, com gestos e expressões faciais”, explica.

As gravações foram realizadas em um estúdio em Londres, na Inglaterra, onde Andrade foi acompanhado pelo revisor de Libras Erik Honorato e por uma equipe de filmagem especializada nesse tipo de trabalho. “Isso dá igualdade às crianças surdas, com possibilidade de acesso ao mesmo conteúdo que as crianças ouvintes têm. Essa equidade no acesso é o principal objetivo de ações como essa”, diz o tradutor.

Como funciona o StorySign da Huawei

1. O aplicativo StorySign é gratuito e funciona em smartphones e tablets, com suporte a iOS e Android. Está disponível na Huawei AppGallery, App Store ou Google Play Store.

2. O app funciona como um intérprete de Libras para os livros impressos. Após baixar o aplicativo, a criança abre uma das obras habilitadas, aponta a câmera do smartphone para a página e inicia a leitura.

3. Enquanto a criança folheia o livro impresso, um avatar chamado Star aparece na tela do celular para apresentar, em Libras, cada palavra escrita no papel. Além de gesticular, a personagem também faz expressões faciais, fator primordial para a comunicação de surdos.

4. Em cada narrativa, o StorySign ajuda as crianças e os adultos a compartilhar momentos de leitura enquanto aprendem a se expressar de forma bilíngue.

Educação bilíngue de crianças surdas ainda é desafio no País

Um dos principais diferenciais do aplicativo StorySign da Huawei é a possibilidade de aprendizado bilíngue, bandeira defendida pela Feneis e outras entidades representativas. De acordo com o professor Antônio Campos, a produção de materiais com esse foco é raridade no País. “A gente não tem materiais em todas as modalidades da educação, desde a infantil até o ensino médio, que consiga contemplar as questões específicas do uso da língua de sinais para o ensino de conteúdos escolares. É necessário que a gente produza mais materiais no Brasil, pensando nessas crianças que ainda entrarão no processo de escolarização”, defende.

Quando têm acesso à modalidade de ensino bilíngue, os alunos surdos são instruídos a partir da língua de sinais, e um segundo idioma é utilizado para a comunicação escrita. O representante da Feneis explica, porém, que muitas crianças são afetadas por uma imposição educacional que incentiva o desenvolvimento da oralidade antes da língua de sinais. “Não temos uma hegemonia das pessoas surdas, elas não são todas iguais. Algumas podem desenvolver a oralidade, outras não. Essas crianças não precisam ser obrigadas a falar, mas a partir do momento em que essa obrigatoriedade terapêutica se sobrepõe, elas acabam sem nenhum tipo de embasamento linguístico para aprender outro idioma”, completa.

Para crianças e adultos

O tradutor Edílson Andrade explica que, embora não exista uma estimativa precisa, acredita-se que mais de 90% das crianças surdas venham de lares onde se ouve e fala português. Desse modo, muitas apenas aprendem a língua de sinais quando são matriculadas em escolas bilíngues ou inclusivas com professores de Libras. “Já é comprovado cientificamente que o período de aquisição de linguagem é entre 0 e 5 anos de idade. Se a criança perde esse tempo, ela pode ter muitos atrasos e comprometimentos lá na frente. E esse é um dos maiores problemas das crianças na comunidade surda”, diz.

Andrade destaca ainda a possibilidade do aplicativo de introduzir crianças e adultos ouvintes no universo da Libras. “O app não foi criado para ensinar Libras, mas ele contribui para mostrar como os sinais são usados dentro de um determinado contexto. E as crianças não vão precisar estar na escola para ter acesso às histórias contadas em línguas de sinais. Elas poderão fazer isso com os pais, em casa. Vai ser um momento de aproximar as famílias, de dar autonomia à criança surda.”

O que é Libras

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua de modalidade gestual-visual, por meio da qual é possível se comunicar através de gestos, expressões faciais e corporais. Ela foi oficializada no Brasil em 2002. Segundo a ONU, existem mais de 300 variantes de línguas de sinais no mundo. 

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