Produtividade e saúde mental: como lidar com as exigências do mercado de trabalho?


Jornadas exaustivas, entregas rápidas, metas difíceis de serem atingidas: especialistas dão dicas para equilibrar a vida pessoal e a profissional

Por Guilherme Santiago
Atualização:

Perder a motivação com atividades que antes despertavam o interesse. Ficar com a sensação de que não se reconhece mais. Sentir dificuldade em controlar algumas emoções. Se você já sentiu algum desses sintomas, é provável que as exigências do mercado de trabalho estejam te sobrecarregando. Essa é uma realidade comum para muitos profissionais, que precisam lidar com jornadas exaustivas, entregas cada vez mais rápidas e metas bastante rigorosas.

Um levantamento conduzido por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com as empresas Talenses e Gympass, mostrou que 43% dos entrevistados estão com sobrecarga de trabalho. “A gente percebe que o quadro com relação à saúde mental está ficando cada vez pior”, conta Paul.

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O estudo revelou que pressão por resultados é o motivo com mais efeito negativo na saúde mental dos trabalhadores, seguido do sentimento de precisar estar disponível o tempo todo. Dessa forma, saber como lidar com as exigências do mercado de trabalho sem abrir mão do bem-estar, que já era uma tarefa complicada antes da pandemia, é indispensável.

O levantamento foi realizado em janeiro deste ano, com 572 brasileiros, sendo que 90% deles estão trabalhando atualmente. Dos participantes, 55% são do sexo masculino, 44% feminino e 1% outros. No recorte de gerações, 49% são Millennials, 34% da geração Y, 10% da geração Z e 7% são Baby Boomers. Em relação ao regime atual de trabalho, 50% estão trabalhando de forma híbrida, 28% estão exclusivamente de forma remota e 22% estão totalmente de forma presencial.

Reconheça os sinais que seu corpo dá

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Reconhecer os alertas do nosso corpo é o primeiro passo. Especialistas alertam que alguns sinais físicos, como diminuição da imunidade, aumento ou diminuição do apetite e dores musculares, podem ser pontos de atenção para a saúde mental. “Qualquer mudança brusca é um sinal para investigar o que pode estar acontecendo”, recomenda Clarissa Freitas, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicologia Positiva Organizacional.

É importante ficar atento às dificuldades de controle emocional, como uma crise de choro. “Não que isso não possa acontecer eventualmente, mas às vezes a pessoa tem uma reação exagerada para uma situação que não cabe aquela reação”, aponta Clarissa. Além disso, a perda de motivação por atividades que antes eram interessantes também pode ser um sinal.

É preciso separar o trabalho e a vida pessoal no home office  Foto: Olena Kamenetska/Unsplash.com
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Às vezes os sinais são mais difíceis de serem percebidos, como no caso do burnout, que começa com uma dedicação intensa na qual o trabalhador vê sentido no que ele está fazendo, mas acaba desencadeando um esgotamento mental. “Por qualquer que seja o motivo desse engajamento, ninguém aguenta dar tudo de si o tempo inteiro. Dessa forma, esse engajamento vai sendo sucedido por uma desistência”, diz Renata Paparelli, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Ações em Saúde do Trabalhador (Nast).

Aprenda a organizar seu tempo

Saber organizar as tarefas pode ser um passo importante para uma produtividade mais saudável. A recomendação dos especialistas é começar o dia definindo suas tarefas, os prazos de entrega, a relevância de cada uma e o tempo necessário para que elas sejam concluídas.

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Existem até técnicas para esse processo, como a Smart. “É uma forma de fazer as tarefas a partir da importância delas”, indica Clarissa. São cinco pontos principais: especifique o que precisa ser feito, mensure o progresso da tarefa, garanta que seja uma tarefa possível de ser realizada, tenha claro a relevância dela e defina prazos.

Além disso, outra recomendação fundamental é saber equilibrar sua rotina entre trabalho e outras atividades, como prática de esportes, meditação e leitura. “A gente percebe baixos níveis de ansiedade e estresse em pessoas que investem um tempo para o trabalho, mas também um tempo para outras atividades relevantes”, diz Clarissa.

Aprenda a separar o pessoal do profissional

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Com a pandemia, vida pessoal e profissional se misturaram. O trabalho remoto – ou home office – tornou a separação entre esses dois universos um desafio. E a tendência é que esse modelo continue. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) mostrou que 29% das empresas planejam manter o trabalho remoto para pelo menos 50% do quadro ou até todos os funcionários.

“A falta de equilíbrio entre as demandas da vida pessoal e da vida do profissional pode ter duas consequências principais: em um cenário, a pessoa pode ficar esgotada, estressada e acabar desenvolvendo um burnout; e em outro, a pessoa desenvolve uma adição ao trabalho e começa a trabalhar compulsivamente”, afirma Clarissa.

Ter objetos que te remetem ao trabalho, como uma xícara de café, pode ser uma estratégia útil para que seu cérebro entenda onde começa a vida pessoal e termina o trabalho. “O ideal para separar atividades profissionais das pessoais é aplicar estratégias comportamentais em que fique fácil de perceber essas diferenças”, diz Clarissa, que também recomenda ter uma mesa só para o trabalho e trocar o pijama por outras roupas.

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No entanto, Renata acredita que outras ações precisam ser tomadas. “É necessário que a legislação alcance essa nova configuração de trabalho”, defende a psicóloga, que propõe que empresas forneçam um celular corporativo e evitem mensagens fora do horário de trabalho.

Cobranças por resultados podem afetar saúde mental

Com o objetivo de motivar os colaboradores, muitas empresas adotam o sistema de metas. Porém, em muitos casos, essa prática tem um efeito negativo na saúde mental e bem-estar dos funcionários – seja pela sobrecarga de trabalho ou por adotar jornadas de trabalho exaustivas.

O que o trabalhador pode fazer para lidar melhor com a cobrança por resultados, de acordo com a psicóloga Renata, é “tentar não equiparar seu valor pessoal ao fato dele bater metas”. Por isso, a recomendação dos especialistas é que as metas sejam definidas em acordo entre colaboradores e a liderança.

“As pessoas não têm problema em ter metas e responsabilidades. Elas têm problemas em não ter autonomia para definir a forma de atingir esses resultados. O ponto não é ter ou não ter metas, mas como elas são conversadas”, explica Paul.

Priorize o sono

Dormir bem é importante para várias coisas, porém, após uma rotina estressante, ele é indispensável. Isso porque, após uma situação que cause algum tipo de prejuízo, é necessário ter tempo e oportunidade para se recuperar do desgaste sofrido. “Ter um sono não reparador abre espaço para outras fragilidades e para um maior nível de esgotamento”, afirma Renata.

Dormir bem é importante especialmente para quem tem uma rotina estressante Foto: Damir Spanic/Unsplash.com

“Isso é o que a gente chama de espiral de perda”, diz Clarissa, que explica que um sono não restaurador pode desencadear problemas como ansiedade e baixo rendimento no trabalho. Por isso, os especialistas recomendam algumas atividades para melhorar a qualidade do sono, como encaixar a prática meditativa e de exercícios físicos em algum momento do seu dia.

Se necessário, peça ajuda

É possível encontrar suporte no Sistema Único de Saúde (SUS). Procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência e fale sobre os sintomas e como está se sentindo. Caso prefira, você também pode procurar um médico ou psicólogo ou um serviço especializado, como Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).

Perder a motivação com atividades que antes despertavam o interesse. Ficar com a sensação de que não se reconhece mais. Sentir dificuldade em controlar algumas emoções. Se você já sentiu algum desses sintomas, é provável que as exigências do mercado de trabalho estejam te sobrecarregando. Essa é uma realidade comum para muitos profissionais, que precisam lidar com jornadas exaustivas, entregas cada vez mais rápidas e metas bastante rigorosas.

Um levantamento conduzido por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com as empresas Talenses e Gympass, mostrou que 43% dos entrevistados estão com sobrecarga de trabalho. “A gente percebe que o quadro com relação à saúde mental está ficando cada vez pior”, conta Paul.

O estudo revelou que pressão por resultados é o motivo com mais efeito negativo na saúde mental dos trabalhadores, seguido do sentimento de precisar estar disponível o tempo todo. Dessa forma, saber como lidar com as exigências do mercado de trabalho sem abrir mão do bem-estar, que já era uma tarefa complicada antes da pandemia, é indispensável.

O levantamento foi realizado em janeiro deste ano, com 572 brasileiros, sendo que 90% deles estão trabalhando atualmente. Dos participantes, 55% são do sexo masculino, 44% feminino e 1% outros. No recorte de gerações, 49% são Millennials, 34% da geração Y, 10% da geração Z e 7% são Baby Boomers. Em relação ao regime atual de trabalho, 50% estão trabalhando de forma híbrida, 28% estão exclusivamente de forma remota e 22% estão totalmente de forma presencial.

Reconheça os sinais que seu corpo dá

Reconhecer os alertas do nosso corpo é o primeiro passo. Especialistas alertam que alguns sinais físicos, como diminuição da imunidade, aumento ou diminuição do apetite e dores musculares, podem ser pontos de atenção para a saúde mental. “Qualquer mudança brusca é um sinal para investigar o que pode estar acontecendo”, recomenda Clarissa Freitas, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicologia Positiva Organizacional.

É importante ficar atento às dificuldades de controle emocional, como uma crise de choro. “Não que isso não possa acontecer eventualmente, mas às vezes a pessoa tem uma reação exagerada para uma situação que não cabe aquela reação”, aponta Clarissa. Além disso, a perda de motivação por atividades que antes eram interessantes também pode ser um sinal.

É preciso separar o trabalho e a vida pessoal no home office  Foto: Olena Kamenetska/Unsplash.com

Às vezes os sinais são mais difíceis de serem percebidos, como no caso do burnout, que começa com uma dedicação intensa na qual o trabalhador vê sentido no que ele está fazendo, mas acaba desencadeando um esgotamento mental. “Por qualquer que seja o motivo desse engajamento, ninguém aguenta dar tudo de si o tempo inteiro. Dessa forma, esse engajamento vai sendo sucedido por uma desistência”, diz Renata Paparelli, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Ações em Saúde do Trabalhador (Nast).

Aprenda a organizar seu tempo

Saber organizar as tarefas pode ser um passo importante para uma produtividade mais saudável. A recomendação dos especialistas é começar o dia definindo suas tarefas, os prazos de entrega, a relevância de cada uma e o tempo necessário para que elas sejam concluídas.

Existem até técnicas para esse processo, como a Smart. “É uma forma de fazer as tarefas a partir da importância delas”, indica Clarissa. São cinco pontos principais: especifique o que precisa ser feito, mensure o progresso da tarefa, garanta que seja uma tarefa possível de ser realizada, tenha claro a relevância dela e defina prazos.

Além disso, outra recomendação fundamental é saber equilibrar sua rotina entre trabalho e outras atividades, como prática de esportes, meditação e leitura. “A gente percebe baixos níveis de ansiedade e estresse em pessoas que investem um tempo para o trabalho, mas também um tempo para outras atividades relevantes”, diz Clarissa.

Aprenda a separar o pessoal do profissional

Com a pandemia, vida pessoal e profissional se misturaram. O trabalho remoto – ou home office – tornou a separação entre esses dois universos um desafio. E a tendência é que esse modelo continue. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) mostrou que 29% das empresas planejam manter o trabalho remoto para pelo menos 50% do quadro ou até todos os funcionários.

“A falta de equilíbrio entre as demandas da vida pessoal e da vida do profissional pode ter duas consequências principais: em um cenário, a pessoa pode ficar esgotada, estressada e acabar desenvolvendo um burnout; e em outro, a pessoa desenvolve uma adição ao trabalho e começa a trabalhar compulsivamente”, afirma Clarissa.

Ter objetos que te remetem ao trabalho, como uma xícara de café, pode ser uma estratégia útil para que seu cérebro entenda onde começa a vida pessoal e termina o trabalho. “O ideal para separar atividades profissionais das pessoais é aplicar estratégias comportamentais em que fique fácil de perceber essas diferenças”, diz Clarissa, que também recomenda ter uma mesa só para o trabalho e trocar o pijama por outras roupas.

No entanto, Renata acredita que outras ações precisam ser tomadas. “É necessário que a legislação alcance essa nova configuração de trabalho”, defende a psicóloga, que propõe que empresas forneçam um celular corporativo e evitem mensagens fora do horário de trabalho.

Cobranças por resultados podem afetar saúde mental

Com o objetivo de motivar os colaboradores, muitas empresas adotam o sistema de metas. Porém, em muitos casos, essa prática tem um efeito negativo na saúde mental e bem-estar dos funcionários – seja pela sobrecarga de trabalho ou por adotar jornadas de trabalho exaustivas.

O que o trabalhador pode fazer para lidar melhor com a cobrança por resultados, de acordo com a psicóloga Renata, é “tentar não equiparar seu valor pessoal ao fato dele bater metas”. Por isso, a recomendação dos especialistas é que as metas sejam definidas em acordo entre colaboradores e a liderança.

“As pessoas não têm problema em ter metas e responsabilidades. Elas têm problemas em não ter autonomia para definir a forma de atingir esses resultados. O ponto não é ter ou não ter metas, mas como elas são conversadas”, explica Paul.

Priorize o sono

Dormir bem é importante para várias coisas, porém, após uma rotina estressante, ele é indispensável. Isso porque, após uma situação que cause algum tipo de prejuízo, é necessário ter tempo e oportunidade para se recuperar do desgaste sofrido. “Ter um sono não reparador abre espaço para outras fragilidades e para um maior nível de esgotamento”, afirma Renata.

Dormir bem é importante especialmente para quem tem uma rotina estressante Foto: Damir Spanic/Unsplash.com

“Isso é o que a gente chama de espiral de perda”, diz Clarissa, que explica que um sono não restaurador pode desencadear problemas como ansiedade e baixo rendimento no trabalho. Por isso, os especialistas recomendam algumas atividades para melhorar a qualidade do sono, como encaixar a prática meditativa e de exercícios físicos em algum momento do seu dia.

Se necessário, peça ajuda

É possível encontrar suporte no Sistema Único de Saúde (SUS). Procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência e fale sobre os sintomas e como está se sentindo. Caso prefira, você também pode procurar um médico ou psicólogo ou um serviço especializado, como Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).

Perder a motivação com atividades que antes despertavam o interesse. Ficar com a sensação de que não se reconhece mais. Sentir dificuldade em controlar algumas emoções. Se você já sentiu algum desses sintomas, é provável que as exigências do mercado de trabalho estejam te sobrecarregando. Essa é uma realidade comum para muitos profissionais, que precisam lidar com jornadas exaustivas, entregas cada vez mais rápidas e metas bastante rigorosas.

Um levantamento conduzido por Paul Ferreira, vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com as empresas Talenses e Gympass, mostrou que 43% dos entrevistados estão com sobrecarga de trabalho. “A gente percebe que o quadro com relação à saúde mental está ficando cada vez pior”, conta Paul.

O estudo revelou que pressão por resultados é o motivo com mais efeito negativo na saúde mental dos trabalhadores, seguido do sentimento de precisar estar disponível o tempo todo. Dessa forma, saber como lidar com as exigências do mercado de trabalho sem abrir mão do bem-estar, que já era uma tarefa complicada antes da pandemia, é indispensável.

O levantamento foi realizado em janeiro deste ano, com 572 brasileiros, sendo que 90% deles estão trabalhando atualmente. Dos participantes, 55% são do sexo masculino, 44% feminino e 1% outros. No recorte de gerações, 49% são Millennials, 34% da geração Y, 10% da geração Z e 7% são Baby Boomers. Em relação ao regime atual de trabalho, 50% estão trabalhando de forma híbrida, 28% estão exclusivamente de forma remota e 22% estão totalmente de forma presencial.

Reconheça os sinais que seu corpo dá

Reconhecer os alertas do nosso corpo é o primeiro passo. Especialistas alertam que alguns sinais físicos, como diminuição da imunidade, aumento ou diminuição do apetite e dores musculares, podem ser pontos de atenção para a saúde mental. “Qualquer mudança brusca é um sinal para investigar o que pode estar acontecendo”, recomenda Clarissa Freitas, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicologia Positiva Organizacional.

É importante ficar atento às dificuldades de controle emocional, como uma crise de choro. “Não que isso não possa acontecer eventualmente, mas às vezes a pessoa tem uma reação exagerada para uma situação que não cabe aquela reação”, aponta Clarissa. Além disso, a perda de motivação por atividades que antes eram interessantes também pode ser um sinal.

É preciso separar o trabalho e a vida pessoal no home office  Foto: Olena Kamenetska/Unsplash.com

Às vezes os sinais são mais difíceis de serem percebidos, como no caso do burnout, que começa com uma dedicação intensa na qual o trabalhador vê sentido no que ele está fazendo, mas acaba desencadeando um esgotamento mental. “Por qualquer que seja o motivo desse engajamento, ninguém aguenta dar tudo de si o tempo inteiro. Dessa forma, esse engajamento vai sendo sucedido por uma desistência”, diz Renata Paparelli, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Ações em Saúde do Trabalhador (Nast).

Aprenda a organizar seu tempo

Saber organizar as tarefas pode ser um passo importante para uma produtividade mais saudável. A recomendação dos especialistas é começar o dia definindo suas tarefas, os prazos de entrega, a relevância de cada uma e o tempo necessário para que elas sejam concluídas.

Existem até técnicas para esse processo, como a Smart. “É uma forma de fazer as tarefas a partir da importância delas”, indica Clarissa. São cinco pontos principais: especifique o que precisa ser feito, mensure o progresso da tarefa, garanta que seja uma tarefa possível de ser realizada, tenha claro a relevância dela e defina prazos.

Além disso, outra recomendação fundamental é saber equilibrar sua rotina entre trabalho e outras atividades, como prática de esportes, meditação e leitura. “A gente percebe baixos níveis de ansiedade e estresse em pessoas que investem um tempo para o trabalho, mas também um tempo para outras atividades relevantes”, diz Clarissa.

Aprenda a separar o pessoal do profissional

Com a pandemia, vida pessoal e profissional se misturaram. O trabalho remoto – ou home office – tornou a separação entre esses dois universos um desafio. E a tendência é que esse modelo continue. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) mostrou que 29% das empresas planejam manter o trabalho remoto para pelo menos 50% do quadro ou até todos os funcionários.

“A falta de equilíbrio entre as demandas da vida pessoal e da vida do profissional pode ter duas consequências principais: em um cenário, a pessoa pode ficar esgotada, estressada e acabar desenvolvendo um burnout; e em outro, a pessoa desenvolve uma adição ao trabalho e começa a trabalhar compulsivamente”, afirma Clarissa.

Ter objetos que te remetem ao trabalho, como uma xícara de café, pode ser uma estratégia útil para que seu cérebro entenda onde começa a vida pessoal e termina o trabalho. “O ideal para separar atividades profissionais das pessoais é aplicar estratégias comportamentais em que fique fácil de perceber essas diferenças”, diz Clarissa, que também recomenda ter uma mesa só para o trabalho e trocar o pijama por outras roupas.

No entanto, Renata acredita que outras ações precisam ser tomadas. “É necessário que a legislação alcance essa nova configuração de trabalho”, defende a psicóloga, que propõe que empresas forneçam um celular corporativo e evitem mensagens fora do horário de trabalho.

Cobranças por resultados podem afetar saúde mental

Com o objetivo de motivar os colaboradores, muitas empresas adotam o sistema de metas. Porém, em muitos casos, essa prática tem um efeito negativo na saúde mental e bem-estar dos funcionários – seja pela sobrecarga de trabalho ou por adotar jornadas de trabalho exaustivas.

O que o trabalhador pode fazer para lidar melhor com a cobrança por resultados, de acordo com a psicóloga Renata, é “tentar não equiparar seu valor pessoal ao fato dele bater metas”. Por isso, a recomendação dos especialistas é que as metas sejam definidas em acordo entre colaboradores e a liderança.

“As pessoas não têm problema em ter metas e responsabilidades. Elas têm problemas em não ter autonomia para definir a forma de atingir esses resultados. O ponto não é ter ou não ter metas, mas como elas são conversadas”, explica Paul.

Priorize o sono

Dormir bem é importante para várias coisas, porém, após uma rotina estressante, ele é indispensável. Isso porque, após uma situação que cause algum tipo de prejuízo, é necessário ter tempo e oportunidade para se recuperar do desgaste sofrido. “Ter um sono não reparador abre espaço para outras fragilidades e para um maior nível de esgotamento”, afirma Renata.

Dormir bem é importante especialmente para quem tem uma rotina estressante Foto: Damir Spanic/Unsplash.com

“Isso é o que a gente chama de espiral de perda”, diz Clarissa, que explica que um sono não restaurador pode desencadear problemas como ansiedade e baixo rendimento no trabalho. Por isso, os especialistas recomendam algumas atividades para melhorar a qualidade do sono, como encaixar a prática meditativa e de exercícios físicos em algum momento do seu dia.

Se necessário, peça ajuda

É possível encontrar suporte no Sistema Único de Saúde (SUS). Procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência e fale sobre os sintomas e como está se sentindo. Caso prefira, você também pode procurar um médico ou psicólogo ou um serviço especializado, como Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).

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