Profissionais ajudam a repensar os armários e a organização da casa


Personal organizers e consultoras de estilo propõem mudanças no cotidiano visando praticidade, bem-estar e autoconhecimento

Por João Luiz Sampaio

A porta do armário aberta, o olhar repassando as roupas – e nada parece empolgar. A situação, que já era familiar, com a pandemia tornou-se ainda mais frequente. Na hora de voltar à vida presencial, depois de dois anos em casa, encontrar o modelo correto e deixar para trás as roupas de estilo mais caseiro pode ser um desafio.

“Tem sido muito comum. O impacto desse período sem sair de casa fez com que a rotina de se vestir para sair virasse algo estranho e difícil para muito gente. As pessoas em geral pensam: já que não vou sair, então para que preciso me arrumar? Por isso digo que, mesmo para quem está em casa, é sempre bom levantar, se vestir, se preparar mesmo”, diz a psicóloga Angélica Oliveira.

A sensação de recomeço pode estender-se também para o espaço. “Transferir toda a sua vida para dentro de casa é uma mudança grande. Repensar a organização do ambiente, mesmo agora, com muita gente saindo mais, pode ajudar a melhorar sua própria conexão com suas coisas e você”, revela a publicitária Mayra Oliveira.

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A publicitária Mayra Oliveira recorreu a uma personal organizer para arrumar ambientes da casa Foto: Alex Silva/Estadão

A boa notícia é que nada disso precisa ser feito sem ajuda. Na internet, há diversos canais que auxiliam nesse processo. Érica Minchin, Dani Almeida e Nina Lanza são alguns dos profissionais que compartilham dicas sobre reconhecer o que mais tem a ver com seu estilo – sem necessariamente precisar seguir convenções de beleza e moda que estão à sua volta. Também há opções para quem quer botar em ordem o guarda-roupa, como os canais da japonesa Marie Kondo – que virou febre mundial – ou o brasileiro Organize Sem Frescuras!, com mais de dois milhões de seguidores.

FUNCIONALIDADE

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Para um trabalho personalizado, tem crescido a atuação de profissionais que se dedicam a auxiliar nesse processo. Uma delas é a personal organizer, que organiza o guarda-roupa (ou qualquer outra área da casa). “O objetivo é a funcionalidade. Você precisa entender a rotina da cliente e oferecer a ela mais praticidade na arrumação”, ensina a personal organizer Aline Oliveira.

Foi a ela que Mayra Oliveira recorreu há três anos, quando nasceu seu filho. “Eu tinha preconceito, achava que era algo caro, que não era para mim. Mas, sendo mãe solo, a necessidade de organização foi se impondo”, lembra. 

Agora, após dois anos de isolamento, Mayra voltou a chamar Aline, para fazer “uma revisão”. “A organização mudou completamente a minha vida. Tirar a sensação de que tudo está fora do lugar é ótimo. E também uma mudança na relação com as suas coisas. Você sabe o que tem, tudo está à mão, eu passei até a economizar, deixei de comprar o que não preciso.”

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VIDA

Outro tipo de atuação é o da consultora de estilo – para além da organização, a profissional vai se dedicar a uma análise a respeito daquilo que pode funcionar melhor para a cliente. “O guarda-roupa é o reflexo de uma vida, do passado da pessoa, de seu presente, dos sonhos que ela tem. Ou então mantém alguns modelos porque, lá no fundo, quer voltar a ser alguém que não é mais. E muita gente compra roupa para quem quer ser e não para quem é, por exemplo”, explica a consultora Sandra Carvalho, que também é psicóloga.

Trabalhar sua imagem, seu guarda-roupas, seu estilo, ainda pode soar como algo de famosos. Mas Sandra garante que isso ficou no passado. “É um processo aberto a qualquer um justamente porque tem como objetivo o bem-estar, propor um novo olhar para si mesmo”, observa. “De um lado, você com o profissional pode reaproveitar e recombinar suas roupas, torná-las mais interessantes. Mas, neste momento, o que está em jogo mesmo é o que você é.”

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MEMÓRIA

Para Sandra, lidar com o estilo tem a ver também com nossa relação com a memória. “Você guarda uma peça que traz boas lembranças, algo que está na família faz tempo, por exemplo. E há outras que trazem um momento ruim, uma frustração”, conclui. 

Em ambos os casos, é preciso fazer um trabalho de triagem. “Não há motivo para não guardar algo de família, por exemplo. Não precisa se desfazer, aquela peça carrega emoções de que a pessoa ainda precisa. Mas em geral vou orientar para que seja colocado em outro lugar que não o guarda-roupa de todo dia. Esse precisa estar limpo, cheio de coisas que deixam a pessoa feliz para seguir em frente de maneira livre, tranquila”, afirma.

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Angélica Guimarães garante que passar por esse processo com a ajuda de uma profissional trouxe muitas reflexões. “Às vezes é difícil fazer composições, formar um look diferente, por mais que você observe tudo aquilo que tem em casa. Contratar uma consultora foi uma surpresa. Para mim, foi um momento de conhecer mais sobre mim mesma”, recorda. 

E continua: “Você olha uma peça e se dá conta de que ela não tinha nada a ver com você, aí lembra daquele momento e entende por que a comprou, qual foi o impulso. Aí pensa: que horror, como eu ia seguindo a moda sem olhar para mim! Na verdade, você acaba ficando muito mais seletiva na hora de comprar”. 

Revisitar o guarda-roupa com outros olhares também traz novidades. “Se há um cansaço com relação ao que você tem, de repente tentar uma combinação diferente, fazer uma mistura nova de cores, vai fazer você se sentir diferente, mais viva. Como psicóloga, ficou claro para mim que isso mexe muito com a autoestima.”

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RESPEITO

Por isso mesmo, é preciso cuidado. “Eu entro na intimidade, mexo em coisas que nem os amigos próximos mexem”, avisa Aline. Sandra concorda e ressalta a necessidade de respeito. 

“Lidar com a memória é difícil e é preciso ter sensibilidade nessa hora. É um trabalho que é diferente para cada cliente e no qual é necessário observar muito. Eu entendo as pessoas pelas cores que têm no guarda-roupa, pelas modelagens, e vou tentando montar um retrato de quem é aquela cliente que está ali.” 

A porta do armário aberta, o olhar repassando as roupas – e nada parece empolgar. A situação, que já era familiar, com a pandemia tornou-se ainda mais frequente. Na hora de voltar à vida presencial, depois de dois anos em casa, encontrar o modelo correto e deixar para trás as roupas de estilo mais caseiro pode ser um desafio.

“Tem sido muito comum. O impacto desse período sem sair de casa fez com que a rotina de se vestir para sair virasse algo estranho e difícil para muito gente. As pessoas em geral pensam: já que não vou sair, então para que preciso me arrumar? Por isso digo que, mesmo para quem está em casa, é sempre bom levantar, se vestir, se preparar mesmo”, diz a psicóloga Angélica Oliveira.

A sensação de recomeço pode estender-se também para o espaço. “Transferir toda a sua vida para dentro de casa é uma mudança grande. Repensar a organização do ambiente, mesmo agora, com muita gente saindo mais, pode ajudar a melhorar sua própria conexão com suas coisas e você”, revela a publicitária Mayra Oliveira.

A publicitária Mayra Oliveira recorreu a uma personal organizer para arrumar ambientes da casa Foto: Alex Silva/Estadão

A boa notícia é que nada disso precisa ser feito sem ajuda. Na internet, há diversos canais que auxiliam nesse processo. Érica Minchin, Dani Almeida e Nina Lanza são alguns dos profissionais que compartilham dicas sobre reconhecer o que mais tem a ver com seu estilo – sem necessariamente precisar seguir convenções de beleza e moda que estão à sua volta. Também há opções para quem quer botar em ordem o guarda-roupa, como os canais da japonesa Marie Kondo – que virou febre mundial – ou o brasileiro Organize Sem Frescuras!, com mais de dois milhões de seguidores.

FUNCIONALIDADE

Para um trabalho personalizado, tem crescido a atuação de profissionais que se dedicam a auxiliar nesse processo. Uma delas é a personal organizer, que organiza o guarda-roupa (ou qualquer outra área da casa). “O objetivo é a funcionalidade. Você precisa entender a rotina da cliente e oferecer a ela mais praticidade na arrumação”, ensina a personal organizer Aline Oliveira.

Foi a ela que Mayra Oliveira recorreu há três anos, quando nasceu seu filho. “Eu tinha preconceito, achava que era algo caro, que não era para mim. Mas, sendo mãe solo, a necessidade de organização foi se impondo”, lembra. 

Agora, após dois anos de isolamento, Mayra voltou a chamar Aline, para fazer “uma revisão”. “A organização mudou completamente a minha vida. Tirar a sensação de que tudo está fora do lugar é ótimo. E também uma mudança na relação com as suas coisas. Você sabe o que tem, tudo está à mão, eu passei até a economizar, deixei de comprar o que não preciso.”

VIDA

Outro tipo de atuação é o da consultora de estilo – para além da organização, a profissional vai se dedicar a uma análise a respeito daquilo que pode funcionar melhor para a cliente. “O guarda-roupa é o reflexo de uma vida, do passado da pessoa, de seu presente, dos sonhos que ela tem. Ou então mantém alguns modelos porque, lá no fundo, quer voltar a ser alguém que não é mais. E muita gente compra roupa para quem quer ser e não para quem é, por exemplo”, explica a consultora Sandra Carvalho, que também é psicóloga.

Trabalhar sua imagem, seu guarda-roupas, seu estilo, ainda pode soar como algo de famosos. Mas Sandra garante que isso ficou no passado. “É um processo aberto a qualquer um justamente porque tem como objetivo o bem-estar, propor um novo olhar para si mesmo”, observa. “De um lado, você com o profissional pode reaproveitar e recombinar suas roupas, torná-las mais interessantes. Mas, neste momento, o que está em jogo mesmo é o que você é.”

MEMÓRIA

Para Sandra, lidar com o estilo tem a ver também com nossa relação com a memória. “Você guarda uma peça que traz boas lembranças, algo que está na família faz tempo, por exemplo. E há outras que trazem um momento ruim, uma frustração”, conclui. 

Em ambos os casos, é preciso fazer um trabalho de triagem. “Não há motivo para não guardar algo de família, por exemplo. Não precisa se desfazer, aquela peça carrega emoções de que a pessoa ainda precisa. Mas em geral vou orientar para que seja colocado em outro lugar que não o guarda-roupa de todo dia. Esse precisa estar limpo, cheio de coisas que deixam a pessoa feliz para seguir em frente de maneira livre, tranquila”, afirma.

Angélica Guimarães garante que passar por esse processo com a ajuda de uma profissional trouxe muitas reflexões. “Às vezes é difícil fazer composições, formar um look diferente, por mais que você observe tudo aquilo que tem em casa. Contratar uma consultora foi uma surpresa. Para mim, foi um momento de conhecer mais sobre mim mesma”, recorda. 

E continua: “Você olha uma peça e se dá conta de que ela não tinha nada a ver com você, aí lembra daquele momento e entende por que a comprou, qual foi o impulso. Aí pensa: que horror, como eu ia seguindo a moda sem olhar para mim! Na verdade, você acaba ficando muito mais seletiva na hora de comprar”. 

Revisitar o guarda-roupa com outros olhares também traz novidades. “Se há um cansaço com relação ao que você tem, de repente tentar uma combinação diferente, fazer uma mistura nova de cores, vai fazer você se sentir diferente, mais viva. Como psicóloga, ficou claro para mim que isso mexe muito com a autoestima.”

RESPEITO

Por isso mesmo, é preciso cuidado. “Eu entro na intimidade, mexo em coisas que nem os amigos próximos mexem”, avisa Aline. Sandra concorda e ressalta a necessidade de respeito. 

“Lidar com a memória é difícil e é preciso ter sensibilidade nessa hora. É um trabalho que é diferente para cada cliente e no qual é necessário observar muito. Eu entendo as pessoas pelas cores que têm no guarda-roupa, pelas modelagens, e vou tentando montar um retrato de quem é aquela cliente que está ali.” 

A porta do armário aberta, o olhar repassando as roupas – e nada parece empolgar. A situação, que já era familiar, com a pandemia tornou-se ainda mais frequente. Na hora de voltar à vida presencial, depois de dois anos em casa, encontrar o modelo correto e deixar para trás as roupas de estilo mais caseiro pode ser um desafio.

“Tem sido muito comum. O impacto desse período sem sair de casa fez com que a rotina de se vestir para sair virasse algo estranho e difícil para muito gente. As pessoas em geral pensam: já que não vou sair, então para que preciso me arrumar? Por isso digo que, mesmo para quem está em casa, é sempre bom levantar, se vestir, se preparar mesmo”, diz a psicóloga Angélica Oliveira.

A sensação de recomeço pode estender-se também para o espaço. “Transferir toda a sua vida para dentro de casa é uma mudança grande. Repensar a organização do ambiente, mesmo agora, com muita gente saindo mais, pode ajudar a melhorar sua própria conexão com suas coisas e você”, revela a publicitária Mayra Oliveira.

A publicitária Mayra Oliveira recorreu a uma personal organizer para arrumar ambientes da casa Foto: Alex Silva/Estadão

A boa notícia é que nada disso precisa ser feito sem ajuda. Na internet, há diversos canais que auxiliam nesse processo. Érica Minchin, Dani Almeida e Nina Lanza são alguns dos profissionais que compartilham dicas sobre reconhecer o que mais tem a ver com seu estilo – sem necessariamente precisar seguir convenções de beleza e moda que estão à sua volta. Também há opções para quem quer botar em ordem o guarda-roupa, como os canais da japonesa Marie Kondo – que virou febre mundial – ou o brasileiro Organize Sem Frescuras!, com mais de dois milhões de seguidores.

FUNCIONALIDADE

Para um trabalho personalizado, tem crescido a atuação de profissionais que se dedicam a auxiliar nesse processo. Uma delas é a personal organizer, que organiza o guarda-roupa (ou qualquer outra área da casa). “O objetivo é a funcionalidade. Você precisa entender a rotina da cliente e oferecer a ela mais praticidade na arrumação”, ensina a personal organizer Aline Oliveira.

Foi a ela que Mayra Oliveira recorreu há três anos, quando nasceu seu filho. “Eu tinha preconceito, achava que era algo caro, que não era para mim. Mas, sendo mãe solo, a necessidade de organização foi se impondo”, lembra. 

Agora, após dois anos de isolamento, Mayra voltou a chamar Aline, para fazer “uma revisão”. “A organização mudou completamente a minha vida. Tirar a sensação de que tudo está fora do lugar é ótimo. E também uma mudança na relação com as suas coisas. Você sabe o que tem, tudo está à mão, eu passei até a economizar, deixei de comprar o que não preciso.”

VIDA

Outro tipo de atuação é o da consultora de estilo – para além da organização, a profissional vai se dedicar a uma análise a respeito daquilo que pode funcionar melhor para a cliente. “O guarda-roupa é o reflexo de uma vida, do passado da pessoa, de seu presente, dos sonhos que ela tem. Ou então mantém alguns modelos porque, lá no fundo, quer voltar a ser alguém que não é mais. E muita gente compra roupa para quem quer ser e não para quem é, por exemplo”, explica a consultora Sandra Carvalho, que também é psicóloga.

Trabalhar sua imagem, seu guarda-roupas, seu estilo, ainda pode soar como algo de famosos. Mas Sandra garante que isso ficou no passado. “É um processo aberto a qualquer um justamente porque tem como objetivo o bem-estar, propor um novo olhar para si mesmo”, observa. “De um lado, você com o profissional pode reaproveitar e recombinar suas roupas, torná-las mais interessantes. Mas, neste momento, o que está em jogo mesmo é o que você é.”

MEMÓRIA

Para Sandra, lidar com o estilo tem a ver também com nossa relação com a memória. “Você guarda uma peça que traz boas lembranças, algo que está na família faz tempo, por exemplo. E há outras que trazem um momento ruim, uma frustração”, conclui. 

Em ambos os casos, é preciso fazer um trabalho de triagem. “Não há motivo para não guardar algo de família, por exemplo. Não precisa se desfazer, aquela peça carrega emoções de que a pessoa ainda precisa. Mas em geral vou orientar para que seja colocado em outro lugar que não o guarda-roupa de todo dia. Esse precisa estar limpo, cheio de coisas que deixam a pessoa feliz para seguir em frente de maneira livre, tranquila”, afirma.

Angélica Guimarães garante que passar por esse processo com a ajuda de uma profissional trouxe muitas reflexões. “Às vezes é difícil fazer composições, formar um look diferente, por mais que você observe tudo aquilo que tem em casa. Contratar uma consultora foi uma surpresa. Para mim, foi um momento de conhecer mais sobre mim mesma”, recorda. 

E continua: “Você olha uma peça e se dá conta de que ela não tinha nada a ver com você, aí lembra daquele momento e entende por que a comprou, qual foi o impulso. Aí pensa: que horror, como eu ia seguindo a moda sem olhar para mim! Na verdade, você acaba ficando muito mais seletiva na hora de comprar”. 

Revisitar o guarda-roupa com outros olhares também traz novidades. “Se há um cansaço com relação ao que você tem, de repente tentar uma combinação diferente, fazer uma mistura nova de cores, vai fazer você se sentir diferente, mais viva. Como psicóloga, ficou claro para mim que isso mexe muito com a autoestima.”

RESPEITO

Por isso mesmo, é preciso cuidado. “Eu entro na intimidade, mexo em coisas que nem os amigos próximos mexem”, avisa Aline. Sandra concorda e ressalta a necessidade de respeito. 

“Lidar com a memória é difícil e é preciso ter sensibilidade nessa hora. É um trabalho que é diferente para cada cliente e no qual é necessário observar muito. Eu entendo as pessoas pelas cores que têm no guarda-roupa, pelas modelagens, e vou tentando montar um retrato de quem é aquela cliente que está ali.” 

A porta do armário aberta, o olhar repassando as roupas – e nada parece empolgar. A situação, que já era familiar, com a pandemia tornou-se ainda mais frequente. Na hora de voltar à vida presencial, depois de dois anos em casa, encontrar o modelo correto e deixar para trás as roupas de estilo mais caseiro pode ser um desafio.

“Tem sido muito comum. O impacto desse período sem sair de casa fez com que a rotina de se vestir para sair virasse algo estranho e difícil para muito gente. As pessoas em geral pensam: já que não vou sair, então para que preciso me arrumar? Por isso digo que, mesmo para quem está em casa, é sempre bom levantar, se vestir, se preparar mesmo”, diz a psicóloga Angélica Oliveira.

A sensação de recomeço pode estender-se também para o espaço. “Transferir toda a sua vida para dentro de casa é uma mudança grande. Repensar a organização do ambiente, mesmo agora, com muita gente saindo mais, pode ajudar a melhorar sua própria conexão com suas coisas e você”, revela a publicitária Mayra Oliveira.

A publicitária Mayra Oliveira recorreu a uma personal organizer para arrumar ambientes da casa Foto: Alex Silva/Estadão

A boa notícia é que nada disso precisa ser feito sem ajuda. Na internet, há diversos canais que auxiliam nesse processo. Érica Minchin, Dani Almeida e Nina Lanza são alguns dos profissionais que compartilham dicas sobre reconhecer o que mais tem a ver com seu estilo – sem necessariamente precisar seguir convenções de beleza e moda que estão à sua volta. Também há opções para quem quer botar em ordem o guarda-roupa, como os canais da japonesa Marie Kondo – que virou febre mundial – ou o brasileiro Organize Sem Frescuras!, com mais de dois milhões de seguidores.

FUNCIONALIDADE

Para um trabalho personalizado, tem crescido a atuação de profissionais que se dedicam a auxiliar nesse processo. Uma delas é a personal organizer, que organiza o guarda-roupa (ou qualquer outra área da casa). “O objetivo é a funcionalidade. Você precisa entender a rotina da cliente e oferecer a ela mais praticidade na arrumação”, ensina a personal organizer Aline Oliveira.

Foi a ela que Mayra Oliveira recorreu há três anos, quando nasceu seu filho. “Eu tinha preconceito, achava que era algo caro, que não era para mim. Mas, sendo mãe solo, a necessidade de organização foi se impondo”, lembra. 

Agora, após dois anos de isolamento, Mayra voltou a chamar Aline, para fazer “uma revisão”. “A organização mudou completamente a minha vida. Tirar a sensação de que tudo está fora do lugar é ótimo. E também uma mudança na relação com as suas coisas. Você sabe o que tem, tudo está à mão, eu passei até a economizar, deixei de comprar o que não preciso.”

VIDA

Outro tipo de atuação é o da consultora de estilo – para além da organização, a profissional vai se dedicar a uma análise a respeito daquilo que pode funcionar melhor para a cliente. “O guarda-roupa é o reflexo de uma vida, do passado da pessoa, de seu presente, dos sonhos que ela tem. Ou então mantém alguns modelos porque, lá no fundo, quer voltar a ser alguém que não é mais. E muita gente compra roupa para quem quer ser e não para quem é, por exemplo”, explica a consultora Sandra Carvalho, que também é psicóloga.

Trabalhar sua imagem, seu guarda-roupas, seu estilo, ainda pode soar como algo de famosos. Mas Sandra garante que isso ficou no passado. “É um processo aberto a qualquer um justamente porque tem como objetivo o bem-estar, propor um novo olhar para si mesmo”, observa. “De um lado, você com o profissional pode reaproveitar e recombinar suas roupas, torná-las mais interessantes. Mas, neste momento, o que está em jogo mesmo é o que você é.”

MEMÓRIA

Para Sandra, lidar com o estilo tem a ver também com nossa relação com a memória. “Você guarda uma peça que traz boas lembranças, algo que está na família faz tempo, por exemplo. E há outras que trazem um momento ruim, uma frustração”, conclui. 

Em ambos os casos, é preciso fazer um trabalho de triagem. “Não há motivo para não guardar algo de família, por exemplo. Não precisa se desfazer, aquela peça carrega emoções de que a pessoa ainda precisa. Mas em geral vou orientar para que seja colocado em outro lugar que não o guarda-roupa de todo dia. Esse precisa estar limpo, cheio de coisas que deixam a pessoa feliz para seguir em frente de maneira livre, tranquila”, afirma.

Angélica Guimarães garante que passar por esse processo com a ajuda de uma profissional trouxe muitas reflexões. “Às vezes é difícil fazer composições, formar um look diferente, por mais que você observe tudo aquilo que tem em casa. Contratar uma consultora foi uma surpresa. Para mim, foi um momento de conhecer mais sobre mim mesma”, recorda. 

E continua: “Você olha uma peça e se dá conta de que ela não tinha nada a ver com você, aí lembra daquele momento e entende por que a comprou, qual foi o impulso. Aí pensa: que horror, como eu ia seguindo a moda sem olhar para mim! Na verdade, você acaba ficando muito mais seletiva na hora de comprar”. 

Revisitar o guarda-roupa com outros olhares também traz novidades. “Se há um cansaço com relação ao que você tem, de repente tentar uma combinação diferente, fazer uma mistura nova de cores, vai fazer você se sentir diferente, mais viva. Como psicóloga, ficou claro para mim que isso mexe muito com a autoestima.”

RESPEITO

Por isso mesmo, é preciso cuidado. “Eu entro na intimidade, mexo em coisas que nem os amigos próximos mexem”, avisa Aline. Sandra concorda e ressalta a necessidade de respeito. 

“Lidar com a memória é difícil e é preciso ter sensibilidade nessa hora. É um trabalho que é diferente para cada cliente e no qual é necessário observar muito. Eu entendo as pessoas pelas cores que têm no guarda-roupa, pelas modelagens, e vou tentando montar um retrato de quem é aquela cliente que está ali.” 

A porta do armário aberta, o olhar repassando as roupas – e nada parece empolgar. A situação, que já era familiar, com a pandemia tornou-se ainda mais frequente. Na hora de voltar à vida presencial, depois de dois anos em casa, encontrar o modelo correto e deixar para trás as roupas de estilo mais caseiro pode ser um desafio.

“Tem sido muito comum. O impacto desse período sem sair de casa fez com que a rotina de se vestir para sair virasse algo estranho e difícil para muito gente. As pessoas em geral pensam: já que não vou sair, então para que preciso me arrumar? Por isso digo que, mesmo para quem está em casa, é sempre bom levantar, se vestir, se preparar mesmo”, diz a psicóloga Angélica Oliveira.

A sensação de recomeço pode estender-se também para o espaço. “Transferir toda a sua vida para dentro de casa é uma mudança grande. Repensar a organização do ambiente, mesmo agora, com muita gente saindo mais, pode ajudar a melhorar sua própria conexão com suas coisas e você”, revela a publicitária Mayra Oliveira.

A publicitária Mayra Oliveira recorreu a uma personal organizer para arrumar ambientes da casa Foto: Alex Silva/Estadão

A boa notícia é que nada disso precisa ser feito sem ajuda. Na internet, há diversos canais que auxiliam nesse processo. Érica Minchin, Dani Almeida e Nina Lanza são alguns dos profissionais que compartilham dicas sobre reconhecer o que mais tem a ver com seu estilo – sem necessariamente precisar seguir convenções de beleza e moda que estão à sua volta. Também há opções para quem quer botar em ordem o guarda-roupa, como os canais da japonesa Marie Kondo – que virou febre mundial – ou o brasileiro Organize Sem Frescuras!, com mais de dois milhões de seguidores.

FUNCIONALIDADE

Para um trabalho personalizado, tem crescido a atuação de profissionais que se dedicam a auxiliar nesse processo. Uma delas é a personal organizer, que organiza o guarda-roupa (ou qualquer outra área da casa). “O objetivo é a funcionalidade. Você precisa entender a rotina da cliente e oferecer a ela mais praticidade na arrumação”, ensina a personal organizer Aline Oliveira.

Foi a ela que Mayra Oliveira recorreu há três anos, quando nasceu seu filho. “Eu tinha preconceito, achava que era algo caro, que não era para mim. Mas, sendo mãe solo, a necessidade de organização foi se impondo”, lembra. 

Agora, após dois anos de isolamento, Mayra voltou a chamar Aline, para fazer “uma revisão”. “A organização mudou completamente a minha vida. Tirar a sensação de que tudo está fora do lugar é ótimo. E também uma mudança na relação com as suas coisas. Você sabe o que tem, tudo está à mão, eu passei até a economizar, deixei de comprar o que não preciso.”

VIDA

Outro tipo de atuação é o da consultora de estilo – para além da organização, a profissional vai se dedicar a uma análise a respeito daquilo que pode funcionar melhor para a cliente. “O guarda-roupa é o reflexo de uma vida, do passado da pessoa, de seu presente, dos sonhos que ela tem. Ou então mantém alguns modelos porque, lá no fundo, quer voltar a ser alguém que não é mais. E muita gente compra roupa para quem quer ser e não para quem é, por exemplo”, explica a consultora Sandra Carvalho, que também é psicóloga.

Trabalhar sua imagem, seu guarda-roupas, seu estilo, ainda pode soar como algo de famosos. Mas Sandra garante que isso ficou no passado. “É um processo aberto a qualquer um justamente porque tem como objetivo o bem-estar, propor um novo olhar para si mesmo”, observa. “De um lado, você com o profissional pode reaproveitar e recombinar suas roupas, torná-las mais interessantes. Mas, neste momento, o que está em jogo mesmo é o que você é.”

MEMÓRIA

Para Sandra, lidar com o estilo tem a ver também com nossa relação com a memória. “Você guarda uma peça que traz boas lembranças, algo que está na família faz tempo, por exemplo. E há outras que trazem um momento ruim, uma frustração”, conclui. 

Em ambos os casos, é preciso fazer um trabalho de triagem. “Não há motivo para não guardar algo de família, por exemplo. Não precisa se desfazer, aquela peça carrega emoções de que a pessoa ainda precisa. Mas em geral vou orientar para que seja colocado em outro lugar que não o guarda-roupa de todo dia. Esse precisa estar limpo, cheio de coisas que deixam a pessoa feliz para seguir em frente de maneira livre, tranquila”, afirma.

Angélica Guimarães garante que passar por esse processo com a ajuda de uma profissional trouxe muitas reflexões. “Às vezes é difícil fazer composições, formar um look diferente, por mais que você observe tudo aquilo que tem em casa. Contratar uma consultora foi uma surpresa. Para mim, foi um momento de conhecer mais sobre mim mesma”, recorda. 

E continua: “Você olha uma peça e se dá conta de que ela não tinha nada a ver com você, aí lembra daquele momento e entende por que a comprou, qual foi o impulso. Aí pensa: que horror, como eu ia seguindo a moda sem olhar para mim! Na verdade, você acaba ficando muito mais seletiva na hora de comprar”. 

Revisitar o guarda-roupa com outros olhares também traz novidades. “Se há um cansaço com relação ao que você tem, de repente tentar uma combinação diferente, fazer uma mistura nova de cores, vai fazer você se sentir diferente, mais viva. Como psicóloga, ficou claro para mim que isso mexe muito com a autoestima.”

RESPEITO

Por isso mesmo, é preciso cuidado. “Eu entro na intimidade, mexo em coisas que nem os amigos próximos mexem”, avisa Aline. Sandra concorda e ressalta a necessidade de respeito. 

“Lidar com a memória é difícil e é preciso ter sensibilidade nessa hora. É um trabalho que é diferente para cada cliente e no qual é necessário observar muito. Eu entendo as pessoas pelas cores que têm no guarda-roupa, pelas modelagens, e vou tentando montar um retrato de quem é aquela cliente que está ali.” 

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