O apresentador Fausto Silva, de 73 anos, o Faustão, passou por um transplante cardíaco no domingo, 27. Ele estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein (SP) em tratamento para insuficiência cardíaca. Segundo sua esposa, Luciana Cardoso, no dia 8 ele foi colocado na lista para receber um coração.
Em boletim divulgado hoje, o hospital diz que Faustão segue na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob sedação e respirando com auxílio de ventilação mecânica. “Seu estado clínico é estável e as funções do coração estão de acordo com o esperado para as primeiras 24 horas”, diz a nota.
De acordo com o cardiologista Alexandre Soeiro, coordenador do programa de Insuficiência Cardíaca do Hcor, o tempo médio dentro do hospital é de 30 dias, mas isso é muito variável e depende da existência de complicações no quadro do paciente.
Os maiores riscos do procedimento são rejeição do órgão ou infecções – e isso vale para o transplante de qualquer órgão. Para ambas as complicações, os médicos administram medicamentos que reduzem o risco desses quadros.
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O que causa rejeição e infecções e como evitar esses problemas
A rejeição ocorre quando o sistema imunológico do paciente encara o novo órgão como algo estranho e passa a atacá-lo. Para evitar isso, são indicados remédios conhecidos como imunossupressores. Eles controlam essa ativação da imunidade.
Mas, ao mesmo tempo, como “baixam a guarda” do sistema de defesas do corpo, esses medicamentos deixam o paciente mais suscetível a infecções oportunistas. Por isso, é preciso encontrar um balanço ideal para desarmar a imunidade sem deixar o paciente vulnerável.
De acordo com o cardiologista Alexandre Soeiro, cardiologista e coordenador do programa de Insuficiência Cardíaca do Hcor, é importante seguir e monitorar o paciente de perto, com o apoio de exames, para ter a certeza de que não há nada errado.
Ainda de acordo com o médico, quanto mais próximo ao transplante, maior o risco de rejeição, mas isso pode acontecer mais para frente, caso houver alguma falha no uso da medicação. “O paciente deve tomar os imunossupressores pelo resto da vida”, aponta o médico.
Cuidados extras
Soeiro comenta ainda que é preciso cuidar da ferida pós-operatória. Entre as orientações da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) estão lavar a área com água corrente e sabonete neutro, secar com uma toalha limpa e passada – não pode ser a mesma usada para o resto do corpo.
Se houver sinais de ruptura dos pontos, vermelhidão, calor local, saída de secreção ou febre, é essencial buscar o apoio da equipe transplantadora.
A ABTO ainda recomenda que os pacientes evitem lugares públicos fechados como metrôs, ônibus, shoppings e cinemas durante, no mínimo, 30 dias após o transplante – ou até liberação médica.
Segundo o cardiologista do Hcor, a alimentação deve ser baseada em uma rotina pré-determinada. “Após a alta, a dieta vai seguir a orientação da equipe de nutrição, e existem limitações, principalmente com alimentos crus”, comenta. Nesse momento, também se inicia a reabilitação cardiopulmonar.
“O paciente precisa retornar frequentemente para consultas e realizar exames de rotina para rever o funcionamento cardíaco, além de avaliar infecções e possíveis efeitos colaterais da imunossupressão”, completa o médico.
A tendência é que, seguindo o protocolo de cuidados, e mantendo contato frequente com o cardiologista, o paciente recupere completamente a sua qualidade de vida.