O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi operado às pressas na madrugada desta terça-feira, 10, após sentir dores de cabeça, segundo boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Líbanês. Uma ressonância magnética identificou uma hemorragia intracraniana, decorrente de um acidente domiciliar sofrido em outubro que resultou em um ferimento na cabeça. Lula foi submetido a uma craniotomia para drenagem do hematoma. O presidente está internado na UTI e “encontra-se bem”, informou o hospital.
Aos 79 anos, Lula pertence ao grupo de maior risco para complicações decorrentes de quedas, especialmente quando há impacto na cabeça. O neurologista Diogo Haddad, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ressalta que, em idosos, até batidas leves podem causar complicações graves, como sangramentos internos ou externos, com possível formação de hematomas (sangue confinado em área específica), hemorragias, edemas ou formação de coágulos.
“Nessa faixa etária, o risco é elevado pela fragilidade óssea e por condições pré-existentes, como o uso de anticoagulantes, que reduzem a capacidade do sangue de coagular, dificultando o controle de sangramentos”, explica Haddad.
Na época da queda, ainda com 78 anos, Lula tinha uma viagem marcada à Rússia, que precisou ser cancelada. Sobre isso, o especialista destaca que o monitoramento é um dos principais protocolos relacionados a episódios de queda, especialmente quando há ferimento na cabeça. “Certos sintomas podem aparecer de forma tardia, principalmente nas primeiras 24 a 48 horas. Além disso, as variações de pressão e altitude durante o voo podem agravar possíveis complicações”, destaca o neurologista.
Lula já passou por diversos procedimentos médicos nos últimos anos, incluindo o tratamento de câncer de laringe e uma cirurgia no quadril. De acordo com Haddad, essas condições podem tanto propiciar episódios de queda quanto interferir na recuperação.
“As sequelas do tratamento do câncer podem afetar o equilíbrio, enquanto a cirurgia no quadril pode impactar a mobilidade. Isso pode aumentar as chances de quedas, como também pode predispor ao risco de novas quedas”, observa Haddad.
Como foi o acidente com Lula
Conforme apuração do Estadão, o presidente caiu no banheiro do Palácio da Alvorada no fim da tarde do dia 19 de outubro, após retornar de São Paulo, onde participou de uma live com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos. No hospital, Lula recebeu três pontos no ferimento e foi liberado para voltar à residência oficial.
Segundo o boletim médico, Lula sofreu um corto-contuso na região occipital – ou seja, um corte na região da nuca.
No dia seguinte, 20 de outubro, durante uma nova avaliação médica, foi recomendado o cancelamento de uma viagem que ele faria à Rússia, embora o presidente tenha sido autorizado a seguir com suas atividades diárias.
A recuperação de Lula é acompanhada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho e pela infectologista Ana Helena Germoglio – os dois médicos lideraram o time que operou o presidente nesta terça, 10 de novembro.
Relembre o histórico médico do presidente
Lula foi diagnosticado com câncer de laringe, uma condição que afeta a região da garganta acima da traqueia, em 2011. Para tratar a doença, ele passou por três sessões de quimioterapia.
Em setembro de 2023, o presidente foi submetido a uma cirurgia de artroplastia total do quadril direito, um procedimento que substitui a articulação do quadril por uma prótese. Esse tipo de cirurgia é realizado para aliviar a dor intensa e restaurar a mobilidade, especialmente em pacientes que sofrem de artrite ou lesões articulares.
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Além disso, durante o mesmo período, Lula também passou por uma blefaroplastia, que é uma cirurgia plástica das pálpebras. Este procedimento visa remover o excesso de pele, gordura ou músculo, melhorando a aparência estética e, em muitos casos, a visão. Ambas as cirurgias foram realizadas com sucesso, sem complicações.
A última vez que o presidente foi internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, foi em janeiro, para a realização de exames de rotina. Na ocasião, ele recebeu cuidados dos renomados médicos Ana Helena Germoglio e Roberto Kalil Filho, que monitoraram sua saúde de perto.
Veja outras recomendações:
Em casos de queda, a orientação é buscar ajuda médica se houver:
- perda de consciência;
- desorientação;
- dor de cabeça intensa;
- náuseas e vômitos;
- dificuldades motoras;
- alterações na visão;
- inchaço, hematomas ou cortes.
- mesmo na ausência de sintomas imediatos, a avaliação médica é recomendada, especialmente se a pessoa tiver outras condições de saúde, estiver tomando medicamentos anticoagulantes ou se a queda tiver de uma altura significativa.