A dengue tem causado preocupação no Brasil. Só em 2024, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados mais de 500 mil casos prováveis e 84 óbitos em decorrência do quadro no País. A doença ainda causou um aumento no número de internações em 80% nos hospitais privados do Estado de São Paulo, de acordo com levantamento do Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado.
Os sintomas iniciais da dengue costumam envolver febre, mal-estar e dor no corpo – ou seja, são semelhantes aos de outras doenças, como gripe e covid. E, muitas vezes, para amenizar um desses desconfortos, o paciente acaba se automedicando. Mas, no caso da dengue, um simples medicamento para aliviar a dor pode trazer sérios riscos.
A principal contraindicação nesse cenário, de acordo com o infectologista Márcio Nehab, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), são os chamados anti-inflamatórios não hormonais. “A dengue desencadeia a redução do número de plaquetas, células que ajudam na coagulação sanguínea. Como esses anti-inflamatórios afinam o sangue e prejudicam a funcionalidade das plaquetas, eles tendem a agravar ainda mais a situação do paciente com dengue, aumentando o risco de hemorragia”, explica.
Dentre os anti-inflamatórios não hormonais, alguns exemplos são ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco, além do ácido acetilsalicílico. Este último é o princípio ativo da aspirina, medicamento especialmente contraindicado para o tratamento da dengue, segundo os especialistas consultados pelo Estadão.
“A contraindicação dos anti-inflamatórios só não se aplica nos casos específicos em que há indicação médica para o uso desses medicamentos”, pontua Nehab.
Os anti-inflamatórios hormonais, conhecidos como corticoides, também não são indicados contra a dengue, mas por outros motivos. “Eles não mostraram benefícios nem prejuízos para os pacientes com dengue”, explica o infectologista Antônio Bandeira, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
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Quais remédios podem ser usados contra a dengue?
Apesar de não existir remédio contra o vírus da dengue, alguns medicamentos são liberados para auxiliar no alívio dos sintomas, como febre e dor. “Podem ser usados paracetamol e dipirona, além de remédios contra vômito”, cita Bandeira.
Para mais, o Ministério da Saúde destaca o repouso e a hidratação como fundamentais no tratamento da doença.
A pasta ressalta a importância de ficar atento aos sinais de alarme da dengue, como dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos e sangramento de mucosas. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, esses sintomas que indicam uma maior gravidade da situação podem surgir depois do declínio da febre, entre o 3° e o 7° dia do início da doença. A atenção deve permanecer pelo menos até duas semanas após o início da febre.
A infectologista Emy Gouveia, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, observa que é fundamental procurar um especialista no caso de suspeita de dengue. “O médico fará exames clínicos e poderá pedir testes laboratoriais que podem ser essenciais para o tratamento adequado do paciente”, justifica.