Quando o câncer é tratado com pílulas


Muitas vezes as terapias orais são a alternativa para debelar um tumor, mas o acesso a essas drogas no País ainda é um desafio

Por Estadão Blue Studio
Atualização:

A preocupação dos especialistas com o impacto da pandemia de covid-19 no tratamento oncológico fomentou a discussão sobre o acesso a quimioterápicos orais, uma vez que esse tipo de medicação permite que o tratamento seja feito em casa. Muito além da comodidade, porém, as terapias por boca muitas vezes são a melhor ou a única opção de tratamento. Por isso, especialistas defendem maior rapidez na incorporação desses medicamentos para cobertura por planos de saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Os quimioterápicos são uma classe de medicamentos que atuam como antineoplásicos, ou seja, eles inibem a divisão desordenada das células. A maior parte deles ainda é de uso endovenoso, direto na veia do paciente”, diz Laura Testa, chefe do grupo de oncologia mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). “Hoje alguns desses remédios podem ser tomados por boca, e o corpo acaba metabolizando o mesmo composto presente na forma endovenosa”, continua a médica, que é também oncologista clínica da Rede D’Or.

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos. Foto: DIEGO PADGURSCHI
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“Tive que entrar na Justiça para me tratar”

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos, moradora de Mogi das Cruzes (SP), foi diagnosticada com câncer de mama em 2016

De acordo com a especialista, os quimioterápicos orais funcionam em vários tipos de câncer, mas não em todos, tendo seu uso indicado sobretudo em tumores de mama, gastrointestinais e colorretais. “Os comprimidos têm eficácia nos casos em que a versão endovenosa também funciona. Algumas vezes, a quimioterapia oral substitui a convencional. Em outras, ela entra como um complemento do tratamento. E habitualmente é indicada para doença avançada.”

Além da quimio

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O rol dos medicamentos orais não se resume aos quimioterápicos. É o caso da hormonioterapia, ou bloqueio hormonal. Com ação em tumores que são dependentes de hormônios, os bloqueadores são utilizados para tratar câncer de mama com receptores hormonais e câncer de próstata. Um desses comprimidos, por exemplo, inibe a ação do estrogênio na célula mamária. Ele não diminui a produção natural do hormônio, mas impede sua ligação com as células cancerosas. “Os efeitos da medicação são parecidos com os da menopausa porque o corpo fica como um motor sem gasolina. O combustível está lá, mas ele não consegue usar”, compara Laura Testa.

Já a terapia-alvo, que também pode ser administrada em comprimidos, engloba um grupo amplo e diverso de medicamentos. Eles atuam em alvos específicos para combater câncer de mama, de rim, de pulmão, de tireoide, melanoma. A ação precisa desse tipo de terapia faz com que ela consiga impedir a multiplicação das células cancerosas, preservando as saudáveis. “É um recurso muito usado em doenças metastáticas, em alguns casos em combinação com quimioterapia”, diz Marina Sahade, médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

“As terapias-alvos, como os inibidores de ciclinas, utilizadas no tratamento de câncer de mama avançado, são um exemplo de que, além de resultados clínicos significativos, o bem-estar da paciente também pode ser priorizado durante um período tão delicado na vida dessas pessoas, diminuindo efeitos colaterais e permitindo a administração da medicação em casa”, argumenta Renato Carvalho, presidente da Novartis Brasil.

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Isso sem contar que as medicações orais por vezes são a única forma de apresentação de terapias inovadoras. “Hoje temos um bom número de drogas que não têm contrapartida endovenosa e são a alternativa em determinados casos”, observa Laura Testa.

A questão é que, diferentemente dos produtos para aplicação na veia, que assim que são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os convênios são obrigados a cobrir, um medicamento oral precisa passar pela revisão do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ficar disponível. “No SUS também há essa demora de incorporação, o que é grave, porque é custo efetivo dar um remédio via oral, não usa espaço, não envolve o trabalho de equipes de saúde, é um contrassenso essa espera”, diz Marina Sahade.

A preocupação dos especialistas com o impacto da pandemia de covid-19 no tratamento oncológico fomentou a discussão sobre o acesso a quimioterápicos orais, uma vez que esse tipo de medicação permite que o tratamento seja feito em casa. Muito além da comodidade, porém, as terapias por boca muitas vezes são a melhor ou a única opção de tratamento. Por isso, especialistas defendem maior rapidez na incorporação desses medicamentos para cobertura por planos de saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Os quimioterápicos são uma classe de medicamentos que atuam como antineoplásicos, ou seja, eles inibem a divisão desordenada das células. A maior parte deles ainda é de uso endovenoso, direto na veia do paciente”, diz Laura Testa, chefe do grupo de oncologia mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). “Hoje alguns desses remédios podem ser tomados por boca, e o corpo acaba metabolizando o mesmo composto presente na forma endovenosa”, continua a médica, que é também oncologista clínica da Rede D’Or.

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos. Foto: DIEGO PADGURSCHI
“Tive que entrar na Justiça para me tratar”

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos, moradora de Mogi das Cruzes (SP), foi diagnosticada com câncer de mama em 2016

De acordo com a especialista, os quimioterápicos orais funcionam em vários tipos de câncer, mas não em todos, tendo seu uso indicado sobretudo em tumores de mama, gastrointestinais e colorretais. “Os comprimidos têm eficácia nos casos em que a versão endovenosa também funciona. Algumas vezes, a quimioterapia oral substitui a convencional. Em outras, ela entra como um complemento do tratamento. E habitualmente é indicada para doença avançada.”

Além da quimio

O rol dos medicamentos orais não se resume aos quimioterápicos. É o caso da hormonioterapia, ou bloqueio hormonal. Com ação em tumores que são dependentes de hormônios, os bloqueadores são utilizados para tratar câncer de mama com receptores hormonais e câncer de próstata. Um desses comprimidos, por exemplo, inibe a ação do estrogênio na célula mamária. Ele não diminui a produção natural do hormônio, mas impede sua ligação com as células cancerosas. “Os efeitos da medicação são parecidos com os da menopausa porque o corpo fica como um motor sem gasolina. O combustível está lá, mas ele não consegue usar”, compara Laura Testa.

Já a terapia-alvo, que também pode ser administrada em comprimidos, engloba um grupo amplo e diverso de medicamentos. Eles atuam em alvos específicos para combater câncer de mama, de rim, de pulmão, de tireoide, melanoma. A ação precisa desse tipo de terapia faz com que ela consiga impedir a multiplicação das células cancerosas, preservando as saudáveis. “É um recurso muito usado em doenças metastáticas, em alguns casos em combinação com quimioterapia”, diz Marina Sahade, médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

“As terapias-alvos, como os inibidores de ciclinas, utilizadas no tratamento de câncer de mama avançado, são um exemplo de que, além de resultados clínicos significativos, o bem-estar da paciente também pode ser priorizado durante um período tão delicado na vida dessas pessoas, diminuindo efeitos colaterais e permitindo a administração da medicação em casa”, argumenta Renato Carvalho, presidente da Novartis Brasil.

Isso sem contar que as medicações orais por vezes são a única forma de apresentação de terapias inovadoras. “Hoje temos um bom número de drogas que não têm contrapartida endovenosa e são a alternativa em determinados casos”, observa Laura Testa.

A questão é que, diferentemente dos produtos para aplicação na veia, que assim que são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os convênios são obrigados a cobrir, um medicamento oral precisa passar pela revisão do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ficar disponível. “No SUS também há essa demora de incorporação, o que é grave, porque é custo efetivo dar um remédio via oral, não usa espaço, não envolve o trabalho de equipes de saúde, é um contrassenso essa espera”, diz Marina Sahade.

A preocupação dos especialistas com o impacto da pandemia de covid-19 no tratamento oncológico fomentou a discussão sobre o acesso a quimioterápicos orais, uma vez que esse tipo de medicação permite que o tratamento seja feito em casa. Muito além da comodidade, porém, as terapias por boca muitas vezes são a melhor ou a única opção de tratamento. Por isso, especialistas defendem maior rapidez na incorporação desses medicamentos para cobertura por planos de saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Os quimioterápicos são uma classe de medicamentos que atuam como antineoplásicos, ou seja, eles inibem a divisão desordenada das células. A maior parte deles ainda é de uso endovenoso, direto na veia do paciente”, diz Laura Testa, chefe do grupo de oncologia mamária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). “Hoje alguns desses remédios podem ser tomados por boca, e o corpo acaba metabolizando o mesmo composto presente na forma endovenosa”, continua a médica, que é também oncologista clínica da Rede D’Or.

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos. Foto: DIEGO PADGURSCHI
“Tive que entrar na Justiça para me tratar”

Germaine Tillwitz, advogada de 39 anos, moradora de Mogi das Cruzes (SP), foi diagnosticada com câncer de mama em 2016

De acordo com a especialista, os quimioterápicos orais funcionam em vários tipos de câncer, mas não em todos, tendo seu uso indicado sobretudo em tumores de mama, gastrointestinais e colorretais. “Os comprimidos têm eficácia nos casos em que a versão endovenosa também funciona. Algumas vezes, a quimioterapia oral substitui a convencional. Em outras, ela entra como um complemento do tratamento. E habitualmente é indicada para doença avançada.”

Além da quimio

O rol dos medicamentos orais não se resume aos quimioterápicos. É o caso da hormonioterapia, ou bloqueio hormonal. Com ação em tumores que são dependentes de hormônios, os bloqueadores são utilizados para tratar câncer de mama com receptores hormonais e câncer de próstata. Um desses comprimidos, por exemplo, inibe a ação do estrogênio na célula mamária. Ele não diminui a produção natural do hormônio, mas impede sua ligação com as células cancerosas. “Os efeitos da medicação são parecidos com os da menopausa porque o corpo fica como um motor sem gasolina. O combustível está lá, mas ele não consegue usar”, compara Laura Testa.

Já a terapia-alvo, que também pode ser administrada em comprimidos, engloba um grupo amplo e diverso de medicamentos. Eles atuam em alvos específicos para combater câncer de mama, de rim, de pulmão, de tireoide, melanoma. A ação precisa desse tipo de terapia faz com que ela consiga impedir a multiplicação das células cancerosas, preservando as saudáveis. “É um recurso muito usado em doenças metastáticas, em alguns casos em combinação com quimioterapia”, diz Marina Sahade, médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

“As terapias-alvos, como os inibidores de ciclinas, utilizadas no tratamento de câncer de mama avançado, são um exemplo de que, além de resultados clínicos significativos, o bem-estar da paciente também pode ser priorizado durante um período tão delicado na vida dessas pessoas, diminuindo efeitos colaterais e permitindo a administração da medicação em casa”, argumenta Renato Carvalho, presidente da Novartis Brasil.

Isso sem contar que as medicações orais por vezes são a única forma de apresentação de terapias inovadoras. “Hoje temos um bom número de drogas que não têm contrapartida endovenosa e são a alternativa em determinados casos”, observa Laura Testa.

A questão é que, diferentemente dos produtos para aplicação na veia, que assim que são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os convênios são obrigados a cobrir, um medicamento oral precisa passar pela revisão do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para ficar disponível. “No SUS também há essa demora de incorporação, o que é grave, porque é custo efetivo dar um remédio via oral, não usa espaço, não envolve o trabalho de equipes de saúde, é um contrassenso essa espera”, diz Marina Sahade.

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