Quer emagrecer? Sua meta de perda de peso provavelmente está errada


Nutricionista explica o que realmente considerar na hora de definir quantos quilos devem ser eliminados

Por Desire Coelho

Você marca consulta com um profissional da área da saúde e o que ele faz? Te pesa e dá uma sentença: “você precisa perder tantos quilos!” Mas de onde ele tirou esse número? Vou te explicar e esclarecer por que provavelmente o cálculo está errado.

Quando a meta é baseada na estatura

Algumas décadas atrás foi criada uma regra segundo a qual mulheres adultas tinham que pesar cerca de 10 a 20 kg a menos do que sua estatura, já os homens deveriam seguir o mesmo número da altura. Por exemplo: uma mulher de 1,70m de estatura deveria pesar entre 50 e 60kg, enquanto um homem com 1,70m deveria pesar perto de 70kg.

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Até hoje atendo pacientes que me trazem essa referência, mas esses valores não têm qualquer embasamento científico e são tão absurdos que nem vale a pena discuti-los. Minha única dica é: esqueça essa regrinha e, se escutar algum profissional da área da saúde fazendo essa conta, fuja!

Há cálculos que prometem indicar o peso ideal, mas não fazem sentido  Foto: Pormezz/Adobe Stock

Quando a meta é baseada no IMC

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Uma das contas mais comuns que alguns profissionais fazem é baseada no IMC, o índice de massa corporal (para calcular o seu, clique aqui). Esse cálculo geralmente estabelece quanto uma pessoa deveria pesar para ter um IMC entre 18,5kg/m² e 24,9 kg/m², que é a faixa de referência relacionada, teoricamente, a um menor risco de doenças crônicas.

No entanto, estudo recente com dados de mais de 3,6 milhões de pessoas mostrou que esse intervalo estaria equivocado, e que o menor risco de morte estaria em uma faixa de IMC de 21 até 27 kg/m², dependendo dos fatores analisados, um valor bem diferente do utilizado comumente.

A questão é que a ciência é clara ao mostrar as limitações do IMC. Ele tem certa relevância em pesquisas, quando são avaliadas grandes populações, como centenas, milhares e milhões de pessoas. Mas, na prática clínica individual, o IMC é uma ferramenta muito falha.

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Quando falamos em saúde e o risco de desenvolver doenças crônicas, o fator mais importante a se considerar não é peso, mas, sim, o excesso de gordura corporal e, principalmente, onde ela está localizada. Sabemos há décadas que a gordura da região abdominal, sobretudo a visceral, está diretamente relacionada com essas doenças, enquanto a gordura da região do quadril, coxo-femoral e culote, não.

Sabendo da variabilidade de corpos mais ou menos musculosos, mais ou menos gordos, que pode existir para um mesmo peso e uma mesma estatura, ou seja, para um mesmo IMC, fica fácil perceber a limitação de uma prescrição baseada nele.

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Quando a meta é baseada em peso passado

Esse caso é o mais complicado e, apesar de fazer sentido, é preciso entender que “peso passado” não é garantia de “peso futuro”. Isso porque quando a pessoa ganha peso, ela não ganha somente gordura corporal, ganha peso em diversos tecidos, incluindo massa magra. Querer voltar para o peso anterior significa, então, perder essa massa magra.

Só que os estudos têm mostrado que isso pode não ser uma boa ideia, pois pode aumentar as chances de rebote (aqui e aqui). Sendo assim, ao ganhar peso e engordar talvez não seja interessante querer voltar exatamente ao peso anterior. O objetivo deve ser perder a massa gorda que aumentou, mantendo ou até ganhando massa magra – desse modo, com um peso um pouco maior que o anterior, mas com muita saúde.

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Sei que é difícil para muitas pessoas, mas, para falarmos de saúde, precisamos nos libertar da balança e focar na composição corporal.

Em uma prática clínica baseada em ciência, é preciso considerar muitos fatores para estabelecer uma meta de peso: como é o peso e o corpo da sua família? Qual o seu histórico de peso? Como era seu corpo na infância, adolescência? Já teve muitas oscilações de peso? Já fez dietas ou intervenções de emagrecimento?

Essas são só algumas das perguntas que precisam ser feitas para entender qual seria um peso, quer dizer, uma faixa de peso mais adequada para cada pessoa. Quer emagrecer? Reflita um pouco sobre os aspectos acima e qual seria uma meta mais realista. O número pode te surpreender. Mas vale o alerta: o aspecto mais importante quando se trata de saúde é: percebeu que está ganhando peso? Procure ajuda o quanto antes.

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*Desire Coelho é nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Transtornos Alimentares e em Análise do Comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” (Editora Fontanar) e coautora do livro “A Dieta Ideal” (Editora Paralela)

Você marca consulta com um profissional da área da saúde e o que ele faz? Te pesa e dá uma sentença: “você precisa perder tantos quilos!” Mas de onde ele tirou esse número? Vou te explicar e esclarecer por que provavelmente o cálculo está errado.

Quando a meta é baseada na estatura

Algumas décadas atrás foi criada uma regra segundo a qual mulheres adultas tinham que pesar cerca de 10 a 20 kg a menos do que sua estatura, já os homens deveriam seguir o mesmo número da altura. Por exemplo: uma mulher de 1,70m de estatura deveria pesar entre 50 e 60kg, enquanto um homem com 1,70m deveria pesar perto de 70kg.

Até hoje atendo pacientes que me trazem essa referência, mas esses valores não têm qualquer embasamento científico e são tão absurdos que nem vale a pena discuti-los. Minha única dica é: esqueça essa regrinha e, se escutar algum profissional da área da saúde fazendo essa conta, fuja!

Há cálculos que prometem indicar o peso ideal, mas não fazem sentido  Foto: Pormezz/Adobe Stock

Quando a meta é baseada no IMC

Uma das contas mais comuns que alguns profissionais fazem é baseada no IMC, o índice de massa corporal (para calcular o seu, clique aqui). Esse cálculo geralmente estabelece quanto uma pessoa deveria pesar para ter um IMC entre 18,5kg/m² e 24,9 kg/m², que é a faixa de referência relacionada, teoricamente, a um menor risco de doenças crônicas.

No entanto, estudo recente com dados de mais de 3,6 milhões de pessoas mostrou que esse intervalo estaria equivocado, e que o menor risco de morte estaria em uma faixa de IMC de 21 até 27 kg/m², dependendo dos fatores analisados, um valor bem diferente do utilizado comumente.

A questão é que a ciência é clara ao mostrar as limitações do IMC. Ele tem certa relevância em pesquisas, quando são avaliadas grandes populações, como centenas, milhares e milhões de pessoas. Mas, na prática clínica individual, o IMC é uma ferramenta muito falha.

Quando falamos em saúde e o risco de desenvolver doenças crônicas, o fator mais importante a se considerar não é peso, mas, sim, o excesso de gordura corporal e, principalmente, onde ela está localizada. Sabemos há décadas que a gordura da região abdominal, sobretudo a visceral, está diretamente relacionada com essas doenças, enquanto a gordura da região do quadril, coxo-femoral e culote, não.

Sabendo da variabilidade de corpos mais ou menos musculosos, mais ou menos gordos, que pode existir para um mesmo peso e uma mesma estatura, ou seja, para um mesmo IMC, fica fácil perceber a limitação de uma prescrição baseada nele.

Quando a meta é baseada em peso passado

Esse caso é o mais complicado e, apesar de fazer sentido, é preciso entender que “peso passado” não é garantia de “peso futuro”. Isso porque quando a pessoa ganha peso, ela não ganha somente gordura corporal, ganha peso em diversos tecidos, incluindo massa magra. Querer voltar para o peso anterior significa, então, perder essa massa magra.

Só que os estudos têm mostrado que isso pode não ser uma boa ideia, pois pode aumentar as chances de rebote (aqui e aqui). Sendo assim, ao ganhar peso e engordar talvez não seja interessante querer voltar exatamente ao peso anterior. O objetivo deve ser perder a massa gorda que aumentou, mantendo ou até ganhando massa magra – desse modo, com um peso um pouco maior que o anterior, mas com muita saúde.

Sei que é difícil para muitas pessoas, mas, para falarmos de saúde, precisamos nos libertar da balança e focar na composição corporal.

Em uma prática clínica baseada em ciência, é preciso considerar muitos fatores para estabelecer uma meta de peso: como é o peso e o corpo da sua família? Qual o seu histórico de peso? Como era seu corpo na infância, adolescência? Já teve muitas oscilações de peso? Já fez dietas ou intervenções de emagrecimento?

Essas são só algumas das perguntas que precisam ser feitas para entender qual seria um peso, quer dizer, uma faixa de peso mais adequada para cada pessoa. Quer emagrecer? Reflita um pouco sobre os aspectos acima e qual seria uma meta mais realista. O número pode te surpreender. Mas vale o alerta: o aspecto mais importante quando se trata de saúde é: percebeu que está ganhando peso? Procure ajuda o quanto antes.

*Desire Coelho é nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Transtornos Alimentares e em Análise do Comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” (Editora Fontanar) e coautora do livro “A Dieta Ideal” (Editora Paralela)

Você marca consulta com um profissional da área da saúde e o que ele faz? Te pesa e dá uma sentença: “você precisa perder tantos quilos!” Mas de onde ele tirou esse número? Vou te explicar e esclarecer por que provavelmente o cálculo está errado.

Quando a meta é baseada na estatura

Algumas décadas atrás foi criada uma regra segundo a qual mulheres adultas tinham que pesar cerca de 10 a 20 kg a menos do que sua estatura, já os homens deveriam seguir o mesmo número da altura. Por exemplo: uma mulher de 1,70m de estatura deveria pesar entre 50 e 60kg, enquanto um homem com 1,70m deveria pesar perto de 70kg.

Até hoje atendo pacientes que me trazem essa referência, mas esses valores não têm qualquer embasamento científico e são tão absurdos que nem vale a pena discuti-los. Minha única dica é: esqueça essa regrinha e, se escutar algum profissional da área da saúde fazendo essa conta, fuja!

Há cálculos que prometem indicar o peso ideal, mas não fazem sentido  Foto: Pormezz/Adobe Stock

Quando a meta é baseada no IMC

Uma das contas mais comuns que alguns profissionais fazem é baseada no IMC, o índice de massa corporal (para calcular o seu, clique aqui). Esse cálculo geralmente estabelece quanto uma pessoa deveria pesar para ter um IMC entre 18,5kg/m² e 24,9 kg/m², que é a faixa de referência relacionada, teoricamente, a um menor risco de doenças crônicas.

No entanto, estudo recente com dados de mais de 3,6 milhões de pessoas mostrou que esse intervalo estaria equivocado, e que o menor risco de morte estaria em uma faixa de IMC de 21 até 27 kg/m², dependendo dos fatores analisados, um valor bem diferente do utilizado comumente.

A questão é que a ciência é clara ao mostrar as limitações do IMC. Ele tem certa relevância em pesquisas, quando são avaliadas grandes populações, como centenas, milhares e milhões de pessoas. Mas, na prática clínica individual, o IMC é uma ferramenta muito falha.

Quando falamos em saúde e o risco de desenvolver doenças crônicas, o fator mais importante a se considerar não é peso, mas, sim, o excesso de gordura corporal e, principalmente, onde ela está localizada. Sabemos há décadas que a gordura da região abdominal, sobretudo a visceral, está diretamente relacionada com essas doenças, enquanto a gordura da região do quadril, coxo-femoral e culote, não.

Sabendo da variabilidade de corpos mais ou menos musculosos, mais ou menos gordos, que pode existir para um mesmo peso e uma mesma estatura, ou seja, para um mesmo IMC, fica fácil perceber a limitação de uma prescrição baseada nele.

Quando a meta é baseada em peso passado

Esse caso é o mais complicado e, apesar de fazer sentido, é preciso entender que “peso passado” não é garantia de “peso futuro”. Isso porque quando a pessoa ganha peso, ela não ganha somente gordura corporal, ganha peso em diversos tecidos, incluindo massa magra. Querer voltar para o peso anterior significa, então, perder essa massa magra.

Só que os estudos têm mostrado que isso pode não ser uma boa ideia, pois pode aumentar as chances de rebote (aqui e aqui). Sendo assim, ao ganhar peso e engordar talvez não seja interessante querer voltar exatamente ao peso anterior. O objetivo deve ser perder a massa gorda que aumentou, mantendo ou até ganhando massa magra – desse modo, com um peso um pouco maior que o anterior, mas com muita saúde.

Sei que é difícil para muitas pessoas, mas, para falarmos de saúde, precisamos nos libertar da balança e focar na composição corporal.

Em uma prática clínica baseada em ciência, é preciso considerar muitos fatores para estabelecer uma meta de peso: como é o peso e o corpo da sua família? Qual o seu histórico de peso? Como era seu corpo na infância, adolescência? Já teve muitas oscilações de peso? Já fez dietas ou intervenções de emagrecimento?

Essas são só algumas das perguntas que precisam ser feitas para entender qual seria um peso, quer dizer, uma faixa de peso mais adequada para cada pessoa. Quer emagrecer? Reflita um pouco sobre os aspectos acima e qual seria uma meta mais realista. O número pode te surpreender. Mas vale o alerta: o aspecto mais importante quando se trata de saúde é: percebeu que está ganhando peso? Procure ajuda o quanto antes.

*Desire Coelho é nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Transtornos Alimentares e em Análise do Comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” (Editora Fontanar) e coautora do livro “A Dieta Ideal” (Editora Paralela)

Você marca consulta com um profissional da área da saúde e o que ele faz? Te pesa e dá uma sentença: “você precisa perder tantos quilos!” Mas de onde ele tirou esse número? Vou te explicar e esclarecer por que provavelmente o cálculo está errado.

Quando a meta é baseada na estatura

Algumas décadas atrás foi criada uma regra segundo a qual mulheres adultas tinham que pesar cerca de 10 a 20 kg a menos do que sua estatura, já os homens deveriam seguir o mesmo número da altura. Por exemplo: uma mulher de 1,70m de estatura deveria pesar entre 50 e 60kg, enquanto um homem com 1,70m deveria pesar perto de 70kg.

Até hoje atendo pacientes que me trazem essa referência, mas esses valores não têm qualquer embasamento científico e são tão absurdos que nem vale a pena discuti-los. Minha única dica é: esqueça essa regrinha e, se escutar algum profissional da área da saúde fazendo essa conta, fuja!

Há cálculos que prometem indicar o peso ideal, mas não fazem sentido  Foto: Pormezz/Adobe Stock

Quando a meta é baseada no IMC

Uma das contas mais comuns que alguns profissionais fazem é baseada no IMC, o índice de massa corporal (para calcular o seu, clique aqui). Esse cálculo geralmente estabelece quanto uma pessoa deveria pesar para ter um IMC entre 18,5kg/m² e 24,9 kg/m², que é a faixa de referência relacionada, teoricamente, a um menor risco de doenças crônicas.

No entanto, estudo recente com dados de mais de 3,6 milhões de pessoas mostrou que esse intervalo estaria equivocado, e que o menor risco de morte estaria em uma faixa de IMC de 21 até 27 kg/m², dependendo dos fatores analisados, um valor bem diferente do utilizado comumente.

A questão é que a ciência é clara ao mostrar as limitações do IMC. Ele tem certa relevância em pesquisas, quando são avaliadas grandes populações, como centenas, milhares e milhões de pessoas. Mas, na prática clínica individual, o IMC é uma ferramenta muito falha.

Quando falamos em saúde e o risco de desenvolver doenças crônicas, o fator mais importante a se considerar não é peso, mas, sim, o excesso de gordura corporal e, principalmente, onde ela está localizada. Sabemos há décadas que a gordura da região abdominal, sobretudo a visceral, está diretamente relacionada com essas doenças, enquanto a gordura da região do quadril, coxo-femoral e culote, não.

Sabendo da variabilidade de corpos mais ou menos musculosos, mais ou menos gordos, que pode existir para um mesmo peso e uma mesma estatura, ou seja, para um mesmo IMC, fica fácil perceber a limitação de uma prescrição baseada nele.

Quando a meta é baseada em peso passado

Esse caso é o mais complicado e, apesar de fazer sentido, é preciso entender que “peso passado” não é garantia de “peso futuro”. Isso porque quando a pessoa ganha peso, ela não ganha somente gordura corporal, ganha peso em diversos tecidos, incluindo massa magra. Querer voltar para o peso anterior significa, então, perder essa massa magra.

Só que os estudos têm mostrado que isso pode não ser uma boa ideia, pois pode aumentar as chances de rebote (aqui e aqui). Sendo assim, ao ganhar peso e engordar talvez não seja interessante querer voltar exatamente ao peso anterior. O objetivo deve ser perder a massa gorda que aumentou, mantendo ou até ganhando massa magra – desse modo, com um peso um pouco maior que o anterior, mas com muita saúde.

Sei que é difícil para muitas pessoas, mas, para falarmos de saúde, precisamos nos libertar da balança e focar na composição corporal.

Em uma prática clínica baseada em ciência, é preciso considerar muitos fatores para estabelecer uma meta de peso: como é o peso e o corpo da sua família? Qual o seu histórico de peso? Como era seu corpo na infância, adolescência? Já teve muitas oscilações de peso? Já fez dietas ou intervenções de emagrecimento?

Essas são só algumas das perguntas que precisam ser feitas para entender qual seria um peso, quer dizer, uma faixa de peso mais adequada para cada pessoa. Quer emagrecer? Reflita um pouco sobre os aspectos acima e qual seria uma meta mais realista. O número pode te surpreender. Mas vale o alerta: o aspecto mais importante quando se trata de saúde é: percebeu que está ganhando peso? Procure ajuda o quanto antes.

*Desire Coelho é nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Transtornos Alimentares e em Análise do Comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” (Editora Fontanar) e coautora do livro “A Dieta Ideal” (Editora Paralela)

Você marca consulta com um profissional da área da saúde e o que ele faz? Te pesa e dá uma sentença: “você precisa perder tantos quilos!” Mas de onde ele tirou esse número? Vou te explicar e esclarecer por que provavelmente o cálculo está errado.

Quando a meta é baseada na estatura

Algumas décadas atrás foi criada uma regra segundo a qual mulheres adultas tinham que pesar cerca de 10 a 20 kg a menos do que sua estatura, já os homens deveriam seguir o mesmo número da altura. Por exemplo: uma mulher de 1,70m de estatura deveria pesar entre 50 e 60kg, enquanto um homem com 1,70m deveria pesar perto de 70kg.

Até hoje atendo pacientes que me trazem essa referência, mas esses valores não têm qualquer embasamento científico e são tão absurdos que nem vale a pena discuti-los. Minha única dica é: esqueça essa regrinha e, se escutar algum profissional da área da saúde fazendo essa conta, fuja!

Há cálculos que prometem indicar o peso ideal, mas não fazem sentido  Foto: Pormezz/Adobe Stock

Quando a meta é baseada no IMC

Uma das contas mais comuns que alguns profissionais fazem é baseada no IMC, o índice de massa corporal (para calcular o seu, clique aqui). Esse cálculo geralmente estabelece quanto uma pessoa deveria pesar para ter um IMC entre 18,5kg/m² e 24,9 kg/m², que é a faixa de referência relacionada, teoricamente, a um menor risco de doenças crônicas.

No entanto, estudo recente com dados de mais de 3,6 milhões de pessoas mostrou que esse intervalo estaria equivocado, e que o menor risco de morte estaria em uma faixa de IMC de 21 até 27 kg/m², dependendo dos fatores analisados, um valor bem diferente do utilizado comumente.

A questão é que a ciência é clara ao mostrar as limitações do IMC. Ele tem certa relevância em pesquisas, quando são avaliadas grandes populações, como centenas, milhares e milhões de pessoas. Mas, na prática clínica individual, o IMC é uma ferramenta muito falha.

Quando falamos em saúde e o risco de desenvolver doenças crônicas, o fator mais importante a se considerar não é peso, mas, sim, o excesso de gordura corporal e, principalmente, onde ela está localizada. Sabemos há décadas que a gordura da região abdominal, sobretudo a visceral, está diretamente relacionada com essas doenças, enquanto a gordura da região do quadril, coxo-femoral e culote, não.

Sabendo da variabilidade de corpos mais ou menos musculosos, mais ou menos gordos, que pode existir para um mesmo peso e uma mesma estatura, ou seja, para um mesmo IMC, fica fácil perceber a limitação de uma prescrição baseada nele.

Quando a meta é baseada em peso passado

Esse caso é o mais complicado e, apesar de fazer sentido, é preciso entender que “peso passado” não é garantia de “peso futuro”. Isso porque quando a pessoa ganha peso, ela não ganha somente gordura corporal, ganha peso em diversos tecidos, incluindo massa magra. Querer voltar para o peso anterior significa, então, perder essa massa magra.

Só que os estudos têm mostrado que isso pode não ser uma boa ideia, pois pode aumentar as chances de rebote (aqui e aqui). Sendo assim, ao ganhar peso e engordar talvez não seja interessante querer voltar exatamente ao peso anterior. O objetivo deve ser perder a massa gorda que aumentou, mantendo ou até ganhando massa magra – desse modo, com um peso um pouco maior que o anterior, mas com muita saúde.

Sei que é difícil para muitas pessoas, mas, para falarmos de saúde, precisamos nos libertar da balança e focar na composição corporal.

Em uma prática clínica baseada em ciência, é preciso considerar muitos fatores para estabelecer uma meta de peso: como é o peso e o corpo da sua família? Qual o seu histórico de peso? Como era seu corpo na infância, adolescência? Já teve muitas oscilações de peso? Já fez dietas ou intervenções de emagrecimento?

Essas são só algumas das perguntas que precisam ser feitas para entender qual seria um peso, quer dizer, uma faixa de peso mais adequada para cada pessoa. Quer emagrecer? Reflita um pouco sobre os aspectos acima e qual seria uma meta mais realista. O número pode te surpreender. Mas vale o alerta: o aspecto mais importante quando se trata de saúde é: percebeu que está ganhando peso? Procure ajuda o quanto antes.

*Desire Coelho é nutricionista e bacharel em esporte, doutora e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Transtornos Alimentares e em Análise do Comportamento. É autora do livro “Por que não consigo emagrecer?” (Editora Fontanar) e coautora do livro “A Dieta Ideal” (Editora Paralela)

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